Costura
Na entrega mais pura que conheço, desfiz cada costura de mim para entrelaçar-me a você. Quebrei o chão sob meus pés, cortei laços e apaguei rastros. Num gesto quase sagrado, arruinei o que fui, transformando a mim mesma num altar de ruínas em nome desse amor.
"Há silêncios que doem como ecos de orações não ditas, onde Deus costura força nas feridas invisíveis e faz florescer beleza nas lágrimas que a alma chora em segredo."
Senhor...
Plante a sua paz no meu coração,
Restabeleça em mim as asas da fé,costura- me os rasgos dos sentimentos e cessa as agitações da alma.
Abra meu coração,entre ...feche a porta e faça a alegria voltar a me iluminar, arejar os meus sorrisos,
já consigo avistar a felicidade se aproximando pelas frestas de luz que atravessam a janela!
16/10/18
Encrespado Aureolo
Bloco de vida coisa que é dura.
Costura de agulha sem ter saída.
Nó de tristeza, embelezas a natureza,
Agarras-te aos vãos das manhãs,
Pois tecidos te envolvem a beleza.
És o ar rarefeito no meu peito,
Sabor a café e saliva que rejeito.
Musa toda assim delicado deleito,
És quem os meu olhos saboreiam,
Pele quente que ferve como efeito.
De leve suspeitas da mocidade,
Sinto encrespado aureolo que sabe,
Ao toque do lábio seco de inverdade.
A tensão sobe para mil sem fim
E eu no teu ventre afundo de mim.
Minha morte lenta meu medo cerrado,
Onde me enrolo, me excedo, me advenho.
Meu respirar venta no teu corpo molhado
E a cadência do teu coração tenta,
Percutir o auscultar do teu afago.
Que é ser só breve este momento,
Não pequei ao tragar-te o rebento.
Em ti eu sou a ternura do castigo,
O som que salivo e estremece por dentro,
O intimo ardor que partilho contigo.
Tragarei de ti inacabados amanheceres,
Tal como a agulha costura os doces plangentes,
Que a tua natureza pura de incastos prazeres,
Debita em mim dos teus segredos vigentes,
Que curo com a dura doçura de a mim tu te cederes.
Costura…
Unir dois lados
Distintos ou semelhantes
Com a linha tênue da vida
Ou o fio perene da alma
Costura
Por vezes uma sutura
Pra conter as fissuras
Transformando os traumas
Em doce calma…
Costura
Remendos no peito
Antes que esfarrape
Antes que rasgue de vez e não mais ame
Mesmo dilacerado
Pouco a pouco cerzindo
Até que se veja uma colcha de retalhos
Retalhos feitos de reminiscências da vida
Amores, dores, perdas, fracasso e alegrias
Costura
Não antes sem o encaixe perfeito da linha na agulha
A cada ponto
A junção das partes ajusta o tecido
Alinhavo não serve …
Com o tempo esgarça
Tem de ser ponto cruzado
Para unir com solidez os lados
Costura
Sem pontas soltas
Tua vida na minha
De que serve a agulha sem linha?
Faz comigo o mais lindo traje
Com a seda mais pura
Arrematando com um laço de fita e ternura
Nosso encontro pra eternidade
- Para baixo.
Eu estou me sentindo super "down";
Uma boneca de pano sem costura,
tentando apenas mudar sua conduta.
Uma criança sem amparo em sua travessia,
pedindo ajuda nessa monotomia.
Uma menina francesa sem o seu chapéu.
Em um conto de fadas sem réu.
Eu estou sozinha,
em uma estrada cruzada, sem direção,
buscando apenas uma solução.
Qualquer uma que me leva até os seus braços,
e faça você me dar uns amassos.
Eu realmente acho,
que hoje eu acordei super "down"
O amor tampa os nossos ouvidos e costura nossos olhos. Faz a gente andar em direção a um abismo sem ter medo de cair nele.
Despertar de Vera - haibun
Velha, descansa a máquina de costura empoeirada no canto do quarto. Enquanto sentada na soleira da porta da cozinha, Vera saboreia seu café matinal, aprecia a fumaça do cigarro desaparecendo suavemente no silêncio do quintal. É o rio a frente, com os peixes a pular de um lado a outro da margem, é os pássaros faceiros acompanhando a correnteza. Já o trabalho deixado para trás, pode ser adiado. Mas o rio passa correndo a frente... Não espera! Vera dá mais um trago, Vera saboreia mais um gole... Na mente um mergulho!
Despertar d'alma,
Encantada vislumbro;
minha mãe sorri.
* * *
Pesquei parati,
no pensamento d'alma...
A isca? Eu!
* * *
No rio: peixes,
garça moura famintos...
alimentam-se!
Minha máquininha de costura,
Uso as mãos
Uso meus pés,
Mãos trocam agulhas,
O pé pra pedalar,
Minha máquininha é antiga,
Mas é de qualidade,
Costuro daqui,
Remendo dalí,
Teço com realidade,
Constantemente trocando minhas agulhas,
Vou perfurando os tecidos,
Esses que na máquina do tempo vem tecendo,
Na minha tecelagem,
Ah um zig zag sem fim,
Esses carreteis de linhas,
Uso as variadas cores,
Nesse tecer,
Costruo,
Em alguns coloco até renda,
Às vezes sento, e entre um café e outro
Conduzo-me de ponto a ponto.
E não há como desenhar esse tal tempo
Copiando rosas ou folhas ao vento.
E nessa costura sem fim
Teço o infinito pra mim
Autor: José Ricardo
Deus não costura corações partidos. Ele não faz emenda e nem usa durex. Deus não precisa de super bonder. Vou te explicar: Deus pega seu coração quebrado e te dá outro novinho.
E o tempo passava devagar, as nossas mães arrumavam as nossas roupas na máquina de costura que tinha em casa, a gente comia aquele doce de banana com colherzinha de madeira, e o futuro parecia distante como algo que não se pode alcançar, porquê a gente simplesmente vivia o presente.
Preciso reaprender...
Um dia após o outro!
O poeta pega palavras
E as vai entrelaçando...
Ele costura, alinhava,
Faz ajustes...
Nada além disso é o poeta,
Apenas um artesão.
O escolho dele é fazer
De algo tão fluido...
Um objeto quase matéria.
Poesia
O sentimento em palavras;
a expressão de um ser.
Um retalho de versos;
numa costura de rimas;
transcendendo a compreensão,
nas entrelinhas do nosso saber.
A vida descoberta,
uma maneira de se viver.
A paixão a primeira vista;
a alegria que contagia;
desse gênero chamado poesia.
Transformador;
da melancolia da tristeza,
na docura de uma linda flor;
a carência de uma existência,
no amor de um sonhador.
Um mundo utópico;
chuva de criatividade;
explodindo em pensamentos,
externado nas palavras.