Crônicas
..............Crónicas de Adonis Silva..............
Quanto mais me lês, mais me despes
Na penumbra do entardecer, ele caminha com elegância pelas ruas, seus passos parecendo flutuar no ar. Seus olhos são como duas esferas de mistério, brilhando com a intensidade de estrelas distantes. Ele é um homem bonito, e não há quem não erga um olhar curioso ao seu passar.
O sobrenatural o envolve, como uma aura invisível que o acompanha. Alguns dizem que ele é feito de sonhos, que sua beleza é apenas uma reflexão de um reino desconhecido. Outros creem que sua aparência é uma manifestação das forças místicas que governam nosso universo.
Seus traços parecem esculpidos à perfeição, uma harmonia inigualável de curvas suaves e ângulos precisos. Seu sorriso, um convite ao devaneio, deixa no ar um rastro de encantamento. Ele sabe que sua beleza é uma dádiva, mas também uma responsabilidade.
Ele se deleita com os olhares admirados, mas não se deixa envolver pela vaidade. Sabe que sua verdadeira essência reside nas profundezas de sua alma, mais do que nas feições físicas. Ele utiliza sua beleza para inspirar, para alegrar o coração dos que o cercam.
No entanto, esse dom não vem sem desafios. Alguns buscam se aproximar dele em busca de benefícios, desejo ou inveja em seus olhares. Ele é sensível a essas energias indesejadas, mas não se deixa abater. Com a sabedoria que adquiriu ao longo dos tempos, ele aprendeu a filtrar as intenções e a focar naquelas genuínas e verdadeiras.
Ao se permitir saborear o sobrenatural de sua beleza, ele mergulha em um universo paralelo, onde não existe espaço para superficialidades. Ele transcende a noção do efêmero e mergulha nas profundezas do ser humano, explorando a conexão entre as almas.
Ser um homem bonito, para ele, é uma dádiva que vai além da aparência física. É a oportunidade de tocar o sublime e de utilizar essa graça para trazer luz e amor ao mundo. Sua busca pela beleza verdadeira não se limita a espelhos, mas a momentos de empatia, gentileza e compaixão.
Portanto, enquanto ele caminha por estas ruas, deixando o charme em seu rastro, ele sabe que a verdadeira beleza reside na capacidade de enxergar além do que os olhos veem. Em cada sorriso iluminado por sua presença, ele compartilha o mistério e o sobrenatural que o habitam.
Lembrando sempre que a beleza está no coração daqueles que escolhem também irradiá-la ao mundo.
Portanto sejam bonitos de qualquer forma.
( Adónis Silva )
..............Crónicas de Adonis Silva..............
Quanto mais me lês, mais me despes
No dia em que bebi o teu charme de mulher,
E provei o teu suor, sabor doce e singelo,
Saboreei órgão que fica entre os pulmões,
Foi quando descobri o verdadeiro céu pelo qual anelo.
Teus olhos, estrelas brilhantes e divinais,
Naquela noite, me guiaram pelo universo,
Em teus lábios, encontrei o doce mel do amor,
E nos teus abraços, senti o fogo que tudo dispersa.
Foi assim que me perdi em teu encanto,
No dia em que bebi a essência do teu ser,
Teus suspiros harmonizaram-se com o ar,
E minha alma, com prazer, pôs-se a crescer.
Descobri em ti um órgão além dos limites do corpo,
Uma melodia que embala minha jornada,
E no calor da paixão, encontrei a iluminação,
No dia em que bebi o teu charme de mulher, amada.
Esse encontro eterno ficará gravado em meu peito,
Como a mais bela poesia, o mais puro refrão,
No dia em que bebi o teu charme de mulher,
Descobri o amor verdadeiro, sublime e então.
( Adónis Silva )
..............Crónicas de Adonis Silva.............
Quanto mais me lês, mais me despes
No dia em que o tempo parou,
O mar se escondeu nas estrelas,
A brisa se aquietou, o silêncio tomou conta.
No horizonte, um quadro se revelou,
O céu era um mar de luzes cintilantes,
Refletindo a imensidão do amor.
A areia beijava meus pés descalços,
Enquanto os olhos capturavam o espetáculo,
Das ondas que dançavam nas constelações.
A lua, serena testemunha daquele momento,
Derramava seu brilho prateado como um acalento,
Envolvendo tudo com seu encanto sedutor.
