Conforto da Morte de um Filho

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Poética

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.

Vinicius de Moraes
Antologia poética

O amor sem esperança não tem outro refúgio senão a morte.

O fim da esperança é o começo da morte.

O oposto da vida não é a morte: é a repetição.

Feliz serás e sábio terás sido se a morte, quando vier, não te puder tirar senão a vida.

A morte é de fato o fim, no entanto não é a finalidade da vida.

Devemos chorar as pessoas à nascença, e não aquando da sua morte.

Todos os dias vão em direção à morte, o último chega a ela.

O avarento gasta mais no dia da sua morte do que gastou em dez anos de vida, e o seu herdeiro mais em dez meses do que ele na vida inteira.

O temor da morte é a sentinela da vida.

Condenados à morte, condenados à vida, eis duas certezas.

Fala-se tanto da necessidade de deixar um planeta melhor para os nossos filhos e esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores para o nosso planeta.

Espera do teu filho o mesmo que fizeste a teu pai.

O conforto possui formas. O amor cores. Uma saia é feita para se cruzar as pernas e uma manga para se cruzar os braços.

Coco Chanel
Charles-Roux, E., Le Temps Chanel,Editions Grasset, 1980

O DINHEIRO E A FELICIDADE

O dinheiro pode nos dar conforto e segurança, mas ele não compra
uma vida feliz. O dinheiro compra a cama, mas não o descanso. Compra
bajuladores, mas não amigos. Compra presentes para uma mulher, mas
não o seu amor. Compra o bilhete da festa, mas não a alegria. Paga a
mensalidade da escola, mas não produz a arte de pensar.

Você precisa conquistar aquilo que o dinheiro não compra. Caso
contrário, será um miserável, ainda que seja um milionário.

Não posso imaginar que uma vida sem trabalho seja capaz de trazer qualquer espécie de conforto. A imaginação criadora e o trabalho para mim andam de mãos dadas; não retiro prazer de nenhuma outra coisa. Esta seria uma receita para a felicidade, se não fosse a idéia terrível de que a produtividade da gente depende inteiramente de nosso modo de sentir. Que há de ser da gente, quando os pensamentos cessarem de aparecer e as palavras adequadas não se apresentarem? Não se pode deixar de tremer diante de tal possibilidade.
É por isso que, embora submetendo-me ao destino como um homem honesto, não deixo de fazer secretamente a minha oração: acima de tudo, que não surja nenhuma doença ou qualquer miséria física que me paralise as faculdades da criação. Como dizia o rei Macabeth: "Morreremos com as armaduras nos ombros".

A Solidão e Sua Porta
Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha)
Quando pelo desuso da navalha
A barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha

Arquitetar na sombra a despedida
Deste mundo que te foi contraditório
Lembra-te que afinal te resta a vida

Com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída
Entrar no acaso e amar o transitório.

SONETO DO DESMANTELO AZUL

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas,

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.

Sábio é o pai que conhece o seu próprio filho.

O amor de mãe por seu filho é diferente de qualquer outra coisa no mundo. Ele não obedece lei ou piedade, ele ousa todas as coisas e extermina sem remorso tudo o que ficar em seu caminho.