Crônicas
Porque você não deve namorar uma escritora, mas casar-se logo com ela?
Escritoras são seres sobrenaturais, sensitivas e quase videntes. Sei que deve dar um medo danado de aproximar-se de uma criatura tão misteriosa e intensa. Capaz de tocar-lhe a alma com um só olhar. É excepcional estar ao lado de alguém que saberá interpretar seus erros e mostrar o lado positivo em cada plano que não se concretizou. Que é capaz de transformar um momento que passaria despercebido em um ato inesquecível. Sem dúvidas você deve temer a alguém assim e jamais se apaixonar por uma escritora. Como tal, poderia dizer que sou um perigo! Mas prefiro ir por outro lado.
Apesar de não possuir tanta experiência quanto meu viver aparenta, tentarei deixar bem claro sobre porque você deve casar-se com uma escritora.
Tememos àquilo que nos toca profundamente, pois tudo o que não pode ser explicado causa pavor. Daí um ponto a favor da escritora. Ela não vai sufocá-lo com perguntas rotineiras sobre o quanto você a ama, ou sobre o quanto é importante para ela que a ame. Sem dará crises do tipo “se não ficar comigo, corto meus pulsos”. Uma escritora não lhe fará perguntas à este respeito do seu sentimento, ela escreverá sobre como se sente quando está ao seu lado e ela sentirá se você a ama de verdade. Nunca fará tempestades em copos d’água. Nem sentirá ciúmes da sua “amiguinha”. Seu olhar será o suficiente para a relação. Se ela deve ou não investir em você. E acredite, ela já havia lhe escolhido bem antes que você a escolhesse.
Uma escritora tem os sentidos aguçados, olho no olho, beijos, momentos de entrega são suficientes. Sei que a maioria dos homens preza a liberdade e gostariam de ter uma mulher compreensiva e quando surge uma mulher que olha tão fundo a alma e que compreende seus erros e deslizes, eles praticamente se desesperam.
Você deve casar-se com uma escritora ao menor sinal de amor. Porque ela não esperará muito tempo por você.
Você não precisa ser letrado, nem viver citando as melhores frases de Clarice ou Drummond, precisa ser somente você e deixar que ela se doe sem reservas.
Seja autêntico e ela lhe dará a chance de habitar seus pensamentos e desejos mais profundos.
Respeite seus momentos de solidão. Afinal ela pode escrever em um estádio de futebol lotado, mesmo assim escrever ainda continuará a ser um ato solitário.
Ela jamais exigirá perfeição alguma de você, tampouco terá crises de ciúme. Escritoras são criaturas livres.
Ao seu lado não haverá monotonia ou escassez de sentimentos. Nem rotina ou tédio. Ela fará jus a sua mente criativa e lhe proporcionará ótimos momentos. Somente ela saberá como lidar com os vilões e não permitirá que destruam seu amor, caso seja verdadeiro.
Fará amor com você com a mesma dedicação que escreve um livro. Você será recebedor de um amor indescritível, inabalável e imensurável. Ela doará sua essência sem limites.
Você deve casar-se com uma escritora porque ela não busca pelo homem perfeito. Ela não quer conhecer nenhum “sapo”, ela quer você com todos os defeitos dentro da mala. Ela sabe muito bem que príncipe encantado não existe e que o lobo mau nem sempre é o vilão da história. Que de repente a vovozinha até teve um caso com ele, mas seria um escândalo assumir na época.
Então não encene, tampouco seja represente o “mocinho”. A mente dela já é complexa demais e inundada de personagens.
E se você não deseja essa intensidade, meu caro, afaste-se...
Fazer amor com um ser assim poderá ser perigoso!
Num simples beijo ela tocará a sua alma.
E se você já estiver sobre este encanto, case-se!
Ela sabe que a vida passa de pressa e não é daquelas que espera a felicidade bater à porta. Ela não vai esperar que você salte do muro em seus braços!
Quanto à desorganização dela... Um belo e sutil home office resolverá tudo!
E quando vocês forem juntos à praia deixe que ela escreva algumas palavras. Acostume-se ao fato dela sempre comprar a bolsa adequada para seus cadernos e escrevinhações.
No final você vai gostar da linda história de amor que ela escreverá sobre vocês.
Um dia você vai se sentar num canto com um pedaço dela nas mãos e saborear a virtude de ter esta mulher ao seu lado!
E ela sempre vai entender você como ninguém jamais ousara. Ela nunca ficará com você por pena ou opção.
Isso não significa que ela aceitará de tudo, não é isso. Mas ela sabe muito bem que a vida real é bem diferente dos romances que ela escreve ou lê, e que você não é nenhum super-herói, nem vilão.
E quando ela te contar novas histórias você vai perceber que em cada personagem existirá um pouco de você, haverá fragmentos seus por todos os lados.
Escritoras são criaturas que exalam amor e que ardem de desejo. Que amam sem pudor e deliberadamente. São as “Afrodites” da literatura. Somente ela te amará passionalmente.
Então caro amigo, se tiver alguma ao seu alcance siga meu conselho e case-se com uma escritora!
Algo de mim.
Sou intensa quando pretendo ser.
Amo quando quero amar.
Revelo-me em meus escritos e oculto-me em cada letra...
Talvez você consiga me sentir...
Talvez você consiga me decifrar...
Eu disse talvez...
Se eu deixar...
Se eu quiser.
Me entender não é tão difícil assim.
Não necessita inteligência.
Basta sentir...
Quando o meu corpo falar...
Não sou insensível e para chegar a mim,
costumo dizer que não seja questão de tocar,
Mas sim de sentir...
Sou um intenso labirinto de emoções e sensações.
