Comerciante
Havia numa aldeia o filho de um comerciante chamado Jirnadama, que depois de despender loucamente toda a sua fortuna pensou em ir para outro lugar.
Porque bem se diz que:
“Não tem dignidade aquele que, tendo gozado de toda sorte de satisfação em sua aldeia e em seu país enquanto foi rico, nela ou nele continua de arruinado”.
Tinha o rapaz, em sua casa, uma grande balança de ferro que seus antepassados haviam comprado. Ao partir, deixou-a depositada na casa de um comerciante e tomou o caminho de outro país. Durante muito tempo viajou por estranhas terras, e quando regressou à sua aldeia procurou o depositário da balança, perguntou-lhe:
- Queres dar-me a balança que deixei em tua casa?
O outro respondeu:
- Tua balança já não existe. Os ratos comeram-na.
Jirnadama comentou, então:
- Se foi assim, não tens culpa. Tal é o mundo: aqui nada existe que seja eterno. Vou tomar banho no rio; deixa que teu filho venha comigo para ajuda-me a levar os utensílios de banho.
O depositário, temendo algo por parte do outro, disse a seu filho:
- Querido, teu tio vai banhar-se no rio. Acompanha-o para levar-lhe os utensílios.
O menino pegou os objetos que devia levar e acompanhou o recém-chegado. Feito isso, Jirnadama, depois de banha-se, fechou o menino numa gruta que havia junto do rio, cobrindo a entrada com uma grande pedra. Então voltando correndo para casa, onde o comerciante, ao vê-lo só, exclamou:
- Onde está meu filho?
- Um Falcão carregou-o da beira do rio – respondeu o outro.
- Embusteiro! – disse o depositário. – Como pode um falcão carregar um menino? Responde-me e devolve-me meu filho, do contrario irei denunciar-te à Justiça.
Disse o outro:
- É verdade: se os falcões não podem carregar um menino, também os ratos não podem comer uma grande balança de ferro. Devolva-me pois, a minha balança em troca de teu filho.
Assim disputando, chegaram à Casa da Justiça, onde o depositário bradou a altas vozes:
- Um crime! Um crime! Este ladrão roubou meu filho!
Então os juízes disseram a Jirnadama:
- Devolve o filho deste homem.
- Mas como posso fazer tal coisa? Um Falcão carregou levou-o da beira do rio.
Ao ouvir aquilo os juízes bradaram:
- Não dizes a verdade! Como pode um falcão carregar um menino?
E Jirnadama disse:
- Senhores, ouvi o que vou dizer: Onde os ratos comem uma balança de mil libras de ferro, que há de estranho no fato de um falcão levar consigo um menino?
O ESPELHO
Antes de partir para uma longa viagem, o comerciante foi despedir-se da mulher.
- Você nunca me deu um presente a minha altura. – disse ela.
- Mulher ingrata, tudo que lhe dei me custou anos de trabalho – respondeu o homem. – O que mais poderia lhe dar?
- Algo que fosse tão belo como eu.
Durante dois anos a mulher esperou seu presente. Finalmente, o comerciante regressou.
- Consegui encontrar algo que fosse tão belo como você – disse ele. – Chorei com sua ingratidão, mas resolvi cumprir seu desejo. Pensei todo este tempo no que seria um presente tão belo quanto você, mas terminei encontrando.
E estendeu para a mulher um pequeno espelho.
CALOTES, O PAVOR DO COMERCIANTE
Por Nemilson Vieira (*)
As vendas a prazos eram registradas em cadernetas, cadernos, papel de pão…
Nenhuma garantia formal da dívida havia; somente a ‘palavra’ do freguês.
O meu pai, antigo comerciante na minha cidade, queimou alguns cadernos cheios dessas anotações, fora as discussões que aconteciam. Não tinha bons modos para cobrar e entrava em atritos com alguns fregueses inadimplentes na hora da cobrança.
Com o aparecimento do cartão de crédito e débito (o chamado dinheiro de plástico) os prejuízos com essa antiga modalidade de vendas reduziram bastante.
Alguns fregueses não pagam nem a luz para dormir; não honram os seus compromissos. Por aqui o Miguel Pedreiro não deixou um bom exemplo nesse sentido.
Por precaução o seu Dega, comerciante do Céu Azul, carregava a fama de não vender fiado. Talvez não fosse bem assim, algumas coisas saíam sem o devido pagamento à vista. Ninguém faz tanto malabarismo assim. Disse-me antes de se aposentar que nos seus trinta e sete anos de trabalho no ofício, no dinheiro de hoje, julga ter perdido, com os fiados, uns mil reais. — Não é sabido de alguém ter conseguido tamanho feito. Desse montante, talvez a maior parte do prejuízo fora dado por Miguel Pedreiro.
Ele já sabia da inflexibilidade do seu Dega, em não vender fiado. Por isso esperou a hora certa de dar o bote.
O comerciante iria à Ipatinga, dar uma demão ao irmão, numa disputa de um cargo eletivo naquela jurisdição.
