Crônicas de Amor
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
O Amor de Dudu nas Águas
Estou virando uma menina
tornada mulherinha
com tanta coleirinha
de maturidade
ainda assim me sinto parida agora
tenra, maçã nova
nova Eva novo pecado.
Tudo gira e eu renasço menina
vestido curto na alma de dentro...
Deixo no mar os velhos adereços
a velha cristaleira, os velhos vícios
as caducas mágoas.
Nasce a mulher-menina de se amar
com água no ventre e no olhar.
Nasce a Doudou das Águas.
Virtudes Ociosas e Bolorentas
Mais que amor, dinheiro e fama, dai-me a verdade. Sentei-me a uma mesa onde a comida era fina, os vinhos abundantes e o serviço impecável, mas onde faltavam sinceridade e verdade, e com fome me fui embora do inóspito recinto. A hospitalidade era fria como os sorvetes. Pensei que nem havia necessidade de gelo para conservá-los. Gabaram-me a idade do vinho e a fama da safra, mas eu pensava num vinho muito mais velho, mais novo e mais puro, de uma safra mais gloriosa, que eles não tinham e nem sequer podiam comprar.
O estilo, a casa com o terreno em volta e o «entretenimento» não representam nada para mim. Visitei o rei, mas ele deixou-me à espera no vestíbulo, comportando-se como um homem incapaz de hospitalidade. Na minha vizinhança havia um homem que morava no oco de uma árvore e cujas maneiras eram régias. Teria feito bem melhor visitando-o a ele.
Até quando nos sentaremos nós nos nossos alpendres a praticar virtudes ociosas e bolorentas, que qualquer trabalho tornaria descabidas? É como se alguém começasse o dia com paciência, contratasse alguém para lhe sachar as batatas, e de tarde saísse para praticar a mansidão e a caridade cristãs com bondade premeditada!
A Falência do Prazer e do Amor
Terceiro Tema
I
Beber a vida num trago, e nesse trago
Todas as sensações que a vida dá
Em todas as suas formas [...]
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Dantes eu queria
Embeber-me nas árvores, nas flores,
Sonhar nas rochas, mares, solidões.
Hoje não, fujo dessa idéia louca:
Tudo o que me aproxima do mistério
Confrange-me de horror. Quero hoje apenas
Sensações, muitas, muitas sensações,
De tudo, de todos neste mundo — humanas,
Não outras de delírios panteístas
Mas sim perpétuos choques de prazer
Mudando sempre,
Guardando forte a personalidade
Para sintetizá-las num sentir.
Quero
Afogar em bulício, em luz, em vozes,
— Tumultuárias [cousas] usuais —
o sentimento da desolação
Que me enche e me avassala.
Folgaria
De encher num dia, [...] num trago,
A medida dos vícios, inda mesmo
Que fosse condenado eternamente —
Loucura! — ao tal inferno,
A um inferno real.
II
Alegres camponeses, raparigas alegres e ditosas,
Como me amarga n'alma essa alegria!
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Nem em criança, ser predestinado,
Alegre eu era assim; no meu brincar,
Nas minhas ilusões da infância, eu punha
O mal da minha predestinação.
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Acabemos com esta vida assim!
Acabemos! o modo pouco importa!
Sofrer mais já não posso. Pois verei —
Eu, Fausto — aqueles que não sentem bem
Toda a extensão da felicidade,
Gozá-la?
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Ferve a revolta em mim
Contra a causa da vida que me fez
Qual sou. E morrerei e deixarei
Neste inundo isto apenas: uma vida
Só prazer e só gozo, só amor,
Só inconsciência em estéril pensamento
E desprezo [...]
Mas eu como entrarei naquela vida?
Eu não nasci para ela.
III
Melodia vaga
Para ti se eleva
E, chorando, leva
O teu coração,
Já de dor exausto,
E sonhando o afaga.
Os teus olhos, Fausto,
Não mais chorarão.
IV
Já não tenho alma. Dei-a à luz e ao ruído,
Só sinto um vácuo imenso onde alma tive...
Sou qualquer cousa de exterior apenas,
Consciente apenas de já nada ser...
Pertenço à estúrdia e à crápula da noite
Sou só delas, encontro-me disperso
Por cada grito bêbedo, por cada
Tom da luz no amplo bojo das botelhas.
Participo da névoa luminosa
Da orgia e da mentira do prazer.
E uma febre e um vácuo que há em mim
Confessa-me já morto... Palpo, em torno
Da minha alma, os fragmentos do meu ser
Com o hábito imortal de perscrutar-me.
V
Perdido
No labirinto de mim mesmo, já
Não sei qual o caminho que me leva
Dele à realidade humana e clara
Cheia de luz [...] alegremente
Mas com profunda pesadez em mim
Esta alegria, esta felicidade,
Que odeio e que me fere [...]
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Sinto como um insulto esta alegria
— Toda a alegria. Quase que sinto
Que rir, é rir — não de mim, mas, talvez,
Do meu ser.
VI
Toda a alegria me gela, me faz ódio.
Toda a tristeza alheia me aborrece,
Absorto eu na minha, maior muito Que outras
[...]
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Sinto em mim que a minha alma não tolera
Que seja alguém do que ela mais feliz;
O riso insulta-me, por existir;
Que eu sinto que não quero que alguém ria
Enquanto eu não puder. Se acaso tento
Sentir, querer, só quero incoerências
De indefinida aspiração imensa,
Que mesmo no seu sonho é desmedida ...
VII
tua inconsciência alegre é uma ofensa
para mim. O seu riso esbofeteia-me!
Tua alegria cospe-me na cara!
Oh, com que ódio carnal e espiritual
escarro sobre o que na alma humana
Fria festas e danças e cantigas...
