Declaração de um Homem Apaixonado

Olho em redor do bar em que escrevo estas linhas.
Aquele homem ali no balcão, caninha após caninha,
nem desconfia que se acha conosco desde o início
das eras. Pensa que está somente afogando problemas
dele, João Silva... Ele está é bebendo a milenar
inquietação do mundo!

A poltrona e as pantufas são as ruínas do homem.

Comparando no seu conjunto homem e mulher pode dizer-se: a mulher não teria engenho para se enfeitar se não tivesse o instinto do papel «secundário» que desempenha.

É sem dúvida mais fácil enganar uma multidão do que um só homem.

Devido à sua ambição e egoísmo, o homem faz da sua vida um verdadeiro naufrágio.

Um homem que rouba por mim fatalmente roubará de mim.

O homem é o princípio das ações.

Nada existe tão alto que o homem, com força de vontade, não possa apoiar a sua escada.

Vale a pena experimentar também a ingratidão para encontrar um homem grato.

Quando um homem assume uma função pública, deve considerar-se propriedade do público.

A vida de um homem culto deveria simplesmente alternar-se entre música e não música, como entre o sono e o despertar.

Eis o melhor conselho para um homem razoável: não acredites numa mulher, ainda que ela esteja a dizer a verdade.

A principal tarefa na vida de um homem é a de dar nascimento a si próprio.

É um grande engano pensar que o homem mediano só tem paixões medianas.

O homem tem de poder escolher a vida em todas as circunstâncias.

A criança é pai do homem.

Não existem grandes conquistadores que não sejam grandes políticos. Um conquistador é um homem cuja cabeça se serve, com feliz habilidade, do braço de outrem.

Tudo que um homem pode imaginar outros homens poderão realizar.

O homem, na sua ansiedade de refutar a evidência de que é um macaco, reforça a crença de que é um burro.

Não há satisfação em enforcar um homem que não faz objeção a isso.