Também choro às vezes e me pego sorrindo ao recordar de determinada situação.
Viu... Sou uma mulher como outra qualquer...
Ou quase...
Confesso que tenho medo de amar...
De me apaixonar...
De me limitar...
Sim tenho medo!
Então vivo com meus devaneios,
e meus diversos momentos de insensatez!
Sou uma mistura indefinida.
Perco-me em mim...
Louca, desesperada...
Em busca de algo que não sei o que é!
Então vivo a vida dessa maneira devassa e precipitada...
Talvez um dia a sanidade bata a minha porta...
Devolvendo-me a vontade de não querer saber...
De não querer sentir.
Observo as pessoas...
Sinto suas limitações...
Mulheres que querem se libertar,
que já estão cansadas de amar.
Mulheres que não querem mais compromissos...
Desejam ardentemente sentir outras emoções.
Homens que querem amar desesperadamente,
mas têm medo daquilo que tiraria sua masculinidade,
simplesmente fogem daquilo que desconhecem e por isso limitam-se...
Tentei me descrever diversas vezes...
Confesso que não me conheço o suficiente...
Que ainda não sei qual o meu limite...
Que não sei tudo ou algo de mim.
Pensei que soubesse o que era o amor...
e decepcionei-me.
Mas posso afirmar categoricamente que sou feliz!
Costumo dizer que a felicidade está fragmentada em nós...
Nos momentos insanos saímos em busca de algo que já possuímos...
Acabamos nos precipitando e nos perdendo cada vez mais.
Mas amo esta busca!
A felicidade é como um quebra-cabeça,
mas com peças infinitas e insensatas...
Cabe a nós dar o perfeito encaixe!
Por que razão por um limite em tudo?
Temos esse grande defeito...
Por isso não consigo me descrever,
não imagino um ponto final em meu ser...
Em minha essência...
Por que tentar compreender?
Por que sempre buscamos um motivo?
Por que escrever algo de mim?
Se é muito mais simples você me absorver e me sentir de uma forma completamente inimaginável....
De Princesinhas a Monstrinhas.
Nos contos de fada , geralmente o sapo vira príncipe. Na vida real quem pode faz drenagem linfática, redução aqui , redução ali, implante...mas me pergunto: Quem já nascem belas? Que nem nossas filhas! Mesmo assim queriam ser a Branca de Neve , Cinderela, Bela adormecida, queriam vestidos longos, sapatos de cristais, coroa ,o cabelo impecável, como em Rapunzel e a delicadeza realmente dessas princesas, no entanto, o que vemos hoje? crianças querendo ser monstrinhas, agindo por influências das Monster High, bonecas da moda americana criada em Julho de 2010, as quais são inspiradas em filmes de monstros, suspense e ficção científica que as distinguem da maioria das bonecas da moda, desse modo, querem cabelos despenteados , pele verde, cortada e dentes afiados , vestidos curtos e pés tortos... E agora? Segundo o poeta português Luís de Camões: “mudam-se os tempos , mudam-se as vontades.” Concordo. Pais, essa transformação nos mostra a necessidade de acompanharmos os estilos, as tendências, a influência que a mídia impõe nos nossos filhos ditando o modismo, o avanço tecnológico, a rapidez que nossas crianças aprendem, o vocabulário estrangeiro que elas dominam e pronunciam muito bem, sem ao menos pronunciarem fluentemente a língua nativa: o português. A exemplo, poderia citar muitos e você leitor, deve estar imaginando seu baixinho falando... Conto o que vi há pouco tempo, minha sobrinha Sofia de 05 anos, manuseando o celular da mãe dela e dizendo bem entusiasmada: M-a-m-ã-e, você baixou o vídeo que eu queria! O que quero demonstrar com esse fato é a necessidade de conhecermos o mundo digital e não excluí-lo. Precisa-se de administração, limite e descobrirmos como usá-lo a nosso favor a fim da magia, que existe nos contos de fada, permaneça em nosso lar, nem que seja virtual, pois essas mudanças físicas, comportamentais, tecnológicas não permitam que sempre tenhamos um FELIZ FINAL.
Salmão ou Cor da pele?
Minha filha mais nova, Pietra, 03 anos, sempre que chega da escola, pega os lápis de cor e começa a perguntar, replicando a rotina da escola, que cor é essa?, que cor é essa? Certa vez, respondi: cor da pele, pegando ela um lápis salmão (gama de cores pálidas entre laranja-rosado e laranja claro, proveniente da cor da carne do salmão. A cor real do salmão varia de quase branca a vermelha profunda), depois me veio a mente um pensamento... “se o lápis de cor salmão pode ser cor da pele, o porquê marrom, preto, amarelo, também não”. Entendamos que desde cedo, já influenciamos nossos pequenos ao estereótipo* , o qual o ser humano tem que ser branco. Vem a tarefinha e não os orientamos a colorirem os personagens com cores de peles diferentes , sempre a mesma cor: salmão!. Mas, que necessidade fútil é essa de sermos iguais? Se a história, os registros, mostra-nos relatos da nossa verdadeira origem: negros, índios e brancos, somos mestiços , pois! Campanhas , leis , manifestações, Ongs tudo isso para combater ações desumanas contra negros, entretanto em casa agimos como se todos fossem iguais. Deixemos o passado no passado, não se pensa mais como no século IX em que ser negro era uma MANCHA, mesmo assim temos provas de negros que COLORIRAM nossa história, por exemplo: Machado de Assis,cronista, teatrólogo, contista, grande romancista brasileiro , cuja dificuldade da cor da pele não o impediu de chegar onde chegou: O MAIOR NOME DA LITERATURA NACIONAL.
