Crônicas

Cerca de 771 crônicas

Povo de Fé

A gente nunca deveria discutir religião. Não. Religião a gente deveria apenas sentir. Ou bate ou não bate.
Temos muita sorte. Muita! Quer ver? Te conto.
Iniciamos o ano, logo no primeiro dia, 1º de janeiro, e o que temos? Dia de todos os santos. Quer exemplo mais democrático? Está todo mundo homenageado e não se fala mais no assunto!
Dezenove dias depois, comemoramos São Sebastião, que, não sendo bobo nem nada, é logo o padroeiro do Rio de Janeiro. Levou flechada, mas levou a melhor, vamos combinar.
Chegamos a dois de fevereiro. Sem controvérsias. Vamos comemorar Iemanjá. Afinal, um litoral imenso desses não poderia ficar sem uma musa inspiradora. Até Caymmi se rendeu aos seus encantos. Seria eu a desacreditar? Jamais. Me rendo, e com louvor.
Na luta diária pedimos clemência à exploração de cada dia e que ninguém negue: é preciso ser guerreiro para enfrentar o trânsito, o caos, a violência, o desamor, as fraudes morais, a falta de grana, então, chega mais Jorge, 23 de abril é aguardado para berrarmos nosso potencial guerreiro e irmos à luta com alguém que nos apadrinhe. Esperamos por você ansiosamente!
Para um povo amoroso não poderia faltar, é claro, uma esperança, então, Antônio entra em cena dia 13 de junho e faz a festa. Ufa! Resta alguma esperança aos encalhados de plantão. O coitado ainda se sujeita a ficar afogado, de cabeça pra baixo. Uma baixaria o que se faz com o coitadinho!
Dias depois, Pedro, que de bobo não tem nada, não foi à toa que ficou com as chaves do céu, antes de fechar o mês faz a sua festa. Comemoramos o dia das crianças, dos adultos, dos avós, da árvore, de Nossa Senhora.
O que buscamos mesmo é "alguma alma mesmo que penada, que empreste suas penas" quando não sentimos mais amor, nem dor, nem nada.
Só nos recusamos a perder a fé!

Inserida por Beatriz1219

Quando o limite passa da gente

Dizem os antigos que, para tudo, há um limite. Sim. É verdade.
Entretanto, para cada limite há "uma gente".
Há pessoas que se regozijam em se exceder nos seus limites.
Há os que são ilimitados na comida, no álcool, no tabaco, nas grifes, nos antidepressivos, nas drogas ilícitas, mas existe uma categoria que extrapola todas as outras: a de gente que é ilimitada na falta de limite.
Exercer a falta de limite do outro parece situação de estranha manifestação de autoafirmação. Se confirmam e reafirmam no momento em que alguém é testado e não passa no teste. Ou seja, se contrapõe à falta de limite e margeia a situação através do próprio senso do que seja limite, através de seus critérios, pondo fim ao que lhe era imposto goela abaixo.
Essa gente não se esquece dos seus limites. Simplesmente não aceita a opressão para satisfazer o senso ilimitado de falta de caráter de alguém.
Sim, estou convicta de que excesso de falta de limite, o sujeito dolosamente ilimitado, padece de ausência de caráter. Acostumou-se a não ter respostas à altura de seus excessos. E aqui, obviamente, não há referência aos quimicamente doentes, mas, sim, e bem frisado, aos emocionalmente ilimitados na sua ausência de respeito ao limite alheio.
Há pessoas que extraem o que há de melhor nas outras.
Há outras, entretanto, que se empenham em despertar o que há de pior.
E o despertar do pior, na maioria das vezes, pega o folgado de surpresa e o faz perceber que o freio para sua falta de bom senso recai sobre um espancamento no seu caráter através do limite que nunca lhe foi apresentado.
Mas a vida sempre cuida das apresentações. E como cuida.

