Crônicas sobre a Morte
►Sou Um Lixo
Eu nunca quis te fazer chorar
Eu nunca pensei que seria capaz de te machucar
Aquele meu mundo se desabou
Aquele mundo que nós dois juntos criamos, acabou
Me desculpe, meu amor, me desculpe
Escrevo triste, estou infeliz
Você é tudo para mim, e eu te feri
Minhas palavras estão procurando abrigo
Minhas lágrimas parecem espinhos
Meu amor, não vá para longe, fique comigo
Por quê, Deus, eu fui fazer isso?
Fiz o que pensava ser impossível,
E, hoje estou a um centímetro do precipício.
Em versos flagelados eu te peço,
Me perdoe, eu estava perdido em um deserto
As estrelas me guiaram para um destino incerto
E, acabei te expulsando, sinto muito
Por favor, acredite quando eu digo,
Que o meu amor é mútuo
Você é quem me segurava, para eu não cair no escuro
Agora não sei o que fazer,
Estou começando a desistir de tudo
Amor, volte a morar no meu coração, eu juro,
Que jamais serei um importuno
Estou me sentindo cada vez mais sujo, imundo
Meu sangue está coagulando,
Meu amor, desculpe as ações desse estrume.
Eu estou escrevendo seu nome em tantas folhas,
Que, acabarei usando elas para fazer uma forca
Estou perdendo as forças, volte, me ouça
O meu coração bate sem música,
Vivo em total tortura, amarga, dura
Queria você aqui, perto, queria te sentir
Pois, o que sinto é o odor do extermínio
Já fui convidado para morar em um lugar sombrio,
E, começo a indagar se,
Não seria melhor acabar logo com isso
Quero acabar com a dor, quero enterrar meus vacilos.
Minha querida, logo eu estarei irreconhecível
Não se assuste se me encontrar destruído
Os meus erros irão me devorar,
E, esquecerei o sentimento de como é te beijar.
Não fale para os seus amigos que fui um fraco
Não diga para a sua família que era um viciado
Minhas loucuras me tornaram uma criatura noturna,
Inapta, insegura, frágil
Eu me agarrei ao seu amor, e não soube lidar,
E isso sempre será um eterno fato
Agradeço o tempo que passei com você,
E, mesmo que reste apenas lágrimas quando eu me for,
Nunca irei te esquecer, me perdoe, meu amor
Você estava prestes a me tornar o humano,
Que meu coração sempre sonhou.
Infância
Um fato importante sobre nós é que todos já fomos criança um dia, pode ser que por algum acaso do destino alguém não se torne adulto, mas já nasce na melhor fase de todas, Deus sabe o que faz. Nascemos com uma dependência total dos outros, mas como tudo na vida, isso tem algum sentido. Somos alimentados, cuidados, banhados e acariciados, mesmo que após alguns anos nossa vida não seja feliz, lá no início, na gênese de cada um provamos do doce fruto do amor, a semente foi plantada, cabe às experiências vividas fazerem a semente florescer ou não. A medida que crescemos, vestimos a roupa de adulto, a criança cada vez mais ficará sufocada em meio a tantas obrigações, a criança fica encarcerada, triste, ela sente saudade do amor que lhe foi dado na infância, mas a criança ainda vive envolta nesse turbilhão de responsabilidades, cabe a cada um deixar a criança sair ou não.
Mais dia menos dia, somos surpreendidos pela impotência de sermos quem somos.
Acordamos do sonho de ter uma vida duradoura, estável.
Batemos de frente com o muro da realidade, e o muro desmorona.
Não queremos ser espectadores de violência, nem muito menos coadjuvantes ou protagonistas, mas infelizmente fazemos parte das estatísticas.
Há momentos assim que são de muitas perguntas e nenhuma resposta.
Somos reféns da liberdade alheia, do livre arbítrio criminoso, onde quem escolhe ser protagonista da violência, transforma em vítima quem não pagou o ingresso para participar da barbárie.
Chama de consolo
Sentei-me à beira da cama
Um cigarro em meus lábios
O frio retraindo meus vasos
A me aquecer só o fumo e sua chama.
E como um grito no vazio, suplico
Universo, querido, por que comigo?
Bem sabes que sou fraco
Sabes que não tenho abrigo
E que deste mundo amargo, infelizmente sou mero inquilino
Por que entregas a mim este amor inimigo?
Dentre tantos pensamentos onde poderia estar
Vejo tornar-se inferno o que um dia me foi riso
Agora colmado de conformidade
Meu destino não resume-se a um altar
Se meu calor interno já não basta
Se sinto a vida deixando-me ir
Se o que acrescenta também maltrata
Ainda assim não consigo deixar partir.