....................................................................
Com que alegria minha, cairia
Um raio entre eles! Com que pronto
Criaria torturas para eles
Só por rirem a vida em minha cara
E atirarem à minha face pálida
O seu gozo em viver, a poeira — que arda
Em meus olhos — dos seus momentos ocos
De infância adulta e tudo na alegria!
.....................................................................
Ó ódio, alegra-me tu sequer!
Faze-me ver a Morte. roendo a todos,
Põe-me ria vista os vermes trabalhando
Aqueles corpos! [...]
VIII
Triste horror d'alma, não evoco já
Com grata saudade, tristemente,
Estas recordações da juventude!
Já não sinto saudades, como há pouco
Inda as sentia. Vai-se-me embotando,
Co'a força de pensar, contínuo e árido,
Toda a verdura e flor do pensamento.
Ao recordar agora, apenas sinto,
Como um cansaço só de ter vivido,
Desconsolado e mudo sentimento
De ter deixado atrás parte de mim,
E saudade de não ter saudade,
Saudades dos tempos em que as tinha.
Se a minha infância agora evoco, vejo
— Estranho! — como uma outra criatura
Que me era amiga, numa vaga
Objetivada subjetividade.
Ora a infância me lembra, como um sonho,
Ora a uma distância sem medida
No tempo, desfazendo-me em espanto;
E a sensação que sinto, ao perceber
Que vou passando, já tem mais de horror
Que tristeza [...]
E nada evoca, a não ser o mistério
Que o tempo tem fechado em sua mão.
Mas a dor é maior!
IX
Ó vestidas razões! Dor que é vergonha
E por vergonha de si-própria cala
A si-mesma o seu nexo! Ó vil e baixa
Porca animalidade do animal,
Que se diz metafísica por medo
A saber-se só baixa ...
.....................................................................
Ó horror metafísico de ti!
Sentido pelo instinto, não na mente!
Vil metafísica do horror da carne,
Medo do amor...
Entre o teu corpo e o meu desejo dele
'Stá o abismo de seres consciente;
Pudesse-te eu amar sem que existisses
E possuir-te sem que ali estivesses!
Ah, que hábito recluso de pensar
Tão desterra o animal que ousar não ouso
O que a [besta mais vil] do mundo vil
Obra por maquinismo.
Tanto fechei à chave, aos olhos de outros,
Quanto em mim é instinto, que não sei
Com que gestos ou modos revelar
Um só instinto meu a olhos que olhem ...
.....................................................................
Deus pessoal, deus gente, dos que crêem,
Existe, para que eu te possa odiar!
Quero alguém a quem possa a maldição
Lançar da minha vida que morri,
E não o vácuo só da noite muda
Que me não ouve.
X
O horror metafísico de Outrem!
O pavor de uma consciência alheia
Como um deus a espreitar-me!
Quem me dera
Ser a única [cousa ou] animal
Para não ter olhares sobre mim!
XI
Um corpo humano!
Às vezes eu, olhando o próprio corpo,
Estremecia de terror ao vê-lo
Assim na realidade, tão carnal.
XII
................................................. Sinto horror
À significação que olhos humanos
Contém...
.....................................................................
Sinto preciso
Ocultar o meu íntimo aos olhares
E aos perscrutamentos que olhares mostram;
Não quero que ninguém saiba o que sinto,
Além de que o não posso a alguém dizer...
XIII
Com que gesto de alma
Dou o passo de mim até à posse
Do corpo de outros, horrorosamente
Vivo, consciente, atento a mim, tão ele
Como eu sou eu.
XIV
Não me concebo amando, nem dizendo
A alguém "eu te amo" — sem que me conceba
Com uma outra alma que não é a minha
Toda a expansão e transfusão de vida
Me horroriza, como a avaro a idéia
De gastar e gastar inutilmente —
Inda que no gastar se [extraia] gozo.
XV
Quando se adoram, vividos,
Dois seres juvenis e naturais
Parece que harmonias se derramam
Como perfumes pela terra em flor.
Mas eu, ao conceber-me amando, sinto
Como que um gargalhar hórrido e fundo
Da existência em mim, como ridículo
E desusado no que é natural.
Nunca, senão pensando no amor,
Me sinto tão longínquo e deslocado,
Tão cheio de ódios contra o meu destino. —
De raivas contra a essência do viver.
XVI
Vendo passar amantes
Nem propriamente inveja ou ódio sinto,
Mas um rancor e uma aversão imensos
Ao universo inteiro, por cobri-los.
XVII
O amor causa-me horror; é abandono,
Intimidade...
... Não sei ser inconsciente
E tenho para tudo [...]
A consciência, o pensamento aberto
Tornando-o impossível.
E eu tenho do alto orgulho a timidez
E sinto horror a abrir o ser a alguém,
A confiar n’alguém. Horror eu sinto
A que perscrute alguém, ou levemente
Ou não, quaisquer recantos do meu ser.
Abandonar-me em braços nus e belos
(Inda que deles o amor viesse)
No conceber do todo me horroriza;
Seria violar meu ser profundo,
Aproximar-me muito de outros homens.
Uma nudez qualquer — espírito ou corpo —
Horroriza-me: acostumei-me cedo
Nos despimentos do meu ser
A fixar olhos pudicos, conscientes.
Do mais. Pensar em dizer "amo-te"
E "amo-te" só — só isto, me angustia...
XVIII
[...] eu mesmo
Sinto esse frio coração em mim
Admirado de ser um coração
Tão frio está.
XIX
Seria doce amar, cingir a mim
Um corpo de mulher, mais frio e grave
e feito em tudo, transcendentalmente
O pensamento agrada-me, e confrange-me
Do terror de perto, e [junto]
Em sensação ao meu, um outro corpo.