Inserida por Beatriz1219

É preciso requalificar

É preciso requalificar, a cada dia, a nossa posição no mundo.
É preciso buscar com afinco e afeto nossa ressignificação.
Nossa hospedagem no mundo deve ser a de hóspedes esforçados por explorar todas as possibilidades.
Faz-se necessário abrir espaço para as nuances de cada pensamento, equilibrando os pratos da balança. Todos os pratos. De todas as balanças.
A credibilidade na condição de adulto nunca será concretizada.
Ser adulto é um exercício diário e difícil.

Inserida por Beatriz1219

O trabalho que (não) dá ser gente-metade

Tenho uma espécie de admiração e desprezo - tudo meio junto - por quem consegue ser "gente-metade".
Gente-metade põe o pé no mar na pontinha dos dedos, só para ver se água está fria. Se estiver, geralmente, prefere o chuveiro. Para essa gente, até o mar lhes causa aflição.
Tudo o que é grande lhes amedronta. Do mar à gente. Gente-metade não faz distinção.
Quando chove, muito insiste em acreditar que debaixo daquela parafernália pequena e inútil, nenhuma gota d'água lhe atingirá.
Brigam com os fatos como quem determina com poder os acontecimentos.
Gente-metade sente dor por etapas.
Primeiro sente pouquinho, depois diz o que sente aos pouquinhos e depois sente muito mais do que diz, aos pouquinhos.
Gente-metade tem um privilégio: já nasce pronta.
Gente inteira, não.
Gente inteira é sempre quase inteira. Quase pronta.
Gente inteira está sempre buscando se inteirar.
Gente inteira está sempre em construção.
Gente inteira precisa sempre de mais obras para se edificar.

Inserida por Beatriz1219

Meu vizinho distante!
Tão próximo e tão distante ao mesmo tempo. Como pode? Pode sim! Meu vizinho! Ele demonstra ser uma pessoa boa, sei muito sobre a vida dele. Sei que gosta de dançar, pois faz parte de um grupo de dança e já o vi se apresentando, sabe dirigir e guiar moto, sempre que o vejo sai um sorriso largo, apenas. Sem nem um monossilábico. É de boa aparência, já foi casado, eu acho, vejo-o sempre com outras mulheres, tudo isso são as redes sociais as fuxiqueiras. Perguntem-me se já nos falamos, se já sentamos na calçada, costume raro, mas que ainda é possível em determinados bairros no interior, se já fui a casa dele ou vice-versa, se ao menos demos boas-vindas verbalmente um ao outro...N Ã O, NÃO!
Somos vizinhos distantes. Não há aquelas coisas triviais que se espera do morador ao lado, infelizmente!, o mundo de hoje está mais para separar que unir, já não existem vizinhos como antigamente, aqueles os quais você poderia contar com um copo de açúcar, uma ferramenta, enfim, hoje somos presos em nossas próprias casas e não temos tempo nem de nos cumprimentarmos.
Não nos permitimos conhecer um ao outro, nem mesmo necessitar um do outro, aí está um protótipo das relações humanas das grandes metrópoles que hoje atinge o interior, escravizando-nos do tempo, esquivando-nos do contato com as pessoas e tornando-nos cada vez mais distantes, mesmo sendo vizinhos!

Inserida por FlaviaMariaRamalho

Você refaz planos, anula alguns sonhos e se importa até perceber que a outra parte é egoísta... E muito difícil lidar com alguém que não tem a humildade de assumir seus erros, que não sabe pedir desculpas e tudo o que tem na alma são ofensas. Cara, é muito difícil mesmo. Vou pelo caminho mais fácil, adeus.
E a vida continua... Sempre continua.