Thaylla Ferreira (Sou nós)
Ela gritou tão alto
Não tinha ninguém para ajudar
A porta fechada a luz apagada
Sentada no quarto só sabia chorar
Seus olhos tinham um brilho profundo similar a solidão
Achava que o fim era a única solução
Os sonhos acordados eram pesadelos fantasiados
E não sabia quem era o culpado
E do lado só podia lamentar
Como isso aconteceu, era algo que não queria lembrar
E no cotidiano automático, nada podia aliviar
Quem saberia que ia ser assim
Não era um teste, apenas fatos reais sem fim
Podiam até contar, mas morreria antes de começar
Talvez ela encontre uma solução
Seus olhos sangravam e diminuía sua emoção
Ninguém sabe o que aconteceu
Mas tava acontecendo, sem nenhuma razão.
<Coca-Cola com veneno de rato e limão capeta>
Morri aos quinze anos de idade.
Não me lembro muito bem do motivo da minha morte na ocasião.
Na noite daquele fatídico domingo,
abraçado com a enorme dor que me consumia,
saltei umas dez vezes do cume mais escuro da minha existência.
Enquanto eu caía,
pude sentir as dores nas vozes gritadas
e o sofrimento nas distorções das guitarras insensíveis e frias
que ressoavam tristes enquanto vibravam e reverberavam
através dos meus fones de ouvido.
Os mesmos fones que me protegeram em vida
e que se espatifaram mudos na solidão do meu travesseiro,
na agonia da minha jornada de pesadelos madrugada adentro,
até o desembocar na segurança da manhã seguinte,
quando o sol veio me consolar.
De todas as dores sentidas à época, a de segunda-feira,
dia seguinte ao incidente, foi a mais dolorida.
Mais até do que a dor da véspera, em tom de despedida.
Pareceu-me a morte, pareceu-me que não pararia, pareceu, parecia...
Nada comparado às feridas de agora, é claro, nem à escuridão de ontem.
E pra minha infelicidade, duas décadas depois, o meu corpo ainda está em queda livre.
E a escuridão que me habitava as noites, jamais se fez luz, um diazinho sequer.
Pior... Agora dá expediente também durante o dia.
Hoje, faz vinte e um anos que morri pela primeira vez,
e desde a minha última partida, essa é a primeira vez que comemoro em vida.
CARREGO
Carrego no corpo todas as dores
Possíveis deste mundo cruel
Escrevo versos para repousar
A minha amargura no desassossego
Das minhas noites mal dormidas
Neste cansaço mental
Onde o colchão me faz doer
As costas ferozmente
Sonho sem asas que me faz cair
Entre a morte sentida ou desejada
Quem sabe se não é este ópio
Agarrado ao corpo
Tu és o meu anjo a minha cruz
Nestas noites de chuva escrevo
Sem esperança duma noite bem dormida.
Desabrochar da vida
Envelhecer também é uma forma de fazer poesia;
Envelhecer é a descobrir o mundo que nos rodeia;
Envelhecer é conhecer a nós mesmos de forma completa;
Envelhecer é aprender a amar verdadeiramente pois o tempo de meios amores já se foram;
Envelhecer é conhecer a dor da perda por isso valoriza cada pessoa ao teu lado;
Envelhecer é conhecer o valor do tempo, por isso aproveita todos os instantes de forma intensa;
Envelhecer é simplesmente a poesia da vida.
Crise de 16 (poema)
Quando fiz meus 16
As coisas comecei a descobrir.
Descobri maldade do futuro
E o ignorante ser humano
Que questionava mas nem tudo pudera
[...] saber.
Quando fiz meus 16
As pupilas começaram então , a se abrir.
Portanto, passei a enxergar como meus
[...] anteriores:
Vi a brevidade da vida.
Queria então ser novamente
Ser uma doce criança inocente
Que desconhece
A dor de existir.
Mas por outro lado , não queria a escuridão,
E meu coração ,
Almejava o infinito.
Quando fiz meus 26
Como se somente ignorasse
Fiz como os que de coração frio
Que o fim aceitariam
E logo , declarei:
" Foi só uma fase "
Uma breve história
Num dia ensolarado
Aos meios matos, cuidado
Caminho em sua frente não por estar irado
Mas sim para que as serpentes avancem em mim primeiro
Todos os dias que chego a noite lhe vejo
Sempre bem, aparentemente
Mas não sei como chegar até ti
Já que os homens proibiram os céus
Não há hora para lhe ver
Não há poema grande a ti, escrever
Não há coração que aguente tua falta
Não há aviões que atinjam a velocidade de suas assas
De tão rara, os eternos-da-morte, deixam-na passar
Não por ouro, nem por prata e sim pelo teu sorriso
Finitude
Nascemos sabendo que vamos morrer, mas a consciência sobre este fato na maioria das vezes vem tarde demais.
