Crônicas
O QUE É SER MULHER?
Certo dia, ouvi uma definição do que seja mulher...O QUE É SER MULHER? - Ser mulher é ser invejosa! resposta exata, sem arrodeios. Parei para refletir esta definição. E o quão ela tem sentido, pois, o povo já diz: - bicho invejoso é a mulher, está sempre copiando a outra, a roupa, a bolsa, a maquiagem, a bijuteria e uma das maiores preocupações das mulheres ao saírem é o que as outras vão achar. Não encarem esse adjetivo de forma pejorativa, embora o seja. Mas sim, invejosa equivalente à provocação que ambas causam uma nas outras, incitando a frase sabida de todos : - Vou comprar! Cômico, se por trás não existisse o desejo veemente de possuir o alheio, carregado muitas vezes de maldade, como diria minha Vó: – Olho gordo, no qual traz toda negatividade capaz de atrapalhar, quebrar o objeto ou até mesmo tornar a vítima enferma, quiçá a morte, já ouvi: - A inveja foi tanta que adoeceu e morreu. Mas, isso é outra história ou narrativas populares de quebranto. Aqui, o assunto é a definição mais verossímil da mulher e atrelada a essa, há mais uma explicação que me chamou atenção, a de um aluno do ensino médio, em uma aula por data 08 de março, Dia da Mulher, enquanto os alunos parabenizando todas as colegas, ousaram algumas definições conotativas e denotativas, quando foi então, que uma me pôs a refletir, diria que a melhor, porque foi a mais sincera na ocasião. Essa preciso contar minuciosamente. O estudante respirou profundamente, buscando a representação fiel de suas palavras e disse: - Não sei o que é mulher, mas sei, que ela que faz o homem chorar! Logo, conclui-se que a mulher é invejosa e é o único ser capaz de fazer o homem chorar.
Todo crítico no fundo é um pouco ou muito infeliz de alguma forma. A felicidade alheia sempre incomoda aqueles que dela são privados ou se negam a conviver com ela.
O crítico é no fundo um egoísta insatisfeito com a própria vida que leva.
Ele critica a roupa que o outro veste, o modo como se portam as pessoas, o modo como falam, o que comem o que possuem e o que não possuem. O que fazem e o que não fazem.
O crítico não anseia por uma convivência pacifica é um e esfomeado com ânsia de denegrir a imagem do outro. É um eterno fanfarrão que fala o que quer e por vezes ouve o que não quer.
Lixo no chão, você é a prova disso!
Calma, não vou plagiar Marília Mendonça. Usei apenas o título a fim de chamar atenção para o texto (sortilégio). Se a maioria colocasse o que vou expressar em prática tão rápido como aprende a letra das músicas dela, seria um feito extraordinário. Então. Não tenho mania de limpeza. Mas tenho tique nervoso quando jogam lixo no chão. Tenho vontade... não sei de que. Assim... principalmente se for em ambientes educacionais, bem contraditório, embora se fale tanto sobre meio ambiente, consciência ambiental, reciclagem, estudantes desinformados poderiam fingir educação e colocar o lixo no lixo. E concursos públicos, Enem, vestibulares, concurso até para altíssimos cargos responsáveis em prestar serviços públicos à população. Já observaram? Vejam como fica o ambiente ou próximo a ele. Alguns mal-educados usam desculpas esfarrapadas dizendo: “Não tem lixeira.”
Sempre em grandes eventos observo o descuido com o meio ambiente, a falta de consciência mesmo, educação, amor ao planeta. Seria o caso dos organizadores alertarem a cada três palavras: "Genteeeee, não joguem lixo no chão."
Como também, sugiro que se acrescente nas novenas, missas, encontros religiosos: "Ide em paz e o Senhor vos acompanhe! Se não jogarem lixo na rua."
Sério! O telejornal poderia terminar assim: "Boa Noite, não joguem lixo no chão." E na bodega, bar, restaurante, loja: "Obrigado, volte sempre e não jogue lixo no chão."
