Delírio
“A mente criativa demais leva o homem 👨 ao delírio, mesmo para um escritor genial, às vezes é impossível distinguir ficção de realidade”
DELÍRIO NOTURNO
Dorme, dorme o meu amor,
no silencioso abrigo do meu coração.
Nesta noite de afago eterno,
queria tanto estar nos sonhos dela.
Mas quem pode imaginar
O que ela sonha?
Se com um príncipe ou com um plebeu.
Enquanto ela dorme eu penso no que seria de mim
Longe dessa imensidão do mar que nos separa.
Se pudesse toca-la e afagar seu cabelo
Se mesmo em sonho
Eu pudesse revelar todo meu amor,
e o meu desvelo.
Mas há a noite e o meu delirar noturno.
Um mar e uma eternidade entre nós.
Inspirado na obra Noturnos de Chopin
É inútil se reconfortar ou sofrer com as lambraças do passado; é delírio já considerar as benesses ou males do futuro. Foque no agora, pois é no presente que tudo se cria, arde e vive.
Infelizmente muitos estão vivendo um delírio antidemocrático coletivo, onde a violência se tornou forma de impor o que pensam.
A eloquência é a hipnose dos seres; quando mal-intencionada, provoca neurose obsessiva em delírio constante; mas, quando bem-intencionada, alimenta e liberta mentes na abstinência do tirocínio.
Ah infinito delírio de um mergulho nas nuvens. E na ousadia deste, que uma delas seja como algodão doce... Bem doce.
Quando Deus é visto pelo descrente como um delírio, o universo imediatamente o apresenta sob forma de milagre
Entre a desordem do mundo e a lucidez do delírio, habita-me uma inquietude serena — feita de silêncios abissais e epifanias tardias. Sou vestígio de estrela em queda, mas insisto em reacender o cosmo dentro do peito.
RELIGIÃO É um delírio coletivo, uma insanidade acometida em massa, pois fizeram a lavagem cerebral na humanidade desde os primórdios e eles passando isso de geração em geração, fez o bom senso crítico de todos irem com a lógica e a razão direto pro ralo!
Religião é só um delírio coletivo causado pelo ópio do povo, engana que eu gosto e o faz me rir de padres e pastores.
" DELÍRIO "
Tomei a flor do amor entre meus dedos
e lhe senti o perfume me doado!
Rendido, o coração me foi tomado
seguindo, da paixão, vozes e enredos!...
Que faz, um pobre ser, se apaixonado?
Se perde pela noite em seus segredos
e assim fui eu, por entre o val dos medos,
depois do amor, enfim, me ter tocado.
Bailei com as estrelas e o luar
sentindo todo o corpo flutuar
qual se não mais houvesse a gravidade…
Cheirei a flor do amor, pra meu delírio,
e a cruz tomei por sina e por martírio
sem mais pureza casta e ingenuidade!
A loucura de Dom Quixote não era delírio, era coragem de sonhar num mundo que zombava dos sonhadores.
Se o delírio me cegou
E menosprezado foi meu clamor
Por ironia, devo crer
Sou a cria e o criador
- Valsa dos Exumados
DELÍRIO OU PROFECIA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Quando a sociedade recentemente revelada se assumir dividida entre caças e caçadores - porque o poder há de precisar de seus androides fiéis para entregar cabeças pensantes e desobedientes -, quero de antemão estar entre as caças.
Ainda que o poder me fosse grandemente favorável, minha consciência não suportaria que eu fosse um caçador. Com todos os terrores de ser ferido, amordaçado, entregue ao sacrifício, acho bem mais triste caçar, e assim sendo, ter que olhar nos olhos inevitáveis das presas, antes de consumar a maldade legalizada pela tirania oficial.
A ser verdugo e vítima dos meus semelhantes, entre os quais alguns afetos, inclusive consanguíneos, prefiro mil vezes ser vítima.
DELÍRIO TERMINAL
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Estou a ver
meu verbo haver.
Ponho a venda
e fico à venda.
Talvez dormente,
porque a dor mente.
Trago o fumo;
fumo que levo.
Não me peça
que pregue peça.
Então por ora
não é hora.
E a cerca diz
acerca disto.
A corda nunca
acorda em tempo.
Profundo é sempre
lá pro fundo.
Vá em cana;
cana de açúcar.
Corrente prende;
corrente leva.
Faz o bem
e faz bem feito.
Com raiva, mato;
o mato acalma.
Leio um livro,
me livro e voo.
Acento agudo,
macio assento.
Agora cedo
enquanto é cedo.
Deixo a cena,
que a mão acena.
Já não luto;
chega de luto.
Fiquei partido
por ter partido.
Tristeza à vista
e vista a prazo.
Dei adeus
pra ver se há Deus.
O fanatismo é uma loucura epidémica, conduzida por velhacos, num delírio contagioso, que se transforma facilmente em raiva.