Comunicação
MULTIDÃO COM FIM
Estou aqui a caminhar numa multidão sem fim...
Uma multidão sem comunicação e sem raiz nem apego
Estou aqui no meio desta multidão: sozinho, triste e a pedir protecção
Estou aqui com um objectivo determinado -, o de encontrar uma razão para a minha vida; o de achar um pequeno nada que comece a alimentar este caos quotidiano
Sigo a multidão e sou atropelado por ela, sem dó nem piedade
- Afinal o que sou eu neste macrocosmo social?
E a multidão segue o seu percurso porque para ela a minha insignificância é de tal ordem que nem sequer tenho identidade
E avança cada vez mais e tortura-me cada vez mais!
A sua imagem, o seu sabor e o seu ruído deixa no ar uma sensação de tal forma torturante que chego a pensar: - se não é o carrasco da minha própria prisão!...
Mesmo assim sigo a multidão!
Sinto que devo segui-la, que não devo desistir, que devo lutar e fazer tudo por tudo para atingir o meu grande objectivo: - o tal de encontrar uma razão para a minha vida, ao fim e ao cabo, o de ser verdadeiramente feliz
Por isso sigo e não me importo de ir sozinho na multidão; de ninguém falar comigo; de sentir que as pessoas não falam umas com as outras
Sigo porque ainda acredito que é possível viver e encontrar uma enorme razão para existir
Sigo na multidão e não quero sair daí, porque sei que é aí que vou realizar o meu objectivo
Percorro muitos quilómetros, muitos obstáculos, e eis senão, quando à minha frente, numa visão muito distante, os nossos olhos se cruzam; as nossas mentes e os nossos corpos se reconhecem
e os nossos gestos transmitem de longe o que nos vai na alma; o que estava à nossa espera e, de repente, somos empurrados um para o outro, correndo e correndo por cima da multidão, e quando, finalmente, nos encontramos, as nossas mãos tocam-se; os nossos corpos ardem de sentimentos vários, e quando chegamos a falar um com o outro, é para dizermos apenas – que seremos sempre um do outro.
PENSAMENTO
A comunicação é um instrumento complexo. Cada vez mais complexo! Fazermo-nos entender por alguém, com o mesmo código e canal, é uma tarefa que não é fácil levar a cabo.
Parece que nos tempos que correm, cada pessoa caminha num único sentido; numa estrada que é exclusivamente dele e na qual não deixa ninguém entrar. Parece, afinal, que em cada ser humano, não há lugar para a partilha, para o social, para a transformação e para a busca de novos valores.
Parece que cada homem é um mundo! Cada homem é um Estado, com normas e regras que são apenas para seu uso pessoal, para sua satisfação individual.
Cada homem vive na sua micro-existência, na sua micro-realidade. A verdade é que, talvez, essa existência esteja desajustada dos tempos que correm, à dimensão do homem de hoje.
É difícil aceitar que a vida humana esteja desprovida de valores e virtudes. O homem não pode viver sem esses valores, porque é essa a essência que o dignifica e o dimensiona. Que o faz diferente de outras coisas e de outros seres.
Como nos sentiremos se formos completamente abandonados? Se o nosso trajecto prosseguir neste caminho, o que fica para o futuro do mundo? Se a nossa marcha continuar no sentido individua, sinuosa, sem dimensão definida e irreflectida, onde vamos chegar? O que construiremos? Como construiremos?
O homem deixou também de acreditar naquilo que está para além da sua compreensão, para além dos seus horizontes morais. O lado espiritual e o lado cósmico, não lhe diz absolutamente nada, porque, tal como ele afirma, não é visível, não é mensurável.
A arte e a espiritualidade, como um dom e uma técnica aprimorada de comunicação visual sempre existiram entre um limite tênue entre uma dadiva de Deus para alguns escolhidos e uma das mais prodigiosas conquistas das habilidades humanas para qualquer um.
UTOPIA
Os sonhos mais impossíveis
Têm comunicação com o universo.
A utopia pode lhe sorrir.
