De Jovens para Velhos
A expressão “Não há nada como os bons e velhos tempos” não significa que menos coisas ruins aconteceram antes, e sim que, felizmente, as pessoas tendem a esquecê-las.
“A sabedoria dos mais velhos é a raiz de todas as expectativas futuras. Nos mais antigos encontramos a satisfação da prudência, que outrora era experiência”
Todos queremos que a vida tenha um significado. Parece que quanto mais velhos ficamos, mais procuramos por ele e mais difícil é encontrá-lo.
É comum ouvir-se que os prazeres da vida só valem enquanto o homem é forte e capaz de desfrutá-la na plenitude de todas as funções orgânicas. Mentira grossa; uma porque há prazeres que os moços jamais poderão sentir; outra, porque certos prazeres são como mosaicos, cujas últimas peças só os velhos podem entender e colocar nos lugares certos.
Lembra-te dos teus dias bons?
Percebestes agora que era felicidade?
Festejais quando envolvidos novamente.
Vamos refletir. Por que apressar a partida?
Ficamos mais velhos a cada milésimo de segundos, desde o momento da nossa concepção e se ao mesmo tempo em que envelhecemos morremos um pouco, então estamos morrendo mesmo antes de nascermos.
Por isso, não entendo a pressa que tantas pessoas tem de adiantarem a hora inclemente, a hora da viagem sem volta, ingerindo e fazendo coisas que lhes são prejudiciais e vão encurtar a sua estada nessa vida efêmera.
Eu sou apaixonada pela vida por isso, por mais que ela me passe rasteiras, mais quero viver, pois o segredo para se vencer as barreiras é justamente o que Paulo Vanzolini fala em sua composição: “levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima”.
Senão que encanto teria a vida, se fôssemos todos nós eternamente felizes, alegres, satisfeitos e plenamente realizados? Acho que tudo seria demasiadamente tedioso. O encanto da vida está justamente na busca contínua, na procura insaciável por tudo aquilo que sonhamos em alcançar, por tudo o que desejamos ter, e na incerteza de que iremos ou não conseguir tudo o que almejamos.
E é nessa busca esperançosa, porém não garantida, nesse mistério que está o tempero da vida, a motivação para acordarmos com as forças redobradas, renovadas, dia após dia e continuarmos a difícil jornada da vida.
Por isso, não consigo compreender por mais que eu tente, não entendo por que tantas pessoas antecipam o fim.
Não tenho pressa em fazer essa viagem, eu sei que vou, mesmo contra a minha vontade, quando chegar a minha hora porque essa é a natureza, mas tenho pavor em fazê-la por mais que as coisas daqui sejam difíceis, eu quero ficar e ficar até quando der.
Não sou uma pessoa iluminada nem desenvolvida espiritualmente para entender e aceitar essa passagem com naturalidade.
Sei que ela vem para todos e nos acompanha a surpresa de não sabermos quando é, e que não há esconderijo que nos ajude a escapar. Por isso, precisamos estar atentos: perdoando e amando o próximo e não fazendo aos nossos irmãos o que não gostaríamos que fizessem conosco. E, principalmente, vivendo intensamente a felicidade que nos cabe, experimentando o prazer das pequenas coisas. Entendo que cada momento é único, não há replay na vida.
Lembrando que a felicidade não está no dinheiro, no poder, no status ou no luxo.
Isso tudo é ilusão, pois nada disso se leva nem representa valores no outro lado da vida.
Toque uma vez, Sam. Pelos velhos tempos.
Se decidires
Se decidires não mais me amar,
afasta-te de mim.
Por favor, vá sem aviso prévio!
Busca outra estrada pra caminhar.
Procura outro jardim pra o perfume das flores sentir.
Busca outro mar pra mergulhar.
Se decidires não me amar...
Afasta teus olhos de mim...
Se decidires não me amar,
vá... de nada valerá querer me explicar
por que decidiste o que decidiste...
entendo... é o fim de nossa estrada juntos,
cada um seguirá seu próprio caminho
sozinho.
Ficarei, por aqui, taciturna, silente... por um bom tempo... até parecerei doente.
Pensarei: estava eu tão acostumada a nós...
É difícil quebrar velhos hábitos...
Mas eu hei de quebrar...
E abrirei meu coração pra outro homem nele entrar...
Fazer morada...
Serei namorada.
Tudo num instante conciso irá acontecer.
Nós dois houve um tempo em que era pra ser... agora não é mais... quando chegar a hora, eu vou entender.
Não se preocupe com o futuro. Deixe isso para os mais velhos. Eles têm menos futuro do que você.
Poucos ou quase ninguém sairão dos védicos conceitos.
Ainda mais que trabalhamos conteúdos tendo como probabilidades futuras ações humanistas e atuando no modos repetitivos de um passado remoto.
O tempo é um ladrão.
Ele rouba nossa juventude, nossa beleza e nossa saúde.
Ele nos deixa com cabelos grisalhos, rugas e dores.
Mas ele também nos dá sabedoria, experiência e amor.
A velhice é uma época de beleza e tristeza.
É uma época de alegria e melancolia.
É uma época de perda e ganho.
É uma época de vida e morte.
Não pense que o que lhe parece precário, é recente. Troque recente por anoso, pois é assim que alguns fatos são, eles existem há longos anos; são velhos, são antigos, e presos a narrativas atuais por pessoas desfactuadas e desprovidas de conexão.
E é graças aos encontros inesperados dos velhos amigos que eu fico reconhecendo que o mundo é pequeno e, como sala-de-espera, ótimo, facílimo de se aturar...
Talvez eu queira a volta dos velhos tempos, e eles nunca vão voltar, e sou perseguido pela lembrança deles e do mundo se despedaçando completamente.