Insistência, para nossas crianças não serem futuras porcalhonas de amanhã, é possível através de ações básicas, pedir o papel quando a criança abrir uma embalagem, porque os resíduos não vão parar ali sozinhos. No estar escrito que Deus criou o mundo, fazendo nossa parte, acrescentaremos e construiremos, ainda que infelizmente a maioria teime em jogar lixo no chão e dormir com a consciência tranquila. Mas eu não! Deus tá vendo. LIXO, eu não serei prova disso!
RESQUÍCIOS
Em determinado dia, notou e compreendeu que tudo o que tinha vivido até ali, no segundo instante que sua consciência gritava o que ele levou tempos buscando, parecia algo que desfecharia todo cenário anterior e calaria seus rumores pretextos para o futuro, no entanto, como já também sabia era que esse desfecho não estaria concluso até que sua segurança em dizer e afirmar algo que não tangia fosse verdadeira, de dentro pra fora e não o contrário, isso sim seria uma certeza. Acredito que ele queira se tornar limpo, verdadeiro consigo mesmo, em outras palavras, ele almejava ser o menos hipócrita possível, mesmo sabendo que por mais que neguem e digam que não, as pessoas sempre haverão de ser hipócritas, umas mais e outras menos, mas todas elas com manobras discursivas muitas vezes convincentes e originais, no entanto, a maioria quer esbanjar vaidade ao invés de humildade, soberba e "afins", o importante é convencer e não contribuir ou ensinar.
Sua conclusão até ali foi tão rápida e suntuosa que decidiu expor seus pensamentos, jogar pra fora, libertar o que ele achava valido e esperar uma retorica digna de reflexão, algo que tivesse um sentido contido, que agregasse mais e mais evidencias as suas insanidades. Na maioria das vezes essas idéias tinham valia para ele, acreditava que elas o levariam há auto realização, não carregava duvida quanto a isso, apenas queria compartilhar o que pensava para poder aguardar o remate de suas eventuais certezas, em contra partida, aguçava os seus sentidos ao imaginar um mundo de verdades absolutas, um mundo onde pessoas poderiam se entender apenas através do dialogo e palavras lançadas, se defender sem ter de utilizar arrogância ou qualquer que fosse o contra ataque depreciativo, essa vontade era maior que o próprio dono dela, afinal, quando se utiliza do bom senso para dizer o que pensa, esse pensamento não se pode causar estragos a alguém que os aguarda também com bom senso.
A medida que escrevia conseguia discernir suas metáforas antológicas que só tinha valia ali, de frente para ele, na sua tela de led de 20". Quanto mais prosseguia imaginava como seria o desfeche daquele que poderia ser uma de suas "obras primas" ou simplesmente mais uma de suas inofensivas horas perdidas delirando e explanando a sós consigo mesmo. Uma ironia, satisfazer a si próprio esperando um retorno melhor ou no mínimo compatível com seus argumentos, sendo que já estava terminado e aprovado pelo mesmo, no final, ele seria a maior autoridade nos seus pensamentos e uma opinião divergente talvez não o convenceria naquele momento.
No fim, lançou suas anotações e aguardou paciente uma retórica ao menos curiosa de algum interessado.
Cê tá procurando quem, seu delegado?
A muié mais apaixonada do Estadão de Goiás?
A própria.
*Josielly Rarunny*
Satisfação que o prazer vem depois.
Tô vendo aí uma intimação na mão do senhor.
E por acaso esse par de algema é pra mim?
Deixa eu pelo menos me explicar.
Aquele incêndio lá na rádio foi planejado não senhor.
Foi mal de amor, seu delegado.
Carece do senhor pelo menos tentar me ouvir e compreender esse ato mal pensado de paixão.
E o motivo já vou contar.
É que aquele locutor, há muito tempo vinha fazendo piseiro no peito.
A cada moda pisava mais.
Não sei quem era mais fedaputa
Se era os cantor.
Se era as composição.
Se era o locutor.
Ou se era os modão.
Mais de uma coisa eu tenho absoluta certeza. Larga eu aqui com a minha cerveja, pois se há raça que o senhor precisa prender é o tal do cantor e do locutor.
