Corpo
Seus olhos verdes no espelho brilham para mim
Seu corpo inteiro é um prazer do princípio ao sim
Sozinho no meu quarto eu acordo sem você
Fico falando pras paredes até anoitecer
Supondo que eu seja mais que corpo, que no avesso eu seja toda essência, talvez você precise de muito mais que mãos para que meu olhar te reconheça e o meu coração te aceite.
Demora -
Tua partida foi em vão,
meu corpo anseia os beijos teus,
sem ti, em solidão,
não há nada, não há Deus ...
Recordo o teu sorriso,
o paladar da tua boca,
triste, só e impreciso,
nada mais me toca ...
Talvez não penses mais em mim
ou não esqueças quem te ama,
pode ser um triste-fim
ou renascer de outra chama ...
Passa a Vida hora-a-hora,
eu perdido neste cais,
escrevo frágil à demora
pois não sei se voltas mais...
Não Pensei que Viesse -
Não pensei que viesse
na bruma da noite!
E meu corpo de espuma
fez-se de espanto.
Aquele desidèrio,
triste -quebranto,
ausencia, distancia
de quem amargou,
em espaços etèreos,
de repente, dissipou...
Não pensei que viesse
na bruma da noite!
O medo desfez-se,
a ilusão ardeu...
Dores, cansaços,
tudo desvaneceu!
No leito o aconchego
em cama de linho,
cobriu nossos corpos
como manto d'arminho.
Seus braços, intimos, lassos,
abraçaram meu corpo
"colaram" meus cacos...
Não pensei que viesse
na bruma da noite!
Agora partiu,
minh'Alma adormece
na Paz que sentiu...
Meu corpo de silêncio,
intimo, calado,
exala seu odor!
Não pensei que viesses
na bruma da noite!
- meu Amor ... meu Amor -
Seu gosto ainda está na minha boca, seu perfume no meu corpo e sua voz na minha cabeça. Difícil tirar você de mim, mesmo sabendo que não é para mim. Peço ao tempo que nos torne desconhecidos e indiferentes, para que eu recupere a paz que essa paixão me tirou.
A Noite de Évora -
A Noite de Évora escorre-me os Sentidos!
Meu intimo Poema, meu corpo de Saudade,
meu jardim feito de cedros, eternos e perdidos,
minha Terra dolorosa, sem Tempo nem Idade ...
A Noite de Évora grita-me ao ouvido!
Quadras, versos, Sonetos de solidão ...
Mortos os Poetas, vagueando sem sentido,
buscam pelas ruas um singelo Coração ...
A Noite de Évora é feita de Silêncio,
pausa e Silêncio, mil aromas d'açucenas
que arrastam pela Vida muitas penas ...
A Praça, a Fonte, o Templo, a Sé,
tudo em mim, oculto e presente,
tão perto, tão longe e tão distante ...
Meu Tormento -
Meu corpo sente a tua falta ...
Saudade imensa dos teus braços ...
Meu Sudário, meu punhal - de aço! -
Meu tormento em Maré Alta!
E choro em silêncio - triste penitência ...
Ninguém há que me acalente
em nocturno sofrimento! Persistência
a tua que nada diz ou sente!
Não é Verdade o teu silêncio!
Punhal que cresce e me trespassa ...
Meu pobre Coração cinzento ...
Não é verdade o teu afastamento!
Não passa com o vento - ó Deus - não passa!
É triste, rubro, eterno este tormento ..
Ao Ritmo do Tormento -
Meu corpo. Mágoa. Quebranto...
Lôdo. Espuma. Sem Vida ...
Destino. Poema. De espanto ...
Silêncio. Esperança. Perdida ...
Saudade. Ausência. Solidão ...
Paixão. Sem fim. Amor ...
Deus. Ó Deus. Perdão ...
Pequei. Perdão. Senhor ...
Memória. Vai. Sê breve ...
Adeus. Adeus. Tormento ...
Parte. Esmorece. Sê leve ...
Tudo. Em mim. Desvanece ...
Nada. Em ti. É lamento ...
Minh'Alma. Parte. Perece ...
a luz que te foge
dentro do corpo
é uma lâmina doce
na amargura do tempo
indelével, cristalizado
o universo inteiro
contido no fogo
das saudades
da loucura
faltam-me as tuas mãos
e os teus olhos infindáveis
na cegueira pura das galáxias
com que sempre me abraças
esposa, irmã, amiga
tudo o que vem depois de ti
é um chicote ardiloso
sobre o meu corpo escuro
antes abraçado
agora esquecido
na violenta ausência de ti.
