Crônicas
A SEMENTE
Certa vez, quando eu passava por um momento muito difícil, sonhei que seria operado do coração. Angustiado, eu pensava que não sobreviveria à operação. Não sei como fui parar ali, por quais caminhos andei ou fui levado. Sabia apenas que haveria uma operação e eu era o paciente a ser operado.
De repente, adentra a sala de cirurgia o cirurgião. Ao vê-lo, meu medo desaparece, cheguei até a sorrir... Pois o médico que me operaria era nada mais nada menos do que o poeta Fernando Pessoa!
No princípio, achei estranho. Mas depois entendi que fazia sentido ser um poeta o cirurgião de um coração angustiado.
Sem demora, o cirurgião-poeta abriu meu peito, mas não com bisturi: não sangrou, nem houve dor. Ele enfiou uma das mãos, porém não foi suficiente. Somente as duas mãos do poeta conseguiram tirar meu coração do peito.
"Seu coração está pesado como um paralelepípedo! Preciso extrair o que lhe pesa", diagnosticou o cirurgião-poeta. “O que lhe pesa não é coisa física, o que lhe pesa é a mágoa com o passado, a decepção com o presente, o medo do futuro e a descrença nos homens”, disse-me ele enquanto extraía tudo isso.
Quando olhei para a mão do poeta, meu coração estava minúsculo, parecendo uma semente salva de um fruto que perecia. Indaguei: “poeta, com esse coração pequenino como vou sobreviver!?”
O cirurgião-poeta então respondeu, terminando sua arte, sua “clínica”: “Ele está assim pequeno porque deixei apenas o coração da criança.”
Após ouvir isso despertei, e não apenas daquele sonho. Ainda deitado, olhei para a janela: já amanhecia. Queria registrar o sonho e me virei para procurar caneta e papel. Então, algo que estava sobre meu peito caiu ao meu lado na cama, era um livro que adormeci lendo: “O Eu Profundo e os outros Eus”, de Fernando Pessoa.
"As terapias verbais me terapeutam." (Manoel de Barros)
Vi o amor hoje, dessa vez é real, eu juro! Não é mais uma falácia de um jovem perdido escritor, eu vi o amor, brevemente, mas eu vi. Ele passou do meu lado em uma sexta-feira, umas 14:20 da tarde mágico. Vi o amor de relance e fico pensando que se tivesse me distraído um pouco que seja, talvez eu o tivesse perdido, passaria sem que eu o tivesse visto.
Foi engraçado, porque eu nunca pensei que encontraria o amor voltando de uma ida rotineira ao supermercado, suando, sob o sol escaldante de uma sexta-feira. Se eu soubesse teria me arrumado, me preparado para encontrá-lo, como faço sempre que vou ao bar ou a uma festa, sempre imagino o que pode acontecer por lá, quem sabe o abor esbarre em mim por "acidente"? Preciso estar minimamente apresentável, vai que o amor não goste de mim. Enfim, preocupações vãs, todas elas. O amor não precisa de grandes apresentações, espetáculos, grandes estruturas, não é como nos filmes. Ele se revela silenciosamente, escondido na rotina dos dias, você mesmo já deve ter passado por ele e nem o notou, o quão triste o amor deve ter ficado?
Então, eu vi uma moça, com duas crianças, parecia aborrecida, mas antes que eu pudesse conjecturar qualquer coisa ao seu respeito, quantos anos tinha, qual faculdade fazia ou se fazia realmente uma faculdade, eu apenas abri um sorriso meio que involuntário ou não, movido por um espírito saudosista que a mim, pelo menos, não era estranho e percebi um certo constrangimento da parte dela, o constrangimento de ser notada, percebida, alguém viu você através do véu da rotina "como se comportar?"
E ela riu para mim, como reflexo de seu constrangimento, talvez? Mas não me importo, não me importaria nem se ela não tivesse rido. Não seria amor se eu esperasse algo em troca além do que se era sentido no momento em si.
