Culpa
A culpa de muito dos nossos intelectuais e artistas reside em seu pecado original; não são autenticamente revolucionários.
A culpa de nossa desgraça, da nulidade e cruel esvaziamento de nossas vidas, culpa da guerra, da fome, culpa de todas as tristezas e maldades não cabe a uma idéia ou a um princípio. Nós somos os culpados, nós! E também só através de nós, do nosso reconhecimento disso e da nossa vontade é que isso poderá mudar
Ninguém deve culpar-se pelo que sente, não somos responsáveis pelo que nosso corpo deseja, mas sim, pelo que fizemos com ele.
O homem pode suportar as desgraças, elas são acidentais e vêm de fora: o que realmente dói, na vida, é sofrer pelas próprias culpas.
O nascer não se escolhe e não é culpa nascer do ruim, e sim imitá-lo; e é culpa maior nascer do bom e não imitá-lo.
O que é terrível na culpa é que ela atribui ao medo, o maior mal que existe no mundo, um enorme direito.
Um amigo... racha lembranças, crises de choro, experiências. Racha a culpa, racha segredos. Empresta o tempo, empresta o calor e a jaqueta. Passa contigo um aperto, passa junto o reveillon. Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão.
Duas dúzias de amigos assim ninguém tem. Se tiver um, amém.
Já me disseram que sou bom de chegada e ruim de saída. Devo reconhecer que é verdade. Mas a culpa não é minha.
Dizem que não há nenhum problema tão terrível que você não possa adcionar um pouco de culpa e torná-lo ainda pior.
No fundo, a culpa de tudo o que acontece em nossa vida é exclusivamente nossa. Muitas pessoas passaram pelas mesmas dificuldades que passamos, e reagiram de maneira diferente. Nós procuramos o mais fácil: uma realidade separada.
A culpa não foi sua por não ter dado certo, a culpa foi minha. Por achar que você ia dar conta do recado.