Contos Tristes
De onde é que vem esses olhos tão tristes? Vem da campina onde o sol se deita, do regalo de terra que o teu dorso ajeita, e dorme serena.. no sereno sonha... De onde é que salta essa voz tão risonha? Da chuva que teima mas o céu rejeita. Do mato, do medo, da perda tristonha, mas, que o sol resgata, arde e deleita...
Tem aqueles pequenos momentos tristes, no meio de uma conversa boba, de uma risada, de uma leitura, em que eu lembro de você. Descubro que eu não sei mais como respirar. Sempre foi difícil assim puxar o ar pra dentro dos pulmões? E não sei mais como me movimentar. Todo o meu corpo parece dez vezes mais pesado e mais lento. E não sei como fazer parar a dor. E não entendo que dor é essa, não sei onde começa, nem onde termina. Só sei que dói. Uma dor que não te faz gritar, mas te faz ficar em silêncio. E essa parece ser a pior. Descubro que não sei ser normal e não sei ser nada, além de saudade. A voz não sai porque tem um nó maldito na minha garganta. E não entendo como eu posso ser uma pessoa completa sem você. O que me resta e o que eu aprendi a fazer, é só ficar parada, respirando fundo e esperando esse tal momento passar. E passa. Sempre passa. Mas você não passa nunca.
Eu não tinha essas mãos calejadas, nem o semblante calmo, nem meus olhos tristes, nem tanto cuidado com meu coração. Eu não tinha as mãos tão frias, nem tantas cicatrizes, nem tantas lembranças. Eu não tinha tanto medo, nem tanta saudade, nem tanta angústia quanto tenho hoje depois de amar você. Mas também não tinha tantas histórias, tantas alegrias, tantos novos sonhos, tantas realizações, tanta felicidade. Permita que feche meus olhos, que emudeça, que eu sonhe de novo, pois são tão distantes as lembranças que mesmo assim parecem que as vivo todos os dias.
Enquanto no mesmo verso existir o amor e o ódio, as rimas serão tristes e as estrofes finais melancólicas. Tente substituir o ódio pela indiferença, essa que mata e maltrata a alma. O vazio é inevitável, sempre existe. Mas se tirarmos o ódio, sentimento igualitário ao amor, a vida se torna mais aceitável e logo nos apresenta novos desejos, sejam eles carnais ou sentimentais.
Eu já acreditei: Em contos de fadas, eu já acreditei que podia voar, eu já acreditei em príncipe encantando, eu já quis ser dona do mundo, eu já quis pintar o meu arco íris no céu! Mas hoje eu cresci! Troquei meus medos por conquistas, troquei meus amigos imaginários por amigos de verdade, troquei meu coração de criança; por um de menina! Ela tem estilo bonequinha, só que o problema é que não é de porcelana. Ela é mais forte do que ferro e tem mais energia do que a mulher maravilha, você bate, xinga, mente, reclama, atropela, pisa; e ela nem liga, se levanta, sai como se nada tivesse acontecido... Você é apenas o passado esquecido...
Eram dois office-boys de blusa bege de lã, caminhavam pela rua de número quinze, com suas pastas pretas recheadas de milhões, conversavam corriqueiramente sobre qualquer coisa, soltavam largas risadas sinceras das mesmices dos finais de semana, eram apaixonados discretamente por algumas atendentes, que carimbavam e digitavam freneticamente envoltas em camisas entre abertas e perfumes inapagáveis, caminhavam, adoravam o mês de Dezembro andar pela rua de pit pavê, cheia de cabeças que poderiam ser vistas da parte alta da rua, entrando e saindo com sacolas saciadas, mal sabiam o que eram e o quê queriam da vida, eram uma indefinição por decreto.
O destino continuava a lhes reservar a amizade, regada de festas e música, de viagens com chevette, que as vezes rampava a divisória de pista das BR’s, de fronteiras com bebidas fortes e ciganas que não conseguiram ler o destino, de caminhões traçados chacoalhando entre as dunas aos gritos de amizade e alegria, de longas conversas a beira do lago titicaca, até as boas bandas de Buenos Aires, e um el pogo de whisky escocês de graça, até um submundo do vagabundo selvagem em La Paz, de noites que viraram dia, e tristezas que viraram alegria, de uma amizade que nem o tempo nem a distância apaga. Ao amigo Foca.
"Aos quatorze anos eu coloquei um chapéu de flores na cabeça e nunca mais tirei!
Lembro até hoje: era branco com rosinhas cor de rosa. Fiquei muito feliz quando o comprei, me senti o máximo porque aquele chapéu estava super na moda na minha cidade, rs
O tempo levou o chapéu físico embora mas ele prossegue na minha cabeça, enfeitando meus dias de branco e rosa e muita felicidade!
