Crônicas

Cerca de 760 crônicas

⁠Crônicas de verão

Nos raios iniciais solares
Na escola, antes das aulas
Devaneando suavemente nos bancos escolares
Do lado de fora na frente das salas.

Numa preguicinha matinal
Sono em mim se mostrando
Sentindo o sol e me sentindo menos mal
Pelos corredores me pego caminhando.

Com a leve brisa do vento
Caminhando lentamente com meus amigos
Bem devagar, lento
Passando pelos pés de figos.

Em mim mesmo procurando abrigo
Para sumir esse sentimento de vazio
Pisando nesse chão antigo
Na pele sentindo o frio.

Inserida por elesandro

⁠Crônicas do Efêmero

No ritual matinal do café quente,
abre-se o dia com moderação,
enquanto o sol, comedidamente,
ensaiando seu brilho, molda a mesa com precisão.

A brisa, tímida e reflexiva,
percorre as folhas com lembranças,
como quem passeia entre memórias,
de um tempo que, na verdade, nunca se foi.

O riso infantil, puro e indomável,
corre sem destino certo,
como se a vida lhe pertencesse,
e o momento fosse uma eternidade.

Um abraço inesperado,
que sem alarde se anuncia,
carregando em seu simples gesto
todo o peso suave da afeição.

E no reencontro com os amigos,
as palavras fluem sem pressa,
entre risos, confidências e recordações,
como se o tempo, por um instante, se esquecesse de passar.

São essas minúcias da existência,
aparentemente insignificantes,
que compõem, em segredo,
o grande romance da vida.

Inserida por Epifaniasurbanas

⁠CRÔNICAS DA ILHA

A Carruagem de Ana Jansen:
Era uma noite escura e tempestuosa em São Luís. As ruas de paralelepípedos estavam desertas, exceto por uma figura solitária que caminhava apressadamente. Paládio, um jovem estudante de sociologia, estava voltando para casa após uma longa noite de estudos na biblioteca. Ele sempre foi fascinado pelas lendas locais, especialmente pela história de Ana Jansen.
Enquanto caminhava pelo bairro da Madre Deus, Paládio ouviu o som de cascos de cavalo e rodas de carruagem. Ele parou e olhou ao redor, mas não viu nada. O som ficou mais alto e, de repente, uma carruagem negra apareceu na esquina. Os cavalos eram enormes e negros como a noite, e a carruagem parecia flutuar sobre o chão.
Paládio ficou paralisado de medo enquanto a carruagem se aproximava. Ele podia ver uma figura sentada dentro, uma mulher com um vestido antigo e um olhar severo. Era Ana Jansen. A carruagem parou ao lado de dele, e Ana Jansen olhou diretamente para ele.
"Você conhece minha história, jovem?" ela perguntou com uma voz fria e distante.
Paládio, tremendo, assentiu. "Sim, senhora. Eu sei quem você é."
Ana Jansen sorriu, um sorriso que não alcançou seus olhos. "Então você sabe por que estou condenada a vagar por estas ruas. Minhas ações no passado me trouxeram a este destino. Mas você, jovem, ainda tem a chance de mudar seu futuro."
Com essas palavras, a carruagem começou a se afastar, desaparecendo na escuridão. João ficou parado por um momento, refletindo sobre o encontro. Ele sabia que tinha testemunhado algo extraordinário e que a história de Ana Jansen era um lembrete poderoso das consequências de nossas ações.

Inserida por wbrit

⁠MENESTREL DA MADRUGADA (03:50) - 07 nov., 2021.

Na angústia crônica e imperativa de uma madrugada pandêmica, eis que já a declaro minha companhia. Ainda que eu a despreze, a ansiedade com ela gerada é como um abraço envolvente que seduz e acaricia.
O silêncio sussurra em meus ouvidos, que me gela a espinha. Tomado pelo chamado da reflexão, decido então sentar à frente do computador.
Começo a navegar por um mar revolto de palavras e ideias, e em poucos minutos, com a vista turva, já não vejo mais o cais.