Juntos fazendo piseiro, desde que o mundo é mundo.
Desde que eu sou gente.
Meu bem me largou, no berço da solidão fiquei. Chorando minhas mágoas no chão, assim que tocou o modao deitei e rolei sem ao menos lembrar que uma reputação eu tinha a zelar.
E quando o locutor decidiu tocar aquela do Christian e Ralf, que pra dar a facada final falava de saudade.
Não me aguentei, fiz a louca da paixão, sofrida com a dor da saudade passei no posto do Tião, comprei álcool e gasolina.
Fui logo praquela esquina.
Olhei vingativa pro estúdio de rádio, e jurei que nunca mais ele faria estrago.
-Alô locutor, te dou a chance de sair daí e se redimir.
Andei mijando pelo zói, e a culpa é sua, não tente fingir.
Em alto e bom som, foi só isso que eu falei.
Mas o danado é tão desgraçado, seu delegado, que tocou Leandro e Leonardo.
De longe eu escutei cantando "Um Sonhador".
Eu só sei que fogo a rádio pegou.
Queimou tudo.
Assistir eu fiz questão.
O senhor pode até me algemar, mas vai ser obrigado me ouvir cantar e chorar na sala da paixão.
No dia do julgamento quando pergutarem que foi que eu fiz, vai perdoando senhor Juiz.
Infelizmente eu tive que vingar meu pobre coração.
Aquele Berjo Da Muié Mais Apaixonada do Estado De Goiás Procêis*
Quando surge o alvinegro imponente
Sou Santos Futebol Clube desde que me conheço por gente. Talvez isso explique meu espírito velho. Ou meu espírito velho explique o Santos, quem sabe? Só fui vê-lo campeão em 2002, aos doze anos de idade. Antes disso, ouvia a chacota e a humilhação dos meus amiguinhos da escola e do bairro com a obstinação dos iluminados, como se algo me dissesse que aquela dor teria um fim. Agora penso: deve ser a mesma obstinação que sente vibrar no peito os palmeirensezinhos de hoje.
É verdade que ganharam uma Copa do Brasil esses tempos, mas caindo meses depois, fica difícil. Não conheço a dor da queda - e nem faço questão - mas imagino algo aterrador, horrível; posto que o futebol é o último suspiro das tragédias gregas.
Foi o que falei ao meu amigo Victor, conhecido pela alcunha de Caboclo, assim que bateu em casa para tomar uma gelada. Mostrei-lhe este início de crônica que rabisquei em poucos minutos de intervalo e ele me disse que eu estava tentando copiar Nelson Rodrigues, ênfase para o 'tentando', que é o que mais dói. Contra-argumentei: - Todos copiam a todos. E segui com a digressão: Vinícius copiava Rimbaud; Drummond, Baudelaire. No começo do século passado todo romancista brasileiro queria ser Machado. Todos copiam. Tudo se é copiado, e desde sempre. Acontece que, antigamente, copiava-se os bons. Hoje se copia qualquer um. O poeta mais copiado da atualidade é o Paulo Leminski, Série C da poesia. Copiam até o comediante Gregório Duviviver, que não bate essa bola nem no varzeano. Se eu copio, concluí, pelo menos copio o melhor.
Assim como o Palmeiras, que ao invés das meias verdes, pôs as meias brancas, como que num pressentimento. Sabiam que o gol do alívio sairia dos pés que calçassem meias brancas. Copiando Paulo Coelho para provar que toda regra tem sua exceção: Maktub. E gol de Thiago Ribeiro. Gol no Parque Antártica. Comemora o mar verde em todos os cantos do Brasil. Nunca a torcida santista foi tão grande. Nunca a torcida palmeirense torceu para um time tão grande. Não restam dívidas, estamos quites, palestrinos.
Lembrei-me de Grafite, aquele centroavante que Dunga levou para a Copa de 2010 e que ficou marcado na formidável história do futebol brasileiro quando seus gols salvaram o Corinthians do rebaixamento no Paulistão de 2004. É verdade que o empate no Barradão também mantinha o Palmeiras na elite. O Gol - que heresia irei dizer - foi um detalhe. O grande lance foi os boleiros do Santos terem entrado para jogar, pois poderiam muito bem terem ido em clima de carnaval e aproveitado para ficar por Salvador mesmo.
