Colombina Pierrô e Arlequim
As lágrimas da Colombina
são as nossas lágrimas
em todos os nossos carnavais
Lágrimas que se engavetam
em cada máscara...
melanialudwig
Pierrot
Do ponto da desgraça
Ao que o coração empala
Como Pierrot o tolo ensaia
A espera de sua Columbina
Dentre o olhar de um Arlequim
A sempre de se seguir assim
Cântico do desprezo ao fim
A fim de vedá-la o sim
Desprovido de palavras
Atuando a encantá-la
Coração logo dispara
Almejando conquistá-la
Devaneio que vem de mim
Ali em meio às garrafas de gim
Castigando-me enfim
Ao pensar no querubim
Dispenso as esperanças
Agrego-me a insignificância
Calando o que sentia
Assim começo outro dia.
Mais um Pierrot
Não tenho amor próprio.
Sou mais um desgraçado,
não sou mais nem um pouco sóbrio.
Isso poderia ser até engraçado.
Mas não foi, foi uma tragédia,
com direito a total solidão.
Deveria ter sido uma comédia,
sem um pingo de depressão.
Deus sempre se divertiu comigo
Não passo de mais um Pierrot
que não sabe até agora, onde errou
Sofrendo, bebendo no eterno castigo
Colombina jamais o amou...
Ela sempre gostou de Arlequim
E para Pierrot houve um fim...
O fim do amor, ele apenas acabou
Confete e serpentina
anunciam a chegada.
Lá vem o Pierrot conduzindo a
sua amada.
Rodopiam pelo salão
embalados por ritmada canção.
Colombina bailarina,
desliza com delicadeza.
Quanta beleza!
Pierrot sempre elegante,
esbanja simpatia junto á
amada estonteante.
Arrancam suspiros,
sorrisos.
Quanta emoção!
Aplausos!
Pierrot & Colombina,
um amor que se entende no olhar.
Cumplicidade de se admirar.
Há muitos carnavais
que esse amor só faz a gente acreditar
que sonhos podem se realizar.
Há muitos carnavais
que esse amor
faz estrelas no céu bailar,
faz sol e lua se encantar,
quiçá no mesmo céu se encontrar.
Ainda há muitos carnavais para
Pierrot e Colombina florir
na passarela do existir.
Eles são poesia e canção.
Amor inspiração.
O amor é zombeteiro
Às vezes vestido de pierrot
Outras vezes rotundo
O coração em busca dos carnavais,
Acabou em blocos
Numa manhã, tão bela afinal
Manhã de carnaval!!!!
Poetema :: Alexandru Solomon
Carnaval
Como sempre, o deus Cronos brinca com a ampulheta.
Descobrimos um remédio, batizamos um cometa,
E cansados dessa vida, desse monte de misérias,
Decidimos dar um basta e tiramos umas férias.
Uma fuga, um subterfúgio ou será escapadela?
Para todos os efeitos , ele fica longe dela.
Céus , que será do mundo com o meu afastamento?
Pois garanto: Desprezível será todo seu tormento.
Cessará tudo que é guerra e se instaurará a trégua?
Sobre todos os pecados alguém passará a régua?
Ou como diria Dante do Inferno ao Paraíso,
Haverá um só caminho e seria seu sorriso?
Desde quando um feriado conseguiu esse poder?
Logo chega a quarta feira e o tempo de sofrer.
A folia implantada sob momesco patrocínio
Só reforça o pessimista e amargo vaticínio.
É um tríduo marcante, uma doce fantasia,
A miséria por instantes dá a vez à poesia.
Se o frevo entusiasta levantou toda poeira,
Ela logo se assenta, a partir da quarta feira.
Por saber que tudo é sonho, brincadeira dos sentidos,
Uns e outros aproveitam os momentos divertidos
E procuram, quando muito, prolongar a ilusão.
Erra quem se acomoda e prefere a inação.
Ao diabo a compostura e as tolas convenções.
Carnaval é carne vale, o recanto das paixões.
Um Pierrô desempregado dá adeus ao sossego,
Sobra tempo o ano todo para a busca do emprego.
*Do livro ´´Desespero Provisório``, Ed. Edicon.
Eu votaria no Tiririca por uma simples razão: ele prioriza projetos para os palhaços. Neste circo chamado Brasil cada vez mais eu me sinto um arlequim.
DA PALAVRA FINAL NADA SEI
Da palavra final
nada sei.
Nunca me foi concedida.
Embora escravo,
embora rei.
Embora levantasse o dedo na hora dos apartes.
Embora levantasse o dedo timidamente
Do último banco da classe contraditória de viver.
Embora sôfrego, trôpego,
embora sofrido levantasse o dedo,
meu Deus, que esquivo andar sem graça
quando atravesso a sala cheia de gente.
A sala dos correios secretos
que os olhos conhecem, reconhecem,
sempre burlesco arlequim
por fora
e massacrado por dentro
e triturado
no mais triste cavaleiro da figura da palavra.
Chegar sem preconceitos,
cotidianos simulacros:
sonho menino.
Não mero esboço de um desenho inacabado de homem,
inadequado, por certo, na forma de chegar e falar
das coisas do mundo e de mim.
Mas chegar, achegar,
e saber que entre o tempo
o ser aflora.
E amanhece.
Debaixo do sonho
aninhado.
Dentro de um cesto
desfiado.
Deixai-me participar da mesa da verdade.
E aceitai minhas dúvidas e minha fragilidade
como dádiva dos deuses.
Olinda sem carnaval
Nunca vi nada assim
Ladeira não tem o povo
É triste isso pra mim
Não tem frevo nem a massa
Rezo a Deus que logo passa
Chora, chora, arlequim
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