Corpo e Mente Nietzsche
Lamento agora não ter tido outrora a coragem (ou a imodéstia) de me servir de uma linguagem pessoal para exprimir ideias tão pessoais e audaciosas. Arrependo-me de ter pessoalmente recorrido a fórmulas de Kant e de Schopenhauer para exprimir opiniões inéditas e insólitas que eram diametralmente opostas à inteligência e ao sentimento, tanto de Kant como de Schopenhauer.
As nossas passadas soam solitariamente demais nas ruas. E, ao ouvi-las perguntam assim como de noite, quando deitados nas suas camas, ouvem passar um homem muito antes do alvorecer: Aonde irá o ladrão?
O indivíduo, o 'indivisível', tal como o povo e o filósofo o entenderam até agora, é, no fim das contas, um erro: ele não é algo à parte, não é um átomo, não é um 'elo da corrente', não é algo meramente herdado de outrora - ele é a linha humana inteira que chega até ele e inclusive o ultrapassa...
Minha filosofia me aconselha a calar e não fazer mais perguntas; sobretudo porque em certos casos, como diz o provérbio, só se permanece filósofo - mantendo o silêncio.
Normalmente a pessoa deseja, com a opinião alheia, atestar e reforçar para si a opinião que tem de si mesma.
O interesse em si mesmo, o desejo de dar satisfação a si mesmo atinge no vaidoso um tal nível, que ele induz os outros a uma avaliação falsa e muito elevada de si e depois se atém a autoridade dos outros: ou seja, introduz o erro e acredita nele.
Ai! Como soa mal a palavra 'virtude' em sua boca! E quando dizem 'Sou justo', é num tom que soa como 'Estou vingado!.
Por sua virtude, querem arrancar os olhos de seus inimigos e só se elevam para rebaixar os outros.
A minha Casa é guardiã do meu corpo
E protetora de todas minhas ardências.
E transmuta em palavra
Paixão e veemência
E minha boca se faz fonte de prata
Ainda que eu grite à Casa que só existo
Para sorver a água da tua boca.
A minha Casa, Dionísio, te lamenta
E manda que eu te pergunte assim de frente:
A uma mulher que canta ensolarada
E que é sonora, múltipla, argonauta
Por que recusas amor e permanência?
Da cunhã é que nos veio o melhor da cultura indígena. O asseio pessoal. A higiene do corpo. O milho. O caju. O mingau. O brasileiro de hoje, amante do banho e sempre de pente e espelhinho no bolso, o cabelo brilhante de loção ou de óleo de coco, reflete a influência de tão remotas avós.
Acordar
Acordar de manhã
Com a cama fria, vazia
O corpo quente de desejo
A alma lavada para enfrentar um novo dia
Acordar de manhã
Arrastar-se até o chuveiro
E só então despertar, com a água morna pelo corpo
Arrumar-se, da melhor forma possível,
Tomar o café às pressas para não perder a hora
E sair deixando no ar o perfume fresco...
Esse não é o acordar que eu desejo......
Essa é minha rotina.
O perfeito acordar seria
Aninhada em teus braços, nua
Quente, protegia, saciada
Ser convidada a despertar com afagos e beijos discretos
E uma ducha gostosa sem pressa
Como se fosse a primeira vez
E Fazer amor gostoso ali mesmo, no chuveiro
Para começar bem o dia
E gastar todas as energias
Para, enfim, dormir novamente ao anoitecer
E novamente acordar de manhã... ao seu lado.
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
Eu sou o corpo Raquítico que o teu olho desprezou sou a saliva das bocas que tua boca beijou sou o velho que pede esmola sou a criança que chora desprotegida de amor.