Consumir
Não sei se é branco,
Franco,
Seco,
Sem jeito,
Feito tinto,
Vermelho,
É groselha
Ou será
Cantina da serra?
Criar consome. É o dia inteiro, todo dia. O ato de criar não conhece fins de semana nem férias. Não é quando sentimos vontade. É hábito, compulsão, obsessão e vocação.
Você me consome,
Me devora sem mesmo saber meu nome.
E o meu ser está preso em amarras,
Ansiando para que sejam Liberadas.
Me perco em tu,
Infinito.
A vida é uma festa que chegamos de mãos vazias, nos consumimos daquilo que não é nosso, até sairmos dela sem levar nada.
Aceite a escuridão existente dentro de você ao invés de amaldiçoa-la. Acenda uma vela se for necessário. Mas não nunca ignore-a, pois do contrário, poderás ser consumido por ela.
E o mais estranho de tudo é que esse mesmo silêncio que me pertuba e me devora é também o que me faz bem!!! ...
Eu me culpo... Pra mim é impossível não me culpar, sempre sinto que sou o responsável pelo que acontece. Poderia ter feito melhor, eu poderia ter sido melhor. Mas entro em contradição, já que naquele momento aquilo era o meu melhor.
Meio bagunçado, meio confuso, meio insuficiente, mas o melhor que eu consegui, enquanto carregava o fardo pesado de minhas lutas internas e minha incansável caminhada no abismo da minha mente.
Dei o meu melhor nos meu piores momentos e no final fui consumido por isso.
Por isto eu me tornei uma advogada. Para lutar contra os criminosos. Mas, na verdade, essas batalhas foram me consumindo cada vez mais.
"Na vastidão do espaço cósmico nenhuma energia se consome, se perde, extingue ou desaparece por completo."
Observar sem se deixar absorver, informar sem se afogar. Não é à toa que, ao experimentar o mundo e consumir informações de maneira equilibrada, encontramos o sabor da sabedoria.
Ei, Eu Estou Aqui
Tem dias que você quer... Não. Você precisa! De uma roupa nova. Aquela que viu na vitrine, linda... perfeita, exatamente como sonhou ter. Então vai lá, e entra feliz na loja. E pimba! Caiu no seu corpo tal qual a sua pele. Beleza! Sai da loja embalando o pacote como se fosse seu próprio filho. No caminho pra casa, de repente, sente que precisa de alguma coisa mais... de um corte novo de cabelo! Mais atual, ou uma cor mais radiante, luminosa! Não dá pra ficar com um cabelo apagado, sem vida! Imagina quem vai gostar?! Nem seu pior inimigo, ou inimiga (vamos supor que você tenha um), ia ficar feliz em te ver assim tão sem glamour. Então, corre até ao cabeleireiro mais próximo... E pronto! Cabelo novo! Se olha no espelho analisando:
- Com certeza ficou beeemm melhor!!! Sua voz faz eco com a do cabeleireiro, que cheio de orgulho, admira sua obra. Tá. Agora é só esperar os elogios, dos amigos... da família... dos transeuntes...
Essa empolgação dura um dia, dois... uma semana talvez!... E, um dia, não muito distante, você acorda com mesmo vazio... se não pior do que antes!
Terrível agonia... de sentir aquele "oco" por dentro, que ao mesmo tempo parece estar crescendo e corroendo seu interior, seu âmago... seu estômago e suas tripas também. O que fazer? O que não fazer? Vai para o shopping... outra veeez??? Talvez, um lanchinho... com batatas fritas e um sorvete, bem docinho... para ajudar na digestão?! Hummm, que delícia! Quem sabe, sapatos?!! Sapatos, isso!!!
Mas no caminho, antes de cometer essa loucura, de seguir essa voz consumista e "comunista"... (hehe.. ta em voga essa palavra), uma outra voz também fala, mais suave, meio apagada, como que sufocada!... Pera aí, ( diz, entre uma tosse seca e outra), vai com calma, pensa! Poxa! Pensa!... É isso mesmo que você precisa? Roupas novas? Cabelo novo? Sapatos? Mudar seu exterior??? E eu, como é que fico?!!
Ei, eu estou aqui!
Quando você vai me dar a devida e sonhada atenção que mereço?! Eu sou o seu melhor! A sua força, o seu Ser verdadeiro! Eu sou quem te faz ser incrível e aceitável no teu meio de convivência...
Então, vai parar e pensar no que me faria feliz? Pensar do que exatamente eu preciso para me sentir plenamente um sucesso?!
Ei, acorda!
Eu estou aqui, ainda... 😎
Não acredito quando dizem que num rio uma água só passa por ele uma única vez. Por isso questiono: a água que me mata a sede, quantas vezes realmente já matou a minha sede?
Não só sede de água, mas de tudo que existe, que existe para que eu exista.
E que existindo consuma o que me for dado como empréstimo para um existir que me faz cada vez mais vivo, mais eu.
Sem saber realmente de onde vim, para onde vou e porque me fazem estas coisas existir cada vez mais, vou sedento de vontade de consumir tudo o que a mim se apresenta, a fim de continuar essa minha saborosa existência.