Inserida por AlessandraBenete

Trabalho ou emprego?
Duas palavras que para mim não fazem muita diferença , embora digam que há( sentido materialista e sentindo abstrato).Mas quem as distinguem ,concordam com a acepção: maneira de prover a subsistência. Bem, aí onde quero chegar! O trabalho ou emprego, como prefiram utilizar em seu contexto, estar inerente a capacidades das pessoas realizá-los, seja de forma intelectual, braçal, fácil ou difícil. Incrível como a sociedade não compreende , nem valoriza o trabalho “abstrato” , digamos assim, aquele que você não pega, como as ideias , o conhecimento do outro, o tempo. É tão simples pedir: ei faz isso pra mim, mas pagar... recentemente, necessitei que uma enfermeira aplicasse um soro e paguei pelo serviço dela(maravilhoso), falaram: poxa, tu não tem uma amiga para fazer isso?. Assim, meus amigos são profissionais de diversas áreas , e agora? não precisarei pagá-los? então, somente os desconhecidos, inimigos que temos que remunerar? inevitável ,reconhecer o trabalho, o emprego, o ofício, o serviço, a função ou cargo que esse cidadão escolheu , aprendeu, desenvolveu, nasceu sabendo; é isso! Aplicar medicamentos, ensinar, cantar, fotografar, escrever, cozinhar, consertar, dirigir, costurar, pintar, limpar, passar, carregar e mais... não posso querer que “façam favor” trabalhem gratuitamente, o porquê? são meus amigos? conhecidos? não precisam?...sou amiga do padeiro e nem por isso, ganho pão todo dia, preciso trabalhar , empregar meu ofício para ganhar o pão de cada dia!
*Nota da autora: Não é desabafo!

Inserida por FlaviaMariaRamalho

Falta do que fazer
Chegando a uma loja, um homem reclamava desse tal de pokémon, (tal porque não sei nem o que é). Eu que até então desconhecia como funciona e que epidemia é essa que levou aos noticiários, rede sociais terem como pauta esse jogo .
Foi quando de uma maneira debochada, ele me explicou:
- Minha filha, um bicho que é indicado por satélite a quem tem androide no celular, você baixa o aplicativo e sai a procura com um mapa que lhe é enviado.
Eu perguntei:
- E ganha o quê?
- Ele disse sarcasticamente:
- Atropelamento, roubo, tropeço, perda de tempo, até a morte, sabia?
Fiquei abismada com tamanha descrição horripilante.
Ele continuou contando casos os quais ocasionaram vítimas fatais; creio que é verdade, pois um jogo capaz de alienar o mundo. Por fim, ele ainda disse com tamanha revolta:
- Uma mulher carregar um bebê por nove meses pra ele terminar assim... demente.
Calma, jogadores, estou descrevendo um fato , não afirmando que admiradores, adeptos a esse passatempo são dementes, como tudo na vida; há o lado BOM e o RUIM.A invenção é louvável: amenizar com o sedentarismo; pessoas interagirem; pacientes hospitalizados movimentarem; mas... o efeito foi distorcido. Vê-se cidadãos cabisbaixos sem interagirem, sendo roubados , atropelados e acidentados.
O que não admite discussão, por ser evidente, é que o que ultrapassa o limite é veneno! A importância que se dão a esse brinquedo estar trazendo consequências, cujos resultados são imprudências. Como essa diversão não estar perto de acabar (dizem!) , aja moderação e seu real objetivo seja cumprindo, senão teremos uma parcela de indivíduos prestes a serem taxados de desocupados doidivanas.

Inserida por FlaviaMariaRamalho

Há um jeito de encontrar um pleito bom
Leito surreal, isso traz consigo a ironia preconceituosa
Há casos em que os réus são mais heróis do que você que mente ao céu
Dizendo não merecer um mundo mal
Isso me corta a alma
Aonde eu quero ir há um mundo que espelha-me e ouve-me
Para o impacto da verdade derradeira eu quero o freio e para o mundo eu grito "love me"

Tudo igual, receio e Não
"Sou" a voz que traz o mal
Right now, isso me cospe o mal insano e vira Rock ideal

__De onde você vêm?
__Qual é o valor que têm?
__Se tá na "merda" que "merda" você faz pra ter o bem?
Há um ideal que trouxe-me pela contramão
Diz alguém no som que faz, "o amor é mais", da boca sai hipocrisia de forma clássica
Ao ideal meu feeling pela contramão

Esse "monstro" vai despir só os pontos vitais
Quais são vitais?
Sou só "criança" que vai longe até demais

Tudo igual, receia ao Não
"Sou" a voz que traz o mal
Eu tentei esquecer-me da dor por não ter dito muito mais.

