Depoimento para Mim Mesmo
Não sei porque eu ainda insisto em ser eu mesmo quando a situação está contra mim.
Mesmo sabendo que a melhor coisa é me eximir da situação e ficar imperceptível ainda tento ser natural mas acabo errando por fazer minha vontade e não o que tenho que fazer.
Desculpe o desabado, é apenas uma cansaço mental de uma situação desgastada.
A vida da gente muda muito rápido as vezes em poucos minutos, de um situação agradável para uma situação vergonhosa e aí a gente tenta contornar mesmo percebendo que é inútil pois todos ao redor perceberam a situação desnecessária e desagradável gerada contra sua vontade.
Se eu tivesse que pedir perdão, eu pediria a mim mesmo pelas vezes que eu deixei certas pessoas me tratarem tão mal.
Caminhei pela vida aprisionado em mim mesmo. Sempre que pude, me tranquei e dei a chave a terceiros. Mas sempre fui eu o carcereiro, assaltante e assaltado da minha própria liberdade. Por medo de voar, cortei minhas asas, com tesouras enferrujadas para que não crescessem mais. Por medo da responsabilidade, joguei as tesouras nas mãos de outros, e os culpei. Por medo de voar, não voei nem caminhei, estagnei num lago morto, e por pouco não me afogo.
Ainda que não esteja bem, sei assim mesmo que toda mudança mora em mim. Decido entre ir a frente ou parar, me aventurar ou me acovardar. O mais importante é eu querer mudar.
Uma visão egoísta, conformado com palavras ditas por mim mesmo ao meu respeito, cheio de justificativas... Eu já errei muito, e paguei por todos eles. Estou quitado com a cobrança letal e inevitável da vida? Aquilo que chamamos de Lei do Retorno... Sim ou talvez não... Nesse processo todo, me feri demais, me machuquei além do limite. Inúmeras fendas foram criadas na minha mente e na minha alma. Eu não culpo ninguém, eu mesmo me causei isso.
Coisas importantes foram arrancadas de mim, eu amava tanto aquilo, o antigo eu. O EU na mais ampla acepção da palavra. Dos sentimentos, do cheiro das coisas, da razão pela qual eu caminhava, do medo, da dúvida, às vezes, nas minhas lastimáveis e desprezíveis tristezas, me pergunto: e se? E se as coisas tivessem sido diferentes? Mas eu, envolto no ego e nas coisas que conquistei, me apego à realidade e deixo as dúvidas ou incertezas no lugar que elas devem estar. É como uma porta fechada, que foi fechada talvez pelo destino ou por mim mesmo. Eu nunca irei saber, nunca irei ver o que poderia ter sido, ou o que poderia existir. E se talvez eu estivesse lá, eu estaria me perguntando o que tem do lado de cá... É complexo, é extremamente complexo. Eu me nutro disso, desse sentimento. Talvez eu ainda esteja apegado ao sentimento de querer ter tudo, tudo ao mesmo tempo, o doce e o amargo, o frio e o quente, tudo ao mesmo tempo. E não pode ser assim... Mas eu irei sempre me perguntar o que tem do outro lado da porta fechada... E disso eu nunca saberei... Eu tenho a necessidade disso, desse sentimento... As feridas foram profundas demais, e vai demorar muito até que esteja tudo completo e curado. Nutrindo-me disso, um fone com uma boa música, hoje eu quero simplesmente dormir.
Para onde vou quando me perco de mim? Me perco em mim mesmo(a) quando sou dominado(a) pela raiva, pelo medo, pela indiferença, pela insegurança, pela desconfiança, pela ansiedade, pela tristeza, pelo orgulho, pela ganância, pelo preconceito...
Com tantos sentimentos embaralhados, por fora forte e por dentro conflitos em constante luta como labirintos sem fim...
Caso você se perca de si, apenas chama teu nome e lembra como chegou até aqui, chama teu nome e se encontre, retome o volante da sua vida, vibre quando se achar e faça isso constantemente, como brinde escute uma bela sinfonia e viva o presente.
Estou em casa e a saudade vem.
Mesmo depois de 4 anos, ainda te quero bem perto de mim.
Talvez seja tarde, mas eu não vou simplesmente apagar esse sentimento, porque isso seria, deletar uma parte da minha vida que é muito importante.
Temo que esteja namorando e chego a sentir ciúmes com essa possibilidade.
Meu desejo é construir algo novo, sem a minha antiga carência.
Mas eu irei te procurar, se quiser a mesma coisa, sabe onde me procurar.
Que a tua lembrança só guarde de mim o mesmo que guardarei de ti comigo: alegria, alegria, alegria!
ANACORETA
Cometi a mim mesmo o maior pecado criado por uma imaginação
Vendo o dinamismo da ilusão,
Suicidei qualquer esperança de mim completar
Não há quem me diga uma mentira em que eu já não tenha me tornado
Cego pelo escuro do passado, o devaneio de um futuro próspero
É o maior medo que tenho
Sozinho fiz o que ninguém faria ao meu ego (o Eu)
Além de tudo, consegui cair sem desejo de levantar
Devido ao meu corpo presente enquanto minha alma ausente
Percebi a mândria do meu ruminar
Sem o vazio não sobraria nada de minha existência
Negando minha aparência, sou o reflexo do ermo
Pensando bem... Sem a solidão eu não seria o mesmo