Declaração de Amor Fofa

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Como a nossa fragilidade o concebe e o pratica, o amor é um sentimento essencialmente incômodo. Mal dois olhares se trocam e duas mãos se enlaçam, vem logo a tragédia das suspeitas, dos ciúmes, das zangas, das recriminações, estragar momentos que deviam ser os mais belos, os mais alegres, os mais despreocupados da vida.

O nosso amor-próprio exalta-se mais na solidão: a sociedade reprime-o pelas contradições que lhe opõe.

É próprio do amor (...) ser obrigado a aumentar, sob pena de enfraquecer.

Sem a alegria, a humanidade não compreende a simpatia nem o amor.

O amor e a amizade são como o eco: dão tanto quanto recebem.

No amor, a autoridade é por direito daquele que ama menos.

Antes que amor, que dinheiro, que fama, conceda-me a verdade.

Amor sem tréguas

É necessário amar,
qualquer coisa, ou alguém;
o que interessa é gostar
não importa de quem.

Não importa de quem,
nem importa de quê;
o que interessa é amar
mesmo o que não de vê.

Pode ser uma mulher,
uma pedra, uma flor,
uma coisa qualquer,
seja lá do que for.

Pode até nem ser nada
que em ser se concretize,
coisa apenas pensada,
qua a sonhar se precise.

Amar por claridade,
sem dever a cumprir;
uma oportunidade
para olhar e sorrir.

O amor é um poema essencialmente pessoal.

Até mesmo o Olimpo é um deserto se não existir amor.

O encanto que supomos encontrar nos outros só em nós existe; e é apenas o amor que tanto embeleza o objeto amado.

O amor-próprio dos tolos desculpa o das pessoas inteligentes, mas não o justifica.

A ociosidade faz nascer o amor e, uma vez desperto, conserva-o. É a causa e o alimento deste mal delicioso.

O amor é o milagre da civilização.

O que é o amor? - um conto simples, dito de muitas maneiras.

O amor é como o sarampo: quanto mais tarde chega na vida, mais perigoso é.

O mal nunca está no amor.

O tempo, tudo o consome e apenas o amor o aproveita.

Beber sem ter sede e fazer amor a qualquer hora, senhora, são as únicas coisas que nos distinguem dos outros animais.

O amor nascente é tão melindroso, pueril e tímido, que receia desagradar até com o pensamento ao ídolo da sua concentrada adoração.

Camilo Castelo Branco
BRANCO, C., Cenas da Foz, 1857