Inserida por lindsonfernandes

A vida que vc quer.
Nesta era, abrenúncio! Nem sei se essa seria a expressão correta para iniciar este texto. Bem, na pós-modernidade em que os fatos e acontecimentos ocorrem simultaneamente tão rápidos como um piscar de olhos, assim são as relações humanas: poucas, raras, inseguras e virtuais...fatos levam a essa comprovação.
Conhecido por todos, nas redes sociais há muita curtição, sem ao menos diferenciarem o sentido de CURTIR; saem clicando, perdendo a noção das relações pessoais, muitas vezes sem nem analisarem o conteúdo, mas sim, quem postou, será merecedor do click, atitudes que se pode observar de total desconhecimento e fingimento, conforme disse Fernando Pessoa “Finge tão completamente”. Assim, são também os relacionamentos familiares, cujas palavras melífluas são digitadas, descritas para leitura dos internautas, (você jura que são sinceras), pode até serem, mas no lar?, relacionamentos conjugais, irmandades, pais e filhos, nem se quer um aperto de mão! Um diálogo, total indiferença! Assim também são as amizades, uma aberração – minha amiga- meu seguidor- no entanto, quando se encontram por um instante, frente a frente, são dois estranhos, aniversário? Banalizou-se!, tem que ter aquela tradicional foto com a legenda: hoje o dia é dele(a) blá, blá, blá... mas como? Se ambos conhecem a vida um do outro, se ambos CURTEM um ao outro; seria mais fingimento?
Enfim, essa vida virtual, a preocupação imediata é a pose, o selfie perfeito, o que vão pensar, quantos gostos terá aquela imagem real ou fictícia, pois rede social é a vida que se quer, mas não a vida que se tem.

Inserida por FlaviaMariaRamalho

Ser avó e avô

Ser avó e avô é ser um segundo pai e uma segunda mãe. É reviver experiências do passado é ver-se entre fazes que se sucedem.
Há um dos dez mandamentos, o quarto, que diz: Honrar pai e mãe! vou além, valoriza teus avós mesmo na velhice, para então, eternizar momentos.
Talvez não haja martírio maior que o desencontro entre pensamentos, o exílio, se asilar internamente nessa casa de repouso chamada corpo.
Eles são igualmente hoje o que você será amanhã, dependente do amor e do carinho dos filhos. É ai que nos tornamos pais de nossos avôs.
Perdoe-os pelas suas escorregadas, pelos seus lapsos, pelos seus desencontros e gafes em hora imprópria.
É nessa hora que voltamos a ser criança. É nessa hora que vivemos uma vez mais a inocência perdida há muito tempo.
Avós são celeiros de sabedoria. São uma enciclopédia a céu aberto, longe da virtualidade, longe da realidade atual. São nosso museu de raridades particular.
Avós são nosso único elo com o passado distante, décadas que não voltam. São exímios contadores de causos e histórias.
São o abraço terno, colo quente, o riso mais doce, palavra e conforto insubstituíveis. Se os pais são nossos professores, eles são nossos conselheiros.
Substitutos de nossos pais, diante de sua ausência. Nosso segundo porto, nossa segunda casa. Nossa garantia estendida.
São aqueles que nos aconselham sem nada cobrar, sem nada exigir, senão, a reciprocidade entre amores de sangue.
São nosso confessionário e confidentes. Não nos julgam, nem castigam, mas sim, nos mostram o caminho da verdade.
São nossos eternos cúmplices, parceiros, amigos e companheiros a qualquer hora e tempo sem medir esforços.
Pois, aos seus olhos seremos sempre crianças, a sua infância viva, o seu atestado de lucidez, a prova da sua jovialidade.
Orgulhe-se desse título: Neto! Pois, ser neto é ser duas vezes filho. E ser avô e avó é ser abençoado em dobro.
É ser duas vezes pai e mãe!

Inserida por leandromacielcortes

O que se salva?

Confiava cegamente neles. Aí aprendi o Braille.