No mar de estrelas, a alma se perdia,
Nas cores que dançavam no céu e na fantasia,
De um mundo onde o tempo não existia.
E na imensidão daquele instante mágico,
Eu me sentia parte desse universo tão rico,
Cheio de mistérios e beleza indescritível.
No dia em que o tempo parou o mar,
Aprendi que a vida transborda em cada olhar,
E cada segundo tem o poder de eternizar.
Que mesmo nas perdas e nas adversidades,
Podemos encontrar a paz e a felicidade,
Basta olhar para o céu e deixar-se encantar.
Então, quando o tempo voltar a fluir,
E o mar voltar a encontrar seu lugar,
Guardarei em meu coração a memória de um dia,
Em que o tempo parou e o mar se escondeu nas estrelas.
( Adónis Silva )
..............Crónicas de Adonis Silva..............
Quanto mais me lês, mais me despes
A brisa da manhã acaricia suavemente o meu rosto enquanto me preparo para mais um dia de aventuras. As asas batendo no ar, o vento sussurrando nos ouvidos, sinto-me totalmente livre. Ser um pássaro é uma bênção que me foi concedida e eu aproveito cada momento.
Enquanto sobrevoou os campos verdejantes, observo a majestade da natureza. O céu azul se estende até o horizonte, parecendo infinito. Abaixo de mim, posso ver pessoas indo e vindo em suas vidas agitadas, completamente inconscientes da liberdade e paz que os meus voos me proporcionam. É uma sensação indescritível.
Ao passar por nuvens macias e esvoaçar com elegância dentre elas, sinto-me transportado para outro mundo. É como se eu pudesse tocar as estrelas e alcançar os mais altos sonhos. A adrenalina corre pelas minhas veias, me fazendo sentir vivo e vibrante.
Os outros pássaros dançam ao meu redor, como uma orquestra perfeita que executa uma sinfonia mágica. Observo seu movimento gracioso no ar, cada um com sua cor e forma singular. Cada um traz consigo uma história de vida, uma jornada na imensidão dos céus.
Enquanto deslizo pelos ares, não posso deixar de me maravilhar com a vastidão do mundo que me rodeia. Montanhas majestosas, extensas florestas e rios fluindo em harmonia criam uma paisagem de tirar o fôlego. Sinto-me pequeno diante de tanta grandiosidade, mas, ao mesmo tempo, poderoso por ser parte dela.
Nessas jornadas solitárias, encontramos a nós mesmos. A conexão com a natureza e com a própria essência torna-se mais forte a cada batida de asas. A cada momento de silêncio, sou capaz de sentir minha verdadeira essência voando além dos limites do meu corpo.
Quando a noite chega e o sol se despede, retorno ao meu abrigo. O cansaço do dia é substituído pela gratidão. Ter a oportunidade de escutar o meu próprio voar é um privilégio único. É uma experiência que guardarei comigo para sempre, alimentando meu espírito, renovando minhas forças e inspirando-me a enfrentar todos os desafios que a vida me apresentar.
Lembre-se, não importa qual seja a sua paixão, encontrar momentos em que você possa escutar "o seu próprio voar" trará uma sensação de plenitude, liberdade e conexão consigo mesmo. Acredite em suas asas e nunca pare de voar.
( Adónis Silva )
..............Crónicas de Adonis Silva..............
Quanto mais me lês, mais me despes
Entre a alegria e a alergia,
Encontro abrigo em meu ser,
Recuso o tóxico que tenta me inocular,
Prefiro preservar minha essência pura.
No turbilhão do mundo lá fora,
Escolho ser virgem de negatividade,
Mantenho-me distante do amargo salgado,
Que por aí solto vagueia.
Encontro paz em minha alma,
Cultivo a alegria que em mim floresce,
Através dela, transbordo harmonia,
Enquanto a alergia ao tóxico desaparece.
Na pureza da minha existência,
Rejeito a amargura que tanto fere,
E me resguardo em meu refúgio,
Entre a alegria e a alergia, reinvento-me.
( Adónis Silva )
..............Crónicas de Adonis Silva.............