Não trocamos número de telefone, endereço, redes sociais, apenas compartilhando um momento em que dois estranhos percebem a existência um do outro, sem nomes, sem máscaras ou preconceitos. Não tivemos tempo de cultivá-los, o amor apareceu de repente e se foi, como um grande e inexplicável fenômeno, e assim foi ela, foi embora, voltando para a sua vida e eu segui com a minha. Eu vi o amor hoje, fenômeno raro nesses dias, os homens pensam que são deuses. Hoje me sinto mais humano, entendi que fenômenos são feitos para serem vivenciados e admirados, nunca possuídos ou explicados.
Novo... Objetivo?
Eu perdi as contas de quantas vezes me encontrei em situações desesperadoras, onde eu via uma simples parede branca sem saída ou opção.
E como forma de não enlouquecer busquei uma forma de me manter.
Buscava em vários lugares, fontes, hobby’s...
Hoje eu aprendi, que nossa vida é composta por vários ciclos e objetivos.
Mas... onde posso encontrar‑los? (Você talvez me pergunte).
Na verdade não é difícil, eles estão em pequenos e minúsculos momentos, como:
Ler um livro, ouvir uma música, comer seu prato predileto, sair com os amigos, curtir a natureza, ou até mesmo apenas sentar e ouvir o silêncio.
Pouco? Talvez. Mais isso já foi um motivo para eu ter um novo objetivo. Não consigo me imaginar não vendo mais a beleza da natureza, essa foi uma válvula de escape que obtive.
E se você puder, tente enxergar sua vida por um novo ângulo, e descobrir que todo dia é dia para um novo objetivo.
Uns dizem que é a morte. Outros, que é perder alguém querido. Mas só quem está diante de uma folha em branco sabe o que é medo de verdade.
Não é bem coragem. Também não é preguiça. Tampouco o tal bloqueio criativo.
É medo, mesmo. Pavor. Paúra.A folha te desafia tipo um comediante na fila da farmácia que é abordado por uma senhora emocionada que lança, na lata; "vai, conta uma piada que eu tô no facetime com a minha neta".
É um desafio covarde, porque ela tem todos os argumentos, sabe?
Meio como se ela te dissesse; " e aí, é só isso?" Ou, pior; " Já acabou?"
É vexaminoso, cara.
Até porque, ela tá ali - ao seu dispôr, aceitando QUALQUER COISA.
Ou vai dizer que nunca ouviu que papel aceita tudo?
Pois é, aceita mesmo.
E é isso que corrói as entranhas.
Isso que te mata a conta-gotas.
Ela te provoca com aquele olhar irônico daquela loira linda e popular do terceiro colegial e você é o esquálido acneico dono do video game da oitava série que só queria perguntar se ela queria suco de acerola e pão de forma com presunto que você trouxe na lancheira mas não comeu no recreio.
É isso que ela faz com você.
Ela te humilha sadicamente.
Gosta de te ver suando feito uma cuscuzeira enquanto observa do alto de seu formato A4 e seus 120 gramas.
É pior que um banho gelado às 5 da manhã que o coach tenha mandado você tomar.
Pelo menos o banho você entra e sai e acabou. A folha não.
Ela se deleita vendo você roer canetas e abrir e fechar abas mentindo para você mesmo que, em breve, vai começar.
A cada início de estrofe, uma explosão de riso. Daqueles que você dá em audiência na frente do juiz, sabe? Que você tenta segurar mas sai pelas ventas e parece que você está vazando. Então, é assim que ela ri De você.
Mas não tem problema.
O mundo dá voltas.
Amanhã há de ser outro dia.
Uma folha em branco novinha pronta para reiniciar o ciclo de humilhações.
E eu, como boa mulher de malandro estarei aqui, para me deliciar com esse masoquismo saboroso que só ela pode proporcionar.