Estereótipo- imagem preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação, grande motivador de preconceito e discriminação.
Morreu enquanto ainda dava tempo
Desenristou a mão e encostou-a ligeira ao peito
como quem apalpa, apertando forte, uma banda de carne embalada à vácuo
dessas que ficam em prateleiras em balcões frigoríficos nos supermercados
Dedilhou o ar e esfregou os dedos uns nos outros para sentir se tato havia
e se fim dava àquela dormência que o acometia a mão esquerda.
Arranhou a pele umas duas ou três vezes
para ver se o sangue ainda corria pleno em suas veias
fazendo fértil o terreno de seu coração.
Fértil como aparenta estar a terra quando bem irrigada,
em uma bem cuidada plantação.
No caluniar da escuridão da morte parou, e se arrependeu de tudo!
Parou, por que não tinha como não parar.
Se seguisse em frente talvez lhe faltasse pernas para chegar.
Aos cento e quarenta e sete anos pediu, quase implorando, que o deixassem ali.
Apoiou a língua já quase sem movimento no chão da boca
e gritou de dentro pra fora bem alto:
- Todo mundo parado! Ninguém faz nada! Ninguém se mexe!
Ele parecia estar negociando com a vida e com a morte ao mesmo tempo
Ninguém interviu.
E antes que todos dessem conta, ele morreu, enquanto ainda dava tempo.
Extinção do Poder Legislativo e O decreto federal 8243/2014
Publicado sem muito alarde em maio desse ano, o Decreto 8243/2014 assinado pela presidente Dilma Roussef, entre centenas de belas palavras, institui o que se convencionou chamar de “conselhos populares”.
De forma bastante concreta, estes conselhos serão unidades de definição de políticas públicas - isso mesmo que você leu - : centros decisórios das questões nacionais a serem implantadas taxativamente no país, em uma substituição prática das Casas de Leis nacionais.
Mas espera um pouco, não seria uma má idéia, afinal o Poder Legislativo é um câncer mesmo e mais atrapalha que ajuda, não é verdade ?
Nâo, não é verdade ! Por pior que seja, o Poder Legislativo é o único contrapeso legal de um regime democrático na clássica lição da divisão dos poderes, se ele não é o ideal que precisamos a culpa é de quem o integra e não da instituição em si.
Sem falar que o pulo do gato ou da onça mesmo, é que os tais conselhos serão compostos por aqueles que o Governo nomear, ou seja, “ é nóis mano, junto e misturado”, executivo e legislativo sob uma batuta só.
O doutor Yves Gandra, em palestra recente no Rotary Club de São Paulo disse que "Estamos em um governo contrário as posições de liberdade e economia de mercado que caracterizam a união européia e EEUU “ e ainda “"Num país que tem 140 milhões de eleitores como podemos aceitar que o Congresso Nacional que nos representa seja substituído, trocado por conselhos de algumas pessoas ? ”
Para finalizar, dr. Yves acrescentou: “ Viveremos então um modelo venezuelano, boliviano, equatoriano, onde a constituição só tem dois Poderes: o executivo e o executivo, através desses conselhos !"
Dirão alguns que essa preocupação é exagerada, mas para citar outras opiniões na mesma linha ressalto que o Jornal Estado de São Paulo, em editorial, definiu o Decreto como “um conjunto de barbaridades jurídicas que ferem o Princípio da Igualdade democrática onde uma pessoa equivale a um voto”, ou seja, se a maioria de nós não escolher um representante legislativo, esse representante nomeado em decreto não pode votar em meu nome ou no seu para obrigar a todos a seguir uma nova lei, é simples.
O professor Reinaldo Azevedo classifica este instrumento da presidência como “a instalação da ditadura por decreto” e que o tal “sistema de participação social é na verdade um sistema de tutela”, em outras palavras, é uma ferramenta de controle.
As vozes a favor do decreto somente repetem, até como forma de intimidação populista, que os contrários ao decreto não defendem os interesses do povo, mas qual povo deseja ser conduzido por grupos ideológicos totalmente alinhados ao governo e seus interesses ?
Está mais do que na hora das pessoas melhor informadas começarem a opinar em assuntos de tão grave importância, pois de outro modo, estar-se-ia relevando o futuro de nossas famílias ao desconhecido, ao intruso, ao estranho.
Neste caso específico, precisamos exigir que o Congresso Nacional aja com extrema rapidez para preservar, não somente a si próprio, como também, à democracia em sua totalidade, seja extinguindo o decreto presidencial, seja adequando-o às normas legais.
Essa é minha opinião.
Transtorno de domingo
Aos olhos de todos - as vísceras - completamente expostas. Expostas feito quadros, feito instalações contemporâneas nas ruas da periferia. Sacadas ao meio dia na frente de todos, na porta da padaria. E o corpo, sem identidade ou cor revirado às avessas, a revelia de sua vontade. Caído de ponta a cabeça na sarjeta, após tamanha tormenta.
De repente, um grande alvoroço! As sirenes do carro de resgate interrompem o silêncio local - chegam primeiro que a polícia - essa chega instantes depois com todo seu aparato.Mas já é tarde demais!
Todos observam calados, incrédulos com o ocorrido. Ninguém fala nada, ninguém vai embora. E como se ainda esperassem acontecer algo permanecem no local, velando o corpo. O sangue encarnado que escorre do corpo já roxo, segue pela guia da calçada em linha reta, na direção do esgoto.
Já se passam das sete da noite e o corpo permanece ali, no mesmo lugar! Só que agora coberto com uma manta de papelão improvisada, feita de caixas de óleo de soja, doadas pelo dono da padaria. Ninguém parece ter pressa de tirá-lo daquele lugar. Só o dono da padaria se preocupa com o corpo, pois já é hora de baixar as portas, de fechar o comércio e acabar com todo aquele grande transtorno de domingo.
