Dedicatória dos Pais para uma Filha
Que mais podemos fazer?
Este amor é um país cansado
que não nos deixa mudar.
O medo cerca as fronteiras
e a capital é Nenhures,
cidade de perdulários
e pequenas ruas tortas
onde vem morrer a noite –
aqui estamos ambos sós,
desunidos, extraviados,
não há táxis na praceta
nem cinzeiros nos cafés
e perdemos os amigos
entre as curvas de um enredo
que deixámos de seguir.
Mas não era nada disto
o que tinha na cabeça
ao começar a escrever:
os versos chamam o escuro,
abrem os portões ao frio
e eu quero estar nas colinas
do outro lado do rio.
A professora que não mordia
Lá, numa pequena cidade no Sul do país, num minúsculo bairro, em uma escola miúda,com um pequeno número de professores, com pouquíssimos recursos, uma professora brava, sempre irritada; cansada de seu trabalho, desgastada pela carga que há anos lhe pesa sobre os ombros.
Por causa do desgaste ela sempre desconta a sua ira em alguém. Hoje a vítima foi a merendeira. Dona Nilda, como é chamada a professora, queria uma xícara para beber café.
Como já se sentia postergada quanto ao horário de ir à sala, proferiu seus impropérios, e, com palavras que não consigo escrever, porque estão todas no aumentativo, maltratou a coitadinha da Dirce. Depois pediu desculpas, disse que estava nervosa. Mas todos sabem que ela o faz rotineiramente. Ela sempre maltrata as pessoas e depois dá uma de vítima. Aí vem e pede desculpas, e age como se nada tivesse acontecido.
Hoje ela ultrapassou os limites. Sempre me dói muito observar a forma que ela trata aquele menino lá do outro canto da sala; ela grita muito com ele, de forma agressiva, embora seja muito quieto. Hoje ela perdeu toda a paciência, e, quando eu olhei para o menino, ele estava vermelho, parecia um pimentão, os cabelos arrepiados de tanto ele mesmo puxar. Os gritos da professora Nilda ecoavam por toda a escola, e, a cada grito eu sentia mais medo, imaginava-me no lugar daquele menino, que já tinha dificuldade quanto a assimilação, e
com os gritos, tenho certeza que os ecos não o permitem dormir. Na hora eu tremia todo, temia que um daqueles gritos passasse perto de mim, afinal, até agora tenho visto a impaciência da professora, e imagino que, caso eu erre, ela não pensará duas vezes antes de gritar perto dos meus ouvidos.
Eu nunca falei com ela, nunca ousei encará-la. Meu medo nunca permitiu. Na hora de ir ao banheiro, sempre espero por um descuido dela, saio de fininho, corro parecendo um fugitivo policial, fico em silêncio pelo corredor para não chamar a atenção de ninguém, infelizmente não tenho um amigo que me dê cobertura enquanto fujo. No retorno, venho em silêncio, espero por um novo descuido, e entro para o meu lugar, como se nada tivesse acontecido.
Nessa hora, geralmente ela está de costas. Ainda bem que não usa óculos. Não há riscos de me ver refletido nas lentes. Hoje ela está terrível, e eu, apertado. Os gritos dela não cessam. Em um momento de tensão ela deu um murro na mesa, e xingou alguém. Eu não sei a quem, mas ouvi, ela xingou!
Esperei o descuido, não aguentava mais. A necessidade de ir ao banheiro era muito grande. Então, preparei-me para fazer-me um ninja. E ela começou a escrever no quadro.
Chegou a hora de agir. Mas ao chegar na porta os braços dela, enormes, me alcançaram, me seguraram na altura dos cotovelos.
-Opa!!! Onde o senhor pensa que vai?- Ela perguntou olhando nos meus olhos, eu, pela primeira vez na vida olhei para ela.
-Vou ao banheiro. Respondi com voz quase inaudível. -Ao que ela me disse:
- Precisa pedir. Não há que ter medo. Dessa vez você vai, mas na próxima vez terá que falar comigo, eu não mordo...