“De tanto ver triunfar as nulidades”, exclamou Ruy Barbosa por volta de 1914, “...o homem chega a desanimar da virtude”. Naquela época, como hoje, o desânimo se justificava, dizem. Será? Para quem a tarefa de endireitar o mundo parece excessivamente aborrecida, resta o consolo de entender que o que puder ser salvo, um dia, o será. Dito de outra maneira: Se estiver confuso, confunda os demais e ganhe tempo. Sobretudo, jamais interpele os impostores. Para quê? A credulidade substitui a contestação; o fraco andará a reboque de conceitos que não entende, sempre disposto a amaldiçoar uma verdade em conflito com a crença que acabaram de lhe instilar. O ingênuo contemplará boquiaberto o espetáculo que lhe é oferecido. Existe justificativa melhor para os chamados showmícios? Nada como a estridência de um espetáculo para determinar uma opção política. Um espetáculo de ópera-bufa protagonizado por um candidato comunicador e pronto, muda o destino de um país. A tal consciência política tira férias remuneradas, para em seguida se indignar com uma escolha desastrada.

Isso só acontece na Namíbia, aquele país tão limpinho que não parece África, já que por aqui, os showmícios foram eliminados.

Exigir algo de meros títeres subordinados aos próprios instintos, é um pensamento utópico e, sobretudo, indigesto, já que a injustiça jamais se limitou a gerar um filho único. Quanto à justiça, ela é cega por definição.

Importante é deixar sempre um espaço para um recuo, que permita contemplar o todo hostil com um sorriso, mesmo com o risco de saber que a qualquer momento, poderá virar um ricto. O segredo, se é que existe, é tocar sempre com a ponta dos dedos, roçar sem o compromisso de aprofundar-se, sem provocar a alergia à verdade daqueles que dela se proclamam donos. Ressaltar o mal, que se esconde atrás de argumentos traiçoeiros, é, seguramente, uma armadilha ao nosso comodismo, a ser cuidadosamente evitada.

Visto assim, tudo passa a ser mero objeto de escárnio. Não há mais o risco de tombar empunhando a bandeira de um ideal com seu prazo de validade vencido. Aos que imaginam ser esse um caminho para a superficialidade, para a alienação, termo abusivamente presente em debates acalorados, Pascal retrucaria ser importante ter um pouco de tudo e não tudo de alguma coisa. Não é uma receita de vida nem um convite ao alheamento e sim, uma forma menos tensa de examinar o palco da existência, no qual um detalhe irrelevante pode arruinar o mais ambicioso projeto, um toque inoportuno de celular consegue dissipar a aura de um momento mágico, onde, finalmente, ídolos adquirem essa condição, enquanto iluminados pelo jogo de luzes de um diretor experiente, para se desintegrar quando baixa a cortina. O “para sempre” dura no máximo até o fenecer da estéril paixão.

Indiferente a reflexões desse jaez, a sociedade se encarrega de ignorar a imagem tétrica do relógio sem ponteiros de “Morangos silvestres”, soterrada pelo advento de inexpressivos relógios digitais. O diálogo encontrou substituto digno no discurso vazio, sem contestação possível, a arenga insossa do “vender o peixe”. Tão compacta é a fala que rege a sociedade, que não há espaço para discussão. Aforismos sem valor, e não vale a pena enumerá-los, passam a governar as mentes. Contestar? Por acaso existe a certeza – e se existe, onde é que ela fixou residência? Deve estar perdida entre a teia de Penélope e o vão esforço de Sísifo, entre o ardil e a sentença.

Levar a sério a realidade? Melhor dirigir-lhe um olhar zombeteiro. Será essa a desforra. A pretexto de estarmos vivendo intensamente determinado momento, não faz sentido afirmar ser determinado instante mais importante do que outro. Não há mais nada de excepcional, inexistem encruzilhadas históricas, a não ser para nós mesmos. Se houver alguma perspectiva inebriante, bastará um olhar irônico para demolir qualquer arcabouço ou dogma, para transformar em bagatela ao invés de sofrer por conta de males, cuja cura teima em fugir à sabedoria. O caniço pensante precisa, com urgência, aprender a dar de ombros.