Gelada mão misteriosa cai
Sobre a imaginação [...]
XX
É isto o amor? Só isto? [...]
.....................................................................
Sinto ânsias, desejos,
Mas não com meu ser todo. Alguma cousa
No íntimo meu, alguma cousa ali
— Fria, pesada, muda — permanece.
[P'ra] isto deixei eu a vida antiga
Que já bem não concebo, parecendo
Vaga já.
Já não sinto a agonia muda e funda
Mas uma, menos funda e dolorosa,
[Bem] mais terrível raiva [...]
De movimentos íntimos, desejos
Que são como rancores.
Um cansaço violento e desmedido
De existir e sentir-me aqui, e um ódio
Nascido disto, vago e horroroso,
A tudo e todos...
XXI
— Amo como o amor ama.
Não sei razão pra amar-te mais que amar-te.
Que queres que te diga mais que te amo,
Se o que quero dizer-te é que te amo?
.....................................................................
Quando te falo, dói-me que respondas
Ao que te digo e não ao meu amor.
.....................................................................
Ah! não perguntes nada; antes me fala
De tal maneira, que, se eu fora surda,
Te ouvisse todo com o coração.
Se te vejo não sei quem sou: eu amo.
Se me faltas [...]
... Mas tu fazes, amor, por me faltares
Mesmo estando comigo, pois perguntas —
Quando é amar que deves. Se não amas,
Mostra-te indiferente, ou não me queiras,
Mas tu és como nunca ninguém foi,
Pois procuras o amor pra não amar,
E, se me buscas, é como se eu só fosse
Alguém pra te falar de quem tu amas.
.....................................................................
Quando te vi amei-te já muito antes:
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo.
Não há cousa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que o não fosse porque te previa,
Porque dormias nela tu futuro.
.....................................................................
E eu soube-o só depois, quando te vi,
E tive para mim melhor sentido,
E o meu passado foi como uma 'strada
Iluminada pela frente, quando
O carro com lanternas vira a curva
Do caminho e já a noite é toda humana.
.....................................................................
Quando eu era pequena, sinto que eu
Amava-te já longe, mas de longe...
.....................................................................
Amor, diz qualquer cousa que eu te sinta!
— Compreendo-te tanto que não sinto,
Oh coração exterior ao meu!
Fatalidade, filha do destino
E das leis que há no fundo deste mundo!
Que és tu a mim que eu compreenda ao ponto
De o sentir...?
.....................................................................
XXII
Pra que te falar? Ninguém me irmana
Os pensamentos na compreensão.
Sou só por ser supremo, e tudo em mim
É maior.
XXIII
Reza por mim! A mais não me enterneço.
Só por mim mesmo sei enternecer-me,
Soba a ilusão de amar e de sentir em que forçadamente me detive.
Reza por mim, por mim! Eis a que chega
A minha tentativa [em] querer amar.
A Fome e o Amor
A um monstro
Fome! E, na ânsia voraz que, ávida, aumenta,
Receando outras mandíbulas a esbangem,
Os dentes antropófagos que rangem,
Antes da refeição sanguinolenta!
Amor! E a satiríasis sedenta,
Rugindo, enquanto as almas se confrangem,
Todas as danações sexuais que abrangem
A apolínica besta famulenta!
Ambos assim, tragando a ambiência vasta,
No desembestamento que os arrasta,
Superexcitadíssimos, os dois
Representam, no ardor dos seus assomos
A alegoria do que outrora fomos
E a imagem bronca do que inda hoje sois!
Amor
Eu orei por você
Esperei por esse dia
Eu sempre acreditei em nós dois
Eu falei só pra Deus
Sobre tudo que eu sentia
Por você, meu amor
Te amo, é tudo que eu quero te dizer
E a minha vida inteira eu vou viver
Pra Deus, pra você
Vou te amar
Dividir os meus segredos com você
Eu quero ser somente uma mulher
Segundo o coração de Deus
Seremos um, uma só carne, uma família, mais um milagre nas mãos de Deus.
Na alegria ou na dor, na saúde ou na enfermidade
Aconteça o que for eu vou te amar
Com mais poder do que palavras podem dizer!
Manhã
Fresca manhã da vida, recomeço
Doutros orvalhos onde o sol se molha.
Nova canção de amor e novo preço
Do ridente triunfo que nos olha.
Larga e límpida luz donde se vê
Tudo o que não dormiu e germinou;
Tudo o que até de noite luta e crê
Na força eterna que o semeou.
Um aceno de paz em cada flor;
Um convite de guerra em cada espinho;
E os louros do perfeito vencedor
À espera de quem passa no caminho.
Amo-te muito, meu amor, e tanto
que, ao ter-te, amo-te mais, e mais ainda
depois de ter-te, meu amor. Não finda
com o próprio amor o amor do teu encanto.
Que encanto é o teu? Se continua enquanto
sofro a traição dos que, viscosos, prendem,
por uma paz da guerra a que se vendem,
a pura liberdade do meu canto,
um cântico da terra e do seu povo,
nesta invenção da humanidade inteira
que a cada instante há que inventar de novo,
tão quase é coisa ou sucessão que passa...
Que encanto é o teu? Deitado à tua beira,
sei que se rasga, eterno, o véu da Graça.
A gente percebe que aquilo é amor quando uma coisinha irrita, desgasta, aflige, incomoda e quase insulta, mas se desaparece ou brinca de esconde-esconda bate uma saudade imensa. Amar é sentir falta do defeito, do avesso, da parte suja, crua, impura.