Conforme escreve o filósofo francês, Edgar Morin, “a chegada do imprevisto era previsível”. Sabíamos que o momento ímpar, de singularidade, aconteceria, mas encará-lo nos coloca no jogo da seleção natural. Descrever tal momento é uma epopeia, pois entre os acontecimentos grandiosos da nossa vida ordinária, nós somos os próprios heróis.
O tempo não para. E ele é selvagem!

No vagar de uma possível escrita, pausas reflexivas dão voz às batidas do pequeno relógio num cômodo ao lado. Penso em como viver se tornou desafiador. E, com isso, espero que as próximas gerações saibam reconhecer e interpretar os sinais de um novo tempo que requer renovo.
Ao vasculhar o baú dos sentidos, qual(is) é(são) a(as) âncora(s) que nos mantém firmes neste plano transitório?

Viver dói. Mas viver feliz, aí sim dói mais.
Penso, ainda, que nossos jovens precisam ser fortes, pois lidar com a liberdade de ser diante de um mundo em deterioração é muito mais sufocante que viver em tempos de pandemias sociais.
A máscara que utilizamos, de fato não nos define. Elas escondem táticas de sobrevivência e artimanhas arbitrárias. Talvez isso faça parte dos atributos daqueles que prosperarão.

Já com o cantar dos pássaros (05:22), o sol tímido começa a riscar os céus, trazendo luz não só para os campos e para a cidade, mas também para os meus pensamentos. É um presságio de esperançar, de que as trevas vão passar, e mesmo na incompatibilidade com o alumiar, ambos têm seu espaço e seu momento em nossas vidas.

Inserida por correathb

⁠Problemas mentais:

Como doem essas crônicas
não essas doenças físicas ou esses textos infantis
mas doenças mentais, que assolam meu cérebro desde sempre
desde meu primeiro respiro, a dor me acompanha na minha fútil e medíocre existência e vai me acompanhar até o meu último inspiro, por que uma dor crônica não abandona
ela te destrói aos poucos, te leva ao pior estado de ser
o estado do momento de perecer.

Inserida por PabloAfonso

Uma Crônica

Na pequena cidade de um interior pernambucano, cercada por três serras altivas e vigiada pela igreja matriz, erguia-se uma família moldada pela aspereza da vida e pela obstinação dos sentimentos. Janeiro , o pai, era um homem de palavras ásperas e álcool constante, cuja presença pesava como nuvem carregada sobre o lar. Sua voz, embriagada e intempestiva, era tanto um fardo quanto uma sombra que apagava o brilho da casa humilde.
Maria da Esperança, porém, era o contraponto àquele caos. Pequena em estatura, mas gigante em esperança, carregava no peito um desejo indomável de dias mais claros. Via no horizonte das serras a promessa de um amanhã menos duro, e mesmo em meio à penumbra, plantava sonhos nos corações dos seus quatro filhos, cada qual um universo singular.
Setembro, o primogênito, era a encarnação das paixões do pai. Seu mundo era feito de noites de viola, copos cheios e risadas ruidosas. Herdara o sangue fervente e a alma boêmia de Janeiro , para o desespero de Maria, que, mesmo assim, enxergava nele uma bondade oculta, uma centelha de redenção entre as cinzas.
Novembro, o segundo, vivia em outro compasso. Era o sonhador, o arquiteto de palavras e ideias. Passava as noites sob a luz trémula das velas, rabiscando versos e planos que prometiam libertar a família das garras do destino. Queria ser professor, escritor, um viajante nas asas da imaginação.
Abril, o terceiro, era o centro de gravidade. Um pilar de racionalidade e coragem. Com sua mente afiada de advogado e o coração de filósofo, ele trazia ao mundo a ordem que a vida tantas vezes negava. Era o conselheiro, o estrategista, o guardião das esperanças da mãe e o guia dos irmãos.
Ariano, o caçula, era um cometa de energia. Ariano de alma, trazia consigo a marra e a confiança de quem desafia a gravidade. Tinha nos olhos o brilho de quem acredita no próprio destino e nos gestos a audácia de um guerreiro pronto para enfrentar o mundo.
A infância dos quatro foi forjada na aridez do sertão, sob a sombra de Janeiro , cuja violência feria tanto quanto a seca. Até que Maria, exausta e ferida, decidiu partir. Deixou para trás não apenas o lar, mas também o medo, levando consigo apenas a esperança de que seus filhos sobreviveriam.
Sozinhos, os irmãos aprenderam a lutar contra o vento. A solidão assumiu a liderança com sua bravura impulsiva; Novembro encontrou refúgio nas ruas e no sitio logo depois; Abril seguiu Novembro, mas tinha seus planos próprios, e Ariano, com sua confiança inabalável, encarou o futuro de frente.
Com o passar dos anos, as serras continuaram a guardar a memória daquelas lutas. A igreja matriz, sempre firme, testemunhou o retorno de Maria, agora mais forte e com os olhos brilhando de orgulho por seus filhos. Janeiro permaneceu o mesmo, mas os filhos o perdoaram, compreendendo que o amor que herdaram vinha de outro lugar — da coragem inquebrantável de Maria.
Assim, na simplicidade daquelas terras, escreveu-se uma história de dor, esperança e redenção. As serras, eternas vigias, e a igreja matriz, guardiã dos sonhos, testemunharam o triunfo da família que ousou desafiar o destino e encontrar, no meio da tempestade, o sol.

