Compaixão
Sou berço de gentilezas, aprendi que educação e bom senso vem de berço. É moldado junto ao caráter, a empatia e a compaixão pelo próximo. É que eu acho que existem qualidades que nenhum dinheiro do mundo pode comprar, porque o que vem de coração não se vende por aí em qualquer esquina. Está na raridade daqueles que ainda são do bem e transbordam gentilezas pelo mundo.
Os homens sentem-se felizes quando inspiram amor ou amizade; ficam indignados quando inspiram compaixão.
É tanta "pena" que a gente sente as vezes, que dá vontade pra fazer uma fantasia de carnaval e sair sambando...
Muitas vezes nossa necessidade dos outros não é absolutamente amor, mas apenas a necessidade de sermos sustentados em nossas ilusões, assim como sustentamos as dos outros. Mas, quando renunciamos a essas ilusões, então podemos ir ao encontro dos outros com verdadeira compaixão. É na solidão que as ilusões finalmente se dissolvem."
Eu fui feliz por um curto espaço de tempo, mas esse pequeno fragmento de felicidade que eu experimentei foi o suficiente para despertar a sinceridade em minhas palavras, e o amor em meu coração.
A vida é o espelho de nossas decisões e atitudes. Desta forma, se ela não tem nos devolvido bons reflexos, vale analisar o que tem sido projetado por nós dia após dia.
Se achamos que não somos responsáveis pelo que os outros entendem daquilo que falamos é porque falta-nos a empatia necessária para compreendê-los. Muitas vezes, a comunicação não se dá por falta compaixão.
Quem ama de verdade, não espera recompensa, nem se preocupa com as indiferenças, porque é cheio de compaixão.
Hoje, uma pessoa veio me contar que leu mais dez textos no meu blog retratando os mendigos do Catete, e me perguntou de onde vem essa "obsessão por gente miserável". Não respondi ainda, e acho que farei por aqui, pois já é motivo pra um novo texto. Bom, começou com meu avô, na Vital Brasil, em Niterói. A casa do meu avô fica no pé do escadão do Cavalão, na subida da José Vergueiro da Cruz. Ali, sempre quando eu estava brincando na varanda, me causava pavor e medo uma negra descabelada, bem miserável, que, de 30 em 30 minutos, sofria ataques de caretas e dava tapas na própria cabeça. E ela sempre ficava sentada ali, no meu foco de visão. Para completar o quadro desagradável (eu só tinha 10 anos) ela soltava pelos lábios ventosidades com estrépitos que muitos julgavam escapados pelo cú. Magra, alta, não me lembro muitos detalhes. Só o que me recordo é que era vista falando com as pessoas conhecidas que entravam ou desciam do escadão, sempre no intervalo entre dois ataques que aconteciam de meia em meia hora. Não era raro vê-la passar e se comunicar com meu avô pelo portão, enquanto ele limpava o chão da garagem com uma mangueira. Por duas vezes, presenciei dois ataques, dois surtos, enquanto falava com meu avô. Não me lembro de ter visto qualquer morador da rua rir daquela senhora. Pelo contrário, quando ela dava os ataques, todos sabiam como auxiliar. Eu, morria de medo. Todos a tratavam com respeito pela educação e atitudes que ela tinha, quando no seu estado normal. As outras crianças, que nem eu, bem mais inocentes do que as de hoje, morriam de medo. Certa vez, meu avô, a fim de que eu perdesse o medo, obrigou-me a falar com a tal senhora, quando de passagem num sábado a tarde pelo nosso portão. Não é preciso dizer que flutuei no medo, na expectativa de um dos seus ataques. Perguntou-me o nome, deu-me umas palmadas no rosto, alisou-me os cabelos e, depois, ela mesma, mandou que eu fosse brincar, obviamente para que eu não presenciasse o ataque habitual. Não esperei segunda ordem. Afastei-me e fiquei à distância aguardando o ataque que não tardou. Mas, o encontro, de fato, fez-me perder o medo. Já não corria mais do portão ao vê-la. Aprendi a gostar dela. Lembro, até hoje, quando passou por mim no portão pela primeira vez que eu não corri. Acenou, acenei de volta, e ela seguiu seu caminho; me senti o cara mais sinistro e corajoso da Vital Brasil. Pensei: quem manda nessa merda sou eu. Desde então, sempre quando via sua sombra subindo a ladeira pela janela, já corria pro portão para redobrar minha coragem e fazer, cada vez mais, um contato mais próximo com aquela senhora, o que me deixava cada vez mais "sinistro" dentro do meu fantástico mundo de alessandro como o segurança da rua. Até que um dia ela parou para, de fato, conversarmos. Após 35 segundos (mais ou menos), ela teve um ataque epilético e caiu no chão, na minha frente. Imediatamente, um homem prestou todo auxílio e, quando a situação havia acalmado, percebi que estávamos de mãos dadas ali na calçada, sem mesmo perceber, durante toda a crise, que durou uns dois minutos. Depois que meu nervosismo passou, percebi que o homem que havia prestado o auxílio era o meu avô. Naquele momento, com ela ainda no chão, nos olhamos e, sem precisar falar nada, entendi exatamente tudo o que meu avô queria me ensinar sobre a vida, naquela oportunidade. Enfim, as histórias e experiências que tive com meu avô neste sentido foram muito longas, mas essa lembrança é o início dessa minha "obsessão por gente miserável" rs. Ainda sobre ela, não sei como terminou, pois nunca mais voltei naquela casa depois que meu avô morreu. Mas, se não me deixou a saudade, pelo menos deixou uma grata lembrança, engastada nas imagens daqueles tempos em que as crianças, tanto as do morro, quanto as do asfalto, ao invés de matar e assaltar, tinham medo de velhinhas doentes e miseráveis...
