Crônicas
Até onde você iria por alguém?
Em uma vila humilde em um domingo, era pra ser um dia normal como qualquer outro. Uma garota de 15 anos e seu namorado estavam voltando para casa, depois de terem comemorado o seu tão esperado 1 ano de namoro. Quando de repente ouve um tiroteio por volta das 20:36 da noite.
Em um momento de coragem e sacrifício, ela fez o impensável: se lançou sobre seu namorado, protegendo-o com o seu próprio corpo. O que leva alguém tão jovem a uma decisão tão poderosa e definitiva? O amor. Um amor que decide que a vida do outro vale mais do que a própria.
Testemunhas dizem que ela foi alvejada nas costas, que os bombeiros chegaram rápido, mas não o suficiente. Suas últimas palavras foram uma declaração de afeto eterno: "Eu te disse que morreria por você. Eu te amo." e assim, num último suspiro, sua jovem vida se apagou, deixando para trás uma história de amor e sacrifício.
No fim, a garota que salvou a vida de seu namorado entregou a sua própria. Seu coração, aquele que amava tanto, parou.
Crônica
O Ódio de Liz Albuquerque
Que orgulho Liz Albuquerque sente de seu ódio. Um ódio desbravador, engajado, perspicaz; um ódio que ergue bandeiras, cria movimentos, causa desordem, desvia e encerra caminhos, abre esgotos a céu aberto.
Liz Albuquerque é o pseudônimo de Maricleide Rocha da Silva. Seu ódio ilustra manchetes, concede entrevistas, lê, escreve, desenha, pinta, esculpe, canta, dança, encena, sai de cena, ampara, abandona, prende, liberta, cura, planta, replanta, mata, desmata...
Odiosa e temida, a ativista é dada a lacres e clichês virtuais.
O ódio de Liz Albuquerque, não é um ódio qualquer, um ódio a ser desprezado, ou confrontado.
Não e não! Seu ódio, embora paciente, é justo, certeiro, impiedoso e livre de remorsos.
É preciso odiar muito para sobreviver ao ódio de Liz Albuquerque.
Sentimentos
Sentimentos. O que dizer de um substantivo com significado tão vasto? Uma única palavra carrega a felicidade, dor, bem-estar, tristeza, paixão, frustração, respeito, amor, entre outros. Há de fato uma gama de diversidades. Que apesar de diversos, não impedem de se interligarem. Não estou dizendo exatamente que os opostos se atraem, porém, por vezes, a diferença de um pode completar/equilibrar o outro. Até porque, ninguém consegue manter o nível de um sentimento qualquer que seja elevado para sempre. Sempre haverá um contraste, independente de sua duração, para equilibrar o sistema emocional. Também não estou dizendo exatamente que tudo em excesso faz mal, como diz o povo, porém não seria uma colocação totalmente errônea, pois imagine-se você feliz o tempo todo, rindo o tempo todo... coloque-se nesta situação com qualquer sentimento. Alguns são mais tentadores que outros, claro, porém a vida teria graça? A verdade é que com graça ou sem ela, independente dos seus objetivos, em algum momento esbarraremos nesses contrastes. Tudo tem um propósito. Cabe a nós indagar a tudo e a todos para eventualmente encontrarmos o porque das coisas. Como dito anteriormente, independente da duração, sempre haverá um contraste sentimental. Por mais que tentemos estar em um ambiente o mais harmônico possível, fazer terapia, viajar, etc., isso nos levará para algum contraste eventualmente. Seja pela perda de um ente querido, por uma viajem frustrante, ser demitido ou até mesmo no amor. O amor em si talvez seja o sentimento com mais contrastes dentre eles. Mas o que é o amor?
Para isso, é necessário que haja uma separação, pois existe a fundamental diferença entre amor e paixão. A paixão como já dizia muito bem Luís de Camões na primeira quadra e primeiro terceto de um dos seus célebres poemas: “Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer. É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata, lealdade.”
– “É ter com quem nos mata, lealdade”. Essa é profundamente genial! -
Apesar de ter sido colocado como amor, científicamente falando, as estrofes acima são definições mais relacionadas a paixão. O amor muitas vezes é classificado em seu lugar, por ser, infundadamente considerado o mesmo ou por vezes pela palavra amor impactar mais que a paixão. A paixão em si é aquele fogo inicial que pode ser confundido com a atração, porém esta última é apenas desejo carnal/ de pegação. Pois bem, a paixão bloqueia sua consciência, parece tudo perfeito! Essa ilusão de perfeição criada pela paixão aliada ao fogo e desejo, nos torna impulsivos no sentido de querer sempre que possível estar próximo da tal pessoa. Sempre tomando as atitudes com essa finalidade. Estar mais próximo da pessoa desejada. Gerado dessa impulsão, algumas não só sentem a falta como pensam no futuro com elas ou até destino. Pois é. Consequentemente surgi os dilemas cruéis de toda paixão que podem ser partilhados com os amigos ou não na busca de uma solução. Quem nunca viu algo a priori que eventualmente tornou-se outra? Essas ilusões de perfeição paralelo aos dilemas trazem a tona a pior das sensações: ir do céu ao inferno. O contraste dos contrastes dos sentimentos que se aplica em praticamente todos eles. Um simples sorriso, uma simples conversa pode tornar o dia totalmente aprazível. Como um choro, um descontentamento por parte da pessoa pode fazer o dia ser péssimo, deprimente, pois no bom ou mau momento, tendemos a absorver, a tomar suas dores/reações. É como se estivesse em um loop de passado, presente e futuro. Onde o passado remete aos momentos bons ou ruins que já tiveram. O futuro, claro, que é a maior parte formada de fantasia. Já o presente, como o próprio nome diz, é um presente dos céus. É uma sensação de presença totalmente singular que não queremos que acabe. São tantas sensações... é como uma droga. O sorriso, os sons da risada, a voz, os trejeitos, gestos, boca, cabelos, troca de olhares... até os momentos de silêncio que na troca de assunto entre uma conversa e outra parecem infinitos, porém com um abrasamento que te levam a momentos de prazer e aflição ao mesmo tempo. Como disse Luis de Camões: “É um contentamento descontente”. É uma antítese do início ao fim - como no próprio poema de Camões -, onde os opostos/contrastes se atraem complexamente definindo esse sentimento como quase que metafísico.