Inserida por jottaandrade11

⁠CRÔNICA DO CAFÉ

Cliente I: café, por favor.
Atendente: puro ou com leite?
Cliente I: puro.
Atendente: com açúcar ou adoçante?
Cliente I: açúcar.
Atendente: eis o café.
Cliente I: obrigado.

Cliente II: café, por favor.
Atendente: puro ou com leite?
Cliente II: não posso tomar leite, tenho intolerância à lactose. É uma deficiência de uma enzima no organismo, chamada lactase. Dia desses, bebi um copo de leite, tive cólica abdominal e diarreia. Foi horrível! Você não sofre disso?
Atendente: não, senhor.
Cliente II: agradeça todos os dias.
Atendente: eis o café... puro!
Cliente II: não vai perguntar se quero com açúcar ou adoçante?
Atendente: deveria, mas estou com receio de o senhor sofrer de diabetes e dar outra aula.

Inserida por RomuloBourbon

⁠CRÔNICA DO BEBUM

O motorista é parado na blitz da Lei Seca.

Policial: "Boa noite, vamos fazer o teste do bafômetro?"
Motorista: "Não precisa".
Policial: "O que disse?"
Motorista: "Já confesso que bebi um litro de cachaça".
Policial: "Nesse caso, iremos conduzi-lo à Delegacia".
Motorista: "É o que quero".
Policial: "Pode se explicar?"
Motorista: "Flagrei minha mulher com outro".
Policial: "Caramba".
Motorista: "Recebi a notícia da morte de meu pai".
Policial: "Meus pêsames".
Motorista: "Meu filho foi preso por tráfico de drogas".
Policial: "E esse carrão"?
Motorista: "Emprestado do agiota para quem estou devendo uma grana".

O policial anota numa folha de papel e a entrega ao pobre infeliz.

Motorista: "O que é isso? É o endereço da Delegacia?"
Policial: "É da rezadeira".

Inserida por RomuloBourbon

⁠CRÔNICA DA GULA

No restaurante, com o cardápio em mãos.

Cliente: "Picanha."
Garçom: "Bem passada?"
Cliente: "Mal passada e com capa de gordura."
Garçom: "Incluo batatas fritas?"
Cliente: "Sim, com ketchup."
Garçom: "Adiciono o combo de bacon?"
Cliente: "Sim, e coloca salames também."

Depois do farto almoço, o cliente pede o cafezinho de sempre.

Garçom: "Açúcar no sachê?"
Cliente: "Tem adoçante?"
Garçom: "Só dietético."
Cliente: "É bom para meu regime."

Inserida por RomuloBourbon

⁠CRÔNICA DO ESCRITOR

Um escritor e sua esposa discutem a relação.

Esposa: "Você não tem mais tempo para nós."
Escritor: "Como assim?"
Esposa: "Você só escreve!"
Escritor: "Não seja injusta."
Esposa: "Então me diz o que está fazendo agora?"

Vendo o lápis e o papel nas mãos, o escritor os larga e começam a namorar. O clima vai esquentando...

Esposa: "É tão sublime essa troca que poderia ser eterna."

