Culpa
Eu ti fiz chorar, eu ti fiz sentir como um lixo
Minha impolidez foi cruel e despercebida por mim
Mais não foi só você que tratei assim
Outras pessoas vivenciaram a falta de zelo que impus
Não soube ser afável para com as pessoas amáveis
De todos que passei nessa vida me comportei mal em relação aos seus sentimentos
A vida gira, e claro ia chegar meu castigo
Com o tempo me redobrei e tentei me alterar
De certo modo em inane
Não perdoei e muito menos perdoado
E graças a alguém maior de tudo que fiz minha rusticidade pesou
Eu e fui caindo, meu tapete finalmente foi puxado
De tudo que fiz nessa vida de bom ela retribui da mesma forma
Agradeço com bondade por aprender a ser generoso
Para o júbilo de muitos a agora eu desabei por tudo que fiz
Em dobro estou quotizando-se
De forma indireta desejei, é sabia que ia chegar.
Quando cheguei do trabalho o corpo clamava pelo sossego da casa vazia.
Os ombros espremidos feitos limões depois de um dia inteiro vivenciado no antes e depois. Nunca agora.
O agora pertence ao reino das pessoas bem resolvidas, do presente selvagem, da ausência de dores e dúvidas. Por isso tal lugar me é tão fantasioso e desconhecido. Estou sempre presa entre dois tempos. Meus limões e eu.
E a silenciosa ordem da casa vazia era a única coisa de que precisava para que o dia terminasse afinal. Não haveria ninguém me esperando, não precisaria contar como foi o dia, o que fiz. Tudo estaria no exato lugar que a mão desatenta deixou pela manhã.
Estaria… do Pretérito mais que perfeito condicional.
Condição em que eu teria encontrado a casa se tivesse deixado a bendita janela fechada.
Mas a mão (aquela mesma descuidada que nunca repara o que está fazendo) abriu a janela antes de sair e foi embora despreocupada como só as mãos sabem ser. Nem pensou em olhar a tempestade que se anunciava desde cedo no horizonte.
Suspeito, na verdade, que exista uma relação profunda entre mão e vento. É o que percebo toda vez que minha mão esgueira para janela aberta do carro quando ninguém está olhando. Estende-se para o vento que corre livremente do lado de fora, finge que voa enquanto o ar se espreme entre suas partes sempre tão guardadas por anéis.
Em todo caso, a mão não estava lá quando o vento entrou enfurecido procurando por ela. Raivoso brandiu com força papéis para todos os cantos, derrubou aquele vaso feio que ficava sobre a mesa, o único que aceitou receber a estranha planta que eu nunca sabia se estava viva ou morta. Agora entre os cacos de vidro no chão não restava dúvida: morta.
Os papéis que permaneceram sobre a mesa molhados pela água do vaso, o restante espalhado no chão.
As cortinas caídas sobre o sofá como se cansadas de lutar contra o vento e tivessem simplesmente desistido. Ficaram observando enquanto o caos reinava na casa.
Nada naquele lugar lembrava a paz que eu buscava quando entrei.
A mão primeiramente cobriu os olhos com mais força do que o necessário, foi se agarrando a cada osso do rosto até se prostrar entre os dente a espera de ser castigada. Respirei fundo e a coloquei em seu devido lugar ao lado do corpo.
Caminhei entre vidros, cortinas, papéis e flores que já estavam mortas muito antes do vento chegar.
No meio da sala olhei para as mãos descuidadas e famintas por vento. E por um instante me senti bem em meio ao caos. Não sabia por onde começar a arrumação e, sinceramente, não havia qualquer pressa para isso.
Soltei o peso dos ombros que pela primeira vez eram nada além de ossos, músculo e pele. Fiz um azedo suco com o saco de limões que carregava e bebi inteiro, sem açúcar.
E ali, cercada pelo silencio caótico que se estende após a tempestade não havia nenhum outro lugar em que eu pudesse estar. Só o famigerado momento presente e eu em meio a sala. Sós.
Nas minhas reflexões vejo além do mundo, algo que não há palavras nem intenções, nem sentimento de culpa.
Senta
É a doce sensação de inocência
É o prolongar daquele brilho infantil
Que nos faz mais jovens e tira dos nossos olhos o peso das lágrimas
Quando tiramos a culpa da gente vemos que é a culpa a mais culpada
Porque, querida, a gente diz que sabe para se fingir responsável
Mas veja esse mundo como anda...
