Dentes
Beijou cada pedaço de Luana como se fossem páginas de um livro, percorreu seus dentes com a língua como se roubasse suas palavras e a penetrou como se pudesse entrar nas histórias e viver lá para sempre.
Marco repuxou os lábios num sorriso de dentes amarelados, se voltou para mim e me envolveu em seu abraço apertado e reconfortante, quente.
-O que está fazendo? –falei com dificuldade por ele me apertar.
-Te abraçando... –respondeu ele com ...as mãos gélidas ainda em minhas costas, seus braços me envolviam me prendendo, nem que eu quisesse não saberia sair dali. –te olhando...
Seus olhos brilhavam, sua boca estava entreaberta, eu sabia o que ele queria fazer. Olhei para cima e vi que estávamos sob um arco de árvores grandes, parecia uma pequena floresta na calçada. O luar estava lindo, a lua ainda estava escondida. Disfarcei olhando para o ambiente cinza e sinistro. Tive medo. Não tinha ninguém a nossa volta, tão pouco ouvíamos barulho de carros ou qualquer coisa.
Percebi a cabeça de Marco se recostar no meu pescoço. Senti-o aspirar todo o meu perfume de uma só vez.
-Doce...
Era o mesmo Marco de antes...
Era estranho saber que acabou, que não mais voltaria aquele lugar todas as manhãs.
Era só uma tentativa, errônea, de perpetuar o que já nos era eterno.
É assim que lembro da gente! Dois babacas palhaços desde sempre. Mesmo sem dentes, meu sorriso vinha de dentro. Mesmo igual a uma ameixa, marcas dos tempos que passaram, ainda sou a mesma mulher linda pela qual você se apaixonou, mas olha que curioso, você ainda enxerga a minha beleza, pois está contida dentro dos meus olhos. Olhos vibrantes de felicidade por estar olhando para você, meu companheiro de tanto tempo. Mesmo que a minha audição esteja falha, ainda consigo ouvir você dizer ao pé do meu ouvido: Eu te amo, e não poderia ter escolhido outra para venerar dia após dia. Mesmo que o meu caminhar seja lento, para que pressa? Andar devagarzinho ao seu lado, aproveitando cada momento é muito mais prazeroso. Ainda que um de nós morra, o outro esperará o reencontro na outra vida. Somos para sempre. É assim que quero lembrar de você vida após vida.
Lavo meu rosto, tomo meu café, jogo no lixo uma escova de dentes que sobrava no meu banheiro e percebo que era a sua, empacoto, tomo meu banho, me lavo, me seco, me escorro pelo ralo.
O tatu-bola
Lá de Bajé
Aprende chula
Batendo os pés.
O vento frio
Ringindo os dentes,
E o tatu-bola
No seu batente.
Vem vindo a noite,
Abraça o pampa,
E sobre o tablado,
O tatu dança.
Raios no céu
Fazem comício,
E o tatu-bola,
No seu ofício.
Tacos de botas
Contra a madeira,
Tacos de bota,
A vida inteira
São 06:00 hrs , o dia apenas começou e eu já estou pensando em você ... tomo banho, escovo os dentes e não consigo comer porque as borboletas tomaram conta do meu estômago e não me deixaram espaço pra mais nada . Assim como você que tomou conta dos meus pensamentos, da minha alma, do meu ser ... fazem exatos 5 meses que venho me transformando em outra pessoa, tenho me fechado das várias oportunidades de felicidade por acreditar que a minha única e exclusiva felicidade é você. São 21:18, estou no pré , meu professor de biologia está falando e eu não consigo ouvir. Não consigo, porque o som da sua risada invadiu os meus ouvidos e eu já fiz de tudo mas ela insiste em ficar. Hoje, enquanto caminhava até aqui, pensei em como dar um fim nisso... mas percebi que, eu , que nunca gosto de ninguém achei mesmo de gostar de você, achei mesmo de te querer como homem da minha vida, como pai dos meus filhos. Logo você ! acho que estou enlouquecendo , eu não gosto de gostar de você.. mas eu não sei não gostar de você. Foda ! nem pai de santo, nem promessa ,nem mesmo reza forte da uma solução pra isso. já cansei de fazer com que você fique e até já percebi que você não vai. E por isso ,tenho apenas observado. E olha, inúmeras vezes eu tive vontade de gritar o quando esse amor tá me sufocando, mas dentro de mim só tem você ... e você é tão vazio. São 21:39, estou indo pra casa tomar um banho e deitar. E advinha ... tenho odiado deitar. É na minha cama, no silêncio, no escuro que meu coração grita... e você sabe, a boca fala aquilo que o coração tá cheio.. assim, as paredes do meu quarto se enchem de ouvir sobre você ... que mesmo sendo tão vazio toma todo e qualquer espaço que existe dentro de mim.