E eu cheguei de manhã no estacionamento e meus olhos procuravam beber das mesmas flores de ontem, mas hoje elas estavam murchas e sem graça, eram apenas mato pelo batente da parede. Que triste é um milagre de cores e fantasias se tornar indigno de atenção, aliás indignado estava eu, como podem durar tão pouco? Ouvi alguns passarinhos cantando em mim:
"O mais belo rosto do mundo está construindo em cada minuto sua velhice miserável, seu irresistível, e cada vez mais próximo fim." Cecilia Meireles
"... dura tempo o bastante pra se tornar inesquecível." Chorão
Bom, elas eram belas e discretas (como eu gosto), invisíveis pelos cantos construindo suas cores, suas flores. Desabrocham como um raio de sol que beija o orvalho da manhã, e suas cores faiscavam como estalinhos de São João. Meus olhos eram obviamente as fogueiras que queimavam de admiração. Mas tudo se acabara, ainda olhei mais três vezes para ter certeza que meus sentidos não me enganavam, por saudade e por esperança. Segredei-lhes baixinho - Quando irão florir de novo? - Eu, as borboletas e os passarinhos temos olhos ansiosos para fazer festa.
Olhei outra vez e percebi que as flores estavam na verdade fechadas (desdesabrochadas?), talvez para se esconderem dos amantes mais ferozes que seriam capazes de arrancar flores e jurar amor eterno, (pois a lua e as estrelas não podem roubar, é cosmicamente proibido!)
Com o passar da manhã, o sol expulsava o que restou do frio da noite e as flores se abriam, tão devagar quanto as nuvens que se arrastavam no céu, cada pétala parecia recém pintada. Não vi qualquer espinho esbelto e pronto para apunhalar, mas não a toquei, o ato de tocar nas flores pertence às borboletas que também desabrocham, são flores voadoras.
Agosto é como uma pausa no calendário . As sementes dormem neste mês , berço do inverno .
Alguns autores o chamam "mês jardineiro ", porque é dentro dele que as sementes aguardam para brotar e vicejar a terra .
Agosto é o guardador da boa nova , o preparador das flores , é quando Deus deixa traduzir visivelmente o tempo das mutações. Agosto é como se fosse o guardião da nova estação.
Que venha Setembro com novas sementes de esperança . Que o vicejar dos campos esteja também refletido no coração de cada um.
Que floresça o amor , as amizades , as boas ideias com suas respectivas soluçoes .
Que não haja mais desgosto de sofrer ou de chorar e sim o gosto do sorriso aberto esperançoso . O gosto de novamente plantar para depois colher O gosto pela conquista das vacinas que tem diminuido internações e mortes no país .
Não sabemos o que está por vir , mas temos a certeza de que o mesmo Deus que nos fez vencer cada dificuldade no mês de agosto, o mesmo Deus que nos fez despertar mais confiantes a cada dia é o mesmo Deus que guiará nossos passos também no mês vindouro .
editelima/agosto/2021
Resiliência
Ao refletir nas últimas semanas enquanto cumpria meus afazeres, surgiam boas notícias para mim e para rede de conexões ao meu entorno o que me fez refletir o quão importante foi a resiliência para chegar a determinados resultados. Como já haviam me indicado esse tema, decidi fazê-lo em algum momento, pois é um ótimo assunto.