Ah, como eu queria que as pessoas pudessem, ainda que por um dia, fazer tudo de coração. Sem cobrar, sem esperar, sem querer que alguém veja e aplauda. Ah, como eu queria não ter esse lado humano que faz porque quer, mas que espera alguma retribuição porque pensa se-eu-posso-fazer-o-outro-também-pode.
Acredito em interesse à primeira vista. Amor, não. Ele vem com o passar dos dias, com a convivência, com os segredos ao pé do ouvido, com as revelações diárias, com a aceitação do outro exatamente como ele é: imperfeito.
Sabe, a gente tem que se dar conta do que merece. No fundo a única pessoa que te conhece é você mesmo. Por isso, sempre vale aquele bate-papo sincero e amigo, onde você olha nos olhos da sua alma e coloca tudo em pratos, xícaras e panelas limpas. É um processo um pouco amargo, afinal, ninguém tem só um lado belo e perfumado. Mas é necessário para o aprendizado, a evolução, o crescimento.
Cresci ouvindo dizer que o tempo é amigo e que ele cura todas as dores. Mas eu cresci e continuo com minhas cicatrizes. Não sei se foi ele que ajudou ou eu que resolvi dar um basta no sofrenilda style. Vou te contar um segredo: sofrer cansa, desgasta, causa olheiras e dor de barriga. Não estou brincando, pelo menos comigo é assim. Me sinto cansada, pesada, carregada, sem energias ou ânimo, olheiras arroxeadas brotam enlouquecidas no meu rosto branco e a barriga dói. Por isso, decidi não fazer essa maldade comigo. Se eu sofro é por um dia, por algumas horas. Me recuso a ficar nessa lenga lenga por dias ou meses. Não mereço.
Fico me poupando na tentativa de ser fortaleza, esqueço que um pouco de fraqueza mostra como somos humanos e o quanto ainda precisamos aprender e evoluir.
Tarde demais, a gente não pode viajar no tempo e inverter certos papéis. Alguns instantes são únicos, meio mágicos e você escolhe: diz ou guarda. Se disser, boa sorte, é isso aí, seja franco. Se guardar aviso que nem sempre dá pra querer continuar da onde parou. Não por falta disso ou daquilo, mas porque simplesmente o momento passou. Não é mais aquele dia, aquela hora, o céu não estava com aquela cor, a palmeira não estava balançando daquele jeito e o seu coração não estava saltando feito saci bêbado. Mas você pensa que pode, é adepto do "antes tarde do que nunca". Sinceridade faz um bem danado pra consciência e pra pele, mas ela tem um prazo de validade. Depois que vence não resolve nem com reza da boa. Você pode ser sincero e gritar bem alto que abre o coração; beleza, bom pra você. Você não foi sincero com o outro, mas com aquela parte de você que resistia. Quis lavar a alma e renovar os sentidos, mas é inútil. Talvez seja útil pra essa sua parte resistente, pra que ela saiba que não tem jeito, hora, condição: quando pinta alguém que te faz sorrir mesmo dormindo a gente tem mais é que ir adiante. Do jeito que for. Se você engatar a ré e quiser sair pela outra rua, acredite, um dia vai querer voltar. Só que o caminho vai ser longo demais.
Muitas vezes a gente não entende por qual motivo determinada coisa acontece. Nos sentimos perseguidos, infelizes, azarados ou frágeis. Mas tudo, tudo mesmo, tem uma explicação. Pode ser que hoje nossos olhos não enxerguem, mas mais pra frente tudo fica nítido. É só esperar e acreditar que tudo se desenrola e fica bem.
Vejo muitos se queixando da vida com os pés plantados no chão. Esquecem que para que as coisas mudem precisamos correr, pular, colocar um pé na frente do outro. Nada chega pronto, tudo precisa ser batalhado e trabalhado, dia após dia. O negócio é agir mais e reclamar menos. Só assim a vida acontece de fato.
Sei que uma hora cansa, já que parece que tudo empaca e nada se desenrola nem com reza forte. Parece até um teste de paciência. Mas a vida é assim mesmo, ela tem fases. Algumas são coloridas, boas, alegrias. Outras são turbulentas, acinzentadas, estranhas. Tem ainda as difíceis, doloridas e negras. Só que tudo, mesmo que você não queira ou torça o nariz, passa. Então não tem muito jeito: é respirar fundo até sentir o ar te abraçar, chorar para mandar embora o medo, gritar para espantar a dor, arregaçar as mangas e trabalhar lado a lado com a fé.
Você é toda a beleza que existe em mim, onde quero chegar, para onde quero voltar. É o meu ponto de partida, o topo da montanha, meu lugar ao sol. É todos os clichês do mundo junto com palavras inventadas por quem já partiu ou chegou. É uma parte de mim e ao mesmo tempo tudo que me preenche, liberta, completa e renova a cada dia. É o frescor da vida, o sabor que fica na boca, a saudade do que ainda não surgiu. É a verdade que vive, a vontade que cresce, a certeza que amadurece. Por isso e por tudo quero estar sempre perto de você até que o dia vire noite e a vida se transforme em continuação.
Tem gente que pensa “não faço nada de ruim, não entendo por que sofro tanto”. Eu sei. É que não adianta a gente não fazer nenhuma maldade. Se temos a oportunidade de fazer o bem e simplesmente cruzamos os braços, automaticamente estamos empacados. É como ter a faca e o queijo na mão e ficar vendo a vida passar. Temos que cortar o queijo. De diversas formas. Temos que colocar o queijo em diversas receitas. Temos que aproveitar tudo que o queijo oferece. Entende? Então, não adianta ficar se queixando e se lamuriando: ah, a minha vida é um marasmo. Ah, eu não tenho sorte. Se você pode mudar alguma coisa, mude. Mesmo que essa coisa seja pequena e pareça, no começo, insignificante. Mesmo porque tudo tem significado. Hoje a gente pode não conseguir enxergar, mas lá na frente os motivos vão dar as caras. Eles sempre dão. E nos surpreendem (ainda bem).
