Depoimento para Mim Mesmo

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Mesmo se me convenceres, não me convencerás.

Nunca falar de si mesmo aos outros, e falar-lhes sempre deles mesmos, é a essência da arte de agradar. Cada um o sabe e todos o esquecem.

Somente através do amor o homem se pode libertar de si mesmo.

Só posso fazer uma coisa de cada vez, mas posso evitar fazer muitas coisas ao mesmo tempo.

O amor agrada mais que o casamento, pelo mesmo motivo que os romances divertem mais que a História.

Com o amor dá-se o mesmo que com o vinho. Perdoem-me as leitoras o pouco delicado da confrontação; mas bem vêem que ambos embriagam.

Odiar é punir-se a si mesmo.

Saber tudo de tudo. Ou tudo de algum saber. Decerto é impossível e mesmo indesejável. Mas que tu sintas que é bela a luz ou ouvir um pássaro cantar e terás sido absolutamente original. Porque ninguém pode sentir por ti.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

Pensar. E se o pensar fosse uma doença, mesmo que dela resulte uma pérola?

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

Temo os gregos, mesmo quando trazem dádivas.

Talvez nada seja totalmente verdade e talvez nem mesmo isto.

O fato de sermos habitados por uma nostalgia incompreensível seria mesmo assim o sinal de que existe um além.

O egoísta, embalsamando-se a si mesmo, transforma-se numa múmia, que não sente a dor, mas que não goza a alegria.

Nunca vi ainda um homem que analise tão profundamente os seus erros que se acuse a si mesmo.

Cidade natal:
Até as flores do espinheiro,
No mesmo lugar.

Tal, censurando os outros, condena-se a si mesmo.

Nem mesmo os deuses lutam contra o destino.

É tão indulgente o homem para consigo mesmo, que nunca julga ter-se aproveitado bastante da liberdade de se portar mal.

Não é livre o homem que não se governa a si mesmo; a liberdade existe na proporção do autodomínio equilibrado.

Não querer associar-se senão com aqueles que aprovamos em tudo é uma quimera, é mesmo uma espécie de fanatismo.

Émile-Auguste Chartier
ALAIN, Propos: Texte établi, présenté, et annoté, Gallimard, 1970