Mas não tem jeito. O futebol é o esporte predileto do planeta terra, e de todos os outros planetas e seres que lá vivem. Se não fosse o gol do atacante santista ou a ponta dos dedos do goleiro Aranha, algum sopro divino no momento oportuno salvaria o Verdão. Não era a hora. Não novamente. É certo que o Palmeiras está no calvário de sua história, mas todo grande clube já precisou pagar seus pecados.
Quem sabe não melhora se, ano que vem, além das meias e calções, ponham também a camiseta branca? Não há combinação mais nobre na história do futebol. Mas, por gentileza, não deixem para a última rodada. Apesar de caridoso, às vezes o Santos joga de verde.
Me perguntaram o que me deixava contente. O que eu fazia para sorrir sempre com tanto entusiasmo. O por quê de eu ser tão elegante na forma de sorrir e brincar. E se eu perdia a compostura por algo que me incomodasse.
Eu olhei nos seus olhos e sorri. Ela sorriu de volta e sentiu. Se satisfez e num largo riso de canto a canto do rosto respondeu: "Eu já entendi!"
NÃO ESQUEÇA SUAS RAÍZES!
Sim, a evolução é algo inexorável na Natureza. A árvore cresce, mas conserva latente a potência da semente da qual nasceu, as lembranças e lições de quando era apenas uma plantinha de caule fino, que mais parecia um “cambito”. Não obstante se erga célere e ávida das estrelas da noite, ela conserva o frescor do orvalho da terra, do tempo em que ainda respirava o cheiro de barro e se sujava na lama das chuvas de verão. Ela e suas companheiras, árvores-meninas.
A arte com palavras
Nosso idioma é complexo e profundo, não pense que não, pois é sim. O português é uma das línguas mais exatas que se fala hoje no mundo. A exatidão explicativa que o português alcança é semelhante à matemática, quando usada em termos clássicos ou mesmo no coloquial. Já em si tratando da arte literária, o português é pura arte. Músicas, sonetos, poesias, contos, poemas etc. O português é magnífico e magistral para a criação artística. Observe a obra de Francisco Buarque de Holanda, como é possível descrever sentimentos tão profundos com tamanha clareza. A obra de Drumnond, Fernando Pessoa e tantos outros escritores que a través da palavra escrita em português tornaram-se imortalizados. Saudemos ao nosso idioma, saudemos aos poetas e escritores que fazem arte com palavras.
Charles Silva – Textos
charleshenrysilva@hotmail.com
Publicação registrada, todos os direitos reservados
https://www.facebook.com/pages/Charles-Silva-Textos/302098553266364
http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=118203
http://www.poesiafaclube.com/membros/charlessilva
https://plus.google.com/u/0/100099431252456950304
A Cantora
Aquele momento ficou registrado nas fotografias
As luzes dos flashes refletiam-se nos olhares felizes fotografados
Jeitos, trejeitos, gestos. Cada movimento era registrado inúmeras vezes
A emoção estava no ar, olhos rasos d’água tentavam exibir sorrisos
Vozes não se escutavam, apenas aplausos acalorados e assobios
Ouvindo o público pedir mais e mais, quando o show já havia acabado
Ela voltou ao palco, mas não conseguiu mais cantar de tão emocionada que estava
O público compreendeu e a vendo chorar ali no palco, aplaudiu de pé
Era o clímax, o máximo para uma cantora iniciante
Foi a última apresentação dela no festival universitário da canção, realizado em Ouro Preto - MG. Ela havia sido classificada neste festival, e durante o festival foram apenas quatro apresentações, incluindo a final. Ela ficou classificada em terceiro lugar no dia da final. Ganhou um troféu e uma quantia em dinheiro. Os dez melhores classificados participariam da gravação de um disco de vinil daquela edição do festival.