Quatro Estações (Um Dia na Serra)
Sai de casa com duas meias, bota, blusa de lã, sobretudo, luvas. Nos dez minutos seguintes você já está torrando no sol e, acrescentando a caminhada, sobe aquele cheiro de lã queimada. Arranca as luvas, o sobretudo e inclusive arregaça as mangas! Se duvidar, ainda tenta dar mais uma dobrada na gola cacharrel.
Ótimo, você chega ao seu destino. O serrano, hospitaleiro por natureza, te convida pra entrar. Nessa o corpo se estabiliza e volta à temperatura ambiente. Brrr... Abaixa as mangas. Do nada, dá uma ventania. (Será o vento minuano? Enfim...) Bota o sobretudo. Vai pra estrada outra vez.
Aquele céu outrora azul, maravilhoso, já está totalmente encoberto de nuvens. Agora nem a caminhada é o suficiente para esquentar o corpo. Meia hora depois de entrar em casa, vem um pé d'agua que não chega a durar 10 minutos e lá vem o sol novamente.
9°C e aprendendo a viver na terra onde Quatro Estações não é um clássico, e tudo acontece em um único dia.
E o inverno ainda não chegou...
A vida é assim... há que diga que isso são “os altos e baixos que ela compreende”.
Se é não sei, mas sei que é o vivido...
Todo mundo entende, mas ninguém, na verdade sabe o que sente, se não aquele que passou ou passa.
É a mãe que partiu, é o pai que se foi, é o irmão, o tio, o primo, a esposa, o esposa, o amigo...
É o filho que nunca mais terá o abraço, que nunca mais dará o abraço.
É a vida que amávamos ou amava-nos...
É a corda impar e singular do coração que nunca mais ocupará os espaços esquadrinhados da casa; nunca mais saboreará dos quitutes que gostava...
E as risadas, os choros, as brigas, os conselhos, os momentos em família?
Mas, ainda, há quem afirme que é o “descanso!”... “descansou!”
Sim, descansou.
E a vida de quem ficou? De quem nunca reclamou da fadiga do cuidado, de quem sempre quis e esteve ali presente...
E será que na verdade quem ficou queria mesmo descansar da presença de quem foi?
Não... Certamente, não!
Entende-se, sim, que a presença física alimenta a alma, conforta o coração e equilibra a sensação de bem estar.
Queremos estar, sempre, perto de quem amamos e não importam-se as circunstancias. É estar e pronto...
Mas uma hora, como toda chegada, há uma partida...
O “ir-se”... Mas por que não ficar?
Missão cumprida? Fim de linha? Hora determinada?
Não!
Tempo!
Ah, o “Tempo”...
O Tempo é duro conosco, com a vida, com os modos, com a própria história...
Ontem éramos e hoje não somos mais... ontem foi e hoje já não se existe mais...
Então, resta-nos apenas a certeza do que foi construído antes da partida, antes do término, antes do “tempo de hoje”.
Mas vai ficar sempre aqui, ali...
Ninguém nunca vai por completo... vai uma parte, mas fica um pedaço em cada situação, em cada lugar, em cada música, em cada símbolo gráfico...
Então não vai, apenas deixa de ficar...
Paradoxo? Não! Transcendente... Místico...
Então é belo e não deixa de ser vida...
Com isso essa morte, existe mesmo?
Não sei... Deixo incógnita...
Porque ela vem buscar, mas não consegue levar completamente...
Isso é o que causa, em que fica com parte, a sensação de impotência, de perda, de insuficiência. Porque não se tem na totalidade...
Mas ela, a morte, também, não tem nessa essência, quem nos pertence...
Quem se foi, também ficou... e vai continuar ficando... Um pouco de cada dia dele, entre nós, fica plantado e não se esgotará completamente...
À você que, hoje, está contristada, coração esmigalhado, o meu TRIBUTO DE VITÓRIA... Você foi guerreira nessa situação...
Não apenas eu, mas a comunidade não nega que sua garra, nobreza de mãe, foi um exemplo singular...
Não pense que perdeu, ao contrário, que fizestes valer cada instante, como uma leoa que defende com as garras o fruto do ventre que lhe pertence...
Você, hoje, chora a falta do seu menino, bebê, que está, fisicamente, saindo de perto de você, mas tenha a convicção que a sua tarefa foi, de tudo, cumprida, sem reservas.
ABS
Porque você não deve namorar uma escritora, mas casar-se logo com ela?
Escritoras são seres sobrenaturais, sensitivas e quase videntes. Sei que deve dar um medo danado de aproximar-se de uma criatura tão misteriosa e intensa. Capaz de tocar-lhe a alma com um só olhar. É excepcional estar ao lado de alguém que saberá interpretar seus erros e mostrar o lado positivo em cada plano que não se concretizou. Que será capaz de transformar um momento que passaria despercebido em um ato inesquecível. Sem dúvidas você deve temer a alguém assim e jamais se apaixonar por uma escritora. Como tal, poderia dizer que sou um perigo! Mas prefiro ir por outro lado.
Apesar de não possuir tanta experiência quanto meu viver aparenta, tentarei deixar bem claro sobre porque você deve casar-se com uma escritora. Apesar dos devaneios, temos lá nossas qualidades!