Porém, tudo isso passa em semanas, meses ou em até 18 meses, de acordo com a ciência. E depois? O que acontece? A pós-paixão pode ser o perecer de todo aquele sentimento ou o começo de outro. O amor.
O amor é um sentimento singular, porém é confundido com a paixão, porque de fato ambos podem ter alguns aspectos similares. Este sentimento tão desejado e por vezes cruel na mesma medida é algo único, apesar de suas semelhanças com a paixão. Pois enquanto a paixão é fogo, desejo, ilusão de perfeição, impulsividade, dilemas, entre outros, o amor é aquele sentimento formado principalmente no respeito entre ambos. É aquele sentimento que gera empatia para com o outro. É um desejo genuíno de querer se colocar no lugar do outro e ajudá-lo. Por mais que não seja sempre possível, podendo ocorrer sensação de impotência/frustração, o indivíduo sempre está presente para ajudar como puder. Quando se ama, tendemos a querer cuidar do outro. Isto pode ser visto nitidamente em qualquer relação entre: pais e filhos, irmãos, primos, namoro, casamento, amizade e até com animal de estimação. Quem nunca ouviu “quem ama cuida”? Pois bem! Amar é cuidar, é ser parceiro, amigo de todas as horas – por mais que em determinadas horas necessitamos de determinados amigos, o amigo “não apropriado” estará lá se o solicitar. O amor também gera sacrifícios. Nos tendenciando a dar atenção as prioridades. Prioridades essas que não necessariamente devem ser sobre o relacionamento, porque, apesar de dois indivíduos estarem em um relacionamento, eles continuam indivíduos, porém indivíduos com algo em comum. No entanto, se um dos indivíduos prioriza algo que pode afetar o relacionamento negativamente, alguém está sendo egoísta. E isto não é amor. Como dito anteriormente, o amor gera sacrifícios, porém são bilaterais. Eventualmente, se houver amor na relação, cederemos bilateralmente.
E na busca pela definição do amor, Will Smith apresentou uma extraordinária perspectiva sobre o tema. De acordo com a sua perspectiva, nós não podemos fazer uma pessoa feliz, podemos sim fazê-la rir, dar gargalhada, se sentir bem, contudo, fazê-la feliz está profundamente e totalmente fora de nosso controle. Will ainda menciona que aprendeu com sua filha no dia a dia qual seria o paradigma do amor. Nomeado de flor do jardineiro. Pois, a relação que o jardineiro tem com a flor é de que o jardineiro quer que a flor seja o que ela foi feita/designada para ser, não o que o jardineiro quer que ela seja. Isto é, o desejo é que a flor floresça e se torne o que ela desejar se tornar. Que ela torne-se o que Deus designou para ela ser, consequentemente, não há a exigência da flor tornar-se o que o outro quer que ela seja por conta de seu próprio ego. Tudo além de todo o seu presente, amplamente aberto, dando e nutritindo esta flor dentro de sua grandeza, não é amor. Por fim, Will Smith entende que todos tem tempos difíceis, portanto, para ele, o amor é ajudar, é ter realmente devoção aos seus problemas/dificuldades, sendo comprometido em ajudar nas suas vidas, ajudando a sofrer menos, os ajudando a gerir suas mentes e emoções. É um desejo profundo para com os teus de que eles cresçam, floresçam e que se sintam bem em todo lugar. Quando se ama, o desejo é de que eles se sintam bem, feliz, que tenham sucesso na vida. O amor realmente exige que haja um profundo e interno entendimento de suas esperanças, sonhos, medos, necessidades e traumas. Amor é dar e partilhar nossos dons com o propósito de nutrir, empoderar e ajudá-los a criar suas maiores alegrias.
Caminhos Sombrios
Deabulando pelos fragmentos das minhas lembranças, eu retorno "mentalmente" ao lugar que o deixei.
Revejo-o sentado a beira de um caminho, um caminho sem fim e sem curvas, e o princípio da história se faz presente.
Quantos sonhos se perderam ao longo desta caminhada, quando a ideia inicial era seguir em frente. Nunca entendi o porquê ele entulhou tantos nós no coração, que nem as próprias mãos souberam ou se dispuseram a desatar. Erroneamente pensei ter poder para desatar esses nós, em quase todas as tentativas neste sentido, falhei.
Tentando transformar a utopia em realidade, por um momento sentei-me ao seu lado, minha alma inquieta, não me permitiu esperar.
O crepúsculo e o prenúncio da chegada da noite e o caminho já envolto em sombras, me convida a continuar.
Estendo-lhe a mão para seguirmos em frente, diante da sua indecisão eu lhe digo;
As cartas estão na mesa, não há mais nada a dizer, nenhum ás a mais a jogar. Não quero mais viver no seu mundo e não o quero passeando no meu.
Segui sozinha...
Não lamento o que perdi, não se perde o que nunca se teve.
Mas isso é uma outra história...
As baldeações de Magé
Dizem que o saudosismo é algo triste, chato ou “coisa de gente velha”, porém nem sempre as coisas são como pensam. Digo isto, pois, muitos consideram estes sintomas derivados do tal saudosismo e talvez isso soe mais como uma nostalgia – o que não é exatamente igual, ambos podem se encontrar, contudo, não seguem sempre a mesma “linha”. Talvez a cidade de Magé possua uma conexão entre ambas as palavras e muitos já devem ter ouvido histórias sobre este local, no entanto, existe um aglomerado de pessoas neste município que não conhecem as grandezas dos distritos e caso conheça provavelmente ouviram dos familiares ou foram obrigados a estudar para um concurso público. (risos)
Pois bem, Magé já foi muito importante no Brasil e isto vem com muito pioneirismo da primeira estrada de ferro carinhosamente batizada de “A baronesa” cujo qual está conservada em Petrópolis – o que acho um absurdo, pois pertence à Magé, mas dizer o quê quando não se têm os mesmos recursos ou, infelizmente, governantes reais para fazê-lo. Havia a produção de cana de açúcar, mandioca, milho, café, pólvora, tecidos e rendas – a maioria teve seu valor tanto no país quanto na América do Sul! -, mas como pode-se ver, Magé já não é uma grande referência industrial e muito menos cidade turística. (Percebe a conexão entre saudosismo e nostalgia?) (risos)
Bom, sabe aquelas conversas entre família no final de semana que remetem ao passado? Já ouvi tantas que fui atrás da veracidade dos contos e Magé é tão turística quanto Petrópolis ou outra cidade da região. Houve um tempo não muito distante onde o Carnaval era tão popular que tinha desfile entre escolas de samba da região e estimava-se mais ou menos vinte mil pessoas por noite misturados entre expectadores e foliões! Isso sem contar os outros festivais, eventos e exposições que paravam ruas, no entanto, é inegável que Magé sempre teve seus altos e baixos – mesmo tendo fé, santos e o “anjo das pernas tortas” – porém, não vem fazendo um bom proveito das riquezas desse município e está mais em baixa do que em alta.