Nem sempre podemos fazer tudo na hora em que queremos, volta e meia algo se atravessa no meio do caminho e precisamos realizar certos desvios para conseguirmos chegar ao nosso destino. Isso não nos torna mais fracos ou perdedores, apenas mostra que somos pessoas que falham, mas que sempre podemos fazer retornos e recomeçar do ponto de partida. É claro que seria bem melhor se conseguíssemos atingir nossos objetivos em tempo recorde, de uma forma serena e sem grandes percalços. Mas sem suor não existe vitória.
Dizer a verdade não quer dizer ofender, humilhar e maltratar. Dizer a verdade é ser você mesmo, não mentir, não agir de má fé. Hoje em dia todo mundo só quer tirar o seu da reta. Procurar um culpado. Tirar o corpo fora. Dizer não-fui-eu. É fácil apontar o dedo. Difícil é assumir a culpa e pagar por isso.
Decidi mudar. Não dá mais para continuar sofrendo quieta, de agora em diante vou pagar na mesma moeda. E se tiver que ficar devendo, tudo bem. Não é assim que as pessoas vivem? Pelo que sei, todas elas dormem bem tranquilinhas à noite, quando repousam seus cabelos cheirosos nos travesseiros com cheirinho de amaciante e têm bons sonhos. Chega de me estressar, de ficar angustiada, de tentar resolver, de amenizar, apaziguar, dar um jeito. Se não tem jeito, dane-se. Nem sempre o remédio aparece, às vezes a vida é que cura as nossas pequenas doenças.
É claro que não me arrependo. Você vai ficar dentro do meu coração como uma lembrança de um tempo bom, afinal, era isso que você queria. Então, foi feita a sua vontade. Nesse meio tempo, muitas pessoas passaram pela minha vida. Algumas não tocaram tanto o meu coração, mas o fato é que às vezes é preciso viver de realidade. E foi ela que me salvou.
O ser humano adora procurar um motivo para sofrer. Adora arrumar uma infelicidade para contar para o outro. É assim comigo, é assim com você. Acho que quando a gente amadurece emocionalmente se dá conta do seguinte: fazemos o possível, o que está ao nosso alcance. Se não deu certo, paciência. Isso não vai te fazer melhor ou pior que ninguém. Você não vai ser rotulada de fracassada. Você não vai ficar solteira até o fim da vida. Você vai, sim, amar de novo. Porque o coração nunca para.
Eu, como boa romântica, sempre acreditei que o coração explica tudo aquilo que a gente não sabe direito. E essa é a mais pura verdade: o coração, sábio, resolve a nossa vida num passe de mágica. Basta a gente acreditar no que ele diz e, principalmente, se permitir.
Eu acredito tanto na força do pensamento. Acho que quando a gente pensa e sente o bem ele acaba voltando. Em dobro, triplo, infinito. Não dá pra ter pressa, mas dá para guardar aquela certeza no fundo do peito: as coisas boas acontecem, sim, para quem distribui o bem por aí.
Sou franca e falo o que penso, deve ser por isso que vivo com os joelhos roxos. A gente cai muito quando tem correndo nas veias a sinceridade. Nem sempre sei a hora de falar as coisas, em contrapartida nem sempre eu falo tudo. Será que você entende? Tenho medo de ferir com as palavras. Na verdade, morro de medo disso. Então, eu fico escondendo de você que às vezes faz um frio danado aqui dentro.
Para mim, o amor é mais ou menos como o sol. Nasce de manhã cedinho, entra pelas frestinhas da janela iluminando o quarto e o coração, deixa a vida e os dias mais bonitos. Aquece as tardes e o peito. O amor nos livra do escuro, melhora o humor e faz a gente lançar olhares abobalhados para o horizonte e para o céu. Faz a gente se despir e secar as roupas no varal. Se engana quem pensa que ele é constante. O amor às vezes queima e muda de cor. Ele pode até enfraquecer em alguns momentos do dia, mas normalmente ele é forte. O amor está sempre se pondo. Mas, sabe, eu boto fé nisso: o amor de verdade é igualzinho ao sol. Ele sempre renasce, mesmo que alguns dias tenham nuvens ou chuva forte. E brilha até o infinito.
Para mim, o amor é mais ou menos como o sol. Nasce de manhã cedinho, entra pelas frestinhas da janela iluminando o quarto e o coração, deixa a vida e os dias mais bonitos. Aquece as tardes e o peito. O amor nos livra do escuro, melhora o humor e faz a gente lançar olhares abobalhados para o horizonte e para o céu. Faz a gente se despir e seca as roupas no varal. Se engana quem pensa que ele é constante. O amor às vezes queima e muda de cor. Ele pode até enfraquecer em alguns momentos do dia, mas normalmente ele é forte. O amor está sempre se pondo. Mas, sabe, eu boto fé nisso: o amor de verdade é igualzinho ao sol. Ele sempre renasce, mesmo que alguns dias tenham nuvens ou chuva forte. E brilha até o infinito.
Se uma coisa é importante para mim, não desvalorize ou zombe. Seja você mesmo sempre, não mude, apenas busque a sensibilidade no fundo. Falta de tempo não é desculpa para não olhar no fundo da alma. Se você me pede uma coisa e eu faço, pois sei que é importante, se coloque no meu lugar: muitas coisas pra mim são importantes. Entenda que o silêncio machuca. E que qualquer relação é baseada em apoio. E que apoiar não é só estar ao lado. A gente tem que enxergar o outro. Eu, por exemplo, quando atravesso alguma nova fase, preciso de carinho, colo, atenção. Quem me conhece sabe. Procuro ficar atenta, pra poder perceber o que o outro precisa ou quer.