Claudia ia completar dezenove anos, era filha de Dona Edna, que era uma das arrumadeiras da pousada onde eu estava hospedado em Belo Horizonte. Dona Edna era muito amiga minha, ela me acordava de manhã batendo na porta do meu quarto ás seis da manhã, para que eu não perdesse a hora para ir trabalhar. Conversava sempre comigo durante o café da manhã na pousada. Ficamos amigos, e como ela fumava, eu sempre trazia um maço de cigarros extra para ela de presente. Eu dava aulas de informática durante a semana em Belo Horizonte, e nos fins de semana voltava pro Rio de Janeiro onde eu morava. Conheci a moça quando estava saído para trabalhar numa terça feira de manhã. Ela estava sentada num banco no jardim da pousada onde sua mãe trabalhava, tentando aprender os primeiros acordes ao violão.
Ao passar por ela notei que seu violão estava bastante desafinado. Parei e me ofereci para afinar o violão dela, depois de explicar-lhe que o mesmo estava desafinado. Ela aceitou de imediato. Nos três meses seguintes, toda manhã a encontrava no jardim durante a semana. Ela tinha a sede do aprender. Ensinei-lhe os acordes básicos, entonação de voz, um pouco de harmonia e ritmos básicos.
Ela também escrevia canções, mesmo sendo ainda inexperiente na música, tinha uma poesia linda em suas letras. Por isso incentivei-a a inscrever-se no festival de música em Ouro Preto. Festival para iniciantes que acontecia todo ano. Mesmo temerosa ela foi e inscreveu-se no festival.
Escolhemos uma de suas canções, trabalhamos os acordes, melodia e voz. Ela fazia o violão base e voz, eu fazia parte harmônica e solo. Na primeira apresentação do festival, antes de entrar no palco ela estava muito nervosa. Mas ai, tive que agir com astúcia. Levei-a até um bar na entrada do lugar onde acontecia o festival. Tomamos uma dose de conhaque com limão cada um, num um único gole. Ela subiu no palco leve, linda e maravilhosa. Tocou e cantou perfeitamente.
Aquele momento ficou registrado nas fotografias. As luzes dos flashes refletiam-se nos olhares felizes fotografados. Jeitos, trejeitos, gestos. Cada movimento era registrado inúmeras vezes. A emoção estava no ar, olhos rasos d’água tentavam exibir sorrisos. Vozes não se escutavam, apenas aplausos acalorados e assobios Ouvindo o público pedindo mais e mais, quando o show já havia acabado Ela voltou ao palco, mas não conseguiu mais cantar de tão emocionada que estava. O público compreendeu e a vendo chorar ali no palco, aplaudiu de pé Era o clímax, o máximo para uma cantora iniciante
Belo Horizonte, 25-07-1986
Charles Silva
charleshenrysilva@hotmail.com
Charles Silva - Textos
http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=118203
A Substituta
Aos 14 anos a vida escolar era emocionante em termos de descobertas relacionadas às matérias que estudávamos durante o ano letivo. O que eu mais gostava era de matemática, história e geografia. Meus amigos de classe e eu tínhamos uma coisa em comum, detestávamos química e biologia. Na minha turma tinha poucas meninas, e a meu ver naquele tempo, a maioria delas chatas e sem graça nenhuma. Ainda não conhecia a libido, palavra que pra mim naquele momento era completamente desconhecida. Mas, ao voltar das férias de julho, fomos informados que a nossa professora de biologia estava de licença e seria substituída por outra professora.
A supervisora da escola veio nos apresentar a nova professora. Quando ela entrou na sala, faltou oxigênio, pra mim e mais uns quatro ou cinco. Era uma moça de uns 25 anos, muito bonita além da conta. Corpo perfeito apesar de usar roupas normais, inclusive no dia da apresentação ela estava de calça jeans e uma blusa de manga. Mesmo assim, aquela mulher causou enorme impacto em alguns alunos. Claro que muitos alunos nem estavam vendo o que eu e mais alguns alunos estávamos. Não sei ao certo o porquê daquilo, claro que eu já tinha visto mulheres bonitas e até com roupas mais ousadas, porém, aquela moça fez subir a temperatura corporal de uma forma que ficou difícil respirar. Foi a primeira vez que eu me vi extremamente excitado na sala de aula. Fiquei com vergonha, confesso.