Embora ao falarmos sobre Magé, automaticamente, cria-se uma “baldeação” entre saudosismo e nostalgia, o município tem salvação e potêncial, consequentemente, não há a necessidade de se manter na nostalgia, pois, há tantos meios de reerguer a cidade... como: recuperação dos pontos históricos, construção de museus sobre a cidade e o Garrincha – por favor, há dê-se exaltá-lo, né? – e claro sem esquecer do básico!
Por vezes penso em como seria Magé a todo vapor, sabe? Uma cidade turística e industrial... Talvez, um dia, possamos ampliar essa “estrada” que chamamos de Magé e enfim sair das estações do saudosismo e nostalgia – especialmente a da nostalgia - fazendo a baldeação para uma nova estação que a torne uma cidade melhor.
Parabéns e viva Magé!!
#Magé453anos
06/06/2018.
A graça sem graça
Semana passada eu que vos fala estava a cumprir dezenove anos e queria escrever algo relacionado. No dia vinte – um dia antes do aniversário – eu levantei e fiquei pensativo, tomei meu café, senti seu aroma, tentei detalhar cada situação desse último dia com dezenove anos... peguei minhas fotos desde pequeno... li um pouco das crônicas imponentes do Bial e folhei algumas páginas de algum livro da Clarice Lispector - que por sinal é incrível – para me inspirar a escrever algo. No entanto, nada saiu. Fiquei frustrado por não conseguir, porém tinha que ir ao curso neste mesmo dia, então, deixei a minha frustração de lado e fui a caminho do curso.
Peguei um ônibus e sentei-me ao lado de uma pessoa cujo qual nunca havia visto, o que é tremendamente normal quando se usa o transporte público! - É engraçado, na verdade, é mais frustrante do que engraçado certas situações. - O que chamou-me a atenção é que aquela pessoa com quem eu sentara era um homem cego. Não sou preconceituoso/intolerante, porém sempre que vejo algum portador de necessidades especiais algo muda-me por um momento só não sei exatamente o que é... me pego reflexivo geralmente... O cara estava sozinho! Fiquei curioso para saber como ele se virava na rua, mas por medo de ser indelicado não perguntei. E é nesses momentos que comparo os meus problemas com os de pessoas guerreiras como aquela. Quantas vezes alguém deixou de fazer algo por achar que seria difícil? Provavelmente muitas. Vivemos em uma era tecnologicamente avançada e que entre muitas funções uma delas é facilitar nossas vidas, seja no trabalho, escola ou em qualquer outra área.
E isso é engraçado, pois por vezes, tanta tecnologia, tanto meio de facilitar tarefas fazem com que as pessoas ao invés de melhorarem elas desistam muito fácil. As vezes é preciso ter o olhar e o coração humano para entender que nem tudo é tão difícil como aparenta e olhar com outros olhos aquilo que você acha que não consegue. Talvez assim, eventualmente, encontremos alguma graça no final disso tudo.
30/10/2018.
Só a perfeição faz sentido
”Ser ou não ser, eis a questão”, talvez, essa famosa frase se encaixe com o dilema do perfeccionismo. Ser perfeito, até onde se sabe, é impossível, e as pessoas – e eu – insistem em buscar algo inalcançável como a perfeição que é algo que, talvez, nunca existiu ou não há neste tempo. Afinal, o que é perfeição/perfeito? É o nível mais alto numa escala de valores. Quando trata-se deste significado o que me vem em mente é o cartel de lutas perfeito - até agora - do pugilista Floyd Mayweather, apesar das controvérsias e desacordos.
No entanto, seguindo categoricamente o significado, a perfeição é algo em movimento, pois se moveu para chegar ao topo e com isso, se um chegou, outro também pode chegar, como em um “loop”, isto é, é algo volátil. Um bom exemplo no esporte são Carl Lewis e Usain Bolt. Muitos acreditavam que Carl Lewis com 19 ouros, 2 pratas e 2 bronzes de várias categorias seria insuperável, porém alguns anos depois apareceu Usain Bolt. Um jamaicano que conquistou tudo na sua categoria com 19* ouros, 2 pratas e 1 bronze, além de ser o detentor dos recordes de mais rápido nos 100m, 200m e 4x100m ele é considerado o mais rápido da história! Apesar de Carl Lewis ter vencido em mais categorias, - o que faz dele, possivelmente, mais completo que o Bolt – o americano precisou disputar outras categorias para chegar a esses números, o que não é demérito algum, enquanto Bolt em apenas 3 categorias tem números semelhantes ao de Lewis e podia superá-lo caso seu compatriota não fosse pego no exame de “doping” dos 4x100m em 2008. - É aquilo, como diz o povo, “se quer algo bem feito, faça você mesmo”. – Com isso a Jamaica perdeu a prova e Bolt seu vigésimo ouro.
Portanto, podemos analizar que a perfeição ainda não é algo concreto/tangível que possamos ver e ter certeza de que nada vai superar. É como um “loop” em que alguém atingi o pico, porém em questão de tempo, um sucessor aparecerá. Quem sabe quando surgirá um novo Bolt ou Floyd Mayweather? Pode ser você ou seu filho(a). Porquê não? O que não pode é ficar no “ser ou não ser”, tentar ou não tentar, pois assim você nunca saberá o que pode te aguardar. O perfeccionismo é uma má piada, não escute-a. Talvez a sua ação seja o nível mais alto numa escala de números. Como Sheryl Sandberg, uma profissional de sucesso, diz: “O feito é melhor que perfeito”.
02/12/2018.
O tempo
Sou o tempo e tenho o meu papel a desenvolver, eu não paro nunca e jamais pararei.
Percebe-se que devo seguir o meu percurso.
Eu o tempo não faço perguntas.
