Cultura
Plantão da Globo informa: morreu assassinada a cultura popular brasileira. Uma investigação da polícia civil descobriu que o autor do delito foi o povo brasileiro. Porém, o povo não agiu sozinho, e têm como cumplíce os políticos, que deixaram de investir em educação e estão também provocando um verdadeiro cancêr de idiotice na sociedade.
A individualidade e uma doença tão grave quanto, a ignorância, a falta de cultura, a falta de atitude e a falta de reconhecimento.
Ser pobre não deve ser sinônimo de ser sem cultura ou atrasado, mas ser o que vislumbra toda beleza em meio a toda riqueza.
Precisamos urgentemente de uma contra cultura que tenha a legitimidade da arte para confrontar o que o senso comum chama de música popular!
Uma coisa eu falo, SE você não souber respeitar o gosto, cultura, etc, de outra pessoa, você NUNCA terá o meu respeito! Acho que ÉTICA é uma das coisas fundamentais em nossa vida. Quando você respeita à outra pessoa, sabe dos limites, você também ganha o seu lugar na sociedade. Simples assim!
"Campina Grande Paraíba:
Mais pobre de cultura,
O céu mais rico de rima.
Isso devido à partida,
E pela chegada, de
Ronaldo Cunha Lima."
Se uma cultura te faz crer que ignorar seus valores é mais importante do que se adaptar a uma sociedade. Essa cultura não serve para você.
Acho tão pobre a divulgação da nossa cultura através de Carnaval, Bundas e Futebol, o Brasil é muito mais do que isso.
SOBRE ÉTICA,CULTURA E POLÍTICA
Guimarães Rosa, em entrevista ao crítico Günter Lorenz, disse que "a política é desumana porque dá ao homem o mesmo valor que uma vírgula em uma conta". A desumanidade da política extrapola a esfera dos governantes e governados e navega nas várias esferas da vida na pólis, na sociedade. A desumanidade, lembrada pelo escritor Guimarães Rosa, refere-se à falta de compromisso com a verdade, com o conhecimento. Há por aí filósofos de pára-choque de caminhão. Pessoas que julgam pessoas sem o menor conhecimento de sua obra. Vários pensadores foram vítimas desses semicultos. Colocaram frases jamais proferidas na boca de Maquiavel. Deturparam Marx ou Sartre. Ridicularizaram ideologias. Sobre os semicultos, escreveu Mário de Andrade nos idos de 1927: "A gente pode lutar com a ignorância e vencê-la. Pode lutar com a cultura e ser ao menos compreendido, explicado por ela. Com os preconceitos dos semicultos, não há esperança de vitória ou de compreensão". Os semicultos estão por aí, escondidos atrás de um pequeno poder. Dizem superficialidades, deixam-se levar por um olhar tacanho do que não conhecem e fingem conhecer. Os semicultos não têm a humildade necessária para a dialética. Não há antítese. Apenas tese. Tosca tese de quem nunca nada defendeu. Apenas destruiu ou tentou destruir. Há de se discutir a ética na política, nas organizações e na mídia. Falta com a ética o político demagogo ou o corrupto, ou o que semeia inverdades em redações de jornais e revistas, ou o que mente à sociedade. Falta com a ética o jornalista que se deixa deslumbrar com o poder de destruir e não investiga, não vai a fundo no que escreve. Falta com a ética quem destrói a gestão do outro, a obra construída solidamente na política ou na empresa. O trabalho sagrado de servir. É tempo de ética. Da ética aristotélica do meio-termo. Da ética do valor, da axiologia preconizada por Miguel Reale. Do conceito correto de política que constrói Estados e pessoas, como sonhava Bobbio. Da ética da linguagem. A palavra a serviço da verdade e do conhecimento. A semiótica de Umberto Eco, que, relembrando Cícero, fala em razão e emoção. Em fragilidade e consistência. Da ética da humildade. Os arrogantes ou semicultos se distanciam muito da verdade, pois só enxergam a si mesmos. Humildade no respeito à diversidade. A intransigência leva ao radicalismo, e este, à tragédia. Franco Montoro dizia que há coisas em que não podemos ceder -valores, ética. Quantos às outras, é preciso ter olhos de ver. Humildade em reconhecer o valor do outro. Não podem interesses levianos de períodos eleitorais jogarem lama em carreiras construídas com afinco. Adélia Prado, poeta da leveza, disse: "Só pessoas equivocadas quanto à natureza do fato literário repudiam um livro por sua casuística religiosa. O enredo ou tema de um livro não é o que o torna bom ou mau. Seu valor e desvalor têm a ver com forma, apenas". A maturidade literária ou a maturidade crítica exige conhecimento, profundidade. "Não li e não gostei" é coisa de semiculto. Enfim, que neste ano eleitoral haja muito debate, muita investigação e, acima de tudo, compromisso com a verdade. Que a ética permeie o calor do debate, que será mais rico e belo se deixar fluir o passado e o amanhã sem desmerecer a pessoa. Um debate ético lança luzes sobre idéias, não sobre perfumaria. Um debate ético ajuda a consolidar a cultura democrática e respeitosa. O Brasil tem mulheres e homens com essa postura em todos os ambientes profissionais. Que esses sirvam de exemplo aos demais. São profissionais que construíram uma obra. Aliás, o que é muito mais edificante do que destruir obras alheias.
Publicado no Jornal Folha de São Paulo