É da natureza do ser humano temer àquilo que nos toca profundamente, porque tudo o que não pode ser explicado causa pavor. Daí um ponto a favor da escritora. Ela não vai sufocá-lo com perguntas rotineiras sobre o quanto você a ama, ou sobre o quanto é importante para ela que a ame. Nem dará crises do tipo “se não ficar comigo, corto meus pulsos”. Uma escritora não lhe fará perguntas a este respeito, mas escreverá sobre como se sente quando está ao seu lado e ela sentirá se você a ama de verdade. Nunca fará tempestades em copos d’água. Tampouco sentirá ciúmes da sua “amiguinha”. Seu olhar será o suficiente para a relação e dirá se ela deve ou não investir em você. E acredite, ela já havia lhe escolhido bem antes que você a escolhesse!
Como um livro, ela “leu” você e perscrutou seus defeitos e qualidades. E se você meu caro, conseguiu atrair este ser sinta-se especial ou amaldiçoado, isso dependerá da sua entrega, da sua capacidade de retribuir a este amor e a desejos tão intensos.
Uma escritora tem os sentidos aguçados, olho no olho, beijos, momentos de entrega são suficientes. Sei que a maioria dos homens preza a liberdade e gostariam de ter uma mulher compreensiva e quando surge uma mulher que olha tão fundo a sua alma e que compreende seus erros e deslizes, eles praticamente se desesperam.
Você deve casar-se com uma escritora ao menor sinal de amor. Porque ela não esperará muito tempo por você. Ela não curte ficar com a vida estacionada, se é que me entende.
Você não precisa ser letrado, nem viver citando as melhores frases de Clarice ou Drummond, precisa ser somente você e deixar que ela se doe sem reservas.
Seja autêntico e ela lhe dará a chance de habitar seus pensamentos e desejos mais profundos.
Ela jamais brincará com os seus sentimentos. Amor para ela é coisa séria!
Respeite seus momentos de solidão. Afinal ela pode escrever em um estádio de futebol lotado, mesmo assim escrever ainda continuará a ser um ato solitário.
Ela jamais exigirá perfeição alguma de você, tampouco terá crises de ciúmes. Escritoras são criaturas livres e não desejam ter “reféns”.
Ao seu lado não haverá monotonia ou escassez de sentimentos. Nem rotina ou tédio. Ela fará jus a sua mente criativa e lhe proporcionará ótimos momentos. Somente ela saberá como lidar com os vilões e não permitirá que destruam seu amor, caso seja verdadeiro.
Fará amor com você com a mesma dedicação com que escreve um livro, será delirante e apaixonante, sem reservas ou repetições.
Você será recebedor de um amor indescritível, inabalável e imensurável.
Ela doará sua essência sem limites ou exceções.
Você deve casar-se com uma escritora porque ela não busca pelo homem perfeito.
Ela não quer conhecer nenhum “sapo”, ela quer você com todos os defeitos dentro da mala. Ela sabe muito bem que príncipe encantado não existe e que o lobo mau nem sempre é o vilão da história. Que de repente a vovozinha até teve um casinho com ele, mas seria um escândalo assumir na época. (risos)
Então não encene ou represente o “mocinho”. A mente dela já é complexa demais e inundada de personagens. Ela perceberá o mínimo sinal de falsidade.
E se você não deseja essa intensidade, meu caro, afaste-se... Não se encante ou se apaixone.
Fazer amor com um ser assim poderá ser perigoso, caso não esteja preparado!
Sem titubear ela te virará pelo avesso. Ela te guiará até a fonte dos seus desejos e fantasias perigosamente viciantes.
Num simples beijo ela tocará a sua alma.
E se você já estiver sobre este encanto, case-se! Lamento dizer, mas já é tarde para correr. E por mais que você fuja dela ou se envolva com outras mulheres, no fim sempre a desejará. Sempre regressará para seus braços. Não haverá beijos ou toques como os dela.
Ela sabe que a vida passa depressa e não é daquelas que espera a felicidade bater à porta. Ela não vai esperar que você desça do muro, mesmo sendo literalmente um gato.
Quando a desorganização... Um belo e sutil home office resolverá tudo!
E quando vocês forem juntos à praia deixe que ela escreva algumas palavras. Acostume-se ao fato dela sempre comprar a bolsa adequada para seus cadernos e escrevinhações.
No final você vai gostar da linda história de amor que ela escreverá sobre vocês.
Um dia você vai se sentar num canto com um pedaço dela nas mãos e saborear a virtude de ter esta mulher ao seu lado!
E ela sempre vai entender você como ninguém jamais ousara e nunca ficará com você por pena ou opção.
Isso não significa que ela aceitará de tudo, não é isso. Mas ela sabe muito bem que a vida real é bem diferente dos romances que ela escreve ou lê, e que você não é nenhum super-herói, nem vilão.
E quando ela te contar as novas histórias você vai perceber que em cada personagem existirá um pouco de você, haverá fragmentos seus por todos os lados... Se você realmente a fisgou isso será inevitável.
Escritoras são criaturas que exalam amor e que ardem em desejos secretos.
Que amam sem pudor e deliberadamente.
São Afrodites da literatura.
Somente ela te amará passionalmente.
Então caro amigo, se tiver alguma ao seu alcance siga meu conselho e case-se com ela!
Melhor que fugir para sempre...
REVERSO - O lado azul de Minas Gerais
De arrepiar todo o corpo, belicoso Cruzeiro, o mais eficiente e eficaz time do século. É com a guerra pulsando nas veias que seguem os jogadores para o estádio, o seu estádio, a sua casa, o seu campo (de batalhas). Armado até os dentes, focado em ser campeão novamente, nem mesmo o maior rival local será capaz de impedir tal empenho. É guerra! E guerras, são decididas no campo de batalha.