A gente não sabe mesmo é nada!
Tem roxo que aparece sem dor
Tem dor que surge do nada
Tem culpa quem não amou?
Tem só culpa criada...
Seja boa consigo e humilde sob esse universo
Pois que se ele não diz, não haverá verso capaz
De mostrar porque veio, como se cria ou o que faz
A gente veio, mas aqui já existia tudo. Tudo!
E antes do tudo...
Existia era outra coisa ainda mais complicada.
Não tem tenho pena de quem vive se culpando por tudo, pois acho muita arrogância se dar ares de onisciência e onipotência. Quem pega tudo para si, principalmente culpa, acaba ficando sem ter onde guardar e, por conseguinte, termina pondo em outrem este sobrepeso.
A pena de morte não foi condenada por aqueles que a experimentaram, podendo impedi-la, mas não o fizeram: o Cristo sem culpa!
Quando li esta frase de Paolo Mantegazza: "Mestre que não é amado pelos seus discípulos é um mau mestre." Eu me desesperei para a entender e, o que está acontecendo comigo. Será se a culpa é toda minha? Então, depois de um tempo de agonia e inquietação no espírito, confortei-me na concepção em que tenho alunos e não discípulos. Aff, que alívio!
TUMBA GROTESCA
"És tumba grotesca em minha face.
Se ganhasses minhas rendeiras,
Aliviarias meus tumores
Engraçando-me com o sol mais instintivo
Para me avessar
No soco instalado
De viver e padecer
Da culpa e do escabro
Que eu mesma,
Dantesca e tenra,
Escambiei no escaldo e no avesso
De tua fundação.
Eis a força que me opila
Ganhando tudo que
Aguça e amargura,
Entalando braços na garganta
Em produção de ardores rascunhados."
CAROLINE PINHEIRO DE MORAES GUTERRES
Os protegidos pelos injustos são presas prediletas para o depósito de suas culpas em caso de insucessos.
PORQUE CULPAR OS OUTROS! SE SE NA VERDADE O CULPADO É VOCÊ, POR PERMITIR QUE OS OUTROS CONTINUEM TE ENGANANDO! SE CONTINUAR É PORQUE VOCÊ NÃO SABE OQUE SIGNIFICA... ENGANAR A SÍ MESMO! AGORA JÁ SABE! Vai me culpar por isso também?
Seguir o conselho de alguém continua sendo sua responsabilidade. Se algo der errado, não terceirize a culpa.
Jamais desista de si mesmo.
Pois é, eu desisti.
FRACA!
Cada dia que tentei ser mais perfeita, fui mais errada. Errei comigo, com aqueles poucos que me amam e que me querem bem. Errei tentando acertar. Voei muito perto do sol, e agora to pagando por isso, queimando, cada vez mais. Você não vê? Você não sente? Você não consegue escutar pelo menos um pouco do meu silêncio? A culpa é sua, sempre foi. Você me fez assim, você me fez sentir assim. Cada palavra dita, dói como um soco em mim. E cada soco dado, eu ainda sinto. Você não tem vergonha? A culpa é sua. A culpa é sua por eu ter feito isso, por eu estar fazendo isso. Mas você não consegue ver não é mesmo, nunca conseguiu ver. Eu to pagando pelas coisas que você me fez no passado. Lembranças boas de você? Poucas. Mas as poucas que eu lembro, fazem eu te amar um pouco. Lembranças ruins? Muitas. E são essas lembranças que me fazem te odiar, e ser quem eu sou hoje.
Você me fez, e deixou bem claro que se arrepende. Você é louco? Ninguém merece ouvir as coisas que eu ouvi, tão traumáticas. Depois de 13 anos, eu ainda as levo comigo. Pra qualquer lugar. E por causa dessas atitudes, eu me perdi. Tentei ser perfeita o tempo todo para te dar um pouco de orgulho, mas nunca fui o suficiente não é mesmo? Por causa de você estou sofrendo, gritando, chorando, sangrando.
Eu tive que desistir de mim por causa de você. Agora, que as coisas tenham que ser como devem ser.
Você me fez desistir de mim mesmo, venha me pedir desculpa antes que seja tarde demais.