Crônicas

Cerca de 768 crônicas

⁠Crônica dos Desiludidos

Os desiludidos do amor
Estão desfechando ilusões no peito
Do meu quarto, escondido, ouço a paixões
Os amados torcem-se de gozo
Oh, quanta matéria para os jornais

Desiludidos mas apaixonados
Escrevam cartas de amor
Tomaram todas as emoções
Para o remorso dos amados

Pum pum pum adeus, emocionado
Eu vou, tu ficas, mas nós veremos
Seja no claro céu ou turvo inferno

Os jornalistas estão fazendo a matéria
Dos desiludidos que se mataram
Que grande emoções eles tinham
Poemas, sob o seu diário e cartas de amor cheia de dor
E uma história cheia de intensidade

Agora, vamos para o jornal local
Levar as matérias dos desiludidos
Lidas com emoções e sentimentos
(Histórias de primeira e de segunda classe)

Inserida por usually

Crônica de quem não tem nada para falar

⁠Eis me aqui, em meio aos pensadores e sem pensamentos para oferecer.
Será que conseguirei atiçar a curiosidade de alguém que virá até aqui e se debruçará sobre estas mal-traçadas linhas?? Será que tenho algo a dizer??

Pensando bem, acho que todo mundo tem algo a dizer. Por outro lado, nem tudo que pode ser dito é algo que deva ser manifestado.

Supondo, então, que tenho algo a dizer e que posso dizer esse algo, como dizer?? Basta eu jogar palavras sobre a tela do computador?? Já ouvi falar que o papel aceita tudo, então a tela deve aceitar também...

Mas não... Se eu começar a banalizar minha escrita, em que ela diferirá de qualquer redação do primeiro grau?? Talvez eu até esteja sendo presunçoso, afinal de contas quem me garante que o que eu escrevo é melhor que uma boa redação do primeiro grau?? Não devo ser mesmo o melhor juiz para essa análise.

Tenho então de deixar aqui uma mensagem, algo que faça as pessoas pararem e pensarem, algo que as toque no mais íntimo de seu ser.

Mas, tenho eu acesso a esse conhecimento iluminado?? Há algo que eu possa dizer que já não tenha sido dito de todas as formas possíveis??

Terei de me conformar em reciclar velhos pensamentos, enfeitando-os aqui e ali com algum recurso de linguagem, tentando dar a eles uma nova forma, mais atrativa, mais cativante.

Mas sou eu quem vai fazer isso?? Logo eu ??!!

Eu sou tão pouco afeito ao uso de figuras de linguagem que só consigo imaginar um resultado pobre e pouco inspirador de qualquer coisa que saia da minha pena. E o que sair, infelizmente, dará pena.

Então, meu caro leitor, que me aturou até aqui e que esperava de mim, ao final, uma mensagem ou pensamento inspirador, só tenho a te dizer nesse momento um conselho que ouvi de minha amada mãe : "se vc não tem nada para falar, é melhor ficar calado".

E falei demais...

Inserida por Gsmlobo

⁠Crônicas de verão

Nos raios iniciais solares
Na escola, antes das aulas
Devaneando suavemente nos bancos escolares
Do lado de fora na frente das salas.

Numa preguicinha matinal
Sono em mim se mostrando
Sentindo o sol e me sentindo menos mal
Pelos corredores me pego caminhando.

Com a leve brisa do vento
Caminhando lentamente com meus amigos
Bem devagar, lento
Passando pelos pés de figos.

Em mim mesmo procurando abrigo
Para sumir esse sentimento de vazio
Pisando nesse chão antigo
Na pele sentindo o frio.

Inserida por elesandro

⁠CRÔNICAS DA ILHA

A Carruagem de Ana Jansen:
Era uma noite escura e tempestuosa em São Luís. As ruas de paralelepípedos estavam desertas, exceto por uma figura solitária que caminhava apressadamente. Paládio, um jovem estudante de sociologia, estava voltando para casa após uma longa noite de estudos na biblioteca. Ele sempre foi fascinado pelas lendas locais, especialmente pela história de Ana Jansen.
Enquanto caminhava pelo bairro da Madre Deus, Paládio ouviu o som de cascos de cavalo e rodas de carruagem. Ele parou e olhou ao redor, mas não viu nada. O som ficou mais alto e, de repente, uma carruagem negra apareceu na esquina. Os cavalos eram enormes e negros como a noite, e a carruagem parecia flutuar sobre o chão.
Paládio ficou paralisado de medo enquanto a carruagem se aproximava. Ele podia ver uma figura sentada dentro, uma mulher com um vestido antigo e um olhar severo. Era Ana Jansen. A carruagem parou ao lado de dele, e Ana Jansen olhou diretamente para ele.
"Você conhece minha história, jovem?" ela perguntou com uma voz fria e distante.
Paládio, tremendo, assentiu. "Sim, senhora. Eu sei quem você é."
Ana Jansen sorriu, um sorriso que não alcançou seus olhos. "Então você sabe por que estou condenada a vagar por estas ruas. Minhas ações no passado me trouxeram a este destino. Mas você, jovem, ainda tem a chance de mudar seu futuro."
Com essas palavras, a carruagem começou a se afastar, desaparecendo na escuridão. João ficou parado por um momento, refletindo sobre o encontro. Ele sabia que tinha testemunhado algo extraordinário e que a história de Ana Jansen era um lembrete poderoso das consequências de nossas ações.

