Corvo
tem pessoas que destroem as outras só por maldade, fraqueza ou vício.quando a maldade é a única razão tem com certeza a loucura,e a falta de paz.se for fraqueza é uma inveja, despeito, insegurança ou posse,que leva a mais profunda dor,a dor de não ser capaz de controlar a si próprio, agora trazendo o vício,esse embarca na maldade como uma adrenalina, sucumbindo aos impulsos e se aprisionando a um abismo sem fim.
Não ponha ninguém no pedestal, não admire tanto uma pessoa, até uma pessoa muito admirada pode ser digna de falhar com você e não dá a mínima pra o seu desapontamento.
Algumas pessoas pagam pra se iludir,outras fazem da ilusão uma metáfora pra sua vida,e os que restam se iludem de graça porque querem ouvir da boca daqueles um alívio.
Quando você vive sem o apego, você é um mar em movimento, quando você vive apegado,você é um rio parado.
Tem pessoas que so dão valor quando realmente perdem, quando aprendem ou quando se tornam sinceras com elas mesmas.outras pessoas quando não reconhecem a perda, aprendem com o lamento inserido na jornada,ou fogem de si mesmo buscando socorro na dolorosa ilusão.e algumas pessoas vivem num flashback,do que não fez no passado tentando corrigir no futuro,mas se esquecendo que é o presente o progenitor de sua história.
A falsidade é uma faca de dois gumes.de um lado o falso engana e feri,do outro ele é desprezado e condenado a viver rastejando por atenção.
prefiro ser solitário sozinho do que ser solitário com companhias.o solitário sozinho ele se conhece,sabe refletir,esta preparado pra o inusitado de uma situação,a sua percepção é o seu gás.o solitário com companhias é um pobre que ninguém da a mínima pra sua história,as pessoas tem ele como um enfeite de vitrine,sua alma vagueia sem destino,e a sua alegria é um monstro que devora a sua real existência.
cada um veste uma armadura que lhe cabe,que é útil a sua conveniência.seja uma armadura pra fingir felicidade, uma armadura pra esconder medos,ou uma armadura forte pra sobreviver.
Alguns erros a gente pode refletir sem apelar pra redenção.reflexão essa que baseia na totalidade de reparação,de consciência,sem julgo mas monitorando o estado de agonia.existem erros que não voltam atrás, é assumir a consequência e suportar o tormento doloroso, porque é um livro aberto que decepciona, é uma marca que não mostra mas sinaliza, é uma convivência onde termina mas em outros momentos sempre retorna.
planos não dão certo, nunca deram.o que dá certo é a execução acionada a racionalidade, você premedita, você faz, você ver.
Traçar uma escolha, é seguir um caminho,criar um destino e assumir possibilidades.na sua escolha nem sempre tudo ficará como você quer ou reflete pensando,lembre-se que correr riscos faz parte de quem faz seu caminho sua história,se der bem ou se der mal tudo vai depender de você.
Noite volátil
Olhos negros
Ramos suspensos
Dai-he vida
O corvo que espera
O coração que bate
O vento que rasga
Esta noite de setembro
O escuro que me cerca
Quero o outro olho manter aberto
A roupa que me falta
No ceu campo certo
Assim me deito
Sózinho sem ti
O tecto não vejo
No meu dialecto
Sentido a dor no peito.
(Adonis Silva)09-2018
No entanto, o corvo solitário
Não teve outro vocabulário,
Como se essa palavra escassa que ali disse
Toda a sua alma resumisse.
Nenhuma outra proferiu, nenhuma,
Não chegou a mexer uma só pluma,
Até que eu murmurei: "Perdi outrora
Tantos amigos tão leais!
Perderei também este em regressando a aurora."
E o corvo disse: "Nunca mais!"
Estremeço. A resposta ouvida
É tão exata! é tão cabida!
"Certamente, digo eu, essa é toda a ciência
Que ele trouxe da convivência
De algum mestre infeliz e acabrunhado
Que o implacável destino há castigado
Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga,
Que dos seus cantos usuais
Só lhe ficou, na amarga e última cantiga,
Esse estribilho: "Nunca mais".
Segunda vez, nesse momento,
Sorriu-me o triste pensamento;
Vou sentar-me defronte ao corvo magro e rudo;
E mergulhando no veludo
Da poltrona que eu mesmo ali trouxera
Achar procuro a lúgubre quimera,
A alma, o sentido, o pávido segredo
Daquelas sílabas fatais,
Entender o que quis dizer a ave do medo
Grasnando a frase: "Nunca mais".