Já desisti do que foge do meu alcance. Procuro dar o máximo de mim em cada situação, mas se o negócio emperrou, se a chave não gira, se a mula não anda, se vaca está indo para o brejo simplesmente deixe ela ir. Deixe. Largue de mão, pois às vezes a vida precisa mesmo virar do avesso. Não tente impedir que o mundo desabe. Deixe ele desabar, deixe os caquinhos se espatifarem no meio da sala de estar, deixe o gelo derreter, o bolo desandar, a canoa virar. E aprenda que muitas vezes o importante é se deixar desconstruir para depois fazer as coisas de outro jeito, mais fortes, melhores.
"A PLENITUDE DO AMOR"
Todo mundo é capaz de se lembrar de um momento, que é universal, comum a todos, talvez da primeira infância, no qual desejou amar a tudo e a todos - seu pai, sua mãe, seus irmãos, os maus, os bons, um cão, um gato, a grama - , e quis que todo mundo se sentisse bem, que todo mundo se sentisse feliz; mais ainda quando quis fazer algo de especial para que todos se sentisse felizes, que mesmo com seu sacrifício pessoal, mesmo dando sua vida para que todos pudessem se sentir felizes e alegres. Este sentimento é o Sentimento do Amor, e é preciso voltar a ele, pois ele é a vida de cada um de nós.
[ "Tudo que Você Faz deve Estar Pleno de AMOR" ]
Amor, Amor
Amor, amor
Quero um amor que não tenha fim
Amor, amor
Quero um amor pra mim
Amor, amor
Quero um amor que me queira bem
Amor, amor
Eu preciso amar alguém
Vivo a sonhar
Que estou a beijar
O meu grande amor
Sempre a esperar
Quem me queira amar
O meu peito agora diz
Eu preciso de um amor
Só assim serei feliz
Amor, amor
Quero um amor que não tenha fim
Amor ,amor
Quero um amor pra mim
Para que o amor seja pra sempre
Ele é muito simples de ser cuidado
- Tal como o perfume, precisa ser sentido
- Tal como o néctar, precisa ser provado
- Tal como a melodia, precisa ser cantado
- Tal como o poema, precisa ser declamado
E assim sendo, eis que o amor para ser pra sempre
Só precisa ser muito amado!
Em matéria de amor, eu tô sempre repetindo de ano.
Eu não gosto de ser grossa com as pessoas, mas tem gente que praticamente implora.
Atualmente, estou fazendo algumas mudanças em minha vida. Caso você não ouça mais falar de mim, você provavelmente é uma delas.
Passado só fica pra trás, quando a gente deixa ele lá... Porque passado teimoso, tem celular e sabe bem a horinha de lembrar dele.
O Amor e o Sábio Agricultor
O Amor é um sentimento caprichoso, por vezes impaciente e temperamental demais e, por ser assim, às vezes pode ser injusto com outros sentimentos que ainda não têm a mesma intensidade que ele possui.
Às vezes, num relacionamento, é comum que uma das pessoas acabe se ressentindo por perceber, em determinado momento, que o Amor que ela sente é semelhante a um Carvalho, belo, grande e forte, enquanto que o da outra pessoa mais parece uma muda de uma árvore pequena e frágil.
Nesta hora, um relacionamento pode entrar em crise, ou mesmo desmoronar, e isto faz pensar o quão imprudente, por vezes, pode ser o Amor.
Quem ama, algumas vezes precisa ter a sabedoria de um agricultor, que sabe que nenhuma planta cresce e dá frutos da noite para o dia. É preciso muitos cuidados, dedicação e a crença de que após determinado período, caso pragas e intempéries não assolem a plantação, será feita uma boa colheita.
Para isso, o agricultor entrega todas as suas energias à lavoura, e precisa estar preparado para combater até mesmo as pragas e as intempéries mais cruéis.
Agindo assim, o que acontece no final é motivo de festa e muita felicidade para o agricultor.
Isto mostra que não se deve abandonar um sentimento por ele parecer pequeno e frágil, mas dispensar-lhe melhores cuidados e preservando-o para que ele possa crescer e, um dia, tornar-se um Amor belo e forte.
Amor é um brado afeito
Que Deus no Mundo pôs e a Natureza
Para aumentar as coisas que criou.
De amor está sujeito
Tudo quanto possui a redondeza;
Nada sem este efeito se gerou.
Por ele conservou
A causa principal o Mundo amado
Donde o pai famulento foi deitado.
As coisas ele as ata e as conforma
Com O Mundo,e reforma
A matéria. Quem há que não o veja?
Quanto meu mal deseja, sempre forma.
SABES RECEBER O AMOR?
Do ponto de vista de quem recebe, o amor ganha contornos bem diferentes daqueles existentes do ponto de vista de quem dá. E é tão raro o empate entre dar e receber! Há pessoas absolutamente incapazes de receber o amor. Outras há que filtram o amor recebido segundo a sua maneira de ser, reduzindo (ou ampliando) o afeto ganho através de suas lentes (existenciais) de aumento ou diminuição. Quem pode dizer com segurança que sabe avaliar o amor recebido? Outras há, ainda, que só conseguem amar quando recebem amor, não admitindo dar sem receber. Há, também, o tipo de pessoa que não dará (amor) jamais, pois só sabe receber. E existe aquela outra que quer e precisa receber, porém não sabe o que fazer quando (e quanto) recebe e transforma-se, então, numa carência viva a andar por aí, em todos despertando (por insuspeitadas habilidades) o desejo de algo lhe dar.
