Dentes
Fatos e traços. Cores e flores. Facas e lacres. Correntes e dentes. O que virá e o que já foi agora estão.
Eu tenho que segurar minha ansiedade com unhas e dentes. Não posso me responsabilizar por loucuras de amor, por roubos de beijos, por abraço como cativeiro. Sim. Quando estou ansiosa, minha vontade é de possuir um... sem direito a exorcismo.
Lembra daquela menina loira com os dentes cheios de fandangos?
E daquela caindo de queixo na gangorra?
Huummmm...e aquela que aprende a falar outro dialeto quanfo toma umas doses de tequila comigo? Kkkk :p
Nao nao nao...adianta me mandar parar de rir
.. rssss e nem dizer que me ganha na cachaca...vc dabe que e fraquinha para mim :p
Ainnm amor...que vontade de estar agarradinho com vc agora vendo um filme no cinema :/
Te amo...espero que esteja bem :)
Um beijo no seu sorriso...e roubado ainda *-* rs
Eu sei que posso ser punido por isso. Eu luto com unhas e dentes para diminuir pelo menos um terço do anseio existente em mim mesmo. Sei também que sou capaz de fazer coisa, que em sã consciência jamais faria. Confesso a mim mesmo que o desejo de desfrutar cada parte de seu corpo faz bombear sangue pelas minhas veias capaz de pausar e acelerar minha respiração constantemente fazendo-me mudar totalmente o rumo dos meus mais puros pensamentos ao ponto de dominar-me. Em fração de segundos posso alterar completamente meu comportamento e se tornar mais quente do que o normal tudo apenas pelo fato do meu corpo receber o toque do seu.
Posso discordar de você em gênero, número e grau, e ainda assim defender com unhas e dentes o seu direito de reivindicar o que achar justo.
OS DENTES DE JOÃOZINHO
Joãozinho apareceu no primeiro dia de trabalho com um par de sapatos maior que o seu pé. As roupas, bem largas, dançavam em seu corpo delgado. Ainda não havia recebido o uniforme azul para a labuta, e por isso precisou improvisar. Todo mundo reparou o seu jeito meio desconjuntado, mas ninguém comentou patavina.
No outro dia, já de uniforme e sapatos luzentes do seu tamanho, veio de cabelos bem penteados e unhas cortadas. Apresentava-se sempre sorridente e cortês, assim como havia aprendido em seu treinamento para ser um jovem aprendiz, e assim também como, decerto, ditava a sua própria natureza.
Os dias foram passando e todo mundo se afeiçoou ao Joãozinho. Um garoto de costumes simples e jeito humilde, mostrava-se sempre prestativo, educado, gentil e bem humorado.
Pele negra, estatura pequena, bastante magro, cabeça ovalada enfeitada de madeixas negras encaracoladas, mãos, pés e orelhas desproporcionais, Joãozinho no auge de sua adolescência, tinha os dentes grandes e brancos sempre ostentados em um sorriso.
– Joãozinho, você cuida muito bem desses seus dentes, hein? – Disse como forma de encômio, no intervalo do café.
– Sim, senhora, cuido sim. Na verdade a mamãe faz uma fileira conosco todas as manhãs e no fim do dia. Ela mesma escova nossos dentes.
Sem entender muito bem aquela resposta, continuei meus questionamentos:
– Como assim João? Você já tem 15 anos de idade, já sabe escovar seus dentes sozinho. Sua mãe não precisa mais te ajudar.
– Sabe, dona, lá em casa a água é difícil. E não temos escova de dente. Mamãe pegou alguns sabugos de milho, cortou assim ó (mostrou com as mãos vários longos cortes na vertical) e cada um de nós tem uma “lasca”. Somos doze, né…
Eu continuei ouvindo estarrecida, não imaginava que era aquela a realidade de Joãozinho.
– Dos doze, dona, dez já tem dentes, dois são muito bebês ainda. Daí mamãe guarda nossas “escovas” bem organizadas na beira da prateleira e cobre com um paninho bem limpo. De manhã e à noitinha ela nos coloca enfileirados por ordem de tamanho, e começa o trabalho do menor para o maior. Os pequenos, que não tem dentes, ela limpa direitinho a boca e as gengivas com um rasgo de fralda umedecida na água. Na sequência, ela vai pegando as nossas “escovas”, passando um pouco de sabão de coco na ponta e esperamos todos de boca bem aberta. Mamãe é muito inteligente, dona, ela nunca confunde nossas “escovas” para não correr o risco de pegarmos bactérias da boca um do outro.