Entender que somo finitos não significa fechar-se para a vida a espera da morte, mas sim viver para que o tempo que nos for dado seja de paz e plenitude em tudo aquilo que possa nos fazer bem.
Todos queremos paz, mas vivemos guerras pessoais com inimigos que criamos ao longo da vida. O pai e a mãe que não nos deixam fazer o que queremos, o professor que nos persegue, o chefe que não reconhece o nosso valor, a pessoa que escolhemos para ser par que nos sufoca, os filhos que consomem nossas forças e limites. Mas o que seria do nosso tempo sem todas estes momentos para serem superados?
Enfrentar cada momento como uma oportunidade para realmente ter paz e felicidade é possível?
Acredito que sim, pois a forma como olhamos e lidamos com as adversidades diz muito como vamos enfrentar o momento que a morte se mostrar mais próxima, quando o remorso e o lamento darão espaço para a gratidão e paz para encarar o que será inevitável.
Buscar a todo instante realizar nossos sonhos, mas sempre olhando para frente e aproveitando cada instante,e principalmente olhar o outro com empatia.
Passar a vida lamentando o que não deu certo, só nos faz perder tempo e nos impede de ver a beleza que é acordar todos os dias e ter a chance de buscar realizar nossos sonhos.
Dizem que nunca é tarde para mudar, mas é melhor não demorar. Não sabemos quanto tempo nos resta.
Finitude não significa paralisar-se. Finitude significa viver em harmonia, cultivar alegria, espalhar amor, olhar para frente sem medo e com a certeza de que estamos fazendo valer a pena cada segundo.
A vida é muito mais que esperar que o amanhã traga o que queremos, a vida é viver o hoje com determinação e busca pela realização. E quem fica lamentando o que não fez ou o que não tem, com certeza sofre mais. E como cada momento merece ser tratado com carinho, não o desperdice com lamentos.
A ordem é ser feliz enquanto dure.
PARIDA TERRA 🌹
Parida terra onde ficam as palavras
Vazias de sonhos que se esfumaçam
Entre as dunas suspensas de sombras
Dos olhos que ofuscam a beleza da luz
Parida sofrida ventre rasgado de dor
Jardim seco de velhas rosas do fascínio
Rio subterrâneo no deserto de assimetrias
Pelo descanso de não querer existir sozinho
Deserto lágrimas colhidas em coloridas cores
Espectros de raízes no agreste ventre meu
Despido de morte entre os fortes ventos
Inesgotável terra paisagem de perfumada saudade
Que envelhece enchendo-se de coragem
Na parida terra 🌹
SOLTO UM ESPECTRO 🌺
Solto um espectro de falecidas
Sombras noturnas tristes
Uma pausa sem forma tocada
Um espírito que murmura só
Uma dúbia luz no negrume
Uma cruz pesada de mármore
Um ser vivo sem saber
Que mora dentro de mim
Uma alma perdida num nevoeiro mar
Uma ópera cantada em silêncio
De alguém que morreu sem saber
Nos lençois rasgados num olhar
Lirios que voam de cruel temporal
Nos sonhos de ambição morte
Na fugitiva eternidade cega
Sepulcro perdido lá em cima na serra
Reza de joelhos na escura noite
Sombra de si mesmo murmurava
No fim um espectro de falecidos sonhos
Meus, teus, nossos, mas quem sabe
As trevas sabiam das lágrimas choradas
Perdidas de falecidas dores de morte
Dos sacrifícios feitos pelos vivos
Pois dos mortos nada sabem nem querem saber
REMENDO 💘
O meu corpo ferido
Visto-me de poesia
Onde coso e remendo
Com as linhas da lua
Coso com amor
Coso com paciência
Coso todos os trapos
Que me cobrem o corpo
Coso, remendo, rasgo
Esta desalinhada mente
Enquanto coso
Vou-me encostando a ti
Para não coser sozinha
Neste meu remendado passo
Das insónias em ponto cruz
Coso rasgo e remendo
Enquanto me deito contigo.