Clécia Santos
As novas tecnologias dos meios de comunicação social estão
começando a revelar os seus primeiros efeitos e como eles se apresentarão
nos próximos anos. Isto não significa que os países mais desenvolvidos
economicamente irão ter maior sucesso no acesso as informações do que os demais.
O passado da televisão convencional e do rádio, assim como os
meios de comunicação modernos, já haviam causado mudanças sociais e
modificações políticas antes da aquisição pela humanidade da Rede Internet e dos meios eletrônicos de informação. Como os líderes políticos fizeram uso do rádio e da televisão para fazer seus palanques políticos, e como os atuais políticos são motivados pelo “marketing-mídia” e não mais por programas partidários e pelas idéias políticas
O desejo de o povo buscar uma exteriorização de sua própria
imagem num meio de comunicação, ligado mais à imagem, principalmente da televisão, é um fenômeno criado a partir de um vácuo das sociedades pós industriais que, desde a revolução industrial na Inglaterra despertou no ser
humano a necessidade de se exteriorizar para se autoprojetar.
Segundo alguns estudiosos de comunicação, a política não se
faz na arte, a não ser quando a arte tem caráter ideológico; há preconceitos, às vezes por parte dos mesmos, em contextualizar novelas, filmes, livros ou desenhos animados como obras políticas. Veremos que elas, mesmo os desenhos animados e as histórias em quadrinhos (que parecem serem obras ideologicamente inocentes) nada têm de inócuo, pois são muitas vezes impregnadas de características de cunho político.
Obras artísticas em geral,
mediadas ou não pelos meios de comunicação e pelas novas tecnologias, são elementos de formação política, de maneira direta ou indireta.
Hoje, quando se discutem as influências que as novas
tecnologias de comunicação exercem na vida política, tanto na partidária
quanto na social, em escala planetária, parece que estamos falando de algo
completamente novo e que ocorre fora da sociedade, do corpo econômico e
das relações políticas. Em parte estamos falando de algo novo mas, por outro lado, isso nunca teve um significado histórico tão profundo
As novas tecnologias de comunicação são objetos de poder. A história dos meios de comunicação sempre esteve aliada à história política mundial ou local, desde a invenção dos primeiros meios de comunicações impressos: livros e jornais.
Os meios de comunicação, por sua vez, interferem em todos os âmbitos da vida pública, familiar e das comunidades, interligando às partes um todo desconhecido.
Quando os meios de comunicação passam a ser elementos de
formação política, temos que ver que isso faz com que sejam também
modificados todos os contextos políticos, bem como a historicidade da
humanidade, enquanto agentes próprios de suas ações históricas.
Essas novas tecnologias de comunicação são, portanto, uma amálgama de tudo o que o homem já inventou até hoje para se comunicar com seu semelhante, de forma dinâmica, moderna e sofisticada.
As novas tecnologias de comunicação em si não têm a capacidade e o poder de influenciar as pessoas, pois elas são tão somente artefatos de comunicação; o poder é construído por um discurso
comunicativo, e esse discurso é que deve ser analisado, porque ele nunca
pode ser neutro.
O avanço da tecnologia contemporânea que faz a relação dos
meios de comunicação com a sociedade mudar, porque as técnicas só se aprimoraram, mas são as mesmas que sempre estiveram presentes na história. O que mudou, portanto, é a forma de exercer e por em prática as técnicas na sociedade atual, ou seja, a utilidade tecnológica se tornou política e pública, na medida em que passou a ser usada politicamente na sociedade.
Vejamos que o mundo, antes das revoluções tecnológicas na
área da comunicação e em outras, ainda era definido por fronteiras
estabelecidas por acordos políticos, por tratados, ou delimitações territoriais e
pelas descobertas feitas nas áreas das ciências e da navegação.
Com as novas tecnologias de comunicação, os padrões culturais
de cada país são ingredientes adicionais para uma única receita mundial, e assim se reproduz também em sua linguagem, como um pano de seda originário da China e que hoje é feito com pedaços de retalhos dos países mais desenvolvidos, tentando produzir uma única peça de seda autêntica, da mesma cor, da mesma textura e do mesmo corte.