Dizem da fé do rival e de suas façanhas recentes, se esquecem das muitas glórias azuis, em tempos improváveis e em locais inimagináveis. Raça! Claro que temos. Basta lembrar do 6x1 (eterno), e da guerra que foi. Épico! Ganhar do River Plate com sete jogadores em campo tendo um jogador fraturado a perna, faz qualquer criança ter certeza de que fez a escolha certa. Sem falar na fama de carrasco que nos fora atribuído por adversários Sulamericanos, que puderem sentir um pouco deste veneno azul. La bestia negra, assim chamam o maior de Minas desde então!
Cruzeiro não é modinha do "Eu acredito!". É a certeza do trabalho duro, do esforço sem medida, da técnica clássica da academia de sempre e da raça que flui pelos poros e contagia toda a torcida. Ser Cruzeiro é mais que esperar pela sorte, é fazer acontecer com a dedicação de quem realmente quer que aconteça. Nós, Cruzeirenses, não entoamos bordões do tipo "Eu acredito!'. Não porque não acreditemos em sua força, e sim porque temos a certeza de que conseguiremos uma vez mais a reversão, a vitória, a glória de sermos campeões. Temos certeza de que sairemos desta batalha ainda mais fortes. Seremos campeões. E, em coro, gritaremos aos quatro ventos, fazendo reverberar em todo o Brasil tal empenho.
O sangue que escorre no suor dos guerreiros, banha a alma da torcida inteira; toda a raça em campo é erguida em mais uma noite de intensa batalha, da guerra um filho azul não foge, até o fim segue a guerrear. Em firme empreitada segue sendo o vento que incomoda o adversário, soprando sempre ligeiro e arguto. Seguem os guerreiros de sempre, na batalha de sempre, na guerra de sempre, mas nunca com as mesmas armas. Somos o reverso do outro lado, o lado brasileiro de Minas Gerais, azuis feito os campeões.
Sobre o amor e árvores
Caminhando vagamente rumo a algum lugar do qual não me vem em mente, sei que caminho como um robô programado a chegar a algum lugar. Andando sem prestar atenção onde piso, automaticamente me desvio de empecilhos, sinto que poderia ter notado logo a minha frente uma enorme árvore que talvez dava flores cor de rosas, bem reluzentes por sinal, como saber? Eu só queria chegar a meu destino.
Sem deveras, se observasse um pouco mais atenta eu teria ouvido as súplicas de um pobre pecador portando uma bíblia em meio a praça pública em que gritava fortemente: “somos todos pecadores”, talvez eu teria ouvido isto. Mas afinal quem será que é os todos pecadores que ele afirmava com tanta convicção?
Bom ouvi dizer algo sobre o amor, ou talvez eu tenha notado um casal meio pálido sentados no banco de um trem, ele com a camisa verde já gasta pelo tempo e ela com os cabelos desalinhados já quase sem brilho, fintavam olhares apaixonados enquanto ele a abraçava como se dissesse que a amava naquele instante, ela já meia sem reação só inclinava a cabeça num gesto de timidez e o afagava os cabelos embrenhados, pareciam se amar. Mas será que o amor está realmente composto nestes gestos? Ele poderia estar dizendo que a amava enquanto pensava em outra, e o gesto de timidez dela poderia ser um repudio à ele, enfim eu não saberia afirmar isto ainda que me interessasse. Interessante mesmo são as árvores, já notaram que elas crescem em qualquer lugar? E ao longo dos anos elas ganham resistência, não são como nós, que ao longo dos anos ficamos velhos e cansados, elas se adaptam ao ambiente e se tornam fortes, capaz de enfrentar chuvas, raios e ventanias que podem chegar a 90 km por hora, isto é incrível.
Dizem que quando ama você passa a observar coisas ao redor, coisas bobas e simples mas que antes não lhe chamariam a atenção, mas por que será?
Acredito que o amor nos põe na condição de bobos, rimos sem ter motivo, amamos sem saber o porquê ou pelo o que, ouvimos músicas deprimentes que nos fazem lembrar de um dado momento, choramos quando sentimos falta, e ainda acha que seria uma condição normal estar em tudo isto? O amor é uma grande loucura, talvez eu não teria notado coisas como um casal meramente apaixonado, ou uma árvore, acho que me encontro também em estado de “Fodeu, estou apaixonado”, por que a paixão causa loucuras, causa pessoas estranhamente sentimentais e quando se depara está falando que nem idiota só para dizer à alguém que você a ama, como se esta pessoa não tivesse capacidade mental de compreender se você apenas dissesse: Olha, Eu te amo e as árvores são incríveis. Mas não você precisa dizer naquela voz medonha e estranhamente fina como um débil mental, só para mostrar (e afirmar aqui a minha tese de que o amor nos torna bobos) que você ama aquela pessoa e age como um retardado.
Eu não costumo notar como as pessoas são estranhas, ou como seu cabelo fica lindo quando está desarrumado, mas acontece que...
Eu virei um deles!