Nossa jornada é apenas o atalho para descobrir, algo tardiamente, a inutilidade de ser sério. Os mais nobres sentimentos abdicam da sua solidão majestática ao chocarem-se com o trivial. Entre sermos inconsoláveis cassandras, ou torcer pelo fracasso das nulidades, manter o sorriso é uma medida de sobrevivência. Saída poética, talvez, já que sem sermos poetas, saberemos ser fingidores. Ante a falta de pudor do político, o sorriso do sábio. Isso não irá mudar algo, mas se não é a solução, proporcionará pelo menos um agradável fim de semana, sabendo que o Febeapá do saudoso Ruy Porto possui ainda várias páginas em branco.

E as nulidades? Bem, quantos têm na ponta da língua o nome de quem derrotou Ruy Barbosa, nas urnas? Eis a resposta definitiva, ainda que disfarçada de pergunta.

Inserida por celsocolunista

Cão vadio em Noite de Natal

as pessoas passam sem se cumprimentar. o céu é o mesmo, estrelas espelhadas e uma lua. Volta o cão vadio e deita-se em canto qualquer pois todo canto é um novo e pobre santo que se deve respeitar. ninguém o ver e quando enxerga é apenas um cão vadio em noite de natal. uma lágrima corre pelos cantos dos olhos e chora sua dor, e cachorro chora? sente dor? se ainda existir amor, existe um cão vadio em noite de natal a espera de alguém, que não sabe se vai chegar.

Inserida por gnpoesia

Cão vadio em Noite de Natal

as pessoas passam sem se cumprimentar. o céu é o mesmo, estrelas espelhadas e uma lua. Volta o cão vadio e deita-se em canto qualquer pois todo canto é um novo e pobre santo que se deve respeitar. ninguém o ver e quando enxerga é apenas um cão vadio em noite de natal. uma lágrima corre pelos cantos dos olhos e chora sua dor, e cachorro chora? sente dor? se ainda existir amor, existe um cão vadio em noite de natal a espera de alguém, que não sabe se vai chegar.

Inserida por gnpoesia

Balaio de pensamentos (corrupção)

É que a gente dificilmente para e pensa nos detalhes abstratos que compõem os pensamentos. Mas é muito difícil pisar no presente sem tocar no passado e no futuro, numa quase imperceptível simultaneidade... Tudo bem, amigo leitor... Não precisa insistir no teste de pensar só no presente porque dá fadiga. E não me abandone justo agora, pois a linha desta prosa não é filosófica, enfadonha. É real.
Por falar em realidade, até quando o sistema de execução penal vai continuar apenas puxando a orelha dos menores bandidos, que cedo se unem aos bárbaros urbanos, roubando, arrastando gatilhos, destruindo vidas, extinguindo sonhos... (Resposta: melhor manter acesa a chama da esperança, para que não prevaleçam somente as labaredas do medo e da incerteza, consumindo dia após noite o simbólico direito de ir e vir – já que não se sabe se vem quem foi, e não se sabe se vai quem deixar para ir amanhã...)
Vamos pensar. Diga não ao pessimismo! Não às drogas! Não à violência! Não à discriminação! Não à corrupção! Isso, não à corrupção com toda a força do nosso querer!
Por falar em corrupção, será que é tão difícil para um corrupto dizer não?... Até porque o sujeito corrupto nunca é chamado de sujeito pela Justiça – e ele não se sujeita a nada. Nem ao povo nem aos enferrujados códigos penais. (Aliás, é ilusório esperar a execução da lei sobre bandidos engravatados, se esta não funciona com os demais: os que fazem uso de arma branca ou preta, calibrada para tirar o que é do próximo, grosso modo, e que são invariavelmente pessimistas por não enxergarem mais o valor da vida.) Diga-se de passagem, é intrigante a semelhança entre o dinheiro público e a droga. Ora, pois o corrupto que mete a mão em verba se entorpece, torna-se viciado em verbas... Não quer mais largar, parar. (Parar pra quê? Pra que parar? Dane-se o povo! Isso sim que eles querem.)
Os brasileiros estão sentindo na pele e na alma os estragos causados pela roubalheira desde o primeiro escalão do governo. E esse ano tem de tudo, minha gente, cuidado... Muito cuidado nessa hora. Tem Carnaval, Páscoa, Dia das Mães, dos Pais. Tem Olimpíadas no Brasil... E, cuidado, minha gente, tem Eleições Municipais... E tem corrupto por aí querendo te pegar! Mas o voto ainda está em suas mãos, use-o conscientemente. Não deixe a porta aberta. Cuidado, consciência. Sorte.
Para finalizar a prosa e eu finalmente poder almoçar nesta tarde ensolarada de quarta, 6 de janeiro de 2016, sugiro a todos muita cautela e esperança o ano inteiro. Paz. Deus é maior. Vai dar certo.