Então, o escritor interrompe o ato e pega o lápis e o papel novamente.

Escritor: "Espera. Vou anotar isso."

Inserida por RomuloBourbon

⁠CRÔNICA DO INDECISO

Dois amigos solteiros estão há horas na balada.

Amigo: "Conheceu alguém?"
Indeciso: "Vi aquela loira."
Amigo: "Falou com ela?"
Indeciso: "Tem a morena também..."
Amigo: "Deixa eu adivinhar... você está na dúvida."
Indeciso: "Posso tentar no cara ou coroa."
Amigo: "A festa está acabando... vai logo falar com uma delas!"

A loira e morena conhecem outros caras.

Indeciso: "Caramba."
Amigo: "Aceita uma bebida como consolo?"
Indeciso: "Claro".
Amigo: "Cerveja ou uísque?"
Indeciso: "Deixa eu pensar..."

O bar fecha e o indeciso volta pra casa sem paquerar e sem tomar nenhuma bebida. Com fome, abre a porta da geladeira, suspira, e pensa: "torta de maçã ou de ameixa?"

Inserida por RomuloBourbon

⁠CRÔNICA DO HIPOCONDRÍACO

Eduardo teve uma leve dor de cabeça naquela manhã de sábado. Correu até a caixa de remédios, tomou um analgésico, e pensou:

- "só pra garantir".

Após o almoço, foi cochilar, mas se sentiu um pouco esquentado. Correu até a caixa de remédios, tomou um antitérmico, e pensou:

- "só pra garantir".

À tarde, vendo Tv, tossiu por um momento. Correu até a caixa de remédios, tomou um xarope antitussígeno, e pensou:

- "só pra garantir".

À noite, foi se arrumar para um encontro com uma garota que conhecera num aplicativo de paquera. Correu até a caixa de remédios, tomou um viagra, e pensou:

- "só pra garantir".

Inserida por RomuloBourbon

⁠CRÔNICA DO CURIOSO

Um homem discute pelo telefone celular em voz alta no ônibus.

- "Eu não fiz nada demais...Ela é uma amiga! Já falei mil vezes... Quê? E vou dormir onde?"

Um rapaz ao lado no ônibus pede licença.

- "Oi, você poderia colocar seu fone no viva-voz?"

- "Ué, por quê?"

- Porque estou curioso para ouvir o outro lado.

Inserida por RomuloBourbon

⁠UMA DOSE
(Crônica)

Deprê, Joana vai ao bar.

- "Vou querer uma dose."

- "De quê, senhorita?"

- "Esperança."

- "Desculpe, não temos essa bebida."

- "Que absurdo!"

- "Só temos uísque e vodca."

- "Esse bar é uma droga!"

- "Ainda vai querer sua dose?"

- "Sim."

- "De quê, senhorita?"

- "Dias Melhores."

Inserida por RomuloBourbon

⁠CRÔNICA DO PRETENDENTE

Júnior estava muito interessado em Leandra, então a convidou para jantar.

Ela inicia a conversa:

- "Me fala sobre você."
- "Sou empresário do ramo de confecções."
- "O que curte fazer?"
- "Curto ganhar grana. De pró-labore, recebo uns cem mil por mês."
- "Perguntei se tem hobby."
- "Adoro ver as finanças."

Desinteressada, Leandra chama o garçom para pedir a conta.

- "Ah, adoro cozinhar, gosto de ir ao cinema, faço massagem e amo presentear com flores" - arremata Júnior.

O garçom chega e Leandra já emenda:

- "Por favor, traga um vinho pra mim e pra meu namorado."

Inserida por RomuloBourbon

⁠Crônicas de um diaristas
Hoje me sinto triste, confuso, decepcionado, perdido, aborrecido e com um alto teor de me recusar a viver. Podia considerar Isto como um diário, mas não é o caso. Diário é para adolescentes que não compreendem nada ainda, não sabem quem são, para onde vão, o que precisam e quais as suas prioridades. Embora haja nisso uma semelhança muito alta, pois ainda sinto estes sentimentos e dúvidas pairando na cabeça e, confundo-me às vezes se de fato passei dessa fase de reclamações e imaturidade, na verdade há fases que um homem nunca passará. Quero compreender a razão disso... Nada que façamos nos fará adultos e responsáveis, somos uma metade de tristeza sem razão, decepção constante e perdas que provocamos. Acho que nesse momento estou mais perto de considerar estas escritas como o preâmbulo de um diário, infelizmente, prova que, há “adolescência em mim ainda, há irresponsabilidade, há perdas constantes, há amor sem conhecer , há ódio sem nunca ter visto e desejo de algo que não terei”. Mas tudo bem!
Quem quiser ler-me como alguém que escreve a um diário, tudo bem, entendo que tudo nessa vida vagabunda, não passa mesmo de um diário.

