Coleção pessoal de Zeta
Gato Risonho.
Lewis Carroll tava certo, aposto
Talvez todo mundo aqui seja louco
O Gato Risonho nunca errou
E, seja qual for o lado, o jogo é doido
As interações de hoje são dois cliques
Nunca se viram, mas já tão no pique
Não aprofundam, só se entregam
E no fim? Só se pegam
Quase sempre dá errado, normal
É tudo rápido, tudo banal
Baseado num "amigo próximo"
De uma rede nada social
Achar que ia rolar amor real
Por algo ainda tão artificial
Brincadeira de mau gosto, sem gosto
Só mais um tempo perdido no bolso
Chega, esquece, já deu errado
Os solteiros juram que o app é afiado
Mentira deslavada, se funcionasse
Você já tinha até casado
"Solteiro porque quero", sei lá
Talvez só te usou e vazou
E chega, não me encha mais o saco
Isso pra mim não funciona, tchau, obrigado.
Traição.
Se um dia fores traído,
não se lamente, ria.
Nunca foi amor,
foi conveniência
com prazo de validade.
Você nunca foi insubstituível,
apenas útil, confortável,
um par de sapatos gastos,
trocado sem remorso.
Mas não se engane,
o erro não foi seu.
Quem trai uma vez, trai sempre,
pois já enterrou a própria dignidade.
Agora, sem correntes morais,
basta a mínima tentação
para que caia, rasteje,
como sempre fez.
A traição vicia, corrompe, consome.
É a combustão da carne podre,
um fogo que devora corações,
deixa apenas cinzas de cigarros
na cama…
Princesa.
Sabe, às vezes
me pego pensando
em como era, em como sou.
Me lembro de ti, princesa,
rica de alegria e esplendor
sorriso lindo, cabelos cor de ouro,
vivia como se a vida fosse o maior tesouro.
Linda em todos os aspectos,
pura até onde sabia,
me apaixonava a cada vez que te via.
E quando falávamos... ah, que alegria!
Hoje és mulher
traços sensuais eu vejo,
cintura que faz minhas falas
soarem como exagero.
Pedi a Deus, tantas vezes,
que me levasse ao tempo
onde eras só um sonho meu.
Infelizmente, não aconteceu
A vida segue. Nunca volta.
Já rastejei por lamúrias,
lutei, iludi,
feito sedutor de palavras enxutas.
Tentei ser galante, charmoso, elegante
mas eram mentiras astutas.
Sou e fui um poeta errante,
um louco sem remédios,
um apaixonado sem amor,
sem chama, sem teto.
Não culpo ninguém.
Fui eu que deixei a vida chegar a esse ponto.
Sou o maior culpado pelos meus desencontros,
um afastador nato!
Dos que na minha vida se apontam.
Por ignorância, relutância ou medo,
blindo meu peito para novos peitos.
Que homem mais triste:
desistiu da vida antes de vivê-la,
agora só vive na escrita,
feito sombra esquecida,
perdido no tempo,
perdido na vida.
Abismo.
À beira do abismo,
a alma em perigo,
um demônio adormecido,
ao acaso, foi revivido.
Despertado por seus vícios,
potencializado por seus medos,
na beira, sempre de riscos,
vê olhos com puro tormento.
Estava dormindo,
como acordou?
Ativado por ódio,
quem ousou?
Um risco pra si,
pra ti, pra outros.
Muito cuidado,
nele há um monstro
que já está solto.
Fome de teus lábios
Tenho fome de teus lábios,
sede ardente do teu ser.
Algo em mim chama teu nome,
num sussurro a te dizer…
Quero ser tua lembrança,
teu abraço ao entardecer.
Ser o vento em tua pele,
teu desejo sem porquê.
Sente…
Sente a brisa em meus dedos,
o carinho a te envolver.
Cada olhar, um segredo,
cada toque, um bem-querer.
Tenho tantos desejos…
Uns puros, outros um gracejo,
uns de cama, outros de beijos.
Que vida amarga sem tê-los!
Moça…
Dá-me apenas uma chance.
Sou de erros, sou de acertos,
mas se há algo que eu sei,
é que esse amor é tão certeiro.
Já me perdi, já voltei,
mas quando te vejo, eu sei:
há paixões que o tempo não apaga,
há histórias que não têm adeus…
E se é amor,
ele sempre renasce.
Ele é sempre meu e seu.
Título: Ponto e Vírgula.
Leio tudo, ponto e vírgula, reticência,
Interpreto com ciência, sem paciência.
Livro, artigo, mural cheio de escrita,
Mas gente? Ah... erro de leitura da vida.
Tento decifrar com olhar de doutor,
Mas o paciente mente, sem pudor.
Detalhe demais vira paranoia,
E a mente, que lê, tropeça
e se enforca na corda da lógica.
A razão calcula, mas nunca acerta,
Pois coração não segue linha reta.
Entre vírgulas tortas e aspas erradas,
O mundo é um rascunho de frases forçadas.