Edder Alexandre é jornalista e escritor, autor do romance Silêncio na Marcha – O Drama do Homem na Ponte do Milagre; também escreveu o infantojuvenil As Gêmeas de Getsêmani

Inserida por Edderalexandre

O QUE É SER MULHER?
Certo dia, ouvi uma definição do que seja mulher...O QUE É SER MULHER? - Ser mulher é ser invejosa! resposta exata, sem arrodeios. Parei para refletir esta definição. E o quão ela tem sentido, pois, o povo já diz: - bicho invejoso é a mulher, está sempre copiando a outra, a roupa, a bolsa, a maquiagem, a bijuteria e uma das maiores preocupações das mulheres ao saírem é o que as outras vão achar. Não encarem esse adjetivo de forma pejorativa, embora o seja. Mas sim, invejosa equivalente à provocação que ambas causam uma nas outras, incitando a frase sabida de todos : - Vou comprar! Cômico, se por trás não existisse o desejo veemente de possuir o alheio, carregado muitas vezes de maldade, como diria minha Vó: – Olho gordo, no qual traz toda negatividade capaz de atrapalhar, quebrar o objeto ou até mesmo tornar a vítima enferma, quiçá a morte, já ouvi: - A inveja foi tanta que adoeceu e morreu. Mas, isso é outra história ou narrativas populares de quebranto. Aqui, o assunto é a definição mais verossímil da mulher e atrelada a essa, há mais uma explicação que me chamou atenção, a de um aluno do ensino médio, em uma aula por data 08 de março, Dia da Mulher, enquanto os alunos parabenizando todas as colegas, ousaram algumas definições conotativas e denotativas, quando foi então, que uma me pôs a refletir, diria que a melhor, porque foi a mais sincera na ocasião. Essa preciso contar minuciosamente. O estudante respirou profundamente, buscando a representação fiel de suas palavras e disse: - Não sei o que é mulher, mas sei, que ela que faz o homem chorar! Logo, conclui-se que a mulher é invejosa e é o único ser capaz de fazer o homem chorar.

Inserida por FlaviaMariaRamalho

Todo crítico no fundo é um pouco ou muito infeliz de alguma forma. A felicidade alheia sempre incomoda aqueles que dela são privados ou se negam a conviver com ela.
O crítico é no fundo um egoísta insatisfeito com a própria vida que leva.
Ele critica a roupa que o outro veste, o modo como se portam as pessoas, o modo como falam, o que comem o que possuem e o que não possuem. O que fazem e o que não fazem.
O crítico não anseia por uma convivência pacifica é um e esfomeado com ânsia de denegrir a imagem do outro. É um eterno fanfarrão que fala o que quer e por vezes ouve o que não quer.