Inserida por aurio_rodrigues_ar

Não Quero Apontadores
O apontador de lápis é a prova viva que nem sempre a evolução quer dizer melhora, ela quer dizer mudança. Quando apontamos um lápis com apontador, ou ele não aponta por completo ou a ponta se quebra. Com um estilete é diferente, esteticamente não pode ser melhor, mas com certeza é mais prático e eficaz, os cortes feitos, além de prazerosos para quem os fazem, moldam o lápis ao seu bel prazer, na hora de afinar a ponta, o pozinho deixado pela raspagem do grafite será soprado, inexplicavelmente uma sensação de dever cumprido brotará dentro de nós, suavemente a ponta será testada nos dedos (os mais corajosos o fazem nas bochechas) e o lápis pode enfim continuar os seus afazeres.

Psiquiatria da intensidade

Sempre me senti mal por ser tão sensível e intenso. Se eu amasse, eu amava demais. Se me tirassem a paciência eu me exaltava muito, se eu chora-se era dilúvio, se na alegria eu radiava sol na tristeza desabafava até com a lua.
Sempre 8 ou 80, sem meio termo, sem meia boca, sem meio drama, sem meio amor. Não entendo como as pessoas conseguem serem mornas agridoce, amantes de noite e desconhecidos de dia. Conquista e some, chovem mais não molham, mastiga e não engole muito pelo contrário, Cospem!
Sociedade sem temperatura ou intensidade nem a física explica. E se fôssemos um recinto, Qual seria o meio termo do vazio e do cheio? E se escolhemos ser energias? Não podemos escolher ser Prótons ou nêutrons? Me diga, Quem consegue viver de meios termos?
Viver de extremos nem sempre é tão ruim quando viver de indecisão. Ausência de reprocidade no quesito intensidade , muitas vezes condena as relações fazendo que quem sente muito, deva se sentir muito mais (no ar de lamentação) por serem assim como são. Lembro-me do dia em que eu levei alguns chocolates a minha paquera logo de primeiro encontro, mal o conhecia mais sabia que ele era chocolatra sem me importar o que ele pensaria de mim por que não agrada-lo mostrando que eu estava feliz por vê-lo naquela tarde. e no fim ? Ele se encantou comigo, não o assustei nem um pouco com minha intensidade. E talvez se tivesse assustado? Ele não se-ra o cara ideal para mim. Sensibilidade hoje em dia parece ser doença sem cura, com intensidade sentimental então? Vish, você se torna digno de uma ala solitária na psiquiátria.
Loucura diagnosticada por se doar completamente a quem se ama, transtorno de ansiedade por contar os minutos para ver alguém que nos é tão especial, estresse pós traumático pelos rompimentos bruscos, depressão pela falta de amor próprio, desenvolve demência quem inocentemente acredita cegamente na bondade das pessoas, hiperatividade com quem se preocupa com grandiosas demostrações de afeto, todas ao mesmo tempo. Déficit de atenção na própria rotina por ansiar a noite, para que assim possa escutar a rotina de outra pessoa. Alguns chegam até em um transtorno obsessivo compulsivo por deixar o ciúmes liderar a relação. E o TOC emfim aparece , por conferir-mos mil vezes suas intenções antes de nós relacionarmos por completo.
Sobre a cura? Seu tratamento é feito com apenas um único remédio: altas doses de coração partido e cara quebrada para desenvolver a frieza. Ao fim do tratamento uma minuciosa necropsia aprofundada das decepções para dar o óbito ao sentimento.
Tentei todos os tratamentos possíveis, até mesmo o eletro choque na esperança que algo por dentro me esfriasse por completo, pois a única coisa que adquiri com ele foi apenas o choque de realidade que o problema não estava comigo, por mais que as pessoas ao me redor quisessem me fazer acreditar nisso.
Não há mal nenhum em ser intensa e sentimental! Desde que sabemos de que forma usar essa característica nossa para que não seja uma vulnerabilidade. Não há doença alguma por amar de mais ou se doar demais, ou sentir demais, issos são traços nossos e que independente do tempo, alguma hora vai aparecer a alguém que saiba corresponder, respeitar e compreender . Desenvolvendo a reciprocidade necessária nesse aspecto.
Cada um dá o que há de melhor em si independente do grau do sentimento, e isso necessariamente não quer dizer que se ama mais ou menos, isso só quer dizer que independente das pessoas o amor tem que existir seja de forma igualitária ou não, só precisa ser sincero e verdadeiro.
por que ninguém se basta de meios termos, nem ama um meio amor! Já que de morno já basta o Café .
Talvez a maior doença da vez seja pensar que se é doente por não mostrar desinteresse para seduzir alguém, ou viver um meio amor com medo de não achar um inteiro, ou simplesmente deixar tudo na bolha das incertezas. Já que buscar o inteiro(a) intenso(a) que nos completa nos faz ser nomeados Loucos no laudo psquiatrico da sociedade.