Joãozinho descrevia aquele rito com uma absurda riqueza de detalhes, e com os olhos tremeluzindo de orgulho da sua tutora esmerada. E ainda teve mais:
– Ela escova nossos dentes, dona, pois pela manhã, por exemplo, só temos um balde grande de água para tudo. E mamãe, para não desperdiçar, faz o trabalho ela mesma, evitando que entornemos ou que um de nós use mais água que o outro. Ela pega o copo de ferver a água do café, enche, e faz com que aquela porção dê conta de todos os nossos dentes. Sabe, dona, sabão de coco não é muito gostoso não, mas olha o resultado (e arreganhou os dentões todo soberbo). Como sou o maior e mais velho, sempre fico por último, e às vezes saio de casa com gosto de sabão na boca, pois o que sobra de água para mim para retirá-lo às vezes é bem pouquinho.
Joãozinho relatou sua higiene bucal e a de seus irmãos com muito empolgamento e a mesma alegria estampada na cara, do começo ao fim. Pelo que se podia perceber, era um momento ímpar de união familiar e partilha, promovido pela mãe daquela trupe.
Após o seu relato, engasgada, não consegui falar muita coisa. Terminei o meu café, já frio, agradeci pela história em murmurejo e saí dali de volta para o meu gabinete de trabalho. Mas não consegui ficar sentada por muito tempo. Peguei a minha bolsa e avisei a minha secretaria que iria rapidamente a um supermercado nas redondezas.
No final do expediente, como era de costume, Joãozinho foi até a minha sala perguntar se existia mais alguma demanda para aquele dia, e, em caso de minha negativa, sempre se despedia com o mesmo mantra “deus te abençoe, te dê tudo em dobro e a faça sonhar com anjinhos, dona”.
Estendi a mão com uma sacola plástica com as compras recém-adquiridas e entreguei ao Joãozinho. Lá dentro quinze escovas de dente de tamanhos e cores variados, alguns pacotes de algodão, dois pacotes grandes de lenços umedecidos, cinco tubos de pasta de dente com sabores diversos, um vidro grande de enxaguante bucal e duas embalagens de fita dental.
– Toma João, coloca na prateleira da sua mãe.
João recebeu a sacola com uma interrogação na fronte. Abriu e espiou, matreiro. João não sabia o que fazer de tanta satisfação. Abriu, vislumbrou e fechou aquela sacola plástica um milhão de vezes, como se ali escondesse uma grande e reluzente barra de ouro. Ele não acreditava no que via. Não sabia se agradecia, se me abraçava ou se saía correndo dali para encontrar logo a mãe.
– Dona, isso é pra nós mesmo? É sério? – Perguntou, com os olhos marejados.
– Corre, João, sua mãe precisa se organizar para o ritual da tarde. – Respondi.
Joãozinho, se não bastasse, deixou a sacola sobre a mesa, e subitamente, ajoelhou aos meus pés principiando um Pai Nosso bem alto, com as mãos para cima. Tentei retirá-lo dali puxando-o pelo braço, constrangida, mas foi em vão levantá-lo. Deixei-o terminar a sua oração. Era o seu jeito de agradecer por aquele gesto tão ínfimo da minha parte.
– Deus te abençoe, te dê tudo em dobro e a faça sonhar com anjinhos, dona.
E aconteceu. Naquela mesma noite eu sonhei que estava no Céu. Doze anjos negros e lindos, cabelos pretos encaracolados, vestidos de branco, asas enormes, suspensos do chão, cantando divinamente em uníssono, alinhados, mostrando os seus sorrisos com dentes tão brilhantes que ofuscavam o meu olhar…
Se a vida lhe bater tão forte ao ponto de quebrar-lhe os dentes, então transmita no olhar o sorrir da alma.
A obra do Mário Ferreira é como uma mulher lindíssima coberta de sujeira, com os dentes quebrados, os cabelos empapados de lama e esterco, vestida com sacos de estopa e, para a satisfação e lucro de aproveitadores, vendida no mercado de escravos.
OS DENTES
A boca com seus dentes, sente...
Sente os dentes, entre dentes
estridentes, pacientemente quentes
sob nevoa calados, calmo, contente
... Rindo esboçados a frente...
Como placa de lata no batente.
Os dentes comoventes sentem
medo frio, como se tivesse no rio
tremor ardente sob tempo quente.
Um dia, ainda darei um trato...
Com dentes de pente, nos meus dentes
afiarei com afinco e finco contente
quando meus dentes ficarem decentes
tal qual, pontiagudos como dentes
de serpentes.
Nesse dia, minha gente...
todos irão ver como o gato mia
e a mordida pode doer
quando e feita com os dentes
e aplicada em você.
Antonio Montes
Alegria, tristeza e sorriso
(Marcel Sena)
Dum sorriso uma lagrima cai, alvos dentes refletindo a luz do luar
De um embriagado momento de prazeres, divagações que a mente, mente.
Dum sorriso uma lagrima cai, doce semana corrida, trabalho, aula e academia.
Luta cotidiana, entre dizeres e fazeres, entrando e saindo sorrindo.
Dum sorriso uma lagrima cai, a face de um palhaço mascarado.
