Dedicatória para Namorado

A duração das nossas paixões depende tão pouco de nós como a duração da nossa vida.

Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa.

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos.

Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço.

Não devemos mostrar a nossa cólera ou o nosso ódio senão por meio de atos. Os animais de sangue frio são os únicos que têm veneno.

O humorismo alivia-nos das vicissitudes da vida, ativando o nosso senso de proporção e revelando-nos que a seriedade exagerada tende ao absurdo.

Não há coisa que mais nos engane do que o nosso juízo.

Tudo em nós está em nosso conceito do mundo; modificar o nosso conceito do mundo é modificar o mundo para nós, isto é, é modificar o mundo, pois ele nunca será, para nós, senão o que é para nós.

Quanto mais aumenta nosso conhecimento, mais evidente fica nossa ignorância.

É mais difícil ferir a nossa vaidade justamente quando foi ferido o nosso orgulho.

Um dos paradoxos dolorosos do nosso tempo reside no fato de serem os estúpidos os que têm a certeza, enquanto os que possuem imaginação e inteligência se debatem em dúvidas e indecisões.

Ler fornece ao espírito materiais para o conhecimento, mas só o pensar faz nosso o que lemos.

Todo o nosso conhecimento se inicia com sentimentos.

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Não poucas vezes esbarramos com o nosso destino pelos caminhos que escolhemos para fugir dele.

A honra é, objetivamente, a opinião dos outros acerca do nosso valor, e, subjetivamente, o nosso medo dessa opinião.

Só engrandecemos o nosso direito à vida cumprindo o nosso dever de cidadãos do mundo.

O pior pecado contra nosso semelhante não é o de odiá-los, mas de ser indiferentes para com eles.

Deus constrói o seu templo no nosso coração sobre as ruínas das igrejas e das religiões.