Concreto
Difícil ter algo mais concreto do que um bloco de concreto e nada tão abstrato quanto um bloco de abstrato.
CONCRETO/ABSTRATO
Eis aqui minha solidão
que desorganizadamente teima em existir.
Eis aqui minha guerra
que caleidoscopicamente procura ideal.
Eis aqui minha lucidez
que meramente quer ser visível.
Eis aqui meu amor
que inutilmente permanece acordado.
Eis aqui o imprestável
que interessa a muitos.
Eis aqui a limitação
do que é possível.
Eis-me aqui desarticulado - ironicamente vivo:
o poeta que não sabe amar inventando uma realidade.
Suponho me entender
desentendendo-me
s u b i t a m e n t e ! . . .
A paixão é um estado transitório e abstrato que nos leva a outro mais nobre e mais concreto, ou não!
Saio nesse gramado de concreto, e vejo surdos ouvindo, mudos falando, será minha cabeça ou ao meu redor tudo esta mudando?
O livre e concreto. O nada se mistura com a quieteza do absurdo. O suar do esplendor ao vivente da luz ao seu olhar.
A felicidade adulta é imaginária, é o imaginar, o que vai vir, o que poderá ser concreto, o entrar e sair de vários caminhos para chegar a quaisquer outros que tragam sucesso. E por mais contentes que possamos vir a estar, sempre falta alguma coisa, nunca estamos completos. Sempre falta aquele quê, nos perdemos confiantes que vamos nos encontrar logo mais. E nunca haverá algo mais se já não estiver presente conosco.
Prefiro ficar com esse mundo abstrato das pessoas, mas no dia que eu quiser algo concreto compro um tijolo.
"Corra de mim"
Ouça o som que vem do silêncio do abismo mais profundo e concreto de um coração que simplesmente amou...
Simples e abstrato como os retratos de tal Picasso do qual teve que morrer para ser reconhecido;
Veja a escuridão causada pela solidão e a proeza singela de um sentimento cruel e rústico do fundo de alguém que simplesmente parou.
Dessa vez não, dessa vez não!
Procure e chute qualquer coração, mas deixe-me aqui na solidão.
Abandone-me, largue-me, estrangule-me.
Mas não machuque outro coração.
Imploro...
Não machuque outro coração.
Eu só queria achar um motivo concreto para te amar, além do "ter certeza de que você foi feito minuciosamente para mim". Eu pensei em dizer que te amo por você respirar, mas isso seria de um exagero bobo demais. E eu não admito ser mais boba do que eu já sou só por procurar um motivo para amar você. Aí pensei: vou te amar por você sorrir. Porque sorrindo você faz alguém feliz e isso te torna uma pessoa boa. Então eu vou te amar por você ser uma pessoa boa. Depois me lembrei que a pessoa que você faz feliz por sorrir não sou eu. Aí eu te achei um vilão. Só que eu também não sou mocinha. Porque as mocinhas amam exageradamente sem pedir nada em troca. E eu peço, eu grito e eu quero: você. Se for como mocinhos, podemos comprar uma casinha no campo de cercinha branca, passar o dia namorando, vendo filminho, tomando vinho, ouvindo música e comendo porcarias. Se for como violões, poderíamos assaltar a cidade e rir de todo mundo em frente à Torre Eiffel e depois dar um daqueles beijos de cinema de deixar qualquer um morrendo de inveja do quanto nós somos felizes. Mas, se for como nós somos, pouco importa como seja. Importa só que seja. Porque você sabe que o mundo de verdade só vai existir onde nós dois estivermos juntos.
Tua falta não me alcança mais, e a tarefa de me amar continua na firmeza do concreto, na certeza do sol, no amanhecer de todo dia. Você não me dói, você não me nada. As coisas estão indiferentes, estão diferentes, acredite... não queira me causar, ou causar em mim o que já não é mais uma causa, mas uma consequência. A ferida fechou-se e a dor estacionou em algum lugar do espaço. Pode deitar e me expirar. O ar pesado já se esvaiu há tempos.
Bons ventos pra você.
Provas de amor nem sempre são palpáveis
Elas acontecem em um tempo-espaço indiferente ao concreto
São esboçadas de uma forma súbita, despejadas
Nem sempre explicitas, elas nascem da necessidade de falar de algo que continua guardado, do sentimento que permanece e que mesmo sujeito a todas intempéries, variáveis e transformações, nunca deixou de me habitar.
ODE AO INFINIT(O)ESIMAL
O discreto presente.
O presente secreto.
Nada de concreto e estrato.
Nada de abstrato e concreto.
Óh Deus, é muito bom pra ser verdade!
Deus é muito bom pra ser verdade, óh!