COMIDA E POESIA
Proteínas, minerais, sais, açucares, fibras, etc., etc. Imagine que todos esses elementos fundamentais para a alimentação, cada um deles em suas respectivas quantidades necessárias à manutenção diária do corpo, estivessem dispostos em um grande prato, bem na sua frente, sintetizados e misturados aleatoriamente e prontos para serem ingeridos. Quem sabe o resultado não fosse apenas uma grande massa disforme e estranha, de múltiplas cores e sabores, aromares, texturas, uma riqueza suficiente para confundirem-se os sentidos e acabar por não identificar a peculiaridade de cada um. Não parece algo muito apetitoso, não é? É porque não é assim que “funcionamos” mesmo. Comer é, antes de mais nada, uma necessidade, um impulso de auto conservação a partir do qual, por uma relação de apoio, outros contatos e aprendizados, através da incorporação oral, podem experienciados e adquiridos, alcançando um caráter pulsional autônomo e qualitativamente diferenciado do que o caracterizava em sua origem. Então, se a qualidade daquilo que nos impulsiona a comer já não é mais a mera necessidade instintiva, o que agora seria? Algo tão presente em nossas relações e atividades, desde as mais corriqueiras e ordinárias às mais complexas. Chama-se prazer. Sim, porque o prazer se associa, por exemplo, aquele franguinho guisado que nossas mães e avós (até mesmo os pais, eles são certamente de mão cheia!) preparam em casa, com todo o cuidado e carinho, com toda a riqueza tradicional de seus temperos e segredos, construindo factualmente a receita que persiste em ideia, esperando apenas o momento em que uma oportunidade lhe permita nascer pelas mãos que as preparam, a este muito que tanto carece de belezas injustificadas. Normalmente começam por um convidativo cheirinho de temperos que preenche suavemente cada vão da casa, recebem o principal de seu corpo culinário para ganhar cozimento e são acompanhados por uma multiplicidade de cores. São tomates, e pimentões, cheiros-verdes e cebolinhas, tudo o mais que essa tão maravilhosa arte permita em sua elaboração poética. Cozinhar é exatamente isso, fazer poesias que não são escritas em palavras para nossa linguagem, ou mesmo expressas em sons que nos proporcionem deleite em suas cadeias harmônicas. Fazer poesias que nos encantam através de seus aromares, dos seus sabores, das suas cores. Tudo à sua maneira. Tudo com sua peculiaridade. Tudo formando um corpo que é inteligível além da linguagem, soando como uma melodia além do que qualquer harmonia é capaz de suportar. Poesia que não sai pela boca, mas que a penetra deliciosamente, proporcionando prazer ao corpo e satisfação para a alma. E cozinhar algo delicioso a alguém especial é, também, manifestar toda a beleza de sua própria alma e oferecê-la gentilmente a um paladar que se apeteça dela, incorporando-a, um verso a cada colherada, uma estrofe a cada olhar entrecortado por um doce sorriso ao acaso, como um soneto que, mesmo sem uma única palavra, diz tudo a respeito da alegria de viver e amar.
Tentar
Porque não tentar?
Porque abrir os braços na esperança
Quando a cobiça espera a fadiga?
Porque morarmos em buracos fundos ,dia após dia na esperança do ócio fatídico.
O segredo da vida está na tentativa ; essa do não não passa, Em compensação as consequências da não tentativa são desastrosas.
Não viaje de avião na tentativa, viage de trem , calculando cada esquina,, olhando cada jardim florido , sentindo o cheiro de cada flor e, depois de já calculado e ganho o espaço, depois da calmaria da tentativa, ande de avião pois, todo o tempo que se perde é perda e toda perda é motivo de reflexão e algumas vezes nos faz falta.
Fique sóbrio em suas decisões, não se embriague com o orgulho , o preconceito, a paixão e o que pode te cegar.
O cego precisa apurar outros sentidos para caminhar e nós , nós não temos esses sentidos apurados.
Não se livre dos percalços de forma abrupta, eles, uma vez interrompidos sem critérios , voltarão e com outra dimensão, outras consequências, muitas vezes maiores.
Tente, tente , tente, e tente. Tentar significa ter e estar, tentando você sempre estará presente ; em sua própria vida , na de seus amigos, de seus parentes, estará na admiração de cada um, estará no coração de todos.
Inunde-se de perspectivas , tenha fartas opções, precise sempre. Tenha um lugar para amar e que seja sempre bem-vindo.
Nunca seja hóspede de última hora, as entradas com as tentativas sao distintas e amplas e você tem que ver várias portas abertas, quem tem só uma porta aberta corre o risco do vento soprar contra e fecha-la quando você estiver entrando.
Crie hábitos nobres, espurgue a possibilidade de pensamentos obscuros direcionarem sua vida; sorte não existe, existe um amontoado de causas e efeitos dos quais só nós temos responsabilidade.
a vida é uma contabilidade; uma contabilidade amorosa.
Faça presente a nobreza, essa é elegante e nunca sai de moda , além de fidelizar as pessoas.
Tire um tempo para tomar um chá, ler um livro, arrumar seu armário, reservar uma boa hora para resgatar aquela amizade sem cuidados.
Remonte-se,tente, tentar nos põe vivos e quando a música da vida estiver alta, tente abaixa-la ,mas não desligue o som, só abaixe o volume. A vida tem que ter alegria , e essa alegria vai depender diretamente de nossas tentativas e do volume de nossa música interior.