Inserida por wbrit

⁠MENESTREL DA MADRUGADA (03:50) - 07 nov., 2021.

Na angústia crônica e imperativa de uma madrugada pandêmica, eis que já a declaro minha companhia. Ainda que eu a despreze, a ansiedade com ela gerada é como um abraço envolvente que seduz e acaricia.
O silêncio sussurra em meus ouvidos, que me gela a espinha. Tomado pelo chamado da reflexão, decido então sentar à frente do computador.
Começo a navegar por um mar revolto de palavras e ideias, e em poucos minutos, com a vista turva, já não vejo mais o cais.

Conforme escreve o filósofo francês, Edgar Morin, “a chegada do imprevisto era previsível”. Sabíamos que o momento ímpar, de singularidade, aconteceria, mas encará-lo nos coloca no jogo da seleção natural. Descrever tal momento é uma epopeia, pois entre os acontecimentos grandiosos da nossa vida ordinária, nós somos os próprios heróis.
O tempo não para. E ele é selvagem!

No vagar de uma possível escrita, pausas reflexivas dão voz às batidas do pequeno relógio num cômodo ao lado. Penso em como viver se tornou desafiador. E, com isso, espero que as próximas gerações saibam reconhecer e interpretar os sinais de um novo tempo que requer renovo.
Ao vasculhar o baú dos sentidos, qual(is) é(são) a(as) âncora(s) que nos mantém firmes neste plano transitório?

Viver dói. Mas viver feliz, aí sim dói mais.
Penso, ainda, que nossos jovens precisam ser fortes, pois lidar com a liberdade de ser diante de um mundo em deterioração é muito mais sufocante que viver em tempos de pandemias sociais.
A máscara que utilizamos, de fato não nos define. Elas escondem táticas de sobrevivência e artimanhas arbitrárias. Talvez isso faça parte dos atributos daqueles que prosperarão.

Já com o cantar dos pássaros (05:22), o sol tímido começa a riscar os céus, trazendo luz não só para os campos e para a cidade, mas também para os meus pensamentos. É um presságio de esperançar, de que as trevas vão passar, e mesmo na incompatibilidade com o alumiar, ambos têm seu espaço e seu momento em nossas vidas.

Inserida por correathb

⁠Problemas mentais:

Como doem essas crônicas
não essas doenças físicas ou esses textos infantis
mas doenças mentais, que assolam meu cérebro desde sempre
desde meu primeiro respiro, a dor me acompanha na minha fútil e medíocre existência e vai me acompanhar até o meu último inspiro, por que uma dor crônica não abandona
ela te destrói aos poucos, te leva ao pior estado de ser
o estado do momento de perecer.

Inserida por PabloAfonso

⁠CRÔNICA DO CAFÉ

Cliente I: café, por favor.
Atendente: puro ou com leite?
Cliente I: puro.
Atendente: com açúcar ou adoçante?
Cliente I: açúcar.
Atendente: eis o café.
Cliente I: obrigado.

Cliente II: café, por favor.
Atendente: puro ou com leite?
Cliente II: não posso tomar leite, tenho intolerância à lactose. É uma deficiência de uma enzima no organismo, chamada lactase. Dia desses, bebi um copo de leite, tive cólica abdominal e diarreia. Foi horrível! Você não sofre disso?
Atendente: não, senhor.
Cliente II: agradeça todos os dias.
Atendente: eis o café... puro!
Cliente II: não vai perguntar se quero com açúcar ou adoçante?
Atendente: deveria, mas estou com receio de o senhor sofrer de diabetes e dar outra aula.

Inserida por RomuloBourbon

⁠CRÔNICA DO BEBUM

O motorista é parado na blitz da Lei Seca.