Coloque-se no lugar do outro, mas não leve seus julgamentos com você. Leve apenas seu amor e a sua compaixão.
E se? E se o mundo parasse de apontar (por hipocrisia) aos que erram, aos que perdem, aos que não são? Se inesperadamente surgissem braços que abraçam, mãos que repartem e doam, bocas que abençoam e sorriem, olhos que enxerguem, ouvidos que escutem, corações que sintam, sintam amor, compaixão e tenha fé na mudança.
Eles (o mundo), não precisam de dedos indicadores e mentes pensantes, mas de braços abertos e de corações cheios de amor, amor como o de Cristo.
Não prego aqui o evangelho morno que dispensa a integridade da Palavra, mas sim um evangelho que se preocupa com o próximo em semelhança do que Cristo a nós fez: nos deu amor quando não merecíamos!
Ame muito. Tome cuidado pra não ser permissivo e esquecer da Verdade, mas não se endureça por causa da religião. Seja Cristo.
Quando vemos alguém passando por algum tipo de situação difícil, como reagimos?
Temos uma sensação de sofrimento como a tristeza, a injustiça, temos as vezes a vontade de ajudar e muitas vezes ficamos com a sensação de impotência quando não podemos fazer nada, ou dependendo de quem seja essa pessoa, sentimos dó (pena) ou compaixão?
O que é sentir dó de alguém? Ou compaixão? Será que é a mesma coisa?
Já vi, li e achei muitas definições até em dicionário e algumas até dizem que é a mesma coisa.
Bom, no meu entendimento, nós geralmente confundimos a pena com a compaixão, no sentido de expô-la, aplica-la, são dois sentimentos diferentes na compreensão e na execução, ainda que sentimos as mesmas sensação, ambas tem um sentimento de tristeza ou dor em relação a algo ou alguém, mas tem finalidade diferentes enquanto postura que nós adotamos mediante as situações de sofrimento com os outros.
A pena faz com que as pessoas se confundem achando que, quando alguém sofre, têm que sofrer junto para não sentir culpa... e o mesmo ocorre quando estão sofrendo e esperam que o outro sofra para mostrar que gosta da pessoa, queremos que sintam pena de nós. Ficamos na posição de vítimas e enxergamos outros também como vítimas diante das apresentações de sofrimentos.
A pena é um sentimento egoísta se não sofremos junto com o outro? Somos frios e insensíveis se não sofremos e choramos junto com quem está sofrendo ao nosso lado?
Acredito nos foi ensinado a sofrermos com os outros porque se não sofremos junto, somos egoístas ou as pessoas vão nos ver como egoístas e para que isso não ocorra, nós sofremos junto e com esse sofrimento não temos condições de ajudar a ninguém. Incutiram ou nós mesmo aceitamos em nossas mentes que esse sofrimento, nos dá a sensação de que somos bons e que os outros também nos veem como pessoas boas... nos sentimos úteis e necessários na vida daquelas pessoas.
A pena demostra falta de confiança, acreditando que outro é incapaz de resolver o problema... inclusive costumamos dizer “coitado” quando vemos alguém sofrendo.
No sentido afetivo pessoal e familiar quando somos responsáveis pelos exemplos de conduta o sentimento da pena são muitos perniciosos ligados a culpa, as pessoas somente sentem dó é porque o outro é um reflexo de algum aspecto seu. As pessoas não estão interessado na dor ou pena do outro, simplesmente querem somente se livrar do problema que gera conflitos para si e para todos do meio, porque o sofrimento do outro está lhe incomodando ou revelando algo que você tem medo que seja exposto.
O outro está espelhando o próprio sofrimento criado por ele e sentimos culpa por isso, quando não devemos e sim procurar as soluções para resolver os conflitos, isso é compaixão.
A compaixão é sentir que o outro sofre, mas confiar em sua capacidade de solucionar o próprio problema, mostrando alguns caminhos, sendo ele, quem vai realmente resolver o problema, e não eu. Com a compaixão, temos confiança e equilíbrio e não sofrer com o outro e sim ajuda-lo a enxergar um caminho que ele, estando dentro da dor, não consegue ver.
Se nós acompanhamos o outro no sofrimento sentindo pena dele e sofrendo com ele, vamos retardar o processo dele de aprender e de ser forte. Com a compaixão nós não sentimos pena, não sofremos junto, somos solidários ao sofrimento do outro, mas vemos tudo do lado de fora, sem nos envolvermos.
Assim podemos ver com mais clareza o que ele não vê e lhe mostramos caminhos para que ele possa escolher o melhor e solucionar a sua dor.
Nossa melhor ajuda é estar ao seu lado, dando apoio, carinho e amor, mas nunca sofrendo com ele, nunca sentindo pena e acreditando que ele é um coitado.
Todos temos a capacidade de resolver nossos próprios problemas.