Já dentro do veículo que o levaria a essa cidade, estacionado à porta do seu comércio, fora abordado por Miguel.
Queria uma unidade de cigarro e uma dose de cachaça, no dia seguinte pagaria-lhe, como sem falta.
A pressa é inimiga da perfeição. O Dega não desceu do carro; pediu a esposa Corina que o atendesse naquilo que lhe pediu. Ligaram a condução e partiram.
— O que o senhor deseja, seu Miguel?
— Bem… Vou pegar umas coisas com a senhora e conforme combinamos acertarei no regresso do seu Dega. Todos os dias Miguel estava lá a buscar mercadorias e dona Corina anotava tudo num caderno. O comerciante demorou vinte e três dias para voltar de Ipatinga. Aí o estrago já estava feito. Ao saber que havia sido passado para trás imagino que o velho empresário só não morreu porque não era chega a hora. Com bastante ódio procurou uma pedra de amolar para afiar uma faca que tinha; estava decidido a ensinar o Miguel a dar calotes nos outros. Possuía uma arma de fogo, mas aquele serviço iria fazer com a sua lâmina afiada; sabia muito bem trabalhar com ela, ia “furar os rins do infeliz.” — Disse. “Procurei a peste do homem por toda a redondeza durante quatro dias.” Não logrou êxito; só pensava coisas ruins.
Apareceu uma pessoa que mudou o rumo da história dos dois.
Nas suas andanças à procura do Miguel o seu Dega encontrou-se com um amigo num bar na Rua Elga Taveira.
Num suposto diálogo começa a conversa…
— Tô lhe vendo meio diferente ultimamente, Dega! — Estranho mesmo!
— Estou a procura de uma peste há quatro dias, para matar, mas não o achei.
Contou-lhe os motivos que o tirou do sério, e perguntou se o amigo viu o tal.
— Eu vi sim, mais cedo num caminhão de mudança por certo estava a se mudar.
Com aquela informação o amigo desviava o foco, o furor do seu Dega…
Miguel Pedreiro continuava a dar os seus calotes do mesmo jeito pela região.
Tempos depois, Dega encontrou-se com o dito cujo, o Miguel pelas ruas do bairro.
Aí a sua vontade de fazer o mal a ele já havia virado a esquina. — Ganhado devagar o mar do esquecimento.
*Nemilson Vieira
Acadêmico Literário
(22:09:18)
Fli e Lang
Sobre uma placa de propaganda da marca dzarm. que ainda existe num comerciante, o amigo Pablo Pimentel falou: "Isso não é uma placa. Isso é a sua história que está colocada lá na parede."
A sociabilidade é como o sorriso de um comerciante com muitos dentes postiços e quase todos amarelos.
30 DE OUTUBRO DIA DO COMERCIÁRIO:
Não importa as emoções que trazemos de casa, na hora do trabalho temos que sorrir, temos que passar o que existe de melhor, sem poder transparecer os problemas diários que carregamos... Temos que engolir sapo, aguentar o mau humor do Gerente, a cobrança do Patrão com as cotas e metas e até a colega chata e briguenta rsrs....
Todo dia saímos de casa com um leão pra matar, no dia que vendemos a sensação de dever cumprido é estampada no rosto, já em dias difíceis é a cabeça volta baixa e o olhar vago....
Falam que é fácil vender. pois não é preciso nada além de sorrir e gostar de conversar, mas não é assim... Somos uma espécie em extinção, pois somos dotados de um sentimento que transforma a vida das pessoas e mesmo nossos clientes lá em suas casas abrem um sorriso quando olham no espelho usando algo que os fez se sentirem melhor...
A humanidade cada vez mais escondida em maquinas e redes virtuais, somos reais, apertamos sua mão, falamos com vc e resolvemos seu problema... E até viramos seu amigo... Somos Comerciários.... Ficar num balcão é para quem tem talento e competência de enfrentar tudo isso e muito mais, não existem faculdades que ensinem nossa profissão, pois ela vem no sangue... Através desse pessoal que trabalha comigo a anos eu transmito a todos os comerciários os mais sinceros parabéns, pois somos a categoria que põem movimento a tudo aquilo que a industria fabrica, fomentamos a economia e somos ainda uma uma das ultimas profissões humanizadas e cheia de sentimentos! Sorria sempre...
Muito cuidado é pouco para aquele que sempre diz que toda azeitona da empada do outro está com caroço ou está azeda.
Todo aquele que avalia uma obra de arte, pelo metro quadrado da obra, na verdade não passa de um vendedor de tecido. Da mesma forma que quem avalia uma arte jóia pelo peso, não passa de um comerciante de metais.
Quem só sabe ler a assinatura usual de cada artista sobre uma plataforma, é alfabetizado, parabéns, mas não entende nada, de historia da arte.
Black Friday é um artifício que alguns estabelecimentos comerciais usam para enganar o cliente sem que ele se dê conta disso.