Tem quem tenha certeza de que é resiliente, outros não, no entanto o que é resiliência? Para a ciência e específicamente para a física é a propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica, isto é, após um impacto, o seja lá o que for, volta a forma original, portanto, resiliência é quando um corpo é deformado por um impacto e volta a forma natural eventualmente. Mas falemos da vida além da física/ciência... você é resiliente? Humanos são resilientes? Você pode não saber usar essa habilidade, porém humanos são resilientes desde os primórdios! Quantas vezes o mundo enfrentou mudanças climáticas, virais, estruturais, abruptas, entre outras mais? Já foram diversas e a humanidade conseguiu suceder a todos esses episódios. Adaptou-se... – Perdoe-me, Norma Culta, no entanto, ingressarei numa sala onde você não está – Resiliênciou-se. Não quero mudar a essência concepcional desta habilidade, mas pense que a resiliência está para a adaptação como a adaptação está para a vida. São necessárias para o sucesso em tudo o que quisermos. A vida é volátil, necessitamos nos adaptar a ela, como na resiliência... sempre haverá alguém para nos esmurrar até chegar no destino de nossos objetivos e a resiliência nos ajuda a prosseguir nesta situação. Se você já viu os filmes de Rocky Balboa certamente lembrará daquela fala “apanhar e continuar tentando”. Lembrou? Se não assistiu, está vivendo errado (risos). No geral, significa não desistir facilmente, absorver a derrota, aprender com o erro e seguir em frente. Sabe aquela famosa expressão: “para toda ação há uma reação”, pois bem, também há aquela: “para todo desejo há uma consequência” – Se não há, acabei de inventar (risos) -. Portanto, sim, como na música “The Power” do conjunto germânico “Snap!”, pode cantar aos quatro ventos: “I got the Power”! Porque, temos sim essa habilidade, mas se não se encontrou nestas colocações, talvez seja a falta de uso da resiliência. Busque em si, mergulhe no seu interior, descubra o que você tanto quer fazer da vida, encontre os meios para realizar esses seus maiores desejos e comece a percorrer esse caminho rumo aos objetivos. Em algum momento certamente – infelizmente ou felizmente, depende de sua visão – haverá percalços que te farão talvez retroceder, chorar, duvidar, ter dores mentais e até físicas.
E é nessas horas que devemos buscar/mergulhar em nosso oceano interior, absorver as fontes de sais e minerais que o alimentam, que o mantém vivo e límpido para prosseguir. Pois a resiliência é isso, a vida pode te encher de porrada, afundar a sua cara no chapisco, te humilhar, devastar nossas vidas, porém se recobrarmos o porquê de tudo isso, o porquê queremos/devemos continuar, certamente, chegaremos em algum lugar especial. Portanto, - sairei da sala uma última vez, Norma Culta, - resiliêncie-se!!!
Levei meu sobrinho para passear comigo, há tempos ele vinha me pedindo, animado, seriamos só nós dois. Crianças abaixo de cinco anos nunca foram meus favoritos, só venho lidando com crianças de vinte dois anos ou mais.
Só que pensei ser uma boa oportunidade, saímos e eu descobri uma inveja dessa energia juvenil, a gente perde tanto quando cresce. Tudo bem, não digo perder, sacrificamos muito para conseguir zelar por nossa sobrevivência. E nesse exato momento, eu almejava um pouco dessa vitalidade que a vida me tirou. Mal me lembro da sensação de ver o mundo pela primeira vez.
Voltei meus olhos para o meu sobrinho e ele pulava, sorria, caía e levantava sem muitas preocupações na vida. Tudo o que tinha era o presente e só isso bastava. Os frutos do futuro não lhe interessavam. Essas preocupações cabiam aos seus pais, este é único período da vida em que temos o direito de entregar nossos destinos nas mãos de outros, todavia, conheço adultos que ainda insistem em fazer isso. Tolos, não sabem que depender dos outros é um luxo que não podemos nos dar. Porque a vida maltrata com socos no estômago. Quando crescemos, o presente é invadido por possíveis futuros, a maioria deles irreais.
Somando todas as invejas que senti de meu pobre sobrinho, aquela foi uma das mais marcantes. Pensar na maneira como já tive o presente e perdi fez dessa a maior perda de uma vida. Agora mesmo, enquanto meu sobrinho brinca nos brinquedos do parquinho, eu checo meu celular pela quinta vez, procurando por pessoas que definitivamente não estavam ali. Preocupando-me com compromissos que ainda virão. Já não sei como recuperar o luxo do presente e só. A vida te pede para ficar.
Então voltamos para casa. Caminhamos por entre as pessoas, ele grudado no meu braço, e me puxando para que cessasse meus passos, como se toda a sua vida dependesse disso. Meu sobrinho queria voltar, pois algo lhe roubara sua atenção, algo no mundo era digno de seu afeto. Queria pegar uma tampinha de garrafa dourada no chão.