Como também não o questiono, se vai, para onde, ou se vai ficar.
Eu sou o tempo logo, portanto não tenho começo, como também não tenho fim, De repente sou invisível aos olhos e coisas!
Logo o tempo não passa
O tempo deixa que passemos por ele.
O tempo não nós pergunta?
Ora já é tempo, tá no tempo
eis chegada a hora.
O tempo pode ser até calculado,
porém o tempo não tem medida certa.
O tempo é projetado
O tempo é invisível
O tempo é um estado
O tempo é o senhor tempo
O tempo não pede passagem
O tempo tem o seu tempo
O tempo segue o percurso
O tempo não define a hora
O tempo não estabelece momentos
O tempo não dar condição
O tempo não espera o amor
O tempo é perdão
O tempo não guarda rancor
O tempo é solidão
O tempo não descrimina
O tempo é solidário
O tempo não quer desilusão
O tempo é perseverante
O tempo não passa.
O tempo não passa!
O tempo deixa que passemos por ele.
O tempo não permite e não aceita, que daremos um tempo.
Como poderia se o tempo não é nosso!
Ora! Ora!
Oxente!
Más como poderei seguir senhor tempo, para mim ter tempo, dar um tempo, nesses tempos de isolamento e solidão, se faz necessário para que não apenas olhe pela janela e veja o senhor tempo passar.
Não!
Como poderei assim fazê-lo meu caro ser, eu nunca paro, o meu percurso deve ser contínuo, não há estação, muito menos paradas obrigatórias.
Vocês homens tem essa mania de querer me controlar.
Ora essa!
Como poderei lhe esperar se tenho que seguir, percebe que agora tá claro, e logo daqui a pouco tá escuro, pois bem, eu meu caro amigo tenho que seguir o meu curso. Se agora tá nítido e daqui a pouco nem tanto é porque eu não paro nunca, há ia me esquecendo vocês homens, inventam e inventam coisas, como exemplo as novas tecnologias, que causa o ilusório de aproximação, não percerbem portanto que sou eu o tempo, e que não tenho tempo para estar perto ou longe, eu o senhor tempo não estou nem longe nem perto, apenas estou passando de forma sincronizada, sem pressa e muito menos exageros, pois sei que sou contínuo e que tenho tempo para que o tempo exerça seu percurso no tempo hábil de deixar momentos de escuridão, más sabendo que como o senhor tempo darei luz e clariarei suas vidas, porém saibas que sou o tempo e o tempo não é muito e nem pouco apenas o tempo.
João Almir
O amor não tem frágeis elos, sucumbi nossa alma com a fortaleza de uma muralha, o mistério da anatomia humana e cria vozes límpidas de ternura e bom grado.
Não sei se amo, porquanto ainda não tenho essa combinação rigorosa de sintomas que me fazem sentir falta do que não me falta. Será assim mesmo ? Esse amor sentido, fincado em peito aberto que me faz calar a boca e perder o sono? Será que finda ao início de poeira duvidosa e refresca minhas ideias ao pequeno bem tratar? Não! O amor é finito, não se cobra , mas se sente, não se emborca de dívidas mas se analisa e, se arrastado , não caminha, visto que um deleite o desvirtua . O amor é nobre mas decisivo , robusto em decisões firmes porque os porquês são muitos e, quando amamos permitindo o erro, nos afundamos em fogo brando porque corrói a missão , objetivo principal do trajeto a dois.
418
Não tolha sua criança
Ela quer esperança
E anda sem fazer lambança
Querendo um carinho ganhar
Não agrida sua inocência
Que quer somente viver
E mesmo andando sem saber
Tenta
Tenta
sem poder escolher
Não desentenda com esse pequenino
Que mesmo sendo tão menino
Sabe do futuro
Quer ser maduro
E no vai e vem do mundo
São tantas imperfeições a corrigir
Que se pensar bem
Nem tem tempo de sorrir
Entenda hoje a criança tanto faz
Porque se tanto ela desfaz
Acabará se tornando um adulto qualquer um
E isso não é bom demanda juízo
Demanda tanta calma
Que a criança cresce sem alma
Procurando sempre a superação
E quando não se tem apoio
Vem e vai desilusão
A criança cresce sem ação
Assim sem encantamento algum
Seguem crianças tanto faz
E adultos qualquer um
Porque lá atrás
Quando não faltou o pão
Deixou-se faltar o insubstituível carinho
Aquele que abriria o caminho
E mudaria o destino
E uma criança tanto faz
Não se tornaria um adulto qualquer um jamais.
Luoaganini
Amor com flores 🪷
Eu nunca vi pessoalmente, nem senti o olor, nem toquei uma das flores que mais me encantam: a Nymphaea nouchali, ou a flor de lótus, símbolo budista de pureza espiritual. Apesar da beleza, como parte do seu ciclo natural, essa flor desabrocha em águas lodosas. Durante a noite, suas flores se fecham e submergem. Mas quando os raios solares incidem novamente, as pétalas se abrem e elas reaparecem. Dentro da espiritualidade, este percurso da lama à luz simboliza pureza, renovação e vida eterna.
Eu tenho duas tatuagens de flor de lótus e farei outras. A simbologia do renascimento e a delicadeza com que se comporta seu ciclo (a planta procura águas rasas para que suas raizes se fixem na lama, enquanto o caule permanece na água e as pétalas na superfície) são, para mim, fonte de inspiração e sabedoria.
Essa leveza de pairar sobre a água é a mesma que procuro nos relacionamentos… eu me vejo na flor de lótus, pois minhas raízes, embora estejam em águas cristalinas e límpidas, foram germinadas na lama, nas dificuldades que cercam a vida de quem é intenso e se importa demais. No Egito antigo, devido ao seu ciclo solar, a flor de lótus representa o nascimento e renascimento. Suas sementes podem ficar até 5 mil anos em estado de dormência até que se encontre em condições adequadas de umidade e temperatura pra germinar. Por isso ela também é sinônimo de longevidade. Eu amo a analogia da vida com o ciclo dessa flor… a beleza, a leveza, podem vir dos mais profundos lamaçais de dor e sofrimento pelos quais já tenhamos passado. Cria-se uma resistência, uma insistência em permanecer magnífica na superfície, em se mostrar à luz do sol, mesmo atrelada à lama! Quando se gosta de flores, o primeiro ímpeto é arrancá-las, embala-las num buquê, mantê-las num vaso… é diferente com a flor de lótus. A beleza dessa flor reside em deixá-la seguir seu ciclo, naturalmente. Do contrário, ela teima, não se abre, não sobressai sua magnificência de cores. Fora do seu habitat natural dura apenas 48 horas. Não, essa flor não serve aos desejos de noivas pra enfeitar buquês efêmeros, nem pra ornamentar lares em vasos. Ela serve à apreciação natural, em meio à calma e silêncio.