Quanto mais eu leio, menos eu entendo,
E quanto mais entendo, menos eu aceito.
Se o mundo é um livro, sem autor e sem fim,
Melhor fechar as páginas e reescrever um pra mim.
Título: Homem.exe – Erro 404
Homem robótico,
estruturado por processos,
algoritmos e lógicas,
peito de carne,
mas semblante de ferro.
Sentir? Ele sente,
mas age como fosse um código-fonte
compilado para ignorar a dor.
Porém…
Amar? Ele ama,
mas antes de se entregar,
roda mil simulações,
calcula riscos, estatísticas,
pesa variáveis no coração
e quando termina…
o fogo já virou cinza.
A mulher? Ah, sim, a mulher...
ela não esperou o processo.
Cansou da simulação emocional.
Fechou a aba.
Deletou os cookies.
E entregou seu amor
a um homem
menos robótico,
menos travado,
menos... bugado.
E agora ele está ali,
olhando a tela azul do destino,
analisando onde o código deu errado,
mas no fundo já sabe:
amar não é um sistema lógico,
é um vírus caótico,
sem antivírus que resolva o caso.
Título: Coração de gente.
Lógica de máquina, coração de gente
Homem que anda igual toda gente,
mas não sente, igual os outros sentem.
Circuitos frios, alma quente,
preso entre cálculo e sensação,
tenta prever, mas perde a razão.
Vive prevendo na tentativa de viver,
mas se machuca por não conseguir ser.
Não é profeta, nem visionário,
muito menos poderes tem.
É apenas um homem
que vê...
o que os outros não veem.
Título: Quanto Veneno?
Quanto veneno
se pode tomar
antes de morrer?
Eu te pergunto:
quanto suporta?
Grãos ou rios
para entender?
Às vezes, a melhor escolha
é deixar ir, sem olhar para trás.
Seja família, seja amor,
ou um trabalho que te suga
até não dar mais.
Aprenda: nem tudo
que cresceu com você
precisa permanecer.
Se te fere, limita,
ou impede de crescer,
é hora de desaparecer.
Título: Don Juan, Hoje Não.
Agora vou apresentar, sem rodeio ou disfarce,
Um trecho pequeno de meus desenlaces.
Como sabem, até o momento,
Romance e eu? Puro tormento.
Pois quase sempre acabo sem norte,
Algo que para muitos é pura sorte,
Mas para mim? Um filme de terror!
Imagine só como o "eu" ficou…
Só de lembrar já me dá tremor:
O dia em que o pai dela veio me ver.
Era romance? Era paixão?
Talvez só uma grande ilusão.
Não era romance, não era paixão,
Mas eu, burro, tapei o coração.
Iludi a moça, pedi sua mão,
E veja só minha situação…
Jamais achei que na confissão
Traria o pai dela pra discussão!
Meu coração, irmão, gritou socorro,
Saltou do peito e pulou o morro!
Nem muito, nem pouco, só um bobo,
Achando que dominava o jogo.
Nunca fui um Don Juan, não,
Mas usei as malhas da sedução.
E que roubada! Em vão tentei,
Quase apanhei no portão, eu sei!
Título: Juntos, Talvez, Diferente.
Eu morri e revivi tantas vezes
que já não sei se morro ou se vivo,
se vivo ou se morro.
Não sei se confio em mais alguém.
Bia, o tempo tem me ferido, me maltratado.
Se eu ainda te tivesse e juntos crescêssemos,
talvez fosse diferente…
Estávamos muito distantes.
Eu morava em outro horizonte,
longe, muito longe…
Ah, Bia...
Não sei se, estando contigo agora,
serei capaz de confiar, de me entregar,
de realmente te amar.
Viverei sempre com o eco e a sombra
de que deixei de ser o primeiro.
Posso ter sido, em teoria,
seu primeiro namorado,
mas não tive seus beijos, seus abraços.
Não transamos alucinados
como adolescentes apaixonados.
Me desculpe... me desculpe...
Sinceramente, talvez eu nunca volte a ser completo.
Talvez viva para ser sempre esse idiota,
nada esperto,
que te perdeu antes
e te perde agora
por ideias bobas,
que agora já não volta.
Talvez seja por isso que não te ligo,
que não te chamo.
Não quero estragar esse falso sentimento humano.
Quero acreditar que fui seu,
e você, minha.
Se me aproximo agora,
o que será dessa miserável vida?
Título: Felicidade Verdadeira.
Triste por fora,
feliz por dentro.
Enganando todos,
a todos momentos.
Pois felicidade
é melhor vivida,
do que aparentada,
falsificada ou ilusionada.
Para viver e amar
não precisa de fotos na internet,
apenas um coração,
grudado igual chiclete.
Uma boa companhia,
uma pessoa completa,
só sua, de mais ninguém.
Guardada apenas no momento,
para relembrar quando se veem.
Reanimei sem querer (e agora, faz o quê?)
Lendo um poema antigo,
olha só no que deu...