— é só uma tampinha de garrafa. — disse eu.
— eu nunca tinha visto uma dessa cor.
E foi aí que eu me dei conta que crescer é uma grande perda e me dói saber que meu sobrinho logo será um adulto como muitos outros, lamentando a perda de quem foi um dia.
O despertar da mente
O dia ultimamente está acordando estranho. Em meio a uma fuga esquisita, corro sem parar tentando escapar de algo que me persegue e que não paro um minuto para ver, pois tenho medo de acontecer algo e de repente, acordo. O coração bate forte, a boca fica seca e mais uma vez o galo canta la fora; quatro da manhã. Deito mais uma vez e respiro forte e penso comigo "só foi um sonho" e tento relembrar tudo e cada lembrança me faz tremer e agradecer por não ser real. Algo corre para mim nos meus sonhos e corre para mim na realidade, mas de tanto me embrulhar, de tanto desviar acabo me prendendo em mim mesma e não percebendo que (...) a vida corre depressa e eu não a vivo.
Estou cansada de tentar escrever e simplesmente não sair mas nada na aleatoriedade da minha cabeça.
Meus olhos doem, minha cabeça pesa e sinto sono mas nao consigo dormir. Os grilos cantam, marido ronca, nenêm tosse dormindo naquele quarto claro, e eu no escuro. Acabei de tirar uma foto e ficou perfeita mesmo nessa tremenda melancolia das 20.
Gato mia, carro passa na rua, vizinho conversa rindo, cachorros se alteram e na minha cabeça apareceu uma luzinha e eu me encontro nela.
Por incrível que pareça, era para eu ter escrito isso. E eu escrevi, pois estava com saco de tudo e esse tudo virou uma crônica que achei incrível. Mesmo nessa melancolia das 20.
O hiato e a ponte
Quero escrever algo com que eu me orgulhe mas no hiato entre um trabalho e outro nada sai, nem se quer uma gota de tinta e é insuportável. A mente está vazia, isso é um tanto preocupante e discuto comigo mesma tentando achar algo com que prenda, mas nada a interessa e procurar esta sendo cansativo. Não sei nem porque me doo tanto na escrita se quando não vem sinto tanta raiva que chego a quebrar o toco de lápis e rasgar os papéis que não tenho com tanta facilidade nesse mundo de meu Deus. Há quem diga que a escrita é um caminho sem volta. Bem como se o lápis tivesse passado a borracha na ponte do não saber e o agora. Agora que escrevo sinto a necessidade de escrever mesmo sem ter o quê, e isso irrita. Será que outros escritores se sentem assim ou só eu? "Qualé anne! O mundo não gira em torno de você..." Será que alguém se sente como eu?
O céu estava laranja, com tons de baunilha, essa era a hora do dia mais bonito pra ela
Ela sempre sonhava com castelos, reis, rainhas, com uma vida que não era sua, mas podia se imaginar lá, só contemplando o céu
Lembrou da vez em que amou, ele dançava com ela uma dança antiga com a melodia de hold your hand dos Beatles, mesmo com roupas do século XVI
Aquele amor, foi o único que ela viveu, podia sonhar acordada com ele
O seu fim foi triste, o fim daquele amor, ela só abriu os olhos pra mais um dia de aula e acabou, se perdeu na terra de morfeu
Só pode ouvir o som da música dos Beatles tocando em outro recinto da casa
Mas tá aí, hoje com seus bem vividos 70 anos, olhando pro céu laranja com toques de baunilha, jamais pode esquecê-lo, o seu único e verdadeiro amor que nem nesse mundo habitava, Mas que deixou a sua marca para sempre no coração dela.