Policial: "Boa noite, vamos fazer o teste do bafômetro?"
Motorista: "Não precisa".
Policial: "O que disse?"
Motorista: "Já confesso que bebi um litro de cachaça".
Policial: "Nesse caso, iremos conduzi-lo à Delegacia".
Motorista: "É o que quero".
Policial: "Pode se explicar?"
Motorista: "Flagrei minha mulher com outro".
Policial: "Caramba".
Motorista: "Recebi a notícia da morte de meu pai".
Policial: "Meus pêsames".
Motorista: "Meu filho foi preso por tráfico de drogas".
Policial: "E esse carrão"?
Motorista: "Emprestado do agiota para quem estou devendo uma grana".

O policial anota numa folha de papel e a entrega ao pobre infeliz.

Motorista: "O que é isso? É o endereço da Delegacia?"
Policial: "É da rezadeira".

Inserida por RomuloBourbon

⁠CRÔNICA DA GULA

No restaurante, com o cardápio em mãos.

Cliente: "Picanha."
Garçom: "Bem passada?"
Cliente: "Mal passada e com capa de gordura."
Garçom: "Incluo batatas fritas?"
Cliente: "Sim, com ketchup."
Garçom: "Adiciono o combo de bacon?"
Cliente: "Sim, e coloca salames também."

Depois do farto almoço, o cliente pede o cafezinho de sempre.

Garçom: "Açúcar no sachê?"
Cliente: "Tem adoçante?"
Garçom: "Só dietético."
Cliente: "É bom para meu regime."

Inserida por RomuloBourbon

⁠CRÔNICA DO ESCRITOR

Um escritor e sua esposa discutem a relação.

Esposa: "Você não tem mais tempo para nós."
Escritor: "Como assim?"
Esposa: "Você só escreve!"
Escritor: "Não seja injusta."
Esposa: "Então me diz o que está fazendo agora?"

Vendo o lápis e o papel nas mãos, o escritor os larga e começam a namorar. O clima vai esquentando...

Esposa: "É tão sublime essa troca que poderia ser eterna."

Então, o escritor interrompe o ato e pega o lápis e o papel novamente.

Escritor: "Espera. Vou anotar isso."

Inserida por RomuloBourbon

⁠CRÔNICA DO INDECISO

Dois amigos solteiros estão há horas na balada.

Amigo: "Conheceu alguém?"
Indeciso: "Vi aquela loira."
Amigo: "Falou com ela?"
Indeciso: "Tem a morena também..."
Amigo: "Deixa eu adivinhar... você está na dúvida."
Indeciso: "Posso tentar no cara ou coroa."
Amigo: "A festa está acabando... vai logo falar com uma delas!"

A loira e morena conhecem outros caras.

Indeciso: "Caramba."
Amigo: "Aceita uma bebida como consolo?"
Indeciso: "Claro".
Amigo: "Cerveja ou uísque?"
Indeciso: "Deixa eu pensar..."

O bar fecha e o indeciso volta pra casa sem paquerar e sem tomar nenhuma bebida. Com fome, abre a porta da geladeira, suspira, e pensa: "torta de maçã ou de ameixa?"

Inserida por RomuloBourbon

⁠CRÔNICA DO HIPOCONDRÍACO

Eduardo teve uma leve dor de cabeça naquela manhã de sábado. Correu até a caixa de remédios, tomou um analgésico, e pensou:

- "só pra garantir".

Após o almoço, foi cochilar, mas se sentiu um pouco esquentado. Correu até a caixa de remédios, tomou um antitérmico, e pensou:

- "só pra garantir".

À tarde, vendo Tv, tossiu por um momento. Correu até a caixa de remédios, tomou um xarope antitussígeno, e pensou:

- "só pra garantir".

À noite, foi se arrumar para um encontro com uma garota que conhecera num aplicativo de paquera. Correu até a caixa de remédios, tomou um viagra, e pensou:

- "só pra garantir".

Inserida por RomuloBourbon

⁠CRÔNICA DO CURIOSO

Um homem discute pelo telefone celular em voz alta no ônibus.

- "Eu não fiz nada demais...Ela é uma amiga! Já falei mil vezes... Quê? E vou dormir onde?"

Um rapaz ao lado no ônibus pede licença.

- "Oi, você poderia colocar seu fone no viva-voz?"

- "Ué, por quê?"

- Porque estou curioso para ouvir o outro lado.

Inserida por RomuloBourbon

⁠UMA DOSE
(Crônica)

Deprê, Joana vai ao bar.

- "Vou querer uma dose."

- "De quê, senhorita?"

- "Esperança."

- "Desculpe, não temos essa bebida."

- "Que absurdo!"

- "Só temos uísque e vodca."

- "Esse bar é uma droga!"

- "Ainda vai querer sua dose?"