Quanto mais me lês, mais me despes
No brilho intenso do olhar, a beleza se revela
Minha alma, verde em tons singulares
Reflete no teu ser, uma tela tão bela
Cada olhar trocado, um novo horizonte
O verde dos meus olhos, mistério profundo
Pinta a tela da tua vida, sutileza que encanta
Transformando o mundo em matizes abundantes
No verde, a esperança encontra morada
Na cor dos meus olhos, uma jornada
Como um jardim exuberante em plena primavera
Nossa união, uma sinfonia sincera
E quando nos encontramos, tudo se ilumina
Com o verde dos meus olhos, tua vida germina
O mundo ganha vida e se torna mais vibrante
Pois juntos, criamos uma sinfonia cativante
Então, mergulha nesse mar verde que te ofereço
Deixe que a cor invada teu universo por inteiro
E descubra no olhar, a magia que trago contida
( Adónis Silva )
..............Crónicas de Adonis Silva..............
Quanto mais me lês, mais me despes
Quanto tu és a própria inspiração,
Um ser de luz que enche meu coração.
Teu sorriso é como um sol radiante,
Iluminando cada instante.
Tuas palavras são melodias no ar,
Que encantam meus ouvidos a reverberar.
Teu olhar é profundo e cheio de emoção,
Despertando em mim uma nova sensação.
Tu és a brisa suave que acalma minha alma,
A chama que aquece e acende a minha calma.
Tuas ideias são como poesias a se desenhar,
Criando um mundo onde tudo é belo e a transbordar.
Em cada gesto teu, vejo um leve encanto,
Uma força que move o vento e faz o tempo tanto.
És inspiração em pura forma humana,
Um ser único que o universo emana.
Quanto tu és a própria inspiração,
Encontro em ti meu refúgio, minha razão.
E que essa poesia possa te mostrar,
Quanto és especial e digno de admirar.
( Adónis Silva )
..............Crónicas de Adonis Silva..............
Quanto mais me lês, mais me despes
Nas asas do encanto, eu deslizo serena,
Meu charme é a fragrância que a alma envenena.
Como o perfume sutil que no ar paira,
Deixo marcas profundas, memórias que perduram.
Sou a sedução etérea, a delicadeza em poesia,
Um aroma envolvente que ao coração guia.
Minha presença, como um perfume raro,
Perfuma os sentidos, abre portas no amparo.
Com elegância, caminho pelos caminhos,
Minha essência preenche os vazios e ninhos.
Crio memórias olfativas, momentos profundos,
O meu charme é como um sonho que inunda.
Deixa-me envolver-te com meu doce aroma,
Espalhar o encanto, trazer calma.
Cada sorriso, cada olhar, cada palavra,
São notas sutis de uma canção que não se cala.
Assim, meu charme segue pelos ares,
Trazendo beleza e encanto por onde passares.
Deixando marcas no coração de quem me sente,
Sou perfume e charme, a flor que não se mente.
( Adónis Silva )
Crônica dos Desiludidos
Os desiludidos do amor
Estão desfechando ilusões no peito
Do meu quarto, escondido, ouço a paixões
Os amados torcem-se de gozo
Oh, quanta matéria para os jornais
Desiludidos mas apaixonados
Escrevam cartas de amor
Tomaram todas as emoções
Para o remorso dos amados
Pum pum pum adeus, emocionado
Eu vou, tu ficas, mas nós veremos
Seja no claro céu ou turvo inferno
Os jornalistas estão fazendo a matéria
Dos desiludidos que se mataram
Que grande emoções eles tinham
Poemas, sob o seu diário e cartas de amor cheia de dor
E uma história cheia de intensidade
Agora, vamos para o jornal local
Levar as matérias dos desiludidos
Lidas com emoções e sentimentos
(Histórias de primeira e de segunda classe)
Crônica de quem não tem nada para falar
Eis me aqui, em meio aos pensadores e sem pensamentos para oferecer.
Será que conseguirei atiçar a curiosidade de alguém que virá até aqui e se debruçará sobre estas mal-traçadas linhas?? Será que tenho algo a dizer??
Pensando bem, acho que todo mundo tem algo a dizer. Por outro lado, nem tudo que pode ser dito é algo que deva ser manifestado.
Supondo, então, que tenho algo a dizer e que posso dizer esse algo, como dizer?? Basta eu jogar palavras sobre a tela do computador?? Já ouvi falar que o papel aceita tudo, então a tela deve aceitar também...
Mas não... Se eu começar a banalizar minha escrita, em que ela diferirá de qualquer redação do primeiro grau?? Talvez eu até esteja sendo presunçoso, afinal de contas quem me garante que o que eu escrevo é melhor que uma boa redação do primeiro grau?? Não devo ser mesmo o melhor juiz para essa análise.