Brinca e folia, alegria levando ou tentando, aos próximos do coração
Dum sorriso uma lagrima cai. Um tormento nublando o coração e a mente
Tristeza sombria, por anos habitada, nunca notada, jamais perguntada.
Dum sorriso o planto rola, coração invernal, um apêndice das trevas
Uma hora desmonta, sobre um sorriso capenga, a tristeza repousa.
Um sorriso absorvendo as lagrimas, no corpo tenta enjaula-la.
Pronto, falso sorriso iluminando a noite. Recomeçamos a vida é um globo.
Cuiabá, 06 de maio de 2017
TORTURA
Lento
e silencioso
açoite! -
Com
dentes
afiados,
a angústia
morde
e sangra
a pele
negra
da noite!
A ironia abre a boca e sorri com os seus dentes brancos, mas somente para julgar e reclamar, apegar-se a coisas e a si mesma, despreocupando-se com a dor do próximo.
Punhal
O amor quando descrente se faz distante.
A verdade dita entre os dentes com voz hesitante,
fere como punhal de flores com lâmina de diamante.
Por pior que seja, se faz necessária.
Mas antes tome um drinque e se prepare,
Pois para quem ama a dor pode ser extraordinária.
Já que a lâmina quando quente, corta fundo e cauteriza
Evitando que se alastre o veneno
Que mata o corpo e a alma agoniza.
Para incisão dolorosa, não existe forma cautelosa.
Escolher palavras por medo de magoar,
pode mais ferir do que poupar.
Então não evite, mesmo se puder evitar.
Se tiver que ferir, que deixe sangrar.
Mas o que fazer quando na dúvida, a dor é latente
fere mais que a lâmina ardente
que até se pede veemente
fere o corpo, mas salve a mente.
A verdade para quem conta, como fogo, queima a garganta
Para quem ouve, no momento pouco entende e mais espanta.
Mesmo que não seja completa a surpresa, contada de verdade, traz ao bolo a cereja.
Com o tempo que enseja,
Sabendo dos detalhes, de forma mórbida só reclusão e a dor almeja.
O mais incrível é que ao algoz só o primeiro golpe compete,
O que corta fundo e rasga a carne é nossa imaginação que incessante se repete.
Como reconstituição de um crime por outro cometido,
em cinema 24 horas exibido,
Já não se trata da verdade e sim a mescla do que foi
Apimentada com a nossa dolorosa versão do “como deve ter sido”.
A criação da nossa versão dos fatos é na verdade, a causadora da pior dor.
Apesar de não ser de fato a verdade, é o que enche o peito de rancor.
Como agulhas pontiagudas, que quanto mais espeta,
Com a nossa própria mão encrava no peito o punhal na medida certa.
Então se é para cortar que corte fundo,
Se for para contar que seja tudo,
Se for para ir que seja agora
Se for para perdoar que não seja da boca pra fora.
Pois a dor mal cicatrizada, com o tempo o coração devora.
Então nessa noite, quem tem coragem chora,
Quem tem medo de não resistir, com a escuridão se apavora.
Pouco importa se a madrugada durar um ano ou uma hora
O importante é que quando enxergar a nova aurora
Que o sol brilhe e a esperança leve essa dor embora
Ficando só a doce lembrança do que de bom foi vivido, na felicidade de outrora.
Se você sentiu muito medo de passar por essa dor,
Tome logo a providência e se vacine contra o amor.
Unimos as escovas de dentes.
Um gesto simplório e muito significativo.
Remete a sonhos passados e abandonados por conta da imaturidade.
12 anos nos distanciaram fisicamente.
Seguimos nossos (próprios) rumos.
Nos reencontramos.
Agora não só as escovas de dentes estarão unidas.
Em breve estaremos unindo os nossos corpos, dividindo os mesmos espaços em nossa casa, nossas alegrias e tristezas. Decidimos estar um do lado do outro. Nos tornamos um casal!
Sorria; ame, chore e viva
Sorria;
Por mais que lhe falte dentes,
E o único for amarelo.
Ame;
Por mais que lhe falte amor,
E o único for passageiro.
Chore;
Por mais que lhe falte dor,
E o único for alegria.
Viva;
Por mais que lhe falte saúde,
E o único suspiro.
É.. Os anos passam de mansinho. Sem que a gente perceba ele vai levando nossos cabelos, dentes, a pele bonita, e algumas pessoas que amamos demais.
Mas, os anos não são injustos; tira de nós, mas também nos dá algo em troca. Ele nos traz sabedoria, frutos de uma vida, amigos, e principalmente, a honra de ter histórias para contar.
Por isso, desejo que você tenha lindas histórias e que possa se orgulhar em conta-las.
Desejo que os anos não tirem seus sorrisos, não apague o seu brilho, e nunca, nunca te faça perder a esperança no próximo ano.