Concreto
Minucioso, quiçá, precioso - o silêncio: quando bem executado sucedera um concreto comando sinfônico de corais.
As paredes são como nossa mente, as vezes colocamos muito concreto e deixamos de sentir o que realmente importa e de ouvir o coração.
Escudos
Apesar desse concreto que te protege de mim..
Te sinto linda, doce e frágil…
Continuo a te buscar…
Ainda derrubo estes teus escudos…
Difícil ter algo mais concreto do que um bloco de concreto e nada tão abstrato quanto um bloco de abstrato.
A felicidade adulta é imaginária, é o imaginar, o que vai vir, o que poderá ser concreto, o entrar e sair de vários caminhos para chegar a quaisquer outros que tragam sucesso. E por mais contentes que possamos vir a estar, sempre falta alguma coisa, nunca estamos completos. Sempre falta aquele quê, nos perdemos confiantes que vamos nos encontrar logo mais. E nunca haverá algo mais se já não estiver presente conosco.
Prefiro ficar com esse mundo abstrato das pessoas, mas no dia que eu quiser algo concreto compro um tijolo.
Mimética
Sou da mata, não me acerto na cidade.
Defendo-me do cativeiro de concreto,
Num desejo violento de liberdade.
Desamarroto as asas do pensamento,
Extrapolo pés automotivos, passivos,
Sedentos... Olhos de onça pintada, radar de morcego,
Patas de guará correm no cimento.
Naturalmente anti-cibernética, instintiva, apelativa,
Permissiva... Sou bicho-palha, macaco-prego,
Saci de duas pernas, Caipora, trilha refrescante.
Toda mata vive no meu corpo, plagas verdejantes.
Em mim vivem formas selvagens,
Sonhos que devoram ansiedade, viragens:
Bosque de mil segredos e folhagens.
Minh’alma ponteia verde estandarte.
Disfarçada na anacrônica Campinas fumegante,
Sou anti-vigas de aço, primitivamente blindada.
Naco de floresta oculta por pele esbranquiçada.
Mimética, simbiótica, defendo-me da morte.
Mas se um talho, um corte...
Verão que é seiva meu suporte.
Concreto
Tudo se inicia do fantasiar o cheiro das flores.
A vontade absorve todo sentimento de coragem e perseverança.
Após a conquista vem a luta do permanecer.
Vez em quando a realidade configura-se perdida, aflita, daí a totalidade do ser aparece.
O sonho antes na conjuntura de algo longínquo havendo somente o almejar.
Já aqui se desperta para o que realizado foi.
No prazer da vida o olhar para o que foi, traz sensações sublimes em que a alma movida duvida, mas se agita, dança, sonha novamente e se impulsiona para conseguir.
O fogo que há no querer é que te lança, vem de dentro, queima, fortalece, revigora, aquece e destrói o não.
Racional, pensativo, pausado, em doses suaves de fortaleza e otimismo.
O que se quer aparece onde ninguém ousaria supor e a gente se por.
Se pôr a frente, correr, ultrapassar barreiras, derrubar muros, avançar.
Até que o longe se faça perto e o concreto vire pedra.
Estamos no meio de tantas frustrações, de aço e concreto, que nos prendem a uma visão insana da realidade do mundo. Acreditamos que tudo gira em torno de um sol banhado de ouro e que as pessoas são desenhos distorcidos pela imagem do brilho dele. Ganância, preconceito e fama. O tri-pé da sociedade moderna; a grande 'arrogância' Humana. Criança nascendo com o brilho dos diamantes no olhar, um futuro brilhante em um mundo onde a esperança é a primeira que morre e o dinheiro é o único que prevalece. Pense nisso! Pois o mundo é bem melhor do que isso.
Não deixem espaços vazios, eles são sempre preenchidos por algo ,ou por alguém. No chão o concreto, na árvore uma casa, na ausência pessoas, no coração um amor.
"O amor é um sentimento absoluto e concreto quando encontramos em nós mesmos e não há espaços para os vazios. No outro é abstratos e não preenche nossas necessidades e não compreende a nossa sensibilidade e muito menos nossa intensidade."
Não saber o que fazer é fácil, concreto, razão, ação, simplesmente não faça. Mas, não saber o que pensar, a que conclusão chegar é emoção, sentimento, saudade, abstrato, latente. Fica no silêncio.
Flávia Abib