O que os outros pensam? Ah, não sei, isso é problema e direito deles, de pensar o que quiserem. Respeito. Mas meu chapéu da alegria não tiro da cabeça de jeito nenhum.
A vida é minha, a vida é bela e eu a saúdo com o meu melhor sorriso todos os dias.
Por isso prossigo com quatorze anos. E você?"
Hoje sou o que você fez
De mim.
Você chegou e diluiu
meu passado.
Sendo passageiro
Veio para ficar.
Desfez quem eu era
e me reconstruiu.
Ergueu-me num pedestal
adorou-me
e depois me fez andar
na estrada
sem olhar pra trás.
Conectou
nossos corações
e assim me mantêm
presa a um encanto,
volúvel e volátil
que se tornou
necessário e permanente!
As vezes,
Dá-me as costas
Mas nunca me esquece
Com os olhos da alma
me vigia
e não me deixa
desaparecer,
Faz que me perde
e depois me acha
e me ama
além de seus limites
e de minhas permissões.
Quem eu era já não importa
nem é possível lembrar.
Foi-se aquela que eu fui
chegou a que ficará.
Gosto de mim
assim
E desse jeito ficarei
e assim agora serei.
Amo-te pelo que fez
e pelo que ainda fará
por mim
hoje, amanhã,
não sei quando
no tempo que ainda virá.
Que Deus o abençoe
e proteja.
De alguma forma sou tua
De alguma forma agora és meu.
E que assim seja.
"Sou Tua, És Meu"
SOLIDÃO
"No avançar da vida aprendi a sofrer calada,
a chorar quietinha,
eu e minha alma sempre aos pedaços,
sozinhas...
Por qual razão sofreria mais agora
com teu amor tão medroso,
com teu querer mentiroso
e tuas fugas mesquinhas?
Prossigo ao meu modo, sofrendo calada
e chorando quietinha.
No meu mundo, com minha alma em pedaços,
silenciosamente eu curo minhas dores... sozinha."
Lori Damm ("Solidão", Contos, Crônicas & Poesia)
"Já não te faço poesia,
Já não moras aqui dentro.
Da casa do amor, vazia,
Joguei teu retrato ao vento
Do fogo antigo que ardia,
Sobrou cinza, desalento,
E uma história tardia,
De vida e pertencimento.
Já não te faço poesia,
Não te lembro, nem lamento
Rasguei o sonho que havia
E enterrei no esquecimento."
Lori Damm ("Leaozinho", Contos, Crônicas & Poesia)
HUMILDE AMANHECER
Se o café requentado
Vem em caneca de lata
O pão velho sem manteiga
Num prato meio quebrado,
Ache graça, faça graça,
O sorriso tudo arremata!
Põe um solzinho no rosto
Deixa o dia iluminado,
Bota flores sobre a mesa
Colhidas pelas estradas
Das pequenas, mirradinhas
- estas são flores de fadas!
Abre a janela confiante,
e em prece bendiz o mundo
E tuas dores, num segundo
Serão pouco, quase nada!
Bota um sonho no alpendre
E uma esperança na porta
Faça um jardim bem na frente
Nos fundos plante uma horta...
E deixe Deus povoar tua casa
De amor e de alegria
Pois maior que o alimento,
A magia do bom pensamento
Enriquece o café aguado,
Faz de teu pão iguaria!
Ama contente o que tens,
Muito além da adversidade
E mesmo na triste pobreza
Viverás em doce nobreza
No seio da felicidade!...
FELICIDADE É UM ESTADO DE ESPÍRITO
DOMINGO
Portas da casa fechadas,
Na tramela, mal e mal,
Cheiro de sonho nos quartos,
Brisa fresca no quintal.
Cortinas brancas de renda,
Atrás dos vidros cerrados,
dois gatos esparramados
tomando sol no beiral.
Na varanda entre cadeiras
um cachorro cuida feliz,
da borboleta que tenta
arriar no seu nariz,
Lá no pomar vistoso,
um bem-te-vi educado
anuncia que viu alguém,
sabiá nem quer saber
e canta como ninguém!
Nuvens claras, sonolentas
sopram rente ao capim
O vento que mistura
O perfume das roseiras
E a doçura dos jasmins...
Sim, há algo de especial
No dia que vem vindo!
Tem um pouco de Natal
De festa de aniversário,
Comida boa, gente rindo
Brincadeiras sem horário
De olhinhos pela fresta
O tempo quieto, sorrindo,
Um dia com cara de festa,
Mas é claro, hoje é domingo!