Certas mulheres têm um poder de sedução enorme, especialmente sobre jovens adolescentes. Não é simplesmente ser uma mulher bonita, isso já é comum. Mas é algo além disso, e nós ali, naquele momento não tínhamos a menor idéia do que seria aquilo. O que sei é que o resto do ano letivo ficou comprometido, eu e meus amigos tínhamos dificuldade de concentração no assunto que estava sendo exposto pela professora, isso porque nem estávamos ouvindo o que ela dizia. Estávamos prestando atenção total e exclusivamente nela. Que fascínio tinha aquela moça sobre nós. Ninguém nem piscava os olhos quando ela entrava na sala de aula. Alguns alunos até, nos dias em que ela dava aula noutras turmas, também iam assistir aula nessas turmas, e isso despertou a atenção da supervisora. Ela percebeu o que estava acontecendo e nos chamou para uma conversa na hora do recreio em uma sala vazia. Estávamos eu e mais doze alunos de várias turmas. Todos confirmaram que estavam como que apaixonados pela nova professora, e a supervisora ficou de estudar o caso e encontrar uma solução, pois não podia permitir que os alunos fossem assistir aulas daquela professora em outras turmas.
A professora substituta não usava roupas ousadas, mini saia, nada disso. Não sei exatamente o porquê, mas ela encantava-nos, despertou em nós um fascínio enorme. Ela tinha algo que a maioria das mulheres não tem, até porque, vários garotos da escola foram acometidos daquelas sensações até então desconhecidas. Talvez nossos hormônios tenham chegado ao despertar da sexualidade juvenil. Conversava com outros colegas de classe, a maioria com 13 e 14 anos de idade. Todos eles tinham o mesmo “problema,” ficávamos extremamente excitados durante a presença daquela moça na sala de aula. Creio que isso deva acontecer com os jovens de hoje em algum lugar. Mas, mesmo que aconteça, há uma diferença muito particular, aquela moça despertou em muitos garotos da escola ao mesmo tempo essa revolução biológica. Mesmo em dias frios, quando ela usava roupas pesadas, totalmente coberta, nós a víamos como a moça nesta imagem. Ana Carla era o nome dela, era a professora de biologia substituta.
Charles Silva – Textos
charleshenrysilva@hotmail.com
Publicação registrada, todos os direitos reservados
https://www.facebook.com/pages/Charles-Silva-Textos/302098553266364
http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=118203
http://www.poesiafaclube.com/membros/charlessilva
https://plus.google.com/u/0/100099431252456950304
Ai vem o inverno
Haverá mais sorte, quem sabe na região do norte, quem sabe na próxima estação. Vem ai o inverno frio e devastador para uns, benevolente para outros. Onde estarei? Não sei se no sul, ou se no norte. Estou à deriva, que ventos e circunstâncias me levarão pro norte ou pro sul. Devo comprar cobertas e esperar o frio do sul, ou roupas curtas pro calor do norte. Meu coração eu deixei no Centro-Oeste, esquecido numa margem de estrada qualquer, não sei dele, alguém deve tê-lo achado. Não quero mais saber dele, só me causou problemas, só o que penso agora é me preparar para o inverno, não sei se no sul, ou se no norte, mas sei que ai vem o inverno.
Charles Silva – Textos
charleshenrysilva@hotmail.com
Publicação registrada, todos os direitos reservados
https://www.facebook.com/pages/Charles-Silva-Textos/302098553266364
http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=118203
http://www.poesiafaclube.com/membros/charlessilva
https://plus.google.com/u/0/100099431252456950304
Amor e Mágoas
Quem poderá julgar se era amor? Quem dirá se houve mais mágoas do que amor? O que teve mais peso? O peso de tantas mágoas, ou o peso do amor que havia? Quem poderá julgar? Só se sabe o que prevaleceu, e o que o tempo revelou, que o peso das mágoas venceu. Em um tempo futuro não caberá mais julgar o peso das mágoas, nem o peso do amor, serão apenas cicatrizes de um passado de amor e mágoas.