Depois de um tempo, eu percebi que há uma certa semelhança dos bons relacionamentos com a flor de lótus: prezam a longevidade em detrimento das efemeridades; aguardam pacientemente condições confortáveis para germinar, desabrochar e fincar suas raizes; embelezam a vida dos que sabem apreciar suas singularidades; perfumam os espaços…tornam-se raros e desejados.
Viver o amor tem de ser assim, com leveza e maturidade. Longevidade e calma… apreciando o que há de belo no outro e se mostrando à luz do sol, límpido e cristalino, ainda que toda quietude tenha sido construída no fundo de águas argilosas.
Todavia não ser apenas calmaria, mas como a sensação lúbrica que causa o perfume das flores, inebriar e conduzir ao amor lascivo e impetuoso.
Viver o equilíbrio entre mostrar-se e recolher-se, submergir e emergir das aflições com brilho e beleza, permanecer com naturalidade e simplicidade e ao mesmo tempo ser singular… amor com flores, é o cenário perfeito pra viver feliz.
Inversão de valores
Na subida desse morro
Sobe toda essa gente
com a perna arriada
com a alma deprimente
Bem no alto desse morro
muitos já não querem não
ter que descer novamente
pra viver de ilusão
Mas o que tem de tão ruim
lá embaixo desse morro
que faz com que ninguém desça
pra ter que subir de novo?
Muito simples a resposta
hoje é dia de novela
e só tem TV lá em cima
na casa de Dona Maria,
onde a vida é mais bela.
Quem inventou o racismo?
Poderíamos navegar nas mais diversas teses estudadas e levantadas. Poderíamos citar nações que foram subjugadas, poderíamos acusar a má interpretação da teoria da evolução de Darwin, poderíamos dizer que é culpa da involução do homem como espécime, enfim. Várias serão as vertentes que nos levarão aos mais diversos apontamentos sem contudo, chegar a um consenso.
Mas, a resposta é simples. Quem inventou o racismo foi o mesmo ser que nos fez diferentes. Foi o mesmo ser que nos deu livre arbítrio para fazermos nossas escolhas, foi o mesmo ser que permite que pessoas tenham uma visão egoísta, totalmente centrada no eu. Foi o mesmo ser que instalou miséria para muitos e riquezas para poucos. Foi o mesmo ser que permite que boas pessoas sofram e que pessoas más de aproveitem dos prazeres terrenos.
Sim, foi Ele.
E por causa D'ele vivemos um momento em que vejo placas com dizeres: " vidas negras importam". Isso me levanta uma dúvida pois acreditava que a vida de todos é mais importante que sua cor? Tenho muito a aprender.
Se quem nos criou nos fizesse a imagem e semelhança de um único ser, creio que não teríamos problemas com o racismo, afinal todos seriam exatamente iguais.
Como não podemos culpar o criador, pelas mazelas que Ele permite que aconteça, culpamos aquilo que simboliza o que acreditamos ser o símbolo da opressão.
Neste caso recente, que foi um caso isolado, dentre tantos casos violentos que ocorreram no país no mesmo dia. pessoas com monocrática visão se manifestam provocando desordem, dano e espalhando a violência.
Interessante, pois como acreditar que alguém defenda a vida, prejudicando a vida de centenas ou milhares de pessoas?
Não há mérito na desgraça.
Quanto a criação se fossemos feitos pacíficos, não haveria guerras.
Se fossemos feitos honestos, não haveria desonestidade.
Se fossemos feitos humildes, não haveria arrogância.
Se fossemos feitos inteligentes, não haveria ninguém para levar a massa estulta à turba.
Se fossemos seres de luz, não viveríamos na escuridão.
Se você tem coragem se manifeste contra quem o criou. Lute contra ele. Pegue a plaquinha, coloque a bandeira na costa, ou queime ela. Quem sabe ele lhe dará uma resposta. Não, Ele não lhe dará satisfação, pois você na criação é como um nada, menos que um sopro.
Acredite você perante a criação é algo abaixo da linha do ridículo.
Mas, entendendo sua pequenez e não tendo coragem e nem condições, de Julgá-lo ou Criticá-lo, jogue a culpa em alguém, ou em algo. Isso também é prática comum do ser inteligente que se denomina humano. A gasolina está cara, queimem os postos, a comida está ruim, destrua os restaurantes, a vida não está boa, parta dessa. Quem sabe se com essa teoria de caos implantado você viva melhor?
Não concorda com a destruição? Então pare de se lamentar e ficar levantando bandeiras de ódio com interesses obscuros criados por alguém ou alguns.
Larga de ser burro e pare de ser manipulado, aprenda a pensar e pare de replicar. A poucos interessam o caos, e os interesses disfarçados em boas ações e bandeiras humanistas, ao final se transformam em interesses pessoais e capitais.
Lhe culpo, mais uma vez Oh Criador! Por que permitiste que inventássemos o dinheiro? A raiz de todos os males.
Mas, espere. Devagar. Eu estou errado, pois de acordo com as escrituras Deus falou conosco, e deu mandamentos para atingirmos uma vida plena.
E o segundo mandamento diz que você deve amar o próximo como a ti mesmo. Isso acabaria com o racismo. O quinto diz para não matar, isso acabaria com a violência. O sétimo diz para não roubar, isso traria paz e bem viver. O oitavo diz para não levantar falso testemunho, isso acabaria com a falsidade e muitos políticos.
Me perdoe senhor, pois agora o compreendo melhor, foi mal, desculpe aí.
Se não consigo sequer seguir seus mandamentos, como posso ser digno de sua graça.
Aqui esse ser desprezível, com vergonha se despede, mas, agora acreditando que a culpa é do outro, e não dele. Afinal, sou humano e tenho muito a melhorar.
PS: Essa é a desculpa.
Pense e reflita.
Paz e bem.
