Coleção pessoal de zecapreto

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Hoje amanheci com vontade de dançar
Com vontade de provar do batom da tua boca
Hoje eu acordei com vontade de beijar
Com vontade de beber dessa paixão tão louca

Quero um quintal plantado de acordes pra te musicar
Quero ladrilhos de ouro pra que possas caminhar
A poesia de Augusto pra imaginar
A cantoria dos anjos pra me acalentar..

Um rádio tocando Mister Robinson de Simon e Garfunkel
Um urubu planando no céu da minha cidade ai leu
Um beijo à flor aflora as rosas desse teu jardim
Uma serpente sem dente, sem presas passeia por cima de mim.

A lua tocando teu corpo nu
Azul brilhante de Curiau
Platinelas douradas mexendo
No batuque das noites de Exu

Hoje o meu quintal amanheceu lilás
Da cor do amor fugaz, da cor da sedução
Hoje as flores se abriram e choveu pétalas no chão
Fizeram do meu canto a cor forte da emoção
Ainda é tempo de jambo.

Sarabatana flechou coração do cantador da aldeia
Que vive apaixonado fazendo poemas pro rio
E passa o dia contemplando seu pé de taperebá
Beijando bocas sonhadoras que vem lá do Amapá

Vou batendo pilão na cadência desse carimbó
Anunciando aos meus guias os segredos dos tajás
Chamando os curupiras sonhadores da Amazônia
Pra essa festa danada de boa que é marabaixo.

Extravasa o pudor vadio
Da sinhá donzela
Que corroída geme de amor
Ao levar no céu azul
O mastro da liberdade.

Lembro da gente voltando da festa terminada
Em cambaleios abraçado a pessoa amada
Ouvia-se apenas os compassos de nossos passos
Que se harmonizavam com as cantigas
Que surgiam do silêncio romântico das estrelas
Que clareavam caminhos da minha cidade do interior.

Menino levado a tona das cores
Filho de Macunáima
Neto da sensibilidade
Guerreiro amazônico da arte
Passeando de ubá com simplicidade.

Do gosto a explosão
Da água o coração
Do caroço a compreensão
É tempo de jambo.

Eis-me aqui
Carne dada aos vermes
Sem arrependimentos
Dormindo nos meus culposos desejos
Sonhando com carícias impróprias.

Sinto falta dessa boca carnuda de acerola
Das curvas perigosas do teu corpo
Da vontade de beber em teu umbigo
O vinho menstrual de tua cólica.

Esterqueira,
Acúmulo de idéias liquidificadas
Na cabeça do arrogante homem da lei.

Me guarde agasalhado no seu coração
Me balance, me fale da nossa canção
E penetra sua voz suave sem cessar
Bem no pé da minha nuca..

Água distanciando do porto
Da beira à água
Caminhadas desenham
O desejo do rio.

Sorrio apenas o necessário
Para que o sorriso não seja apenas um escancarar de boca
Boca que seduz, assobia, devora,chupa que beija
Boca que poeta,encanta, canta e não cala.

Sou o Zequinha daqui mesmo da redondeza
Que de vez em quando acerta o rumo deslumbrante do show
E se propaga também nos refletores opacos da mediocridade.

Abre a porta do quintal podes entrar
Sou fruta de vez no teu pomar
Toma logo esse açaí mata a vontade
Devora esses olhos castanhos do Pará.

Tomara que existam cores no teu pensamento
Tomara que exista madrugada no teu bocejo
E que seja verso cada esquina donde moras
Pra que a poesia se encalhe no refrão dessa canção.