Charles Silva – Textos
charleshenrysilva@hotmail.com
Publicação registrada, todos os direitos reservados
https://www.facebook.com/pages/Charles-Silva-Textos/302098553266364
http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=118203
http://www.poesiafaclube.com/membros/charlessilva
https://plus.google.com/u/0/100099431252456950304
O primeiro amor de Valdira
Valdira era uma moça muito recatada que não gostava de ver novelas, ir à praia e até mesmo passear nas ruas da sua cidade. Ela achava isso uma exposição desnecessária. Uma pessoa bastante introspectiva. Certo dia um funcionário dos correios bateu em sua porta. Ela o atendeu dizendo: “pois não?” O homem olha-a bem dentro dos seus olhos profundamente, Valdira pela primeira vez na vida sentiu um calafrio na espinha acompanhada de uma ligeira vertigem.
“Carta para a Senhora Valdira” – Disse o homem. A voz dele atravessou seus ouvidos como uma melodia absurdamente linda, com uma amplitude que lhe fez gelar as mãos. Já um pouco trêmula, Valdira estendeu sua mão para receber a tal carta. O rapaz então aproveitou e propositalmente tocou em suas mãos. Foi o suficiente para que Valdira sentisse suas partes íntimas em chamas. Situação que ela nunca havia experimentado, nem vivido, nem sequer imaginado.
“A Senhora pode assinar aqui para declarar que recebeu esta carta registrada” – Disse o rapaz entregando-lhe uma caneta esferográfica para obter sua assinatura. Valdira estava tão trêmula que mal conseguia assinar o documento. O rapaz notou a sua aflição e disse-lhe que poderia sentar um pouco e esperar que ela ficasse mais calma. Ainda aproveitou para pedir-lhe um copo d’água.
Valdira tentou dizer ao rapaz para entrar e sentar, enquanto ela iria buscar água para ele. As palavras saíram com muita dificuldade. Mesmo assim, o rapaz entendeu, entrou e sentou no sofá de sua sala para esperar a água.
Quando ela conseguiu voltar, estendeu-lhe um copo com água, o rapaz novamente tocou em suas mãos. Valdira teve um escurecimento parcial de sua visão, enquanto uma secreção escorria-lhe pernas abaixo. Ela não se conteve de pé e teve que sentar-se para não cair. O rapaz agradeceu-lhe pela água, e perguntou-lhe se poderia voltar outro dia para vê-la, sem que ele estivesse de serviço. Ela por sua vez, e já sem voz, balançou sua cabeça afirmativamente. Ela mesma não acreditava que aquilo estava acontecendo. E assim foi o início de um grande amor, que resultou em cinco lindos filhos do casal Valdira e Edvaldo Maciel.
Charles Silva – Textos
charleshenrysilva@hotmail.com
Publicação registrada, todos os direitos reservados
https://www.facebook.com/pages/Charles-Silva-Textos/302098553266364
http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=118203
http://www.poesiafaclube.com/membros/charlessilva
https://plus.google.com/u/0/100099431252456950304
Alice
Doze anos depois voltei ao cemitério onde foi sepultada minha genitora. Estava na Cidade a passeio, então resolvi ir fazer uma visita. Ao entrar, não achei o local exato do sepulcro, fiquei andando em círculos a procura. Assim que entrei, vi uma garotinha, talvez 9 ou 10 anos de pé, cabeça baixa olhando para um túmulo, como se estivesse rezando. Quando passei bem perto dela senti um arrepio em toda minha coluna. Não dei importância e segui a procura do lugar onde estava o túmulo da minha genitora.
Sem me lembrar onde exatamente era o local, afinal, doze anos já haviam se passado, desisti da busca e fiquei a andar a esmo. Novamente me aproximei do lugar onde estava a garota que vi quando entrei, parei perto dela e fiquei a observar o nome da pessoa que estava ali sepultada. Não era um nome conhecido para mim, mesmo assim resolvi fazer uma oração junto a garota que ali estava.