- "Sim."

- "De quê, senhorita?"

- "Dias Melhores."

Inserida por RomuloBourbon

⁠CRÔNICA DO PRETENDENTE

Júnior estava muito interessado em Leandra, então a convidou para jantar.

Ela inicia a conversa:

- "Me fala sobre você."
- "Sou empresário do ramo de confecções."
- "O que curte fazer?"
- "Curto ganhar grana. De pró-labore, recebo uns cem mil por mês."
- "Perguntei se tem hobby."
- "Adoro ver as finanças."

Desinteressada, Leandra chama o garçom para pedir a conta.

- "Ah, adoro cozinhar, gosto de ir ao cinema, faço massagem e amo presentear com flores" - arremata Júnior.

O garçom chega e Leandra já emenda:

- "Por favor, traga um vinho pra mim e pra meu namorado."

Inserida por RomuloBourbon

⁠Crônicas de um diaristas
Hoje me sinto triste, confuso, decepcionado, perdido, aborrecido e com um alto teor de me recusar a viver. Podia considerar Isto como um diário, mas não é o caso. Diário é para adolescentes que não compreendem nada ainda, não sabem quem são, para onde vão, o que precisam e quais as suas prioridades. Embora haja nisso uma semelhança muito alta, pois ainda sinto estes sentimentos e dúvidas pairando na cabeça e, confundo-me às vezes se de fato passei dessa fase de reclamações e imaturidade, na verdade há fases que um homem nunca passará. Quero compreender a razão disso... Nada que façamos nos fará adultos e responsáveis, somos uma metade de tristeza sem razão, decepção constante e perdas que provocamos. Acho que nesse momento estou mais perto de considerar estas escritas como o preâmbulo de um diário, infelizmente, prova que, há “adolescência em mim ainda, há irresponsabilidade, há perdas constantes, há amor sem conhecer , há ódio sem nunca ter visto e desejo de algo que não terei”. Mas tudo bem!
Quem quiser ler-me como alguém que escreve a um diário, tudo bem, entendo que tudo nessa vida vagabunda, não passa mesmo de um diário.

Inserida por aurio_rodrigues_ar

⁠⁠Crônica pequena
"A VIDA, O MAIOR ESCÂNDALO NA HISTÓRIA HUMANA"

⁠Era 2023, quando estávamos no verão de outubro á dezembro. A cidade parecia desabitada...Preservar a vida era a nossa maior preocupação, e o barulho inquietante nos causou desconforto, pois conceituados políticos viviam com um sentimento de apreensão.

Inserida por Bissueque

⁠Crônicas do Efêmero

No ritual matinal do café quente,
abre-se o dia com moderação,
enquanto o sol, comedidamente,
ensaiando seu brilho, molda a mesa com precisão.

A brisa, tímida e reflexiva,
percorre as folhas com lembranças,
como quem passeia entre memórias,
de um tempo que, na verdade, nunca se foi.

O riso infantil, puro e indomável,
corre sem destino certo,
como se a vida lhe pertencesse,
e o momento fosse uma eternidade.

Um abraço inesperado,
que sem alarde se anuncia,
carregando em seu simples gesto
todo o peso suave da afeição.

E no reencontro com os amigos,
as palavras fluem sem pressa,
entre risos, confidências e recordações,
como se o tempo, por um instante, se esquecesse de passar.

São essas minúcias da existência,
aparentemente insignificantes,
que compõem, em segredo,
o grande romance da vida.

Inserida por Epifaniasurbanas

MALUCO SENSATO (Crônica)


