Depoimento para Mim Mesmo
Bom mesmo é estar com quem sabe nos ler, nos desenhar, nos amar! Prazer maior não há que um encontro pleno, almas conectadas, corações colados, corpos sincronizados, tudo num mesmo sentir!
Me deixe ter ciúmes, raiva ou até mesmo nojo. Mas não me deixe sentir ódio de você, porque quando eu odeio, eu odeio mesmo. O ódio não é igual ao amor, que às vezes temos que deixar de lado e esquecê-los.
Eu poderia cuidar de você a vida toda...
Eu poderia viver ao seu lado para sempre, mesmo sabendo que a vida não é para sempre.
O amor é complicado. Ele é a única coisa no mundo, que do mesmo jeito que te ergue e do mesmo jeito que te enaltece, pode te destruir e pode te causar dor.
Mesmo a conversa com um amigo só produzirá bons frutos de conhecimento quando ambos pensarem apenas na questão e esquecerem que são amigos.
Sabe, por mais que os seus sonhos pareçam distantes, difíceis ou até mesmo impossíveis... Eles podem ser realizados. Mas por que a maioria das pessoas desiste disso? Porque essa maioria olha o seu sonho diretamente lá no final, no ponto mais alto, e isso faz com que ele pareça impossível, sim. Um sonho funciona da mesma forma que uma escada. Se você olhar somente para o final, parecerá difícil chegar até lá, mas quando você olha, analisa e sobe degrau por degrau, essa se torna automaticamente uma tarefa mais fácil. Portanto, sonhe bem alto, mas vá com calma, um degrau por vez. Foque sempre no próximo degrau que você tem que subir e não diretamente no seu objetivo. Eu li que, quando um pássaro se senta em um galho de uma árvore pra repousar, ele não tem medo de cair, mas não é porque ele confie no galho, e sim porque confia nas suas asas. Portanto, confie mais em você, no seu potencial, e assim siga degrau por degrau , sem ansiedade de chegar rápido ao objetivo, e, quando menos esperar, já estará desfrutando do gosto da vitória e vivendo o seu sonho.
Seja você mesmo do jeito que se sinta à vontade, seja uma pessoa autêntica.
Do seu jeitinho.
Quem gostar de você reconhecerá sua essência e estará ao seu lado.
A UM SUICIDA
À memória de Tomás Cabreira Júnior
Tu crias em ti mesmo e eras corajoso,
Tu tinhas ideais e tinhas confiança,
Oh! quantas vezes desesp'rançoso,
Não invejei a tua esp'rança!
Dizia para mim: — Aquele há-de vencer
Aquele há-de colar a boca sequiosa
Nuns lábios cor-de-rosa
Que eu nunca beijarei, que me farão morrer
A nossa amante era a Glória
Que para ti — era a vitória,
E para mim — asas partidas.
Tinhas esp'ranças, ambições...
As minhas pobres ilusões,
Essas estavam já perdidas...
Imersa no azul dos campos siderais
Sorria para ti a grande encantadora,
A grande caprichosa, a grande amante loura
Em que tínhamos posto os nossos ideais.
Robusto caminheiro e forte lutador
Havias de chegar ao fim da longa estrada
De corpo avigorado e de alma avigorada
Pelo triunfo e pelo amor
Amor! Quem tem vinte anos
Há-de por força amar.
Na idade dos enganos
Quem se não há-de enganar?
Enquanto tu vencerias
Na luta heroica da vida
E, sereno, esperarias
Aquela segunda vida
Dos bem-fadados da Glória
Dos eternos vencedores
Que revivem na memória —
Sem triunfos, sem amores,
Eu teria adormecido
Espojado no caminho,
Preguiçoso, entorpecido,
Cheio de raiva, daninho...
Recordo com saudade as horas que passava
Quando ia a tua casa e tu, muito animado,
Me lias um trabalho há pouco terminado,
Na salazinha verde em que tão bem se estava.
Dizíamos ali sinceramente
As nossas ambições, os nossos ideais:
Um livro impresso, um drama em cena, o nome nos jornais...
Dizíamos tudo isso, amigo, seriamente...
Ao pé de ti, voltava-me a coragem:
Queria a Glória... Ia partir!
Ia lançar-me na voragem!
Ia vencer ou sucumbir!...
Ai! mas um dia, tu, o grande corajoso,
Também desfaleceste.
Não te espojaste, não. Tu eras mais brioso:
Tu, morreste.
Foste vencido? Não sei.
Morrer não é ser vencido,
Nem é tão pouco vencer.
Eu por mim, continuei
Espojado, adormecido,
A existir sem viver
Foi triste, muito triste, amigo, a tua sorte —
Mais triste do que a minha e malaventurada.
... Mas tu inda alcançaste alguma coisa: a morte,
E há tantos como eu que não alcançam nada...
Lisboa, 1° de outubro de 1911
(aos 21 anos)
Deixa mesmo de ser importante
Vai deixando a gente pra outra hora
E quando se der conta, já passou
Quando olhar pra trás, já fui embora
E quando se der conta, já passou
Quando olhar pra trás, já fui embora
Quem engana, na verdade, está enganando a si mesmo. Na arte de enganar, há sempre uma perda de si mesmo no processo. Seja verdadeiro!
Em meus sonhos mais profundos nenhum animal viverá na solidão do abandono das ruas, ou mesmo no abandono de um lar sem amor, acorrentado, passando fome e frio.
Mesmo depois de todo esse tempo, ainda me pergunto, por que não consigo deixar você para trás. Da mesma maneira que você conseguiu tão facilmente.