Receber o amor é como saber gastar (gostar?). Já reparou que há pessoas que não sabem gastar? Muitas sabem ganhar muito dinheiro, mas depois não o sabem gastar. Receber o amor é como saber gastar (gastar o amor de quem lhe está dando). É necessário fazer com que o investimento recebido renda frutos, juros e dividendos em que o recebe, para novos investimentos e lucros humanos. Há quem o saiba fazer (ou seja, saiba receber). Há quem não o saiba e gaste o (amor) recebido de uma só vez, sem qualquer noção do quanto custou para quem o deu.
O problema de receber o amor é fundamental, porque ele determina o prosseguimento ou não da doação.
O núcleo do problema está na forma pela qual cada pessoa recebe o amor, modelando-o.
De que valerá um amor maior do que o mundo, se a forma pela qual se o recebe é diminuta? Um amor de pequena estatura doado a alguém pode ser recebido como a dádiva suprema. Será (soará), então, enorme!
Daí que amor está também, além de dar, em saber receber. Saber receber, embora pareça passivo, é ativo. Receber, se possível avaliando a intensidade com que é dado e, se for mais possível, ainda, retribuir na exata medida. Saber receber é tão amar quanto doar um amor.
Se todos soubessem receber, não haveria a graça infinita dos desencontros do amor, geradores dos encontros.
Receber o amor é tão difícil quanto amar! É que amar desobriga e receber o amor parece que prende as pessoas, tutela-as e aprisiona-as quando deveria ser exatamente o contrário, pois saber receber é tão grandioso e difícil quanto saber dar.
O amor não tem título
(Porque o amor mesmo é um mendigo sem nome, emprego, salário, família e, apesar disso, tem residência fixa e comprovante de endereço. E, além disso, nós. Nós fortes que não desatam. Só atam cada vez mais.)
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Estou com medo. Não entendo bem as coisas. Dia desses pensei ter a razão, esqueci que ela dá cambalhotas e vai parar lá do outro lado bem firme, mas com as pernas um pouco em estado de treme-treme-com-hifenzinho. Quando algo treme, trec trec, pode perder a força, orça, rça, ça, ah, caiu. Espatifou. Eu espatifo, tu espatifas, ele espatifa. Adoro a palavra espatifar. Eu sei, tenho paixões quase doentias por determinadas palavras. É o meu vício. Continuo com medo. Não sei se vou entender bem as coisas.
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Li uma frase hoje (enquanto eu circulava os olhos pela internerd) que me deixou cismada. Eu cismo com tudo, você sabe. Cismo com teia de aranha, pó em cima da prateleira, torneira aberta, relógio que não para sem acento com o tic tac, gente que ronca e/ou come de boca aberta mostrando todos os pedaços de lombinho, unhas sujas, cabelo com caspa, cismo com tudo. Cismo com excessos de simpatia, com falta de sorriso na cara, com gente solícita demais, com gente que tem estoque de patadas, cismo com a cisma. Cismo com a minha tpm. Hoje cedo, por exemplo, tudo me irritava. Normalmente sou rápida. Toca o despertador, levanto sem pestanejar ou dar ração pra preguiça sem trema. Tocou, desliguei, levantei. Abraço de bom dia (não tem nada mais gostoso), beijo de bom dia (não tem nada mais gostoso, deu empate), um pé fora da cama, outro pé dentro do banheiro. Banho, café, seca-seca-de-cabelo, roupa e vambora. E se der mole ainda lavo a louça e arrumo a cama. Meu namorado aproveita cada momento da vida, inclusive o despertar. Toca o despertador, ele coloca mais uns minutos, vira pra lá, pra cá e pra lá de novo, espreguiça, vira pra cá mais um pouco, boceja, espreguiça, me dá bandiabraçobom (eba!), bandibeijobom (eba, deu empate) e aí levanta, toma café e isso e aquilo e mais um espreguiça-espreguiça e vira pra tudo quanto é lado. Normalmente eu não me importo, inclusive acho o máximo o jeito como ele amarra o tênis. Também acho fofa a maneira como ele fecha o olho esquerdo por causa da claridade ou por causa do sono ou por causa de. Mas hoje tudo me irritava, inclusive essa coisa de gostar de aproveitar cada minuto como se fosse o último. Eu tenho pressa. Corro. A paciência não veio de brinde no meu pacote. E me peguei pensando nessas coisas do amor.
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Interessante duas pessoas que resolvem unir suas vidas e suas diferenças. Olha, tá aqui a minha vida. Junta a tua com a minha, a minha com a tua, a gente faz um mix, sacode, remexe, bota um adoçante e bebe tudinho. Ui, que delícia, que gostoso, que genial. Isso é o amor. Amor é junção. É exercício de paciência. Paciência no sentido de entender que o outro é diferente, sente diferente, pensa diferente, reage diferente, é todo diferente e se você ama, tem que amar igual e não diferente. Porque o amor é igualdade. É ser igual nas diferenças: você aceita a minha, eu aceito a sua e a gente vai ser feliz. Ouié, beibe. E dá pra ser feliz, claro que sim. É possível só quando você quer. Por que as pessoas desistem tão facilmente? Eu respondo: não sabem aceitar as diferenças. Eu tenho uma tpm horrenda, viro um monstro imenso e melequento, xingo sem pensar, brigo sem querer, procuro alfinetes pra espetar quem me rodeia. Tá bom, vai, não sou tão má assim. Brigo com quem é próximo, com quem eu sei que ali irá permanecer. Sabe aquela paciência matinal? Pois ele tem outras paciências muito maiores que as minhas. Ele ignora meus comentários tpmísticos, simula uma surdez pra não me dar trela e brigar. Por que tô contando essa mini-história-de-paciência-e-diferenças-e-igualdade? Porque o amor tem disso: aceitar o outro com tudo o que ele traz. Eu trago muita coisa. Tem coisa estragada, sei bem. E tem tanta coisa linda que só quem me conhece sabe. Porque eu sou uma pessoa muito boa, entende? Porque eu mudo do açúcar pra pimenta em poucos segundos. E isso é bem, bem ruim. Mas cada um tem um poço com água clara e lama, se é que você entende.