Ilumine seu dia.
Massako 🐢
So Will I
Amanheceu. O dia sempre fica mais produtivo quando o despertar é de alvorada. Fiz isso: logo cedo, meditei. Deus, perdão, gratidão. Pedi e afirmei. A noite anterior havia sido um tanto curiosa: depois de algum tempo buscando uma pessoa para conversar, alguém totalmente inesperado me procurou. Perdida. Tropeçando em uma centena de anseios, sentimentos e dores que sonha manifestar. Mas ela teme. Teme que, no mundo, não haja espaço para tanto amor e tanta sede de viver tudo aquilo que ainda não pôde. Dividiu alguma frustração comigo e, neste momento, me senti tocado a tentar ajudá-la.
Eu já havia notado, há algum tempo, uma identificação indescritível daquela alma com a minha. E, ali, quatro anos depois, nos conectamos pela primeira vez. Como se aquela conexão fosse algo que sempre existira, de fato. Meu cansaço e algumas das taças de vinho que ela havia tomado, pouco antes, selaram aquele breve ‘até mais tarde’. Ainda que ele não houvesse. Houve reconhecimento, identificação. Não há coisa, no mundo, que me deixe em maior estado de êxtase do que o sentimento com o qual havia ido dormir.
Logo após o café daquela manhã, sentei-me e voltei a buscar algum videoclipe que combinasse com aquele clima, de um sol que briga entre as nuvens, buscando dar alguma esperança ao vigésimo quinto dia de uma quarentena. Este período me fez encontrar uma satisfação inédita em músicas gospel. Talvez por procurar encontrar em Deus, alguma explicação.
É difícil alguém enxergar como normal que um homem de minha estatura tenha a sensibilidade que tenho. Não combina. Mas eu queria ir um pouco além. Entao, Hillsong United – a melhor banda gospel, formada num país que eu inexplicavelmente venero, a Austrália - começa a tocar. Dessa vez, não com a voz de Taya. Foi Benjamin. E “So Will I” tomou conta de mim. Me pôs de joelhos. Despertou-me para todas as maravilhosas criações de Deus.
Toda a beleza, magnitude que as cercam fizeram-me refletir o quão egoísta tenho estado e quão melhor posso ser.
“God of salvation, you chased down my hearth through all my failure and pride”.Chorando ao escrever esses versos num caderno qualquer, ali, eu renascera. E agradeço a você, pequena, por me colocar nessa vibração de ternura; de ter feito com que eu, invariavelmente, chegasse a este momento. “Floresça aonde Deus te plantou”, suspirou-se.
Clamei por perdão com toda a pureza e honestidade que meu coração já ousou sentir. A partir deste momento poderia, finalmente e verdadeiramente, enxergar o quão pequeno sou ou somos, mas o quão grande também posso ou podemos ser, ao exaltar toda Sua maravilhosa criação. Gratidão, Lorde. Gratidão, pequena. Quero continuar reconhecendo-os, um com a benção de outro. Posso servir e ser instrumento de paz divina para muitos propósitos. Eu estou aqui. “If creation still obeys you, So Will I ”…. “You’re the ONE who never leves one behind”.
Se não houvesse o amanhã?
Imagine se você descobrisse que para você, não haverá um amanhã. Como você reagiria?
Embora já tenhamos ouvido esse tipo de pergunta, nossa reflexão sobre ela normalmente é bem rasa.
Isso se dá porque acreditamos que o dia de amanhã virá, e que nada irá parar esse processo. Sentimo-nos quase que imortais, mesmo que a idade pese sobre nossos ombros. Não gostamos de pensar sobre isso, embora a vida seja uma caixinha de surpresas.
Mas, penso também que não gostamos de pensar sobre isso, pelo simples fato de que grande parte da vida é desperdiçada com futilidades, e nem sempre é aproveitada em sua plenitude. E não gostamos de ser confrontados nesse aspecto.
Vivemos em busca de coisas, não de vida.
Construímos coisas, mas, destruímos laços. Perseguimos sonhos, mas, desprezamos a realidade.
Queremos possuir tudo, mas, não levaremos nada.
Não quero que pense que devemos ser levianos, a ponto de abandonarmos tudo e sairmos pelo mundo, abraçando a tudo e a todos , isso também, seria talvez uma irresponsabilidade, a questão não é essa. O desafio é, será que é possível eu ter e ser ao mesmo tempo?
Quantas horas de nossa vida, desperdiçamos destilando veneno? Depois, quanto tempo gastaremos para simplesmente, retirar esse veneno, que nos mesmos ingerimos?
A vida é uma dádiva, qualquer que seja ela. Evolução não é sobre bens, posse, poder. É sobre o quanto o seu ser cresce, e evolui como ser humano.
Que é necessário trabalhar e construir uma vida digna, isso é fato, mas, não podemos nos perder nesse caminho.
Amar, abraçar, viver a vida, realizar seus mimos, derrubar os preconceitos, analisar seus conceitos e suas verdades, se adaptar ao novo, tudo isso faz parte da vida.
Temos pés e não raízes, ou seja, nos temos mobilidade para poder fazer as coisas acontecerem.
Não deixe que no final, só lhe sobre arrependimentos pelo que poderia ter feito ou pelas coisas que fez de errado e não deu tempo para reconciliar.
Antes tenha a certeza, que teve uma vida, repleta de vida.
Como diria uma frase atribuída ao imperador romano Júlio César: Veni, vidi, vice. Que significa: Vim, vi e venci. Pergunto, você veio, você viu, mas, será que você é um vencedor?
Pense nisso. Vença suas fraquezas, se liberte de seus conceitos.
Mude seu comportamento para melhor.
Reflita.
Paz e bem.
Seja luz.
O sol do meio dia beijava-me o corpo ansioso, se existisse a possibilidade de personificação dos elementos da natureza em seres humanos, diria que neste domingo silencioso, o calor dos amarelos raios de sol tentavam confortar-me ao esperar por ele. Observava os carros passarem de forma apressada, sem me importar muito com a vista, era a primeira vez que me encontraria com alguém para um possível sentimento de carinho e afeto após alguns meses (pareciam anos) os quais me senti abandonada, humilhada e insuficiente. Tive meu tempo para a recuperação e também para me sentir uma mulher incrível. Apesar de tudo isso, parte de minha cabeça me dizia coisas terríveis, ainda podia sentir o sabor amargo da secura na garganta, duvidei por uns segundos se tudo sairia bem, afinal, me sentia influenciada por palavras grudadas no passado as quais se me esforçasse poderia me recordar do tom e da cor acinzentada que vinha de um amor do passado.
