Costura
É preciso desconfiarmos dos engenheiros, as coisas começam pela máquina de costura e acabam na bomba atómica.
Mas agora tá tudo bem. Aprendi que quanto mais superficialmente você costura uma relação, menos chance há de se afogar. Navegar é preciso, o negócio é não faltar nas aulas sobre como boiar em águas nem doces nem salgadas. Hoje posso dizer convicta que prefiro o clarão das aparências que a penumbra de mergulhar fundo, sem saber como respirar abaixo do chão. Agora, como boa marinheira de incontáveis viagens, finalmente sei como desatar nós.
Às vezes o coração, rasgado pela dor, vira retalho. Recomenda-se, nestes casos, costurá-lo com uma linha chamada recomeço. É o suficiente.
COSTURANDO...
E, a vida pega o pano alinhavado, corta e costura; chuleia e enfeita! Se não gostar, é só colocar de lado!
Comece tudo de novo e aproveitando... Cresça!
COSTUREIRA
Carlos Alberto Pio
Com a máquina de costura, minha alegria é pura
E no ateliê a profissional é você
Atende com atenção, faz sua anotação
Tira a medida, faz experimento, mostra seu talento com o tecido no seu comprimento
A matéria prima é variada
A fazenda pode ser lisa ou estampada
E para fechar, tenho opção
Pode ser zíper, velcro ou botão
Não importa se é vestido ou terninho
Meu trabalho é feito com carinho
Não importa se é shorts ou bermuda
A qualidade nunca muda
Suas ideias são criativas
Com uma roupa nova, sua cliente é uma diva
As ideias estão contigo
Cria o novo, reforma o antigo
Estende o tecido, cria um novo vestido
Longo ou curto, se está na moda, parece um surto
A estampa pouco importa, vê se se comporta
Prefiro as alegres com cores ou estampada com flores
A roupa nova é um sonho
Deixa que o traje eu componho
Se a cliente foi bem atendida
Fica feliz da vida
No verão ou em uma noite fria
É claro que ela voltaria
Pois o que ela busca é alegria
A mulher moderna quer roupa exclusiva, pois é ativa
Quer desfilar na alameda, não importa o tecido
Pode ser até seda
Quando estou bem arrumada, eu fico calma
Alegra a minha alma, e as pessoas hão de bater palma
E eu que sou a costureira
Ei de vê-la
Verdadeira estrela
A palavra é uma magnífica máquina de costura. Ela alinhava vidas em vidas, borda sorrisos, reforma histórias, customiza amores e nos veste em sonhos...a dois!
Queria entender como arrancas a dor de mim? Qual arma tens?
Que quando beija a minha boca, costura a minha mente
E me perco, me derramo, me entrego...
Nesta boca que me beija, que me morde...
O teu corpo que banquete dos deuses é para mim...
És a própria Afrodite, és divina, és lua, és um próprio céu...
Que me levas neste corpo, nesta pele macia, nesta respiração rouca
à horizontes de desejo, que o mundo lá fora, se tão barulhento
Se cala, ante à tanto prazer...
Este labirinto que arranca meus receios, e traz um desejo
Só meu, só nosso, todo louco, desarrumado...
Tão intenso quanto irreal, tão ousados
Que nem os homens sonhariam...tanto!
Que pecado, que céu...
Já não sou dono de mim, sou teu...
Escravo destes lábios de carne, dessa boca...
Deste corpo, alvo, claro, tão meu ,ali..Tão puro...
Tão ousado quanto os gemidos doces desta voz rouca...
Que gosto tu tens que me incita, a querer te mais e sempre
Seria um vício, um ópio, ou qualquer droga,
Que realmente leva ao paraíso, contido no seu corpo
Que me traz um arrepio que vem de dentro e some de repente...
Passaria a vida a me embriagar neste seu corpo:
Um vinho, tão suave, tão forte...
Quem poderia me julgar... se escolhesse deste lugar
Entre seus seios (lugar onde encontrei uma vida!),
O túmulo pra minha morte?
A vida para mim é como alta-costura. Se virar do avesso, o que não é visto, o que está oculto, deve ser tão impecável e bem-feito quanto a imagem de perfeição aparente da roupa. Nunca gostei do que é só de fachada.
O tempo é o tecido que costura nossas vidas, as escolhas são as agulhas que o manipulam, e a sabedoria é a linha que guia cada ponto.
Negro Forro
minha carta de alforria
não me deu fazendas,
nem dinheiro no banco,
nem bigodes retorcidos.
minha carta de alforria
costurou meus passos
aos corredores da noite
de minha pele.
A Costura do Tempo
No concerto do tempo, onde a memória ressoa,
a roda da costura torna-se volante,
em mãos infantis, nervosas de esperança.
Ali, sob a mesa antiga de madeira,
um mundo se desenha em trilhas e trilhos,
na imaginação fértil que a tudo acolhe.
De ferro e linhas, nascem sonhos motorizados,
o silêncio da máquina transforma-se em estrada,
levando a alma a paragens nunca dantes vistas.
A cada giro, a promessa de um novo destino,
na simplicidade do brincar, a vastidão do universo.
Ah, os primeiros carros, feitos de nada
e de tudo que o coração de uma criança possui.
Éramos inventores, pilotos, aventureiros,
com um fragmento de mundo nas mãos,
tecendo histórias que o tempo jamais apagará.
A criança antevê a felicidade,
não espera que ela chegue para ser feliz.
Hoje, ao lembrar desse recinto sagrado,
onde o riso desafiava o impossível,
sinto a saudade suave como brisa estival,
acariciando o peito, evocando a magia
de quando podia costurar o tempo no chão da sala, meu infinito caminho.
A minha vida é uma colcha de retalhos, cada quadro escolhido, ajustado... Costura firme, linha dez, rebarbas cortadas, descartadas, assim é a vida!
Carência
Não suma
tão de repente
me tente
me assuma
me acostuma
costura nossas
possibilidades
me deixa saudade
pra eu te querer bem depressa
me faz carinho pode ser de mansinho
ou de supetão me cola em teu peito me abraça como se abraça um montão
me tateia me deixa no chão(de tanto rir) me escreve na mão
faz relógio em meu braço
me acolhe me
escolhe me subestima pra que eu me sinta provocado
me poe do teu lado
me pega na mão
me leva contigo
me faz teu abrigo e me tira a razão me faz cafuné
me chama de amigo
termina pra mim... com um sim.
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