Tenho então de deixar aqui uma mensagem, algo que faça as pessoas pararem e pensarem, algo que as toque no mais íntimo de seu ser.
Mas, tenho eu acesso a esse conhecimento iluminado?? Há algo que eu possa dizer que já não tenha sido dito de todas as formas possíveis??
Terei de me conformar em reciclar velhos pensamentos, enfeitando-os aqui e ali com algum recurso de linguagem, tentando dar a eles uma nova forma, mais atrativa, mais cativante.
Mas sou eu quem vai fazer isso?? Logo eu ??!!
Eu sou tão pouco afeito ao uso de figuras de linguagem que só consigo imaginar um resultado pobre e pouco inspirador de qualquer coisa que saia da minha pena. E o que sair, infelizmente, dará pena.
Então, meu caro leitor, que me aturou até aqui e que esperava de mim, ao final, uma mensagem ou pensamento inspirador, só tenho a te dizer nesse momento um conselho que ouvi de minha amada mãe : "se vc não tem nada para falar, é melhor ficar calado".
E falei demais...
Crônicas de verão
Nos raios iniciais solares
Na escola, antes das aulas
Devaneando suavemente nos bancos escolares
Do lado de fora na frente das salas.
Numa preguicinha matinal
Sono em mim se mostrando
Sentindo o sol e me sentindo menos mal
Pelos corredores me pego caminhando.
Com a leve brisa do vento
Caminhando lentamente com meus amigos
Bem devagar, lento
Passando pelos pés de figos.
Em mim mesmo procurando abrigo
Para sumir esse sentimento de vazio
Pisando nesse chão antigo
Na pele sentindo o frio.
Crônicas do Efêmero
No ritual matinal do café quente,
abre-se o dia com moderação,
enquanto o sol, comedidamente,
ensaiando seu brilho, molda a mesa com precisão.
A brisa, tímida e reflexiva,
percorre as folhas com lembranças,
como quem passeia entre memórias,
de um tempo que, na verdade, nunca se foi.
O riso infantil, puro e indomável,
corre sem destino certo,
como se a vida lhe pertencesse,
e o momento fosse uma eternidade.
Um abraço inesperado,
que sem alarde se anuncia,
carregando em seu simples gesto
todo o peso suave da afeição.
E no reencontro com os amigos,
as palavras fluem sem pressa,
entre risos, confidências e recordações,
como se o tempo, por um instante, se esquecesse de passar.
São essas minúcias da existência,
aparentemente insignificantes,
que compõem, em segredo,
o grande romance da vida.
CRÔNICAS DA ILHA
A Carruagem de Ana Jansen:
Era uma noite escura e tempestuosa em São Luís. As ruas de paralelepípedos estavam desertas, exceto por uma figura solitária que caminhava apressadamente. Paládio, um jovem estudante de sociologia, estava voltando para casa após uma longa noite de estudos na biblioteca. Ele sempre foi fascinado pelas lendas locais, especialmente pela história de Ana Jansen.
Enquanto caminhava pelo bairro da Madre Deus, Paládio ouviu o som de cascos de cavalo e rodas de carruagem. Ele parou e olhou ao redor, mas não viu nada. O som ficou mais alto e, de repente, uma carruagem negra apareceu na esquina. Os cavalos eram enormes e negros como a noite, e a carruagem parecia flutuar sobre o chão.
Paládio ficou paralisado de medo enquanto a carruagem se aproximava. Ele podia ver uma figura sentada dentro, uma mulher com um vestido antigo e um olhar severo. Era Ana Jansen. A carruagem parou ao lado de dele, e Ana Jansen olhou diretamente para ele.
"Você conhece minha história, jovem?" ela perguntou com uma voz fria e distante.
Paládio, tremendo, assentiu. "Sim, senhora. Eu sei quem você é."
Ana Jansen sorriu, um sorriso que não alcançou seus olhos. "Então você sabe por que estou condenada a vagar por estas ruas. Minhas ações no passado me trouxeram a este destino. Mas você, jovem, ainda tem a chance de mudar seu futuro."
Com essas palavras, a carruagem começou a se afastar, desaparecendo na escuridão. João ficou parado por um momento, refletindo sobre o encontro. Ele sabia que tinha testemunhado algo extraordinário e que a história de Ana Jansen era um lembrete poderoso das consequências de nossas ações.
MENESTREL DA MADRUGADA (03:50) - 07 nov., 2021.