Uma mão me toca com cuidado nas costas, uma voz soa a seguir receosa, disse-me um oi tão delicado que estranhei de primeira vista tamanho cuidado. Seus olhos sorriam para mim, olhei para trás empurrando duas mechas do meu cabelo atrás da orelha. “Me enganei” penso, mas depois ele me diz o quanto estou linda, os ombros relaxam e me contento ao perceber que em seus elogios não vinham complementos como: mas, falta ou você deveria...
Tudo isso era tão novo e excitante. Ser olhada novamente, estava surpreendendo, estava sendo retribuída. Fomos a uma barraquinha de sorvete. Brincamos de quem pagaria a conta, demos um real cada um por cada sorvete que pedíamos, ele nem sequer olhava para os lados, já eu, lançava olhares para algumas meninas que caminhavam na rua e retornava o olhar a ele que nem sequer notava qualquer outro acontecimento a não ser nosso encontro. Perdi a conta de tantos sabores que me fez experimentar, depois do terceiro, suspeitei que fazia isso só para ver minha expressão a cada novo gosto. Cheios, deitamos nossos corpos na grama quentinha do parque, conversávamos sobre nossos interesses ao som das risadas enérgicas das crianças ao correrem ao redor dos brinquedos.
Demonstrava interesse por todas as minhas histórias e dava loucas ideias para que eu experimentasse ousar. Ainda me sentia tímida, ele percebeu, parecia entender de mulheres. Seus dedos subiram pela minha nuca, fazia-me um carinho vagaroso, tocava em meus cabelos suavemente, como se quase tivesse medo de me tocar, retraí meu maxilar, as bochechas esquentaram como há muito não fazia, ele podia não ser o novo amor da minha vida, afinal, não procurava por aquilo ainda, mas naquele domingo senti as cócegas amortecerem meu corpo e gosto agridoce de um carinho. Como era bom um singelo desejo de uma pessoa de fazer a outra se sentir bem. O fato é que a cada minuto sentia-me cada vez mais mulher, um ser humano digno de prazer e de sentir, de compartilhar e de ser cuidada. Então, respirei fundo e em sincronia sentamos, mas ainda estávamos com os joelhos semi dobrados. Imaginei voltando a adolescência, com ansiedade e uma vergonha pouco infantil, seus olhos castanhos eram iluminados pelo sol em metade de sua face, já que o sol se punha. Sorríamos, pois, sabíamos que estávamos com caras engraçadas e expressões bobas, algo incrível iria acontecer.
A distância entre nós se encurtava, o hálito fresco remetia os vários sorvetes que provamos juntos o que trazia uma sensação de intimidade e comédia, quando em um de repente o qual já esperava e ansiava aconteceu: Seus lábios tocaram os meus, parecia que os meus pulmões só inspiravam antes do beijo, e quase que como aquele alívio reconfortante, meus músculos relaxaram, brisas leves ricocheteavam nossas bochechas em chamas, cada sensação sentíamos juntos, era clichê dizer o quanto parecíamos sermos um só, mas era só o que conseguia pensar no momento. Queria mais, sentia meu peito exigir dele um pouco mais, levantei apressada segurei sua mão e nos acomodamos a uma parede rindo de alegria verdadeira. Puxei sua camiseta para trazê-lo a mim quase sem ar, mas ainda exigindo um pouco mais. Enlaçou seus braços em minha cintura, ficava a cada minuto com mais água na boca, por assim dizer, desejando-o como ele me desejava, a reciprocidade aquecia meu coração e ali permanecemos, não só em carne, um estado de entrega total, seguido de risos e conversas. Fui deixada no ponto de casa, já fazia frio. Nos abraçamos, gostava de moletons, o abraço era mais quentinho e acolhedor. Se o veria de novo, eu não sabia, Arthur, era um nome doce como sua personalidade, o mais importante foi o momento incrível com ele, não se igualaria a nenhum outro, pois era um momento com uma pessoa e nenhuma pessoa é igual a nenhuma outra e ele representava a minha coragem de me permitir sentir de novo, não pensando em futuro e finalmente, esquecendo o passado, deixando pra trás a mulher que não se reconhecia mais e dando lugar a mulher do presente, cheia de oportunidades e possibilidades de adquirir cada vez mais confiança, que sentiu se desejada e digna de ser amada por si e qualquer outro, não importava, naquele dia senti-me confiante para isso. Em um último olhar sorri novamente, já era noite estrelada, cruzamos olhares uma última vez, corremos um para o outro em um beijo estalado, para mim significava uma saudade gostosa de um dia incrível, viramos os dois de costas um para outro, seguimos nosso caminho. Gostaria de prever sua expressão após se virar, tudo isso porque ria silenciosa enquanto seguia meu caminho, com a mão tocando os lábios e um sorriso nostálgico.
Um mundo novo
E de repente,
Algo invisível, intocável, intangível
Nos fez enxergar, refletir, mudar
Mudamos muito, e mudamos rápido
Uma realidade que conhecíamos há tão pouco tempo
Agora está distante, sem chances de retornar
A frase já diz: "não podemos voltar ao normal
pois o normal era exatamente o problema".
Assim, criamos
Novas formas de se relacionar,
Novas formas de se divertir,
Novas formas de aprender,
Novas formas de trabalhar,
Novas formas de sentir,
Novas formas de viver.
A distância, aproximou
A proximidade deixou os laços mais fortes,
Ou os separou.
Abraços não ocorrem
Atos de solidariedade não são com mãos dadas a todo tempo,
Sorrisos não são vistos atrás de máscaras,
Mas os olhos demonstram todo o sentimento.
Notamos que o mundo agora respira, se reabilita
E apesar das pausas, perdas, sonhos postergados
Percebemos o que mais importa:
A vida.
A culpa é da palavra.
Não há nada mais apocalíptico do que o nascimento de uma palavra, para determinar possíveis males.
Me recordo quando na infância, carinhosamente era chamado aos berros pelos meus amigos por alguma alcunha ( Japão, japonês preto, índio) e, da mesma forma, retribuía aos apelidos, distribuindo outros.
