Dedicatória para Mim

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Não sei separar os fatos de mim,
e daí a dificuldade de qualquer precisão,
quando penso no passado.

Clarice Lispector
Gotlib, Nádia B. Clarice: uma vida que se conta. São Paulo: Ática, 1995.

Depois que aprendi a pensar por mim mesma, nunca mais pensei igual aos outros.

Desconhecido

Nota: A citação é atribuída a Clarice Lispector, mas não há fontes que confirmem essa autoria.

Eu disse a uma amiga:
– A vida sempre superexigiu de mim.
Ela disse:
– Mas lembre-se de que você também superexige da vida.
Sim.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Crônica Sim.

...Mais

O que saberás de mim é a sombra da flecha que se fincou no alvo.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Ser o mais rico do cemitério não é o que mais importa para mim… Ir para a cama à noite e pensar que foi feito alguma coisa grande. Isso é o que mais importa para mim.

Steve Jobs

Nota: The Wall Street Journal, 1993

Eu sou contraditório, eu sou imenso. Há multidões dentro de mim.

Não busco a perfeição em ninguém, não quero que busquem isso em mim.

Chorão

Nota: Trecho da música Vivendo nesse absurdo.

Sim, curvo-me ante a beleza de ser
às vezes zombo de mim mesmo ao término de uma
inteligente e aguçada constatação.
Ermitão do insólito, poeta da dúvida
Entretanto duvido a dúvida por ser dúvida
fruto de uma premissa lógica
Mas nego, afirmo e não duvido de nada
Prisioneiro sem grade desse silêncio eterno.

BOCA

Boca: nunca te beijarei.
Boca de outro que ris de mim,
no milímetro que nos separa,
cabem todos os abismos.

Boca: se meu desejo
é impotente para fechar-te,
bem sabes disto, zombas
de minha raiva inútil.

Boca amarga pois impossível,
doce boca (não provarei),
ris sem beijo para mim,
beijas outro com seriedade.

Carlos Drummond de Andrade
ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.

O dinheiro nunca significou muito para mim, mas a independência (conseguida com ele), muito.

Outro dia, fiquei pensando no mundo sem mim.
Há o mundo continuando a fazer o que faz.
E eu não estou lá. Muito estranho. Penso
no caminhão do lixo passando e levando o lixo
e eu não estou lá. Ou o jornal jogado no jardim
e eu não estou lá para pegá-lo. Impossível.
E pior, algum tempo depois de estar morto, vou ser
verdadeiramente descoberto. E todos aqueles
que tinham medo de mim ou me odiavam
vão subitamente me aceitar. Minhas palavras
vão estar em todos os lugares. Vão se formar
clubes e sociedades. Será nojento.
Será feito um filme sobre a minha vida.
Me farão muito mais corajoso e talentoso do que
sou. Muito mais. Será suficiente para fazer
os deuses vomitarem. A raça humana exagera
em tudo: seus heróis, seus inimigos, sua importância.

Charles Bukowski
O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio. Porto Alegre: L&PM, 1999.

Aonde quer que eu vá, eu descubro que um poeta esteve lá antes de mim.

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Fernando Pessoa

Nota: Trecho do poema "Tabacaria" de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa.

Eu quero que você se sinta a pessoa mais feliz do mundo, a única capaz de ser para mim um sonho em noite de insônia.

A coisa mais legal para mim é dormir, porque ao menos eu posso sonhar.

A palavra Deus para mim é nada mais que a expressão e produto da fraqueza humana, a Bíblia é uma coleção de lendas honradas, mas ainda assim primitivas, que são bastante infantis.

(...) sabia que tinha alguma coisa fora do lugar em mim. Eu era uma soma de todos os erros: bebia, era preguiçoso, não tinha um deus, idéias, ideais, nem me preocupava com política. Eu estava ancorado no nada, uma espécie de não-ser. E aceitava isso.

Eu sofro de mimfobia, eu tenho medo de mim mesmo e me enfrento todo dia.

A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo.

Eduardo Galeano
Dias e noites de amor e de guerra. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2001.

Arranca metade do meu corpo, do meu coração, dos meus sonhos.
Tira um pedaço de mim, qualquer coisa que me desfaça.
Me recria, porque eu não suporto mais pertencer a tudo, mas não caber em lugar algum.

Desconhecido

Nota: O pensamento é atribuído a José Saramago, mas não há fontes que confirmem essa autoria.