Delírio
DELÍRIO
Sabe você que te amar
é o mesmo que me queimar.
Mesmo assim me procura
dizendo ser a minha cura.
Se eu estive sumido,
foi por estar consumido.
E quando enfim
a dor teve um fim.
Tu me chamas
para jogar-me nas chamas.
Confundiu delírio com euforia, deixando a mercê a própria alegria.
Eis então, o latíbulo mestre, recanto, encanto, lugar de aconchego.
Um abraço é lar, a vida é par, participando, estando, pronto para receber quando já estava tão cabisbaixo.
Alma ausente, dormente, agora é latente, pulsa pela supernova, um novo sentido, um novo perigo, recaído em abrigo do que já lhe tomou conta.
Cresceu, aprendeu que olhos em aurora, são aqueles que em outrora foram de um menino.
Navegando em mar aberto, seu destino? incerto!
E não há intenção de chegar a nenhum lugar.
Sabe-se apenas, que o navegante, que de si mesmo andava distante,
retorna agora, pro seu antigo lugar...
Hoje de felicidade grito
aliviando meu espírito,
Onde a saudade de você,
Me levando ao delírio insiste...
Me fazendo dizer o que sinto.
Com todo amor...
Que em mim ainda existe.
(Vieira)
O POEMA
Talvez um delírio, inculto e quente,
Paixão de intenso clamor, impuro,
Um displicente calor que perduro
No insensato mundo em que sente...
O desconexo, o cauto, o conjuro,
Que se implica a vaguear entre a gente:
Luz que boêmia, ao sol poente,
Dum indescritível sentir obscuro!
Mas que vigora, e que me intensa
De demência grata e de bendito amor!
Que flui, o estreito da minha sentença
Doce, e leve, e altiva que impera,
Em que na existência me faz esplendor
Ao estouvado astro em que vela...
Um super herói não tem super poderes, não está nas manchetes de jornais, não leva ao delírio ou alvoroço as multidões, ele salva o seu próprio mundo a cada novo amanhecer, seguindo sua jornada na direção dos seus sonhos guiado pelo seu coração.
naquele turbilhão de imagens multicoloridas
há um céu de delírio, perplexo com a loucura
naquele exato instante, mil beijos foram perdidos
há um conserto wagneriano, executado por bocas
entre sonoros acordes do estatelar de lábios famintos.
Com um sorriso, se tornou inesquecível, exclusão do meu tédio soporífero, verdadeiro delírio de amor.
Delírio noturno
Estou em algum lugar
A ouvir sozinha única e exclusivamente
O barulho do cair da chuva lá fora.
Não sinto absolutamente nada
Apenas uma calma e uma brisa gelada.
Neste momento, neste exato momento
A chuva engrossa e eu a ouço cair com mais força.
Sinto que essa é a forma que a chuva encontra de me dizer
Que não estou só.
Assim, continuo a pensar coisas sem sentido.
A chuva, então oscila a intensidade
Com que toca a terra e a minha face.
E confunde quem por ela espera
No sertão, o sertanejo, a pobre erva.
Igual é meu pensamento
Que muda... muda como o vento.
O que aconteceu, chuva
De repente ficaste muda?
Conte-me, o que ocorreu?
Se por um momento não oscilou como eu
Então algo errado você cometeu.
Não esqueça que estás comigo
E estou com você.
Prometemos estar sempre juntas
Em todos os momentos,
Lembre-se... em todos os momentos.
Mas o que é agora?
Ouço é o barulho do vento, não mais o seu.
Ele, o vento diz que está sofrendo
por você estar assim.
Quero saber chuva
Fales-me, o que foi?
Digas, senão dói e eu já não suporto sofrer.
Perceba, por favor, o meu delírio
Veja que sozinha clamo
Para estar com você.
Acredite, não mereço que me faça sofrer.
Assim, vão acabar pensando que enlouqueci.
Não quero amiga minha, isso pra mim.
Quero apenas a verdade
A amizade
A cumplicidade
É apenas isso que quero do mundo.
Porém não encontro
Por isso deliro durante a noite
Procurando e encontrando imaginariamente
o que não acho, em você.
Diz-me então chuva, se foi por quê?
O vento trás o cheiro do seu corpo. Delírio ao andar, observando sua sombra ao invés da minha. Meu pensamento sonha. Os olhos inventam motivos para te enxergar ainda mais. O doce frio do tempo escuro ilude o coração e congela a alma. O amor aumenta sem cessar a cada movimento meu.
“…O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio
Porque somos o alimento preferido do amor,
Se estivermos também a devorá-lo…”
Sua presença me acalma e seu cheiro me leva ao delírio. Sua voz mais me parece uma melodia e seu jeito carinhoso me faz sempre repensar as variadas formas que se tem para expressar o amor.
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