Depoimento de agradecimento

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Na admissão de uma opinião ou doutrina, os homens consultam primeiramente o seu interesse, e depois a razão ou a justiça, se lhes sobeja tempo.

Há grandeza mais verdadeira numa boa ação do que num bom poema ou numa grande vitória.

A honra quer dizer o preconceito de cada pessoa e de cada condição.

Uma grande reputação é talvez mais incômoda que a insignificância pessoal.

O medo faz mais tiranos que a ambição.

O valor que não tem por fundamento a prudência chama-se temeridade, e as façanhas dos temerários devem atribuir-se mais à sorte do que à coragem.

O nosso amor-próprio é muitas vezes contrário aos nossos interesses.

Na cidade, a lua:
a jóia branca que bóia
na lama da rua.

A dor é sempre menos forte do que a lamentação.

Tememos a velhice, à qual não temos a certeza de poder chegar.

Existem a beleza que excita, a que comove e a que satisfaz: a melhor é a última.

A vitória de uma facção política é ordinariamente o princípio da sua decadência pelos abusos que a acompanham.

Nas desventuras comuns, reconciliam-se os ânimos e travam-se amizades.

Um empreendimento imagina-se e começa-se com facilidade; mas na maior parte das vezes sai-se dele com dificuldade.

O melhor modo de venerar os santos é imitá-los.

Erasmo de Roterdã
"The "Adages" of Erasmus". London: Cambridge University Press, 1964.

Sonho Oriental

Sonho-me ás vezes rei, n'alguma ilha,
Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsamica e fulgente
E a lua cheia sobre as aguas brilha...

O aroma da magnolia e da baunilha
Paira no ar diaphano e dormente...
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
O mar com finas ondas de escumilha...

E emquanto eu na varanda de marfim
Me encosto, absorto n'um scismar sem fim,
Tu, meu amor, divagas ao luar,

Do profundo jardim pelas clareiras,
Ou descanças debaixo das palmeiras,
Tendo aos pés um leão familiar.

Antero de Quental
Os Sonetos Completos de Antero de Quental

Mors Amor

Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,

Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?

Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,

Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"

O muito torna-se pouco com desejar um pouco mais.

Os pintores só devem pintar com os pincéis na mão.

O comércio é a escola do engano.