Diz o provérbio popular, cada doido com sua mania, sobre ele, grande parte dos atores sociais constroem uma prenoção sobre a configuração daqueles sujeitos que por uma construção social expõe lampejos de uma suposta "loucura".
Me aproprio dessa representação no intuito de refuta-la. Pois bem, vamos aos fatos. Na rua onde resido todas as manhãs tenho registrado a presença de um sujeito conhecido por "Ciço doido ou cabo Ciço", que passa logo cedinho para o centro da cidade, em ato continuo, retorna ao meio dia.
Na minha dedução aquele comportamento é peculiar de qualquer indivíduo em ritmo de trabalho.
Porém nos últimos dias tenho observado que ao voltar de seu passeio matinal aquele sujeito apresenta um comportamento alheio ao que se denota pela manhã quando volta visivelmente embriagado e, proferindo palavras não condizentes à sua aparente realidade tais como: "É pra matar ou pra morrer". Em voz alta e bom tom entre outros... Assustando transeuntes, moradores e crianças que subjetivam aquela suposta "loucura" como sendo um perigo iminente.
Não obstante, em outro momento encontrei-o a chorar e, contrito em seu íntimo - Percebia-se.
Aquilo me desperta curiosidade em desvelar sua aflição, ou quiçá, sua "loucura". No entanto me deparava a um grande obstáculo que seria como aborda-lo de maneira a não ferir seus sentimentos, sejam eles quais forem.
E para minha sorte ou felicidade, nesta manhã ele ao me ver de fronte à minha casa parou e fitou-me o olhar com profundidade e um aterrorizante silêncio. Aquilo me assustou é fato!
Todavia me facultou o poder indaga-lo. E assim o fiz. Olá Ciço tudo bem? Sobre o mesmo silêncio ele caminha até minha pessoa cabisbaixo, e ao erguer a cabeça me pede algo para comer, de pronto, peguei alguns pães, bananas e uma xícara de café, convidei-lhe para entrar, e ainda emudecido sentou-se à calçada rapidamente comeu e saiu.
Concomitantemente, diante de peculiar comportamento, confesso, só me fez substanciar minha curiosidade em saber porque aquele indivíduo apresentava comportamento arredio, de tamanho sofrimento e, porque era entendido como doido.
Dias depois resolvi segui-lo até sua residência que não ficava tão distante, ao vê-lo entrar logo percebi que não havia trancas na sua porta e logo se ouvia seus gritos de revolta e alguns palavrões, em seguida clamava pelo filho enquanto chorava copiosamente.
Fiquei estarrecido com aquela cena e resolvi procurar a vizinhança que logo disseram: Ah. Isso é assim todos os dias! Já estamos acostumados, é porque depois que a mulher deixou ele, ele saiu do emprego, o filho se envolveu com drogas e está preso.
Por conseguinte, descobri que ele gostava de frequentar a barraca do Elói que fica de fronte ao estádio de futebol aqui em Esperança-PB onde ele ia todos os dias quando passava pela minha casa.
Diz-se de um lugar pitoresco ou um pequeno comercio onde os viciados em drogas licitas ou não (excluídos), se encontram para se socializarem e só ali ele se encontra enquanto ser. Segundo o próprio.
Moral da história - A loucura e seus loucos, nada mais é que uma construção social objetivada por aqueles indivíduos cujo sentimento é segregar àqueles que não apresentam à sociedade um padrão de comportamento condizente com suas aspirações, e que se apresentam como exóticos, estranhos, esquisitos.
Seja do ponto de vista da moradia, indumentária, físico ou intelectual. A fim de demarcar sobre essas minorias uma relação de poder subjetivamente repressora e dominante.
Sei que o papo está um tanto quanto depressivo. Vou colocar um ponto por aqui. Aproveitando para me encontrar com meu também louco sensato e degustarmos um cafezinho sociológico diga-se de passagem sem açucares.

Inserida por NICOLAVITAL

⁠⁠CRÔNICA AO COTIDIANO:
Há momentos que pensamos em um só instante Pluft... Jogar tudo para o alto e desaparecer... Evaporar em brumas e só!
Você ainda não se sentiu assim? Como se estivesse dentro de um quarto fechado sem entrada nem saído? Como uma roupa justa, justíssima, sob sol a pino. Feito uma gravata sufocando-lhe a respiração?
Quiçá o sapato mutilando seu quinto dedo.
É certo dizer que assim nosso mundo desaba sobre nossas cabeças deixando transparecer não ter fim todo esse sofrimento que sucumbe nosso bom humor em um contexto que propõe empatia.
Ah! Você não se liga? Ou nunca vivenciou?
Certamente és o pensamento de que as estações são mutáveis. De maneira seleta e glamurosa. Ah! Como é assustador esse nosso momento de ausência.
Ora! Quem nunca viveu esse tédio e suas maluquices em seu cotidiano de outrora?
Então, mirem-se nas Marias/Marias – Fateiras do nosso sobrevivente Araçagi que nas tardes de sexta-feira cantarolavam em suas margens enquanto lavavam seus “fatos” vendidos no dia seguinte na feira livre da “Esperança”.
Tais quais as lavandeiras do romântico Tejo, do imortal poeta português Fernando Pessoa que também foram vítimas dessa famigerada pantera austera.
Não obstante, só depois de crescidos convivemos com esse mal.
Todavia, só há um lenitivo para a cura desse Mal Agouro que assola a humanidade. Renascer... Deveras renascer.
Será? Ou quem sabe se espelhar nas Marias/Marias do Araçagi ou nas lavandeiras do Téjo que além de lavarem seus “Fatos”, deixavam fluir naquelas águas correntes seus tédios para aflorar a vida.

Inserida por NICOLAVITAL