Corredor
Lembranças úmidas
Lembro do som dos seus passos no corredor.
Do abrir da porta da sala
do olhar sem graça e da sua voz com tremor.
Lembro da tv ligando.
Do amassos sem jeito
do seu sorriso sem graça enquanto me olhando.
Lembro das nossas mãos se tocando.
Do coração acelerando
dos nossos corpos se encostando.
Lembro da ida ao banheiro.
Da gente se despindo
da sua mão lingando o chuveiro.
Lembro da água tocando seus cabelos.
Das nossas sombras se misturando no box do banheiro
da umidade embaçando o espelho.
Lembro daquela euforia.
Das suas unhas em minhas costas
dos amassos pós banho encostados na pia.
Lembro do filme acabando.
Da gente se vestido
dos beijos de despedida enquanto te segurando.
Lembro de você partindo
Da felicidade que você deixou
da saudade que fiquei sentindo
O corredor da morte é minha própria mente, não de uma forma melancólica, mas como literal, no fim sempre haverá morte. Mas o universo não se baseia nisso, o início como vida, o meio como sofrimento (e também formas de coexistir com ele, até o mais extremo de se agradar, prazer vindo da dor existente), e o fim como morte.
Se um paciente apenas te viu passar, ainda que num corredor do hospital, ela tem que sair melhor do que quando entrou naquele lugar, quanto mais quando entra na sala do Raios-X ou na Tomografia. Não é questão de remédio, é aquilo que você transmite, sua luz, sua alma.
- Nunca pensei que esse corredor séria o ponto final da minha vida.
- Esse... Esse corredor foi o caminho que escolhemos
Você passou por mim no corredor, não me deu bola e foi embora sem olhar para trás, tenho que confessar que a sua sombra ficou e é uma ótima companhia.
As regras
Na existência nada faz sentido para mim
é um corredor de águas rasas
também contaminadas
que eu bebo
adoeço
e continuo com sede
o mundo me ditou regras
eu as fiz se dobrar diante da minha pessoa
se não fosse assim
jamais seria forte
todo que é forte prova seu valor
não só por suportar várias cargas
ou pela brutalidade dos golpes
mas é ter dentro de si
algo diferente
que existe em nosso plano
mas vai além dele
é a sede de glória
sede da vitória
não se conformar com esse mundo
e não aceitar as derrotas
e se por acaso cair
erguer-se e conquistar tudo que está aí
O corredor
Sei que a minha solidão
Chegarás ao fim
Quando te avistei naquele
Corredor bem próximo a mim
De repente estávamos
Sentados lado à lado
falamos do presente
E do passado!
Meus olhos te olharam
Meu coração palpitava
Sentia que já te conhecia!
E por ti me apaixonava.
Logo em seguida você teve que ir
Fiquei ali te olhando!
Você passando pelo o mesmo
Corredor que te conheci.
A morte o espera num corredor,
a luz que será apagada
por instantes tudo será a verdade
que sempre sonhou,
belos sonhos serão apenas um momento,
amargamente seria o ultimo desejo...
um padre excomunga seu atos
te implorar por perdão...
as sombras te cobrem no sonho profundo,
tudo que esperava foi espaço de compreensão.
O Corredor
Uma sombra pede passagem
frente uma longa viagem.
É um corredor que passa voando,
com o vento se deleitando.
Como um cavalo testando os cascos,
ele carrega a liberdade nos passos.
Não procura uma verdade velada,
deseja correr e mais nada.
Há um lugar de elevada consciência
onde a glória está na vivência.
Um corredor não tem a alma cansada,
pois sua casa é a estrada.
Também não há temor em sua passada,
já que não busca a vitória na chegada.
Aprendeu sobre a jornada da vida
e que o êxito está na partida.
“O que leva um corredor a manter-se firme no objetivo da vitória, quando adversários se aproximam ou tentam desconcentrá-lo, jamais são os gritos da assistência pra desistir, mas sim, os apoios para prosseguir.”
"Quem é você para julgar a minha dor?
Nas noites frias, na solidão do corredor, sou eu quem sente o vento soprar dentro do meu estômago vazio.
Sou eu quem dança na sala deserta.
Sou eu...
num ritmo de vai e vem,
num ritmo de que não sabe mais quem é quem...
E você, quem é você para julgar a minha dor?".
Poema da Cor
Nesse pobre corredor
correm risos de amor ,
corrimão largo de mão
correm lágrimas em vão .
Desse velho corredor
jovens cantam sua dor,
canto esconde sua alma
vermes cobram sua cor.
Cobre sangue e miséria
segue sério na conduta,
ninguém quer a sua vida
todos cobram sua labuta.
Corre pobre de amor
sua vida sua dor ,
canto esconde a miséria
sangue cobre sua cor.
Isso já faz um bom tempo, prestei atenção em uma mulher que percorria o corredor do museu.
Num quadro em especial, essa mulher parou, e ficou parada em inércia durante muito tempo, muito tempo mesmo, talvez na tentativa de resolver algo, ou não.
Ela olhava para aquele ponto fixo, como se estivesse num estado de transe.
Fiquei curioso, e não me contive. Como me considero hábil em fazer perguntas com suavizadores, pois acredito que é com as perguntas que se pode ir descobrindo o que está faltando numa informação incompleta, talvez eu pudesse de forma indireta ou direta lhe ajudar, ou não. O que importava é que a minha intenção naquele momento era positiva, queria resolver o mistério da sua inércia temporária.
Eu estou me perguntando senhorita, o que poderia me dizer sobre o que está focando agora?
Ela respondeu: Estou vendo uma sujeira ali, e me mostrou com o seu dedo no ar onde focava.
E lhe fiz uma nova pergunta: Senhorita, esse pequenino ponto sujo neste quadro grande é tão importante para você a tal ponto, de que todo o resto que poderíamos considerar talvez belo, prazeroso, alegre do que você viu, ou ouviu ou sentiu até então, ter perdido a importância? Não sei se você poderia novamente ampliar o seu foco agora?
A mulher num instante mudou sua fisiologia, sua respiração ficou diferente, sua face ficou mais relaxada, assim como os seus ombros e começou a se movimentar novamente no seu ritmo natural.
Não sei o que se passou no seu diálogo interno, nem o que sentiu especificamente após, só sei que seu foco não era mais o mesmo, algo tinha mudado na estrutura ou na sequência do que ela estava focando anteriormente, e isso me remeteu a um estado emocional desejado enquanto continuava comigo no meu diálogo interno.
Arcélio Alberto Preissler