Olhei bem, e pensei comigo:- Só falta morder agora; se está difícil aguentar os gritos, imagine uma mordida.
Não há horizonte viável em um país em que os jovens não sabem nada de ciência, matemática e leitura".
A criatividade de um jovem favelado é maior do que a de filho de pais burguêses, o favelado vive na pele e cria encima daquilo já o jovem burguês ganha nas mãos.
RELVA - CAPÍTULO 11
Finalzinho de tarde, nos encontramos no casebre.
Um local onde os pais de Sara guardam ferramentas,
um pouco distante da casa principal, gostávamos de ficar por lá
quando crianças, brincando.
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Hoje, nossas brincadeiras mudaram. Sara e eu, estávamos desejosos
de um momento a sós. Depois que voltei da internação. Depois que
nos beijamos de uma forma singular e inesquecível. Depois que comecei
a enxergar e ver o quanto ela é linda. .
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A sós. Nos beijamos. Nossas mãos tocaram um ao outro, e mesmo podendo
enxergar, fechamos os olhos. Mãos aquecidas tocando o corpo, Sara abriu
o botão da blusa, expondo seu sutiã de renda, tirei a camisa e nos abraçamos.
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Mesmo vendo. De olhos fechados. .
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Incrível como fechamos os olhos ao beijar e experimentamos a sensação
de só sentir, olhar o toque, perceber o cheiro. Enxergar a alma.
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Estávamos constrangidos, sim, mas desejosos, um pelo outro.
Corações em pulos, felizes, viajando em nosso universo
.
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Não aconteceu nada além de beijos e caricias, mas o suficiente
pra que eu soubesse; Sara é a mulher da minha vida
.
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Eu a escolheria
de olhos fechados.
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CONTINUA
Os fatores que predispõem um país a cair em táticas fascistas são uma cultura de sexismo, uma história de conflito racial, um escândalo recente e muito proeminente de corrupção e uma onda recente de crime.
Em um país com fissuras sociais tão profundas e que nunca deixou de apresentar altos índices de violência, imaginar que a perda de direitos e uma piora no padrão de vida passarão despercebidas é multiplicar por mil o wishful thinking que se abateu sobre a elite intelectual norte-americana e inglesa.
Pais e mães! Quando seus filhos crescerem, não se torturem tanto com o comportamento deles. Vocês podem educá-los, mas as escolhas e decisões são por conta deles.
Nós, pais de filhos e filhas, representamos Deus na Terra como O Pai de todos. Dizer, meu filho eu te amo, nem sempre é possessividade e ilusão! Nossos filhos não são nossos irmãos nesse planeta, mas somente no próximo mundo dimensional do espírito.
Os pais so que o nosso melhor mais nunca damos muita atenção, so queremos curti isso e muito bom não vou mentir você sempre cupa pessoas pelo que você fez as fezes nem queremos e so pedimos desculpa.....claro que no final ficamos tristes e nem sempre desculpas vai mudar mutas coisa...enfim deixa rola a sua vida.
Quando estamos vivendo numa vida errante conturbada é preciso mudar á nós mesmo.O País também precisa de reforma para mudar
DE NINGUÉM
País de quem... Meu? Seu?
Das pragas dos pagas que paga
até as palavras ficarem gagas!
Dos planos que lavra os anos
... Panos quentes desenganos...
País sem fundo
enfunando nos sonhos
chafurdando o mundo.
País em caos do abandono,
aonde tudo se paga e nada!
Nada é meu, nada é seu.
Esse país é de quem?!
De donos que não são donos...
Meu bem, meu bem!
Esse país... Não é de ninguém.
Antonio Montes
“...Se há um engano corrente na
sociedade brasileira é o engano de
que a classe dirigente do país se
preocupa com a opinião pública.
Na verdade, não dão a mínima
importância para o que o povo fala,
seja nas ruas, na mídia ou
nas redes sociais...!”