Conveniência
Paciência é uma virtude, e não se acha mais dela em lojas de conveniência. Por isto, recomendo cautela ao abusar da minha. E coragem também.
Um relacionamento que se sustenta na mera conveniência e na perda de sua individualidade está fadado ao fracasso e à efemeridade. Sou super a favor do amor, mas desconfio de qualquer forma de amor que busque preencher o vazio.
O outro não o preenche – o preenchimento é interno! Ame por amar, não por conveniência! E não abra mão da liberdade e da beleza que a solitude lhe traz.
Se você mantém uma pessoa na sua vida por conveniência. Deixe-a ir. Não responda por obrigação. Na vida pessoal, no trabalho. Deixe-a ir. Não finja que se importa. Não dê o mínimo de atenção apenas para mantê-la ali. Deixe-a ir. E se você se importa. Se quer tê-la ali. Demonstre. Deixe-a saber.
O homem se casa por conveniência, a mulher por aparência.
E após, ambos se decepcionam,
o homem por aspereza e a mulher por avareza.
Separados em dor ainda procuram amor,
a mulher por desilusão e o homem por falta de opção.
Viver ou compactuar com o pecado por conveniência da ocasião é o mesmo que se jogar do mais alto dos abismos acreditando na sobrevivência.
Amar por conveniência, quando nos é agradável, quando o alvo final é nosso próprio umbigo, é fácil. Difícil mesmo é amar quando tudo ou quase tudo no outro é diferente do que idealizamos.
A melhor coisa que a vida adulta me ensinou é que qualquer relacionamento por conveniência não deveria existir. Se você tem dúvidas sobre uma pessoa, corte. Se você finge suportar alguém para falar mal e duvidar dela pelas costas, poupe seu tempo, corte. A outra pessoa, provavelmente percebe de qualquer forma. Ela vai até agradecer.
Poupe-o de uma vida incompleta, um casamento de conveniência. E, mais importante, poupe-se. Abrace esta coisa verdadeira, real e infinita. Sim, é assustador. Mas viver uma mentira é pior.
Olhares repletos, corações ocos,
Emoções e sentimentos disfarçados
Pela conveniência da falsa modéstia.
Não vivem, apenas vagueiam
Na penumbra da carência e das mentiras
Que enraízam-se em sua essência,
Onde jaz a alma, ou será que jaz?
Na vida, são meros recipientes.