Inserida por leandromacielcortes

Lixo no chão, você é a prova disso!
Calma, não vou plagiar Marília Mendonça. Usei apenas o título a fim de chamar atenção para o texto (sortilégio). Se a maioria colocasse o que vou expressar em prática tão rápido como aprende a letra das músicas dela, seria um feito extraordinário. Então. Não tenho mania de limpeza. Mas tenho tique nervoso quando jogam lixo no chão. Tenho vontade... não sei de que. Assim... principalmente se for em ambientes educacionais, bem contraditório, embora se fale tanto sobre meio ambiente, consciência ambiental, reciclagem, estudantes desinformados poderiam fingir educação e colocar o lixo no lixo. E concursos públicos, Enem, vestibulares, concurso até para altíssimos cargos responsáveis em prestar serviços públicos à população. Já observaram? Vejam como fica o ambiente ou próximo a ele. Alguns mal-educados usam desculpas esfarrapadas dizendo: “Não tem lixeira.”
Sempre em grandes eventos observo o descuido com o meio ambiente, a falta de consciência mesmo, educação, amor ao planeta. Seria o caso dos organizadores alertarem a cada três palavras: "Genteeeee, não joguem lixo no chão."
Como também, sugiro que se acrescente nas novenas, missas, encontros religiosos: "Ide em paz e o Senhor vos acompanhe! Se não jogarem lixo na rua."
Sério! O telejornal poderia terminar assim: "Boa Noite, não joguem lixo no chão." E na bodega, bar, restaurante, loja: "Obrigado, volte sempre e não jogue lixo no chão."
Insistência, para nossas crianças não serem futuras porcalhonas de amanhã, é possível através de ações básicas, pedir o papel quando a criança abrir uma embalagem, porque os resíduos não vão parar ali sozinhos. No estar escrito que Deus criou o mundo, fazendo nossa parte, acrescentaremos e construiremos, ainda que infelizmente a maioria teime em jogar lixo no chão e dormir com a consciência tranquila. Mas eu não! Deus tá vendo. LIXO, eu não serei prova disso!

Inserida por FlaviaMariaRamalho

QUANDO VOCÊ FECHA OS OLHO


Quando molhamos o rosto
Quando o secamos
Quando passamos shampoo
Quando dormimos
Fechar os olhos não é seguro

Com os olhos fechados
Não da pra saber
Se Ele estão perto
Ele não pode chegar perto
Fechar os olhos não é seguro

Ele vive na escuridão
De nossas mentes
Não depende de mais ninguém
Mante-lo longe de você mesmo
Fechar os olhos não é seguro

A cada piscada
Ele chega mais e mais perto
Até o momento
Em que Ele te alcançará
E o que Ele fará?
Isso depende do quão escura
Seus olhos conseguem deixar a sua imaginação

Tudo que você precisa fazer
É manter seus olhos bem abertos
Porque...

Fechar os olhos não é seguro

Inserida por GustaAraujo

A primeira vez

A primeira vez é sempre mais gostosa. É sempre a mais doce. A primeira vez é de fato inesquecível.
O romper de lacres. O andar de bicicleta. O primeiro beijo. O estourar do champanhe. Os primeiros passos.
O primeiro amor. As primeiras alegrias. As primeiras dores do parto. As primeiras lágrimas. Os primeiros sorrisos.
As primeiras conquistas. O primeiro salário. A primeira viagem.As primeiras dores de um fim.
Não há uma ordem, apenas desordem na primeira vez. A ânsia pelo acerto, o nervosismo pela estréia que nunca chega.
A primeira vez de um principiante, de uma debutante. A primeira vez que não volta, sempre tem cheiro e essência de amor.
É só adrenalina. Êxtase puro. Felicidade que se abre em risos, espasmos de alegria. É viver entre eternas descobertas.
A primeira vez pode duras alguns segundos, uma hora, uma noite, uma selfie em um flash, um poema, uma poesia.
Pode durar um capítulo, um parágrafo, uma linha, uma frase. Pode ser um ponto final. O início, reticências, pode durar uma eternidade.
A primeira vez sempre tem um gosto passageiro. A primeira vez é sempre a mais bonita. Não há arrependimentos, mas o desejo pelo bis.
A primeira vez é o apogeu. É mutação, o transformar, mudar de fases, descobertas e histórias. É o dia em que ele deixa de ser um principiante e vira homem.
É o dia em que ela perde o selo de aprendiz, transcende mundos e se descobre mulher. É uma lua de mel antecipada.
É o encontro com a maturidade e o desencontro com a infância. É tornar-se adulto e romper laços com a inocência.
A primeira vez. A primeira prova. Os primeiros erros. Os primeiros acertos. Não há professores, mas sim, aprendizes.
A primeira vez, quando consumada a gente nunca esquece!
A primeira vez é genuinamente única e especial.

Inserida por leandromacielcortes