Lá vem deslizante
Não sei se vem ou se vai
Não sei se lava
Ou se retrai
Lá vai água boa
Que lava meu sorriso
Ou em beleza magma
Se torna lágrima
Vertente sem pegada
Como nada engraçada é perigo
Um sem abrigo
Sorriso ou dor não sei
Lá vem água boa
Meu sorriso assim define
Pois passeia em meu corpo
E torto no horto sou oco
Lá vai água boa
Que lava
Enxágua
E me banha
Me assanha
Me alegra
E em nenhum momento
É tormento
Porque água tudo lava
Água tudo leva
Água banha
Assanha
Acalma
Água lava a alma
Quando a tristeza bate
Quando não nos queremos
Quando de nós nos perdemos
Lá vai água boa
Não sei se vai ou se vem
Não sei se é magma
Não sei se é lágrima
Se em seus olhos vejo aconchego
Meu conselho é que vibre
Pois de ti tenho medo
De um amar sem retorno
Daí, em torno não me apresso
Me stresso em compassos
Visto que era minha calma
Agito minha alma pois é impossível
E se solicito o plausível
Vou seguindo
Sozinha
Em contento com um som agradável
Sua voz
Que me transporta
Me importa
E esgota
É meu amor
Um solitário bobo
Que quando ouve sua voz
Se dilacera em solidão
Minha pressa
Não me critique por minha pressa
Vejo fruto em sementes que brotam
Ou queima em floresta verde
Enxergo longe
Não me critique por manter-me ativa
Proativa que sou em viver
E se meu ver te cansa
Siga mansa é sua natureza
Mas não me critique pela corrida
Minhas pernas formigam
E preciso alcançar
Mesmo que os erros decidam
Tentei
Amei
Escrevi
Vivi
E se te incomoda minha pressa
Borbulhe em chá fresco
É sua mina
É sua sina
E porque corro
É porque em segundos morro
E meu caminho
Não serão percorridos por seus pés
A casa da Vovó
A casa da vovó era tão grande, lá eu me sentia Latifundiário em vinte metros quadrados, lá eu subia no muro que parecia o de Berlim , lá eu subia nas Goiabeiras, nas pitangueiras e não tinha medo de subir, de cair, de sussuarana e nem tão pouco de perder a hora do almoço porque eu sabia que meu anjo envelhecido ali estava para me lembrar ,carinhosamente , que meu prato preferido estava na mesa.
A casa da vovó era tão grande , lá , no quintal, tinha uma enorme pedra, que hoje, diante de meus olhos nem tão grande era assim!
Lá às formigas eram gigantes, as flores mais coloridas , o suco mais doce e os biscoitos mais crocantes. Lá tudo ficava gostoso, até a couve que mamãe fazia e pedia pra vovó colocar em meu prato. Lá verdura era carne tenra.
A casa da vovó era meu itinerário preferido e ela a guia turística mais fantástica que eu já conheci .Meu passeio preferido, meu colo preferido, meu abraço mais quente e meu sim constante.
A casa da vovó era tão grande e se tornava maior por tanto carinho, tanta generosidade, tanto amor. Não cabia em suas intenções tanto carinho, expresso em apenas um olhar, um aconchego ou um sabonete e um talco quando ela ,de mãos dadas comigo, íamos receber sua pensão.
Assim a casa da vovó era uma mansão , tamanhos cantos que tinha, tamanha a vontade de agradar, tamanho o tamanho daquele envelhecido coração.
A casa da vovó, a casa da vovó era minha esperança de crescer , crescer e encontrá-la , envolver meus bracos pequeninos em seus bracos envelhecidos, ou o contrário ou ,simplesmente falar baixinho:
-Vó pede pra minha mãe deixar eu ficar aqui hoje? Pede vó , pede!
E ela com aquele sorriso conivente me abraçava e dizia:
-Pode deixar, ficaremos juntas mais um dia.
E eu simplesmente ,hoje envelhecida na saudade, falo:
- A casa da vovó era tão grande! Mas o amor da vovó era bem maior.
Bom é que acaba!
O bom é que acaba! eu sei que parece paradoxal, por que o que é bom deveria ser eternizado. A paz , a saúde, o bem-estar, a vida, tudo isso acaba. E, analisando o outro lado: O sofrimento, a dor, os desafios, as dificuldades, a doença, algumas não há cura , e, sim, a morte, então acaba!, assim tudo chega ao fim, mesmo que por instantes, mas se tem a sensação que passou, acabou! compreendem?
São por essas e outras que existem dias que estamos angustiados, ansiosos e pensamos, o que é isso que não passa?, quando vai ter fim? Calma! Tudo passa! Não sou eu quem diz. É bíblico! Eu digo que para viver é necessário coragem, sentimento esse que se deve trabalhá-lo diariamente, pois não é fácil e às vezes nos falta, diante da rotina, das péssimas notícias, da desesperança ao olharmos seres humanos destruindo uns aos outros, a falta de trabalho , compreensão, apoio, negativismo e desejo mal constante ao próximo têm-se introduzido entre os lares com mais frequência, tão notável que se encontra muitas frases de autoajuda na tentativa de restabelecer a harmonia familiar e paz espiritual.
Certo dia, experimentei um sabor, que aliás, de saboroso não havia nada! Experimentei um gosto amargo que resseca a boca , falta ar, incham os olhos e fere profundamente o coração. Quisera eu definir para vocês esse gosto, mas desconheço palavra para nomeá-lo, pois um turbilhão de sentimentos dolorosos e sensações ruins adentraram no meu peito que tomaram conta de minha mente, roubando meus sonhos, mudando meus planos, causando medo do futuro, posso afirmar, não foi nada bom! Não desejo esse dessabor para ninguém, pois abala sua autoestima, fé, esperança que me fez desejar profundamente naquele momento rebobinar o tempo, tirar esta bobina e colocar uma nova, kkk... MAS PASSA... Pois, assim como as alegrias passam, as tristezas também..., pois não somos blogueiras que vivem 24 horas de bem com a vida.
Quero tudo devagar
Porque se meu tempo está pra acabar
Que eu o aproveite
Como deleite
De pouco passar
E que eu deixe a rapidez para os novos
Que não percebem
O que bebem
O que sentem
O que mentem
Que andam a navegar
Em terra solta
Quero tudo devagar
Porque se o fim chegar
Que seu intervalo seja passear
Pelas estrelas
Pela lua
Pela sabedoria
Quero tudo devagar
Porque a pressa de passar Se transformou
E se saúde faltou
Nada releva
Tudo se enerva
E uma brecada
Se dá em cada arrancar
Mostrando que a felicidade é devagar
E se dá somente
Na fortaleza do amar..
30.12.17