Sinopse CHADQ:
"Como você se sente em relação ao covid-19? Quais as dores, medos e inseguranças que isso
gerou na sua vida e no seu dia a dia? Nas “Contrônicas: Histórias Amorfas de Quarentena” o
herói, ou melhor os heróis e heroínas, somos todos nós, pessoas comuns, na nossa luta diária
pra vencer os desafios que essa pandemia que chegou sem avisar trouxe. As Contrônicas são
histórias que independem uma da outra e que buscam, de alguma forma, retratar o cotidiano
das pessoas nesse momento difícil que todos estamos vivendo. Desde jovens trancados em
casa sem ter o que fazer, passando por donas de casa idosas fofoqueiras, a ida ao
supermercado que se torna um desafio, o medo, os sonhos, a criatividade do brasileiro, uma
youtuber dando dicas, um cachorro que incomoda os vizinhos mas também desperta
curiosidade, a falta que, de alguma forma, todos sentimos, de algo ou de alguém e a
solidariedade que aflora nas pessoas, apesar de tudo, a esperança e uma luz no fim do túnel." Contrônicas: Histórias Amorfas de Quarentena (CHADQ)
"O chuva"
Acordei de manhã e me deparando com um céu mais infeliz que eu já vi! Não só o céu que estava infeliz, o dia estava completamente a solidão, sem cantos de passarinhos, sem alegria da vizinhança toda, o dia estava assustador...
Será que isso foi uma pausa pro tempo? Ou um tipo de castigo para nós? Isso pode parecer um drama demais, mas como pode ser o dia tá infeliz assim?
Tempos depois começou a chover parecia que um anjo estava chorando de tanta solidão só em um dia! Isso parece ser um deja-vu meu? Ou é um deja-vu....
Enquanto chovia, olhei meu VASO de flor lá fora e vi ele alegremente feliz com a presença de chuva, cada gota que caia mais alegre ele ficava. E parei pra pensar...
As vezes não é o dia que é ruim ou cheio de solidão, na verdade é a gente que não conseguimos lidar com esses tipos de coisas! O dia estava ótimo, para todo mundo ou talvez, para quase todo mundo.
Só agradeço por ter dias ruins ou bons! Porque mesmo tendo esses dias. Eu tenho uma vida! O que importa mais que um simples dia!
Eu sou próprio girassol
Estava caminhando, e avistei um nascer do sol mais único que já vi! Não só o nascer do sol, mas também diversos girassóis, que brilhavam muito ao nascer do sol.
Eu não tinha nada para fotografar esse momento, mas só tinha eu naquela experiência! Foi incrível!
Logo depois que o sol nasceu eu percebi um único girassol que estava sozinho, que a luz do sol não pegava nele... Sendo um pobre girassol sozinho...
Ele era o único que não estava sendo acompanhado pelo sol -"o pobre girassol, porque eis muito sozinho?"
-perguntei a ele, analisei, que não só os girassóis são sozinhos ou não sigam a luz do sol, mas também, a gente! As Vezes não somos sozinhos porque a gente quer, porque as pessoas se aproximam de você porque sabem que tem uma ótima vida! Ninguém conseguiu ajudar aquele girassol, porque sabem que não ganharia nada com isso.
Lembre-se, olhe com quem você anda ou com quem você compartilha a vida, porque às vezes não é porque gostam de você, às vezes são interesses, ou... USADORES!
minhas quatro vidas
Minha primeira vida foi o próprio caos...pessoas de um lado e do outro, deboche surreal! Nunca me senti tão incomodado assim... Bullying mais bullying mais bullying... Como a primeira vida pode ser tão cruel assim? Ou... São as pessoas que são cruéis!
A segunda vida, eu nunca vi uma vida tão perfeita! Ver o pôr do sol mais único, aquele cheiro insano de mar, gaivotas alegremente com seus cantos... O vida única! Pena que não durou muito tempo.
Confesso que minha terceira vida foi a mais radical, é a mais insana! Aquele barulho de skate raspando sobre o chão os muros todos pichados, mas como outra vez não durou muito tempo...
Então, minha quarta vida... Eu acho que minha vida foi a própria timidez, sofri muito por causa disso...
Por ser tão tímida não conseguia nem conversar com as pessoas direito e por isso me prejudicou muito no meu aprendizadio... Não conseguia saber se eu estava certa ou errada! mas enfim.