EU SERIA MAIS FELIZ
"Se tu não existisse"
"Se não houvesse você"
Se nada do que és
Me fizesse padecer
Arre!
Tua presença é martírio
Tua existência é doer!
Saber-te me dói inteira
Melhor te é morrer
Então morra
Eu quero mais é viver!
(Lori Damm "Quintaneando"
"Te amo.
Mas te amo para um outro dia, para outro tempo, para outro lugar.
O tempo, que tudo restaura e reúne, aqui nos separou.
Não é aqui que será vivida sequer a palavra, sequer o sonho, sequer o sentimento... Aqui apenas renasceu o que já nos ligava; por algum motivo, fomos reconectados.
Não há mais tempo para nós, porque agora o tempo é de espera pelo fim, tempo de angústia, de ansiedade e de solidão... Tempo de olhar para o céu e viver a breve felicidade de saber que, o que um de nós está olhando, o outro também estará."
Lori Damm ("Reencarnação")
"Estou te abandonando. Meu coração sufocou com as palavras não ditas, os silêncios ensurdecedores, o amor sentido e depois negado, as promessas e as esperas, a paixão e a recusa, a vontade de se dar e o medo de dartudo errado...Esgotei minhas lágrimas enquanto você calava meus risos. Não há mais nada a dizer. Estou indo."
Lori Damm (Contos, Crônicas & Poesias)
"Ele veio em passos leves,
feito vento sorrateiro,
e olhei sem entender
para a rua, para o chão
vasculhei o mundo inteiro!
Eram passos, eram rastros,
Era o amor, minha paixão?
Era sim, mas ai que pena!
Não parou, passou voando
Nas asas da ilusão."
Lori Damm (Contos, Crônicas & Poesia)
A vida tem desses dias, desses dias em que tudo parece estar errado, tudo parece ruim. A vida tem dessas coisas, coisas que não esperamos, que não podemos prever e nem planejar. Esses dias em que você acorda sem o coração no peito, que por algum motivo tiramos de onde ele nunca deveria ter saído.
Vinho tinto, músicas tristes e solidão... Tenho a sensação de que, mais dia menos dia irei enlouquecer... Não consigo escutar meu coração e quando o escuto, não consigo entender o que ele diz. Às vezes penso que amo, outras vezes me encontro num vazio... num abismo... Ora estou feliz por ter alguém ao meu lado, já outrora me pego pensando em quem não deveria mais pensar. Fico divagando e fazendo a mim mesma muitas perguntas... Eu tenho muitas perguntas e pouquíssimas respostas. Estou mais uma vez ambígua, confusa e assustada com esse turbilhão de dúvidas seguidas de sentimentos. Sinto-me querendo voar mas constato que não possuo asas. Já não sei se amo, não sei quem amo, não sei se realmente sei o que é amor ou o que é amar, e quanto mas eu busco me entender mais perdida em mim mesma eu fico... Tenho medo, um coração e estou na corda bamba... Sempre restam palavras que não foram ditas... e isso é o que dói mais... as palavras não ditas, as palavras que você nunca vai ouvir, planos e sonhos que você nunca vai saber... Estou tão fora de mim que essas palavras aqui escritas não fazem sentido e não têm lógica... Não se falo ou calo, se isso é o início ou o fim... NÃO ME ENTENDO...
Às vezes quando estamos tão tristes, nossos sonhos caem no chão como pedacinhos de estrelas que pouco à pouco se apagam, nosso coração chora em silêncio, para não fazer barulho, os olhos do coração vêem além mais do que a vista nos permite, gelam todo o corpo e o coração de tanto amar se converte em gelo para não sofrer mais, para já não chorar... Mas que enganado está! no final haverá alguém para acender a chama da sua alma e derretera o gelo que a dor formou no seu interior, e se olhar para o céu, se dará conta que ficam milhões de estrelas e cada uma é um sonho por cumprir, ainda que algumas se apaguem, haverá muitas que apenas começam à brilhar, e também se dará conta que há estrelas que brilham, mas a sua luz não é mais que um eco, o espelho do que algum dia foi a sua verdadeira luz, mas agora já não existe, você decide no que acreditar, só não abandone seus sonhos, são os únicos que te salvarão do esquecimento.
O AMOR E SUAS ESPÉCIES
Não sei se você percebe
Para alguns o amor é uma droga
Para outros é uma loucura que se comete
Para uns é algo que deve se ocultar
Para muitos é motivo para chorar
E a espécie mais rara:
O amor é motivo para sorrir
Esse último só deve existir
Em contos de fadas