Convidar alguém para sair
Uma policial me disse certa vez que as pessoas fazem certas coisas porque podem sair impunes. Que elas cometem atos corruptos pois nós fechamos os olhos, e que podemos mudar isso se apenas uma pessoa mantiver o olho aberto e ladrar para elas.
A coragem de sair sozinha. Pedir um drink no balcão. Observar o movimento em volta. Sem pretensão. Sem expectativa. Apenas curtir o momento de sair sem a necessidade de levar alguém pra te dar coragem de colocar a cara no mundo. A coragem de ser, de apenas existir.
Uma das coisas que eu aprendi, foi saber a hora de sair da vida de uma pessoa, eu não perco mais meu tempo.
Na manhã em que me levantei para começar este livro tossi. Algo estava a sair-me da garganta, a estrangular-me. Rasguei o cordão que o retinha e arranquei-o. Voltei para a cama e disse: Acabo de cuspir o coração.
Existe um instrumento chamado quena que é feito de ossos humanos. Tem origem no culto que um índio dedicou à sua amante. Quando ela morreu ele fez dos seus ossos uma flauta. A quena tem um som mais penetrante, mais persistente do que a flauta vulgar.
Aqueles que escrevem sabem o processo. Pensei nisto enquanto cuspia o coração. Só que eu não estou à espera da morte do meu amor.
Seria tão bom sair por aquela porta e conhecer alguém sem precisar procurar no meio da multidão. Alguém que soubesse se aproximar sem ser evasivo ou que não se esforçasse tanto para parecer interessante; alguém de quem eu não quisesse fugir quando a intimidade derrubasse nossas máscaras, que segurasse minha mão e tocasse meu coração. Que não me prendesse não me limitasse não me mudasse; alguém que me roubasse um beijo no meio de uma briga e me tirasse à razão sem que isso me ameaçasse. Que me dissesse que eu canto mal, que eu falo demais e que risse das vezes em que eu fosse desastrada; alguém de quem eu não precisasse. Mas com quem eu quisesse estar sem motivo certo. Alguém com qualidades e defeitos suportáveis, que não fosse tão bonito e ainda assim eu não conseguisse olhar em outra direção. Alguém que me encontrasse até quando eu tento desesperadamente me esconder do mundo. Eu queria sair por aquela porta e conhecer alguém imperfeito;
Feito pra mim!
Alô? Tem algo marcado pra hoje? Queria saber se você quer sair para beber alguma coisa? (E ouvir umas histórias. Contar algumas também. Botar a conversa em dia… Falar sobre nós um pouco, talvez. Contar umas estrelas. Fazer uns pedidos. Quem sabe realizar alguns meus. Rir um pouco. Sentir-se leve. Esquentar um pouco os pés frios… O coração vazio. Se não quer sentar e relembrar o passado. Matar essa saudade. E essa vontade. Quem sabe sentir alguma vontade. Não sei… Queria saber se você não está a fim de amar um pouco? Se aceita ser amado. E me amar.) Aí a gente pode bater um papo. Sair com a turma.
Meu lugar.
Não adianta me convidar
nada de rico me seduz
o nordeste é meu lugar
o candeeiro é a minha luz
eu agradeço seu caviar
mas prefiro o meu cuscuz.
Nesta manhã, tomei a liberdade de me convidar para um papo e um café. Nunca mais convido um sujeito ignorantemente arrogante como este.Argh!
Goiânia que me aguarde
Por que um dia eu chego lá
Meu combustível é a vontade
De convidar a Letícia para dançar
No "Dia das Bruxas" não cometa a indelicadeza de convidar sua mulher para jantar. Corre o risco de levar uma vassourada.