Era comum, piadas sobre os diversos gêneros, raças, credos, nacionalidades, enfim.
Qual brasileiro nunca ouviu uma piada de português? Como também era comum, entre os meninos, a guerra de mamonas, o troca-tapas em algumas brincadeiras infantis como um tal de "garrafão". Era tapa para todo lado.
Mas, em determinado momento desta maravilhosa modernidade e evolução social, pessoas se sentindo ofendidas e, achando que esse comportamento era inadequado, fez gestar as palavras: bullying, estresse, depressão.
A partir daí, tudo ficou ofensivo e todos ficaram horrorizados com essas práticas. Destaca-se a hipocrisia do comportamento humano em detrimento a esses temas, como a mais pura qualidade do ser humano. Jornais, revistas, meios de comunicação. Denúncias das mais diversas saltaram ao alvorecer.
Bullyinólogos, estressólogos, depressólogos, mimissólogos. Todos empunhando uma bandeira contra essas ações, agora horrendas. Doentes gerando doença.
Que depressão, estresse, bullying podem levar a uma doença, tendo como resultado a morte, isso pode ocorrer. A exemplo, descobri a pouco tempo que o ovo, que também é um uma pequena parte, produto de amor dos galináceos, faz mal a saúde, parei de comer ovo, depois vi uma pesquisa na qual afirmava que o ovo faz bem, fiquei em dúvida, a dúvida gerou estresse, com medo de comer ou não, o ovo, se necessário ou não à minha saúde, fui parar no psicólogo, e após várias sessões, me encaminhou ao psiquiatra, que disse que eu estava depressivo, e me deu remédios. Graças a Deus, descobriram minha doença.
Falando em doença, que saudade de ouvir a simples palavra: "Virose, é só uma virose". Ou seja, toca o carro, se estragar a gente tenta consertar.
Hoje queremos ter um diagnóstico, um nome. Saímos felizes quando temos um nome de qualquer enfermidade. Eureka, #seiminhadoença.
E falando em eureka, descobriram a pouco que tem um vírus no Brasil desde novembro do ano passado. E que talvez, ele esteja há mais tempo aqui é há mais tempo ainda em outros países. Mas, aí veio alguém, o batizou e disse, você se chamará CORONA VIRUS, ou COVID-19, pronto, armou-se o caos.
Embora Deus no Velho Testamento condene a estultícia, a ignorância as vezes pode ser uma benção.
Pense e reflita.
Paz e bem.
Ilumine seu dia.
Maradona
Ao escutar a notícia de que Maradona havia falecido, não sei se fiquei revoltado ou triste – acho que foi um pouco dos dois (risos). A notícia veio no trabalho, de supetão. Digo isso, pois parecia que o pior já tinha passado. Tanto a cirurgia quanto a recuperação pareciam bem encaminhadas. - Peço até desculpas aos meus amigos de trabalho na época, pois minha reação foi surpreendente até para mim (risos). O ano de 2020 foi de muitos altos e baixos, porém aquela “baixa” nem eu e creio que muitos não esperavam. - Não conseguia aceitar que um ser humano que acabava de cumprir 60 anos falecesse por dois motivos: 1- Hoje há uma possibilidade maior para nós seres humanos vivermos bem mais do que 60 anos; 2- Era o Maradona!
Maradona dispensa introduções. Quem quer que queira escrever/falar sobre Maradona não precisa de introduções. É surreal como o nome Maradona fala por si. Duvidariam da capacidade de alguém com um nome deste calibre? Quando se pronuncia este nome, ecoa sua grandeza. Parece predestinado a suceder. O nome Maradona é originário do latim e significa aquele que vem do mar, isto é, o mar que no planeta terra, é vasto, abundante e necessário para a existência do nosso sistema natural. É um nome forte que soa grandioso/maravilhoso, quase improvável de não ser grande/conhecido. Remete ao tamanho dos nomes de alguns imperadores da Roma antiga.
Que por destino ou coincidência, foi onde anos depois já conhecida como Itália, Maradona teve seu auge máximo por 7 vistosos anos. Um verdadeiro império governado por Maradona em Nápoles. Sua história é tão estupenda que San Gennaro fica em segundo para muitos napolitanos. Período em que novamente por destino ou coincidência - entenda como quiser - Maradona teve o ápice de seu auge na copa de 86 no México onde Pelé também teve sua melhor performance em copas na de 70 com o famoso esquadrão. Dois dos maiores e melhores da história que causam debates eternos dando tudo de si no mesmo solo. Sorte a do México!
Maradona é talvez o personagem mais romântico do futebol! É impressionante como o personagem Maradona transborda romantismo. É algo totalmente transcendente. Os pontos são diversos. Pare e pense. O que normalmente se tem em um belo romance? Música, dança, momentos intensos/marcantes, erros, acertos, entre outros. Bom, Maradona tem todos eles e mais. Maradona é argentino, seu idioma materno é o espanhol - conhecido como um dos cinco idiomas mais belos/românticos do mundo (espanhol, português, francês, romeno e italiano) -, o tango, que é uma das danças mais “quentes”, é muito popular na Argentina. Maradona acertou como muitos e errou como poucos. Teve tantos momentos marcantes que não seria absurdo dizer que o próprio criou um nível particular. Em uma escala de intensidade, hoje, há o “nível Maradona”. Maradona sempre foi muito intenso em tudo o que fez, inclusive nos erros, porém seus defeitos humanizavam o personagem e tornavam-o ainda mais glorificado como um Deus e até religião – que tem mais devotos fiéis que em muitas outras.
Maradona é tão absurdo/bizarro que dizem que política, religião e futebol “não” se discutem, porém Maradona - e tinha que ser ele - o fez e sem pudor algum. El pibe de oro é Deus, Imperador de Nápoles, música, religião, irreverente, extravagante - tudo de mais, nunca de menos - tão surreal que chega a ser quase utópico, porém no fim provou que era humano acima de tudo como todos nós. Esse foi, é e sempre será o homem da mão de Deus, Diego Armando Maradona.
Dia do Escritor
[...] A gente começa a escrever por que não pode ou não consegue falar, continua escrevendo por que não quer se calar, daí se percebe escrevendo por que internamente os monstros estão grandes demais, incontroláveis e impassíveis, eles se tornam verdadeiros devoradores de silêncios que nos consomem dia após dia vorazmente.