Fiquei perto dela uns dois metros, talvez um pouco menos. Ela virou-se para mim, e perguntou se eu a estava vendo e ouvindo. Respondi que sim e então lhe contei a minha desolação em não achar o túmulo da minha genitora, por isso parei para prestar uma solidariedade, já que não achei o que procurava. A garota com um semblante muito sério disse-me que eu estava exatamente no lugar que eu procurava. Eu respondi que achava que não, pois o nome da pessoa sepultada ali não era o nome que eu procurava.
Você é muito diferente das pessoas comuns. – Disse ela e continuou. – Agora que percebi que você pode me ver e ouvir vou lhe contar o que aconteceu. As pessoas que foram enterradas aqui foram retiradas e colocadas noutro local nove anos atrás, essa pessoa que está aqui agora não é quem você procura, ela já não está mais aqui. – Eu a interrompi e perguntei se a pessoa enterrada ali era parente dela. – Ela respondeu que era mãe dela. – Eu disse-lhe que sentia muito. – E ela disse que o nome dela deveria ser Alice e o nome da mãe dela era Francisca. – Vou embora – Disse ela. – Não diga pra ninguém que me viu aqui, obrigada por ter falado comigo, adeus. – Saiu andando e sumiu entre os outros túmulos. Aproximei-me mais um pouco daquele túmulo e li o nome da pessoa em uma inscrição gravada numa pedra de mármore. Estava escrito: “Francisca Leite Farias. – Descanse em paz, mãe e filha”.
Charles Silva – Textos
charleshenrysilva@hotmail.com
Publicação registrada, todos os direitos reservados
https://www.facebook.com/pages/Charles-Silva-Textos/302098553266364
http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=118203
http://www.poesiafaclube.com/membros/charlessilva
https://plus.google.com/u/0/100099431252456950304
É BOM LEMBRAR
É bom lembrar, todos os seus bens vão ficar pra alguém
É bom lembrar, seu dinheiro pode até prolongar um pouco sua vida, mas não definitivamente
É bom lembrar, a pessoa que você é, pode não ser nem lembrada daqui a dez anos
É bom lembrar, toda a sua pose e arrogância pessoal não valem nada
É bom lembrar, toda a sua cultura e conhecimento dificilmente ficará para outros
É bom lembrar, só é bom envelhecer ao lado de quem você possa conversar
É bom lembrar, todos nós vamos morrer
Charles Silva
Sou dessas que tira o humor da cartola para “ser” mágica de um riso...
Sou dessas que, prefere solidão a distribuir impiedosos burburinhos sem necessidade...
Sou apenas “essa” que, insiste “ser humana”, ainda que habite na lua e fabrique poemas lá de cima, na aba de uma estrela ou na fofura de uma nuvem, isso depende do que o mundo precise “ser” recitado!
Observa-se, calado e, até indisponível às vezes...
Às pessoas, rotulam tanto que já não sei se sou um robô, ou boneco de lata.
Precisava entender se, quem exclama tanta impuridade, têm a mesma propensão em desfazer interrogativas, cultivar vírgulas entre as respirações e desfazer “nós” que se enroscam nas reticências, deixando-as menos misteriosas e findando-as muitas vezes por cansaço, um ponto final, engasgado em lampejos e indignações!
Tinha um silêncio que gritava sonetos mudos e ecoava pelos varais da noite.
Banalizou a voz, mas falava desesperadamente com os olhos que, lacrimejavam sonhos e aquele sorriso que a boca entorpeceu fazendo carinho na alma até que, não tinha mais o que dizer...
Só sentir o que vinha de encontro com a nudez de suas amarras!
Não tinha um plano de vida, um curriculum de projetos, planejar lhe tomava tempo e tempo não tinha a perder...
Simplesmente tinha papel, caneta e imaginação...
Rabiscos na cabeça e arte por todo o corpo.
Tinha asas nos pensamentos e voava o dia todo, até cansar, deitar e voltar a voar, nos sonhos que, o subconsciente também lhe proporcionava!