Com isso, aprendi que mesmo tendo momentos difíceis o bons na minha vida nunca devemos desistir de tudo! Se você tem uma vida ruim aproveite cada momento, porque sabemos que tem pessoas que gostariam de ter sua vida nesse exato momento, pessoas que não resistiram e não conseguiram nem aproveitar a sua vida! aproveite cada momento! Respire o ar de todos os seus momentos felizes. Viva!
Batimentos, bons!
Nem sempre um coração pode ser por amor! Sinto que meu coração está quebrado aos poucos O coitado está completamente destruído! Isso por causa das palavras ou especificamente do ser humano!
Chorar é bom nesses tipos de momentos, porque as lágrimas limpam o nosso coração mesmo sendo o coração mais destruído!
Um coração significa muito para nós, porque é a sua vida em andamento que vale muito mais que mansões, lanches, ou o dinheiro do mundo todo! Porque ninguém vai conseguir ter a mesma coisa que você!
Surfando auto
Acordei de manhã com um céu maravilhoso, em seguida peguei minha prancha para surfar um pouco na praia e achar a ilha mais bonita, comecei a surfar e encontrei a ilha mais bonita que já vi!
Então decidi que ira lá, vi que eu teria que passar por diversos obstáculos pela frente, pois a ilha estava cercada de enormes ondas! Mas não desisti, fui em frente e não desisti.
Enfrentei diversas ondas enormes, até que uma onda me engoliu! Mas levantei como nada estivesse acontecido e segui em frente passando por vários obstáculos. Estava pisando na minha fobia de mar!
E em fim, conseguir chegar.
Não deixem te derrubar! Siga em frente porque você cada vez vai mais longe e mais alto!
Mesmo tendo muitos obstáculos pela frente, por isso não desista! E encare todos os seus tipos de medos!
DISCORDÃNCIA seguia calmamente o seu caminho. Com algumas divagações infiltradas em sua mente na esperança de dar de cara com EXAGERADO. DISCORDÃNCIA sabia que EXAGERADO sempre tinha algo para contar.
E ao atravessar a esquina dos DESOCUPADOS avistou EXAGERADO de conversa com SABE TUDO. E foi assim que DISCORDÃNCIA começou a se sentir recompensada. Afinal, assunto para o dia é o que não faltava - logo pensou!
Bom dia EXAGERADO... Bom dia SABE TUDO! Vou logo dizendo que... E de repente, surge a dona CHEGA DE CONVERSA.
DISCORDÃNCIA com receio de ser interpelada, saiu depressa e um tanto envergonhada. E... foi nessa correria que passa por ela CONCLUSÃO, com uma borracha na mão. Para por fim... a história talvez mal contada, do dia em que o poeta teve que fazer uma redação.
Nivaldo Duarte
Devaneio neurodivergente
Quando eu era criança, me imaginava como um cavalo selvagem, galopando livremente pelos campos da existência. O vento, cúmplice silencioso, acariciava minha crina, e meus cascos batiam em compasso com o pulsar da terra.
Naqueles devaneios, eu era mais do que carne e osso; eu era a própria essência da liberdade. Acreditava que, um dia, me desvencilharia das rédeas invisíveis que a vida impõe. Sonhava com a plenitude de correr sem amarras, sem medo, sem olhar para trás.
Mas o tempo, esse sábio implacável, me ensinou que a liberdade não é um galope desenfreado. Ela reside na consciência de nossas próprias limitações, na aceitação das rédeas que nos moldam. O erro, esse fiel companheiro, também tem seu papel: ele nos forja, nos humaniza, nos conduz à sabedoria.
Hoje, olho para trás e me pergunto: será que sou o cavalo selvagem que idealizei? Talvez não. Talvez a verdadeira liberdade esteja na compreensão de que somos todos cavalos, às vezes domados, às vezes indomáveis, mas sempre parte desse vasto campo de possibilidades chamado vida.