Coleção pessoal de Zeta
Título: Solidão.
A solidão é o tempo do agora,
o momento sem plateia,
o abraço do poeta,
onde ninguém se interessa.
O mão a mão sem gente extra,
apenas você e sua alma na peça,
um instante sem tensão,
vivendo sem explicação.
A solidão é o eco
dos que não ouviram,
a fala dos que não falaram,
a decepção dos que não tentaram,
a família que abandonaram,
os amigos decepcionados,
ou amores terminados.
A solidão é tudo,
quando não sobra nada,
mas deixa tudo,
quando falta nada.
Amor de poesia, vida de poeta,
Por onde andará, minha rainha perpétua?
Por ti, vaguei neste labirinto sem fim,
Mas não vejo teus passos,
Apenas fagulhas dançando em mim.
Como brasa, meu peito ainda te aquece.
Senhorita, senhorita, senhorita...
Cuidado por onde pisa!
Estou longe, e por ti há quem nada diga.
Cuidado, oh, minha querida...
Há versos que queimam sem se apagar,
E amores que não são feitos para durar.
XXII - O Sussurro e o Estrondo
Se atenção estiver prestando,
o sussurrar das mais silenciosas almas ouvirá;
mas, se não atenção prestar,
nem o estrondar dos demônios será capaz de captar.
Então, no silêncio busque ficar,
para que, assim, possa enfim compreender
o que parece vazio tem a oferecer.
XXI - Porto Alegre
Rua Alegria, do Bairro da Tristeza, em Porto Alegre,
Estradas de vidros, muros de vielas, casas de panela.
Solitários em companhias, companhias sem velas,
Malucos sem sequelas, pensamentos com parcelas.
Se a localização procurar, talvez encontre o lugar,
Talvez nem vidros ou muros tenham lá,
Muito menos casas de panela ou solitários em companhia,
Escrevo isso para não perder o meme que um dia via.
Poetas não amam, poetas declamam.
Fazem cenários, constroem fantasias,
Pintam amores em telas vazias.
O verbo amar, em suas mãos, é moldado,
Mas será que já foi vivido, ou só sonhado?
Diz que ama, mas será que sente?
Ou o amor é um eco, distante e ausente?
Declama o desejo com precisão,
Mas o coração pulsa ou é mera encenação?