Crime
TUDO ERA LINDO EM PARIS
Essa é a madrugada mais fria
e a ruas estão vazias...
Vazias de mim, de você...
Em nada se parece a primavera
dos nossos porquês, dos porquês
da vida embriagada.
Nem tudo é literal...
O carnaval se arrasta na estradas
vestidos de trapos humanos,
junto às sombras do que fomos
e que nos tornamos
Relâmpagos cortam os céus de Paris
Enquanto penso nas ruas de Scrambuer!
E outono chegou...
A flor -de- liz, solta no ar
o seu matiz, e seus pomos
vê-se em alguns jardins;
Tudo era tão lindo em Paris!
Em relação à delitos, não existe risco que possa ser eliminado, simplesmente por causa de um fator chave: tempo!
FRIO
Banhei a alma desnuda,
calada e muda,
no rio da solidão!
Quem sabe era um mar!
Onde me aconcheguei
nas ondas de ímpeto
do meu amar.
E me afoguei
ao acreditar nas tuas mãos!
Ostras e Pérolas
Eu sou a ostra,
meus filhos, as pérolas...
A areia que me feriu,
és tu vida, bendita!
Por me fazer sofrer
e as mais belas pérolas te devolver.
Os sonhos de uma nação não se alcançam pela Guerra
Eu vi uma nação inteira, com objetivos comuns,
lutando por paz, justiça, direitos e Democracia.
E depois vi a mesma nação disseminando o ódio
entre seus próprios irmãos por terem divergências
de pensamentos. Mas o que seria mesmo a Justiça,
os direitos, a Democracia?
O RETRATO DA DOR
Um marasmo foi o que restou.
E o retrato da dor nos olhos arroxeados.
Tal qual um dia que não amanheceu
E em seu breu trouxe à tona
um corpo que tanto sonhou...
Sonhou com o milagre da vida
que nunca lhe dera tanto!
Alem de prantos e feridas.
E a cada dia que amanhecia
Via no céu a poesia.
E era tão linda de se ler!
Mas nem mesmo interpretar podia.
Sem tempo! Não podia!
Seu tempo era pouco
E a vida não esperaria,
E se esperando tudo Passar...
E passou. Até guardar seus sonhos
como presente que não pudera usar
naqueles olhos fechados, arroxeados.
O CALVÁRIO DE MARIA
Não quero olhar...
eu não vou olhar nos teus olhos agora.
Preciso me aquecer...
É frio o vento lá fora!
Aquecer a alma por não te esquecer.
Eram tão ternos os olhos...
Podia dizer-se olhos de Maria.
E em ti como sombra de algo
bem mais forte que luzia,
Encantavas o próprio espelho que fitavas.
Havia ternura... sonho...
Sua luz própria! Centelha!
Mas tudo na estrada se perdera,
e em busca na caminhada...
apenas e cada vez à frente,
só mesmo o tempo fremente...
a ternura, os sonhos e uma centelha
a iluminar-te para o calvário.
EU SEREI SEU TEMPO
Trago um coração partido.
Guardado nessa casa em que habito.
Então, teus olhos... verei nas estrelas,
ao anoitecer, até nos fundirmos
e tornarmo-nos UM.
E quando chover, se chover,
o verei nas nuvens sangrando
a molhar meu rosto.
Eu serei seu tempo
e você o meu.
Ou serei a chuva e você as nuvens!
mas quem sabe as flores,
e você, o jardim onde me plantarem.
E será bom caminhar descalço
na terra molhada quando chover,
se chover.
Eu serei seu tempo e você o meu.
PÉROLAS TELÚRICAS
Oh, pérolas!
Por que, e por quem me fez sangrar?
Oh, areia! Que construiu meu deserto
onde tive que passar, e as mais lindas pérolas
de ti transformar?
Com dores de parto, suportar...
Suportar o frio da alma desnuda
e o calor desértico de um sofrer
para um morrer e só então ressuscitar!?
AMOR NO PORÃO
Se bem te conhecesse
antes de te conhecer
Minha liberdade já estaria
Presa no porão junto a ti.
E tão logo adormecesses,
Eu também estaria ali
a te envolver
E a envolver no sangue
que te fiz sorver.
Pagaria pela vida
Mas não na vida.
Ao amor que não me deu
E que só te ofereci eu.
A SANIDADE DO AMOR
São poemas...
Nossas juras de amor,
feitas no silêncio pelo olhar...
São dilemas!
As páginas ternas e eternas,
marcados de um livro milenar.
São poemas!
A pena que desliza no papel,
tentando compreender a saudade
que paira no teu céu quando procuras
nas estrelas, o meu olhar.
São poemas...
Essa insanidade das noites de insônias
buscando a sanidade do amor.
NOSSA CASA
Nosso amor nasceu das notas do cantar
da andorinha no galho seco da aroeira,
frente à casa velha...
Era uma canção com notas qual fino linho
e fita dourada nas mãos de uma criança.
E daquela janela com nossos sonhos,
olharíamos a chuva e a flor outonal
nos campos a brotar, e o gado pastando,
parecendo ruminar nossos pensamentos!
E nós, as nossas memórias remoendo
os sonhos envoltos em fino tecido, trazidos
por um anjo: a andorinha que cantava
no galho da aroeira defronte à casa velha!
E nunca mais deixei de olhar pela janela,
a flor do campo, tão amarela, e às vezes
tão verde, e às vezes tão da cor da terra!
Da cor do nada.
23/04/18
EU E O ARCO-ÍRIS
Vê o arco-íris?
Ele está feliz.
Possui muitas cores,
Por isso é feliz.
Olhe-me!
Vê...
Eu estou em preto e branco...
E feliz!
Não é uma antítese?
Eu amo a cor preta!
O branco é só para
realçar a cor noturna
da minha alma.
ESCREVI-LHE POEMAS
Escrevi-lhe poemas de amor
E eram como recém-colhida flor a te oferecer...
Mas sem cuidado para reviver,
Murchou ao sol por.
Também, aos ventos,
Rasgou-se a fina folha de papel
onde todo meu sentimento escrevi,
E assim, esses olhos, à noite, cerrou-se
sob um véu de tristeza coberto,
tal qual o rosto de quem findou-se.
Meu poema foi tudo que te dei:
A pérola que recriei: Essência da alma
que a ti guardava, ofereci-te nas palavras
toda minha pena com tinta dourada!
Mas tal qual a flor e o amor,
os poemas também fenecem
na telúrica raiz das pétalas recém colhidas.
Era ontem
Ainda posso vê-la!
Estava aqui agora há pouco...
Ainda ontem! Sumiu nas brumas.
Ficou na lembrança tão próxima.
Posso até estender as mãos e toca-la...
Mas transformou-se em outra matéria
que não se pode tocar com a minha.
Era ontem... Eu ainda a vi tão perto!
Mas houve uma tarde, noite, logo após.
E, anoiteceu... Amanheceu... Anoiteceu!
Poeta,
Só tu és poeta, Senhor meu!
Plagio-te na tua imensidão
com que me inspira
e a que me aspiro.
Mas só tu tens o original.
Um dia a Justiça brilhará como o sol do meio dia
Porque eu não sou o peso da tua falsa medida,
descomedida. Com a qual não te medirias.