Reacendi uma chama,
que nem sabia que era meu!
Vi sua foto outro dia,
deu até um arrepio...
Tá mais linda que antes,
e eu aqui... meio vazio.
Ôôôô, e agora, faz o quê?
Se meu coração danado só pensa em você?
Ôôôô, o tempo foi, mas não levou...
Aquele moleque bobo que te amou!
Me diz, ainda dá risada
do jeito que eu falava?
Ainda vira o rosto
quando alguém te elogiava?
Se eu te puxasse pra dança,
será que ia lembrar?
Ou será que dois passos
já iam te tropeçar?
Ôôôô, e agora, faz o quê?
Se meu coração danado só pensa em você?
Ôôôô, o tempo foi, mas não levou...
Aquele moleque bobo que te amou!
Se quiser me chamar,
tô por aqui, sem pressa...
Mas se for me chamar,
chama logo... antes que eu peça!
Título: Escrevi à mão.
A menina mais linda, o olhar encantado,
Mas meu coração? Andava parado.
Até que um dia, sem me segurar,
Falei pro amigo: "A olho sem parar..."
Ele riu na hora, nem quis escutar:
"Isso é paixão, não dá pra negar!"
"Que nada, rapaz! Deixa de inventar!"
Mas ele insistiu, rindo sem dó,
"Se gosta, confessa! Não seja um bocó!"
Coragem? Passei bem longe então...
Só me restou escrever à mão.
"Serás minha? Sim ou não?"
Dobrei o papel, tentei disfarçar,
Deixei na mesa, saí sem olhar.
Mas quando vi, lá estava o "sim",
O mundo girou, quase teve um fim!
Fiquei tão bobo, nem sei explicar,
Só quis gritar e sair pra dançar!
E hoje eu rio, lembrando então,
Da minha primeira grande lição:
Que às vezes o medo atrasa a paixão,
Mas tudo se resolve num bilhete à mão!
Título: Assim me dizia.
No baú das lembranças, um dia encontrei
A menina que um dia me amou, eu sei.
Me chamava de algo, doce e engraçado,
Mas o nome exato? Ah, tá complicado!
Rebusquei memórias, fui longe buscar,
Naquele tempo bom de escola e olhar.
Não era "querido", nem "meu bem amado",
Era algo estranho, mas tão bem falado!
"Ah, Estrupício!", assim me dizia,
Com riso no rosto, cheia de alegria.
E eu, desastrado, mas cheio de afeto,
Fiquei com o nome... e com o amor quieto.
Título: Estrupício.
Revirei memórias, fucei no passado,
Lembrei de um amor... meio atrapalhado.
Na escola, inocente, bobo e sonhador,
Mas já carregava o dom do pavor.
Ela me olhava com brilho no olhar,
E um belo apelido vinha me dar.
"Meu anjo", "meu doce", seria? Quem disse!
Com todo carinho, me chamou de Estrupício.
Que sorte a minha, um nome de classe,
Soava elegante... mas só na audácia.
E eu, orgulhoso, sorria safado,
Mal sabia que era um xingado disfarçado.
E assim se passou meu primeiro carinho,
Com tapas, insultos e um certo jeitinho.
Se amor é isso, estranho que sou,
Talvez Estrupício... seja quem amou!
Título: Atrelei a ela.
Os meus gostos, atrelei a ela,
mas quando o ódio veio, não pude mais usá-los.
Cada um trazia uma memória,
seria como reviver algo já enterrado.
Ao usá-los, era como cavar o que já não falávamos,
ressuscitando algo que nem sequer buscávamos.
Reanimando amores que já estavam apagados,
o melhor seria esquecer do passado.
Título: Amei.
O que um dia amei,
atrelei a você,
e ao te odiar,
odeio o que amei.
Vinculei um gosto ao outro,
mas que desgosto,
um sabor amargo
de mal gosto.
O que antes amava,
hoje passo longe,
como se tentasse
me esconder no horizonte…
Vestígios dos Lençóis
Meu riso está tão triste...
Procuro suas mãos
no breu da noite,
na escuridão
do colchão.
Tateio e tateio...
Não sinto nada,
apenas a fronha,
onde um dia
te tive e desejava.
Te amava... e amava.
Nosso suor, pela cama,
sempre lá estava.
Escorria...
Pelo seu corpo,
nosso amor
líquido ficava.
Nossos receptáculos,
repletos de calor,
reluziam um brilho
jamais esperado.
Era o amor
de nossos corpos,
em memórias,
eternizado...
Título: Ativar o Instinto.
Não é ilustrar o que quero aqui,
quero plantar sementes
para um dia florir.
Mais perguntas,
poucas ideias,
mais dúvidas,
menos colmeias.
Quero ativar o instinto,
alertar o indivíduo.
Aceitar não é pensar,
e não minto.
Necessário seria
criticar e ousar,
não bater e silenciar.
Sem esse falso jogo de moral,
onde o que buscam é desleal,
e as mentiras são sempre real.