Na angústia crônica e imperativa de uma madrugada pandêmica, eis que já a declaro minha companhia. Ainda que eu a despreze, a ansiedade com ela gerada é como um abraço envolvente que seduz e acaricia.
O silêncio sussurra em meus ouvidos, que me gela a espinha. Tomado pelo chamado da reflexão, decido então sentar à frente do computador.
Começo a navegar por um mar revolto de palavras e ideias, e em poucos minutos, com a vista turva, já não vejo mais o cais.
Conforme escreve o filósofo francês, Edgar Morin, “a chegada do imprevisto era previsível”. Sabíamos que o momento ímpar, de singularidade, aconteceria, mas encará-lo nos coloca no jogo da seleção natural. Descrever tal momento é uma epopeia, pois entre os acontecimentos grandiosos da nossa vida ordinária, nós somos os próprios heróis.
O tempo não para. E ele é selvagem!
No vagar de uma possível escrita, pausas reflexivas dão voz às batidas do pequeno relógio num cômodo ao lado. Penso em como viver se tornou desafiador. E, com isso, espero que as próximas gerações saibam reconhecer e interpretar os sinais de um novo tempo que requer renovo.
Ao vasculhar o baú dos sentidos, qual(is) é(são) a(as) âncora(s) que nos mantém firmes neste plano transitório?
Viver dói. Mas viver feliz, aí sim dói mais.
Penso, ainda, que nossos jovens precisam ser fortes, pois lidar com a liberdade de ser diante de um mundo em deterioração é muito mais sufocante que viver em tempos de pandemias sociais.
A máscara que utilizamos, de fato não nos define. Elas escondem táticas de sobrevivência e artimanhas arbitrárias. Talvez isso faça parte dos atributos daqueles que prosperarão.
Já com o cantar dos pássaros (05:22), o sol tímido começa a riscar os céus, trazendo luz não só para os campos e para a cidade, mas também para os meus pensamentos. É um presságio de esperançar, de que as trevas vão passar, e mesmo na incompatibilidade com o alumiar, ambos têm seu espaço e seu momento em nossas vidas.
Problemas mentais:
Como doem essas crônicas
não essas doenças físicas ou esses textos infantis
mas doenças mentais, que assolam meu cérebro desde sempre
desde meu primeiro respiro, a dor me acompanha na minha fútil e medíocre existência e vai me acompanhar até o meu último inspiro, por que uma dor crônica não abandona
ela te destrói aos poucos, te leva ao pior estado de ser
o estado do momento de perecer.
Uma Crônica
Na pequena cidade de um interior pernambucano, cercada por três serras altivas e vigiada pela igreja matriz, erguia-se uma família moldada pela aspereza da vida e pela obstinação dos sentimentos. Janeiro , o pai, era um homem de palavras ásperas e álcool constante, cuja presença pesava como nuvem carregada sobre o lar. Sua voz, embriagada e intempestiva, era tanto um fardo quanto uma sombra que apagava o brilho da casa humilde.
Maria da Esperança, porém, era o contraponto àquele caos. Pequena em estatura, mas gigante em esperança, carregava no peito um desejo indomável de dias mais claros. Via no horizonte das serras a promessa de um amanhã menos duro, e mesmo em meio à penumbra, plantava sonhos nos corações dos seus quatro filhos, cada qual um universo singular.
Setembro, o primogênito, era a encarnação das paixões do pai. Seu mundo era feito de noites de viola, copos cheios e risadas ruidosas. Herdara o sangue fervente e a alma boêmia de Janeiro , para o desespero de Maria, que, mesmo assim, enxergava nele uma bondade oculta, uma centelha de redenção entre as cinzas.
Novembro, o segundo, vivia em outro compasso. Era o sonhador, o arquiteto de palavras e ideias. Passava as noites sob a luz trémula das velas, rabiscando versos e planos que prometiam libertar a família das garras do destino. Queria ser professor, escritor, um viajante nas asas da imaginação.
Abril, o terceiro, era o centro de gravidade. Um pilar de racionalidade e coragem. Com sua mente afiada de advogado e o coração de filósofo, ele trazia ao mundo a ordem que a vida tantas vezes negava. Era o conselheiro, o estrategista, o guardião das esperanças da mãe e o guia dos irmãos.
Ariano, o caçula, era um cometa de energia. Ariano de alma, trazia consigo a marra e a confiança de quem desafia a gravidade. Tinha nos olhos o brilho de quem acredita no próprio destino e nos gestos a audácia de um guerreiro pronto para enfrentar o mundo.