Tenha-se sempre em mente
Que o certo é trabalhar com os dentes,
E comer com a gengiva.
Caso contrário (é a atual previdência).
Eu só queria estar ai pertinho sabe? tão pertinho que pudesse ver a cor da sua escova de dentes, e que creme dental você usa, se gosta do café amargo ou se não o toma pela manhã, saber a cor da sua toalha ou ver seu lençol dessarumado, o livro que te faz conpanhia na cabeceira, o pente que você penteia o cabelo molhado e fica com aquela cara de menininho comportado, os seus chinelos se você os usa ou se anda descalço, se deixa o tapete enrrolado, se bebe agua em um copo comum ou tem seu copo especial, porque eu tenho o meu, se prefere sanduba ou arroz no jantar, eu só queria fazer parte da sua rotina, eu só queria estar ai com você, juntinho e que você também quissese saber tudo isso sobre mim, só isso, assim!
Sou coerente em ser tudo que me da fascino. Me transformo em dentes-de-leão em meio ao vento, sem rumo, sem estradas, sem destino. Mas livre.
AMIZADES X DENTES
As amizades se assemelham aos dentes, na infância são os de leite, quando aparecem são motivo de festa, não são duradouros, logo os perdemos, mas alguns dão tanta importância que o guardam como recordação.
Na adolescência somos descontentes com eles, queremos endireita-los ao nosso jeito, assim como dentes com aparelho.
Quando jovem algumas amizades só dão dor de cabeça, não tem muita utilidade, tipo o ciso.
Quando adulto surgem os permanentes, perde-los trará um prejuízo tremendo, sem eles algumas pessoas até deixam de sorrir.
- Meus dentes não são perfeitos, completamente desalinhados, tende a amarelar com o tempo pelo o uso fatigante do cigarro. Meu cabelo liso caramelado e tingido pelo preto do luto são rebeldes e tende a intensifica a cor da minha pele, branca feito à neve do polo norte, me fazendo parecer com a flor copo de leite. Eu como toda Zantedeschia aethiopica tendo a ser venenosa, em contato profundo causo da queimação ao inchaço aos lábios, a boca e a língua. Sendo essa inocência tóxica causo asfixia em ambiguidade. Meus pulmões já estão fatigados e eu ainda não sou tão velha assim, ainda tenho pulmões, pois ainda há combustão, para mais uma embriaguez do marasmo ao ápice de um fumo qualquer sujo e cinzento engavetado. Minhas mãos já estão enrugadas, porém ainda é lisa e possui uma macies agradável ao toque. Meu rosto pálido e branco continua encantador apesar da dor e das espinhas. Tenho um rastro de sinais formidáveis e secretos, da lateral da orelha esquerda, ao colo, ombros, braços, barriga, quadril e ao dedão do pé esquerdo. Os sinais são como os pontos das estrelas que no final sempre pertence a alguma constelação, o meu de capricórnio sendo visível o dia inteiro. Sou um epílogo ardente deliberadamente morta, com gosto de licor, que deixa a voz enrouquecida, fazendo o corpo tombar no sangue do meu corpo pálido que clama, ama e continua belo.