Concreto
Me entende
Eu caminho só, mas não estou sozinho.
Ando em meio à selva de concreto e fios
Eu caminho só, mas não estou sozinho.
Ando em meio à selva, mas não piso em espinhos.
Na minha caminhada os perigos são constantes
Pouco se sente o perfume das rosas
Só o cheiro violenta da pólvora, esta no ar.
Meu passado, meu futuro e agora onde estou
É presente, estou a presenciar, um homem
Com muitos sonhos e poucas chances de realizar
Sou a ditadura e não o ditador sou vivo e não a vida
Sou o efeito e não a causa, sou o capricho da alma
De um louco, que sonha que com esforço realizar
Seus sonhos sou a amargura de um jovem que perdeu
O primeiro amor, que é ditado a sofrer, vive por viver
Causando a dor, você entende o que eu sou?
Já quiseste ser livre, pra se prender a alguém?
Já sofreu o mal de quem chamou de ‘meu bem’?
Se sim, eu quero te dizer, eu também te entendo
Só escrevi essas coisas, pra você poder me entender
Que quando eu fico altas horas acordado
Não é pensando em mim, é pensando em você.
Terra cinza de concreto
Lugar que se torna infértil
Natureza bela e gentil
Com delicadeza o concreto partiu
Nasceu uma linda flor
Que o concreto não matou
Um coração que se endureceu
Tornou-se terra cinza de concreto
Também se partira com um gesto de delicadeza
Fazendo voltar a pulsar seu calor e sua gentileza
Matéria palpável incorpora-se à vida com toda praticidade
Sonho concreto e realista, conservador e sempre puro
Praticante da realização das idéias, a gerar estabilidade
Pragmático, fixa e mantém a terra firme e o porto, seguro.
Sei que apenas vi construções de concreto e luzes inventadas pelo homem, mas o simples fato de ter o céu acima de mim e sentir a brisa tocar meu rosto me faria ficar a noite toda ali!
Fé é trocar segurança num poder "concreto" deste mundo pela confiança, mesmo às vezes insegura, em um poder "abstrato" de um mundo invisível.
Minucioso, quiçá, precioso - o silêncio: quando bem executado sucedera um concreto comando sinfônico de corais.
Mimética
Sou da mata, não me acerto na cidade.
Defendo-me do cativeiro de concreto,
Num desejo violento de liberdade.
Desamarroto as asas do pensamento,
Extrapolo pés automotivos, passivos,
Sedentos... Olhos de onça pintada, radar de morcego,
Patas de guará correm no cimento.
Naturalmente anti-cibernética, instintiva, apelativa,
Permissiva... Sou bicho-palha, macaco-prego,
Saci de duas pernas, Caipora, trilha refrescante.
Toda mata vive no meu corpo, plagas verdejantes.
Em mim vivem formas selvagens,
Sonhos que devoram ansiedade, viragens:
Bosque de mil segredos e folhagens.
Minh’alma ponteia verde estandarte.
Disfarçada na anacrônica Campinas fumegante,
Sou anti-vigas de aço, primitivamente blindada.
Naco de floresta oculta por pele esbranquiçada.
Mimética, simbiótica, defendo-me da morte.
Mas se um talho, um corte...
Verão que é seiva meu suporte.
As paredes são como nossa mente, as vezes colocamos muito concreto e deixamos de sentir o que realmente importa e de ouvir o coração.
Escudos
Apesar desse concreto que te protege de mim..
Te sinto linda, doce e frágil…
Continuo a te buscar…
Ainda derrubo estes teus escudos…