A infância dos quatro foi forjada na aridez do sertão, sob a sombra de Janeiro , cuja violência feria tanto quanto a seca. Até que Maria, exausta e ferida, decidiu partir. Deixou para trás não apenas o lar, mas também o medo, levando consigo apenas a esperança de que seus filhos sobreviveriam.
Sozinhos, os irmãos aprenderam a lutar contra o vento. A solidão assumiu a liderança com sua bravura impulsiva; Novembro encontrou refúgio nas ruas e no sitio logo depois; Abril seguiu Novembro, mas tinha seus planos próprios, e Ariano, com sua confiança inabalável, encarou o futuro de frente.
Com o passar dos anos, as serras continuaram a guardar a memória daquelas lutas. A igreja matriz, sempre firme, testemunhou o retorno de Maria, agora mais forte e com os olhos brilhando de orgulho por seus filhos. Janeiro permaneceu o mesmo, mas os filhos o perdoaram, compreendendo que o amor que herdaram vinha de outro lugar — da coragem inquebrantável de Maria.
Assim, na simplicidade daquelas terras, escreveu-se uma história de dor, esperança e redenção. As serras, eternas vigias, e a igreja matriz, guardiã dos sonhos, testemunharam o triunfo da família que ousou desafiar o destino e encontrar, no meio da tempestade, o sol.
CRÔNICA DO CAFÉ
Cliente I: café, por favor.
Atendente: puro ou com leite?
Cliente I: puro.
Atendente: com açúcar ou adoçante?
Cliente I: açúcar.
Atendente: eis o café.
Cliente I: obrigado.
Cliente II: café, por favor.
Atendente: puro ou com leite?
Cliente II: não posso tomar leite, tenho intolerância à lactose. É uma deficiência de uma enzima no organismo, chamada lactase. Dia desses, bebi um copo de leite, tive cólica abdominal e diarreia. Foi horrível! Você não sofre disso?
Atendente: não, senhor.
Cliente II: agradeça todos os dias.
Atendente: eis o café... puro!
Cliente II: não vai perguntar se quero com açúcar ou adoçante?
Atendente: deveria, mas estou com receio de o senhor sofrer de diabetes e dar outra aula.
CRÔNICA DO BEBUM
O motorista é parado na blitz da Lei Seca.
Policial: "Boa noite, vamos fazer o teste do bafômetro?"
Motorista: "Não precisa".
Policial: "O que disse?"
Motorista: "Já confesso que bebi um litro de cachaça".
Policial: "Nesse caso, iremos conduzi-lo à Delegacia".
Motorista: "É o que quero".
Policial: "Pode se explicar?"
Motorista: "Flagrei minha mulher com outro".
Policial: "Caramba".
Motorista: "Recebi a notícia da morte de meu pai".
Policial: "Meus pêsames".
Motorista: "Meu filho foi preso por tráfico de drogas".
Policial: "E esse carrão"?
Motorista: "Emprestado do agiota para quem estou devendo uma grana".
O policial anota numa folha de papel e a entrega ao pobre infeliz.
Motorista: "O que é isso? É o endereço da Delegacia?"
Policial: "É da rezadeira".
CRÔNICA DA GULA
No restaurante, com o cardápio em mãos.
Cliente: "Picanha."
Garçom: "Bem passada?"
Cliente: "Mal passada e com capa de gordura."
Garçom: "Incluo batatas fritas?"
Cliente: "Sim, com ketchup."
Garçom: "Adiciono o combo de bacon?"
Cliente: "Sim, e coloca salames também."
Depois do farto almoço, o cliente pede o cafezinho de sempre.
Garçom: "Açúcar no sachê?"
Cliente: "Tem adoçante?"
Garçom: "Só dietético."
Cliente: "É bom para meu regime."
CRÔNICA DO ESCRITOR
Um escritor e sua esposa discutem a relação.
Esposa: "Você não tem mais tempo para nós."
Escritor: "Como assim?"
Esposa: "Você só escreve!"
Escritor: "Não seja injusta."
Esposa: "Então me diz o que está fazendo agora?"
Vendo o lápis e o papel nas mãos, o escritor os larga e começam a namorar. O clima vai esquentando...
Esposa: "É tão sublime essa troca que poderia ser eterna."
Então, o escritor interrompe o ato e pega o lápis e o papel novamente.
Escritor: "Espera. Vou anotar isso."