ENTRA A LUZ ❤
Entra a luz pelas cortinas do quarto
Com a solidão desarruma a minha alma
Na vontade sentida, desfolha as pétalas
Das rosas na jarra, como se do meu cabelo
Se tratasse, em longos sonhos esquecidos
Pensamentos no vazio de um rochedo
No aconchego dos limos entre as algas
Para adormecer nos tentáculos tenebrosos
Na vastidão da minha mente já doente
Olho as cortinas que balançam sem parar
Tento amar para não mergulhar no vazio
Nesta transparente vidraça onde se reflete
A minha pobre mente doente recolhida
Entre a sensibilidade sem autoconhecimento
Pobre alma moribunda esta a minha
Neste lugar onde me encontro no meu quarto
Percorro as amarguras dos dias, das noites
Sem saber onde estou, só tu meu salvador
Me salvas deste meu caminho do inferno
Pesadelo esquecido nos teus fortes braços.
DÁ-ME ╭✿
Dá-me dêem-me as tábuas
Daquelas que se constroem tudo
Que serão para o meu caixão
Essas tábuas de madeira firme
Rijas pelo tempo de belas árvores
Nas folhagens do despojamento
Para decorar com o uivo dos lobos
Um belo sentido poema jamais escrito
De palavras perfumadas em poesia
Madeira repleta de letras de tantos poetas
Vestidos de leitura despidas de palavras
Dêem-me as tábuas que eu quero escrever
Como foi a minha vida vivida em harmonia
Com o perfume da poesia, dá-me as tábuas
Podem ser de cerejeira, pinho ou castanheiro
Para eu possa finalmente descansar o corpo.
Aquele que odeia traz em si a obsessão de que só terá vida plena quando for compensado pela perda causada. E quando esperar em Deus não é mais uma opção no coração de quem odeia, parte então para o justicismo.
Então vem a morte daquele que intenta o mal. Causar danos ao “inimigo” vira o objetivo da “não vida”.
A DES-EXISTÊNCIA
Enxergar a vida e seus acontecimentos do ponto vista de quem está apenas vivendo uma existência terrena passageira seria um ideal de vida, mas na prática nos envolvemos e vivemos intensamente e muitas vezes levamos a pior e nem sempre lidamos bem, principalmente quando se trata de decepções e contrariedades de toda a vida em relação aos nossos botões.
Duas pessoas no planeta e nós já temos motivo para divergências. E daí surge o sentimento que pode ser duradouro ou não, mas que tem consumido existências comprometendo até mesmo o sentido da vida. O ÓDIO.
Aquele que odeia des-existe. Desiste de ser, pois existe para não viver, e sem amor resta-lhe apenas des-existência. E nesse estado há apenas a morte como cenário para a vida.
Aquele que odeia traz em si a obsessão de que só terá vida plena quando for compensado pela perda causada. E quando esperar em Deus não é mais uma opção no coração de quem odeia, parte então para o justicismo.
Então vem a morte daquele que intenta o mal. Causar danos ao “inimigo” vira o objetivo da “não vida”.
Quem confia em Deus não consegue odiar, assim como também não consegue não amar de alguma forma o seu irmão. Nem que seja como expressão da misericórdia na hora da vingança.
O amor é a única crença existencial estabelecida por Jesus e na mesma medida, o ódio a maior blasfêmia.
O ódio cega o entendimento, impede orações e nega a Deus, pois Deus é amor. E quem pode viver sem amor?
Não permita mais que o mal causado te impregne com trevas e se despoje de tudo que te causa dor e siga em frente sem olhar para tras.
Adiante de você está a vida que Deus lhe reserva.
Siga em frente!
Morrendo sem saber
Laços carinhosos já não me recordo mais
Sinto você caminhando em minha mente
Já não sinto a euforia de viver
quero retornar ao tempo de criança
brincar e poder assim novamente, ser feliz.
Por quê partistes?
Eu não deveria ter conhecido você
Rindo na cara da morte
Tudo que eu falo não faz sentido
Eu não faço sentido
A morte?, quanto mais penso nisso, mais fico excitado
Talvez seja porquê minha mente seja doente e cansada
A morte não é nada do que mais uma nova aventura para o meu ser tão imundo.
POBRE SER 🌸
Pobre ser quanto mais ele rezava
Mais ele se sentia cansado
Como um louco perdido
Perdido no deserto de si mesmo
Cheio de lágrimas nos olhos
Sente o coração ceifado
Por uma afiada gadanha
Em delírio na mente doente
Rasga as sombras do passado
Sem ter trazido a brisa do presente
Ouve os suspiros do futuro
Em nocturnas incertezas suas
Grava em cada uma delas
Um breve silêncio
Nas mantas que lhe aquecem o corpo
Desiguais temporais
Que sente gravados nas orações
Que deixou de rezar
Mas sentia a falta delas
Sentia-se como uma folha em branco
Que não foi aberta
Num livro desfolhado da sua memória
Um suspiro que era como um grito
Quanto mais rezava mais sozinho se sentia
Mais só estava este pobre ser pobre alma
Que lutava com garras sem se sentir derrotado.