Poema dedicado a Sheila Camoesas
Pedro Rodrigues de Menezes, "na violenta ausência de ti"
Quem é velho de corpo é rico de memórias e dono de experiências que somente a vida lhe proporciona.
Essa Noite
Essa noite poderia vir anjo meu,
e me cobrir todo com seu corpo.
E ouviriamos os sonhos que nascem de dentro da música.
E beberia na sua boca cálida,
Todo o seu romantismo cosa única!
Eu seria do seu vinho o melhor acompanhamento.
O juramento de amor perfeito!
Seria tua luz até a hora que fores dormir
Para enfim sonhar e acordar eu ali te olhando.
Cuidando de ti bela estrela que ilumina o céu.
E beberia todo seu mel se chovesse em mim seu desejos mais profundos...
Aquela gota de amor que o anjo deixou cair em meu corpo...
Era toda a sua essência angelical a melhor fortuna.
Nenhum anjo trás consigo a culpa.
Se o vinho bom vem das uvas!
Melhor amor é você meu astro minha lua.
Que clareas as minhas ruas secretas,
A porta da minha alma sempre aberta!
Se desejar entrar com sua eternidade nua...
Tu és a magia a iluminar as minhas noites e também são suas...
Corpos Promovidos
De que vale a promoção? Do corpo a validação? Livros de rostos, mas não livres de restos. Corpos desnudados. Egos inundados. Números sem donos e bocas mundanas. Poderia listar os múltiplos benefícios, mas vale um copo vazio tal ofício? Da novidade ao momento propício? Momentos estes que, tão precipitados nasce um resquício? De atenção ao clichê fictício? Tudo por um prazer orifício? Trocaram a conquista pela praticidade, e muito se engana quem não confunde o casual com banalidade. Ela deu no primeiro encontro. Ele a comeu, se vestiu e pronto. Daria um belo conto, mas não houve emoção, por isso nem te conto. Ela foi esquecida com outra após o segundo encontro. Ele havia sido mais um entre tantos, por isso largou o amor no canto. Conheceu numa festa que dividiu a boca com mais dez e você sequer lembra o que fez. Bebeu, encheu a cara e deu. Teceu um comentário numa roda de amigos o que fez e como a fodeu. Tudo em prol da tal liberdade. O problema é que ninguém nota que esta se disfarça de libertinagem. A mesma que quando afetada culpam a sociedade. Conheceu, passou pro próximo e esqueceu. Usou, se apegou e cedeu. Juliana não fazia o tipo de André, mas André só queria se esvaziar, e Poliana pra esquecer o ex, deitou-se com o primeiro para se saciar. A vantagem é que ninguém tem o que o cobrar, mas daqui há dez anos o que vai sobrar? Prazer rima com lazer. O problema é que lazer custa caro, e no final, até você precisará de amparo. A arte de “Beber, que amar está difícil” gerou uma criança carente de vícios - Que apoia-se as coisas pequenas para suprir o vazio, mesmo sendo elas amenas feito um pavio. Mas cá entre nós... Nesta geração de corpos promovidos, é um legado que até eu viveria embriagado.
Silêncio,
A mente pede silêncio,
O corpo precisa de descanso,
Não existe mais depois,
O relógio parou e o tempo nunca existiu.
Hora de juntar os cacos, arrumar a casa e varrer as poeiras.
Não existe mais justificativas,
Não existe mais refrão,
Nada embala o som do coração,
Não existe mais ideologias que não tenha sido compreendidas.
A hora do adeus chegou e essa é a minha partida.
De tão intenso, o coração derramou todo sangue e por falta de amor , desacelerou e morreu.
Hoje preciso ouvir o silêncio do céu,
Nada é urgente .
E o coração agora vai descansar.
Ânsia do meu Corpo -
Numa cama dura, fria, sem sentido
na ânsia do meu corpo a desejar-te
meu peito bate forte ressentido
meus olhos já não sabem procurar-te.
Meus olhos tem tons de pedra rara
num anel de estimação que um dia dei
que dei a um amor de pele clara
amor que já não tenho, já nem sei.
Tu levas-me na mão em esquecimento
horas más que tem vivido um coração
se ouvires por ai este lamento
não voltes meu Amor é ilusão.
Do silêncio que tu fazes faço um grito
faço um grito que me rasga a solidão
meus olhos pedras raras, um gemido,
que levas nesse anel de estimação.