Vamos descombinar?

A gente caminha pela vida fazendo acertos de todas as ordens.
Primeiro são os que se destinam aos pais. Temos a necessidade de deixar combinado nosso compromisso em fazer tudo adequado, certo, dentro do esperado. O esperado por eles, claro.
Depois vêm os acertos que fazemos com a vida. Alguns que sequer raciocinamos direito. Mais ou menos como se assinássemos um cheque em branco só porque o credor - vida - nos parece da mais alta confiança. Nem sempre. Será?
Com ela combinamos, combinamos, combinamos. Combinamos concluir com êxito os estudos, aprender a nadar, entrar para faculdade, concluir a faculdade, conseguir emprego, falar inglês. A lista não termina porque a vida não terminou.
Acertos que fazemos em momentos em que éramos outros. Sim, outros.
Escrevendo, me ocorre, sem nenhum planejamento, a letra do Caetano que bem poderia ser dedicada para a vida, num trecho que nos permite algumas leituras e releituras internas... "Você é meu caminho (...) desde o início estava você (...) meu mar e minha mãe, meu medo e meu champanhe. Visão do espaço sideral. Onde o que eu sou se afoga! Meu fumo e minha ioga, você é minha droga, paixão e carnaval... Meu Zen, Meu Bem, Meu Mal (...)"
É isso: "onde o que eu sou se afoga!" Na era das combinações o que nós somos às vezes se afogar pelo que fomos, éramos ou pensávamos ser ou pensaram que fossemos. Mesmo que haja alguém com a crença - terrível - de que somos os mesmos desde o útero. Devo dizer que invejo essa pessoa. Ela deve ser bem menos inquieta que eu. Gente que acredita que não mudou nada, por favor, não leia essa crônica. Ela lhes soará como um acinte quando só quer propor um assunto. Não. Não é uma provocação. É uma constatação. Mas, se essa constatação lhe provocar algo, aproveite.

Um discípulo perguntou a um velho sábio sobre quem vinha primeiro, se era a energia ou a força. E com a serenidade costumeira a resposta do ancião pareceu cheia de complexidade para um entendimento superficial sem os mecanismos da reflexão profunda:

"Sem energia perdemos a força - respondeu-lhe o velho homem -, no entanto, você pode estar pensando que é a força que produz energia. Mas veja bem que não há força sem energia. Neste caso, precisamos descobrir o que é causa e o que é efeito. Não nos parece aquela mesma história de quem veio primeiro se foi o ovo ou a galinha? Então, onde estaria a energia neste caso? Porque a energia que a força produz é secundária, e a força que a energia produz é a força primeira ainda misteriosa como a própria luz. Observe que a luz também é efeito, pois a causa é a energia.", completou o mestre.

E o discípulo ouvindo tudo aquilo, não teve força para replicar, porque estava psicologicamente esgotado, sem energia para raciocinar.