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Em que raio de lugar eu quero chegar? Cismei com a frase que li em um lugar, que na verdade tinha subfrases. Depois fui além, vi que existem poesias e letras de música e mais um monte de coisa brega do tipo que só fica bonito no texto. Na vida real é tudo xexelento. "Minha vida só faz sentido com você. Você é tudo pra mim. Você é a minha vida. Te dou a minha vida. Te amo mais do que a mim mesmo". Pega o Liquid Paper, abre bem a mente e se tiver que fazer um furo no cérebro pra informação entrar, por favor, faça. Não acredito em amores assim, a não ser na telinha da Globo, no melhor estilo Janete Clair. Ou lá no Pantanal com a Juma. Dramalhão mexicano tipo o que rolava no SBT também tá valendo. Por gentileza, não diga que sou a sua vida, não me dê a sua vida, não deixe que as coisas só façam sentido comigo, não deixe que eu seja tudo pra você, não me ame mais do que a você mesmo.
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Se ame muito pra me amar. Me ame de graça e por tudo que eu sou. Me ame pelas minhas partes tracejadas, picotadas, rasuradas, limpas, claras e legíveis. Me ame quando eu sacudir o avesso de mim. Me ame quando eu me perder numa avenida que tenha o nome escrito em uma placa grande com a fonte maior ainda. Me ame quando a placa grande com o nome da avenida estiver gritando na minha cara e, ainda assim, se eu continuar zonzamente perdida, sem saber pra onde ir ou como me achar, me abrace silenciosamente e diga baixinho no meu ouvido que está ali, assim vou saber que você me ama. Me ame quando eu souber o meu lugar. Me ame quando eu disser que tá tudo bem, que nem foi nada de mais. Me ame entendendo que foi demais, que nada está bem, porque eu disfarço. Me ame sabendo que meu orgulho de vez em quando ultrapassa os meus 1.69 de altura. Me ame quando aparecer uma goteira no meu telhado e o meu quarto virar um riacho.
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Me ame muito, me ame sempre, me ame quando eu sorrir, chorar, desistir, quando eu quiser recomeçar. Me ame quando eu disser que vou voltar atrás. Me ame quando todo mundo for embora e a festa terminar. Me ame quando eu estiver numa multidão. Me ame com vontade, sabendo que você veio e virá sempre antes de mim, porque pra poder amar tem que se aceitar. Me ame sim, mas entenda que amor pra mim é aquele que a gente pode amar sendo quem é, com os pés sujos de andar no chão, com o cabelo emaranhado de tanto cafuné e com o coração livre. Porque a minha vida é a minha vida. A sua vida é a sua vida. Elas quiseram se juntar e andar com as mãos unidas. Simples assim, sem essa de eu te dou a vida. Eu dou o amor, somente, porque ele vale mais que tudo. E com ele a gente aprende a se amar mais e melhor. Porque o amor não tem título, muito menos definição.
I
Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.
Que este amor só me veja de partida.
II
E só me veja
No não merecimento das conquistas.
De pé. Nas plataformas, nas escadas
VII
Sabenças? Esqueci-as. Livros? Perdi-os.
Perdi-me tanto em ti
Que quando estou contigo não sou vista
E quando estás comigo vêem aquela.
VIII
Aquela que não te pertence por mais queira
Saber-se pertencente é ter mais nada.
É ter tudo também.
É como ter o rio, aquele que deságua
Nas infinitas águas de um sem-fim de ninguéns.
Aquela que não te pertence não tem corpo.
Porque corpo é um conceito suposto de matéria
E finito. E aquela é luz. E etérea.
Pertencente é não ter rosto. É ser amante
De um Outro que nem nome tem. Não é Deus nem Satã.
Não tem ilharga ou osso. Fende sem ofender.
É vida e ferida ao mesmo tempo, “ESSE”
Que bem me sabe inteira pertencida.
IX
Ilharga, osso, algumas vezes é tudo o que se tem.
Pensas de carne a ilha, e majestoso o osso.
As mós do tempo vão triturando
Tua esmaltada garganta... Mas assim mesmo
Canta! Ainda que se desfaçam ilhargas, trilhas...
Canta o começo e o fim. Como se fosse verdade
A esperança.
Áspero amor, violeta coroada de espinhos,
cipoal entre tantas paixões eriçado,
lança das dores, corola da cólera,
por que caminhos e como te dirigiste a minha alma?
Por que precipitaste teu fogo doloroso,
de repente, entre as folhas frias de meu caminho?
Quem te ensinou os passos que até mim te levaram?
Que flor, que pedra, que fumaça mostraram minha morada?
O certo é que tremeu a noite pavorosa,
a aurora encheu todas as taças com seu vinho
e o sol estabeleceu sua presença celeste,
enquanto o cruel amor sem trégua me cercava,
até que lacerando-me com espadas e espinhos
abriu no coração um caminho queimante.
A SORTE DO AMOR QUE EU TIVE
Eu queria ter a sorte de poder cantar por toda a vida
a dádiva de ter sempre ao meu lado
a mulher que eu amo
Mas por que convém aos pássaros que voem
e não que fiquem presos em ninhos,
hei de colocar no lugar de minhas lágrimas
um sorriso
e cantar por toda a vida
a sorte do amor que eu tive.