Coleção pessoal de yasz

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As Quatro Estações de Nós
⁠Seus olhos eram como a primavera,
seu brilho faziameu coração se abrir,
assim como as flores desabrocham ao toque da luz
e as árvores renascem
após longos outonos,

Sua pele era fria como o gelo,
era como neve branca que prevalece ao inverno.

Nós tínhamos uma química
quente como o verão.

Mas, no fim,
fomos outono.
Caímos como folhas secas,
e o que era “nós”
virou chão.
Morreu.

Pois agora,
duas almas são condenadas
a vagar por esse mundo vasto,
até encontrar
a primavera no olhar de outro alguém,
e renascer novamente.

Sol que Ama a Chuva

⁠Ela era como o sol
As outras estrelas não se igualavam
à luz dela.

Genuinamente feliz.
Seus sentimentos eram poesias,
e pinturas —
fossem elas em seu próprio corpo
ou em uma parede qualquer.

Sua arte era sua beleza,
que era cada vez mais realçada
pelas pinceladas
que ela mesma fazia questão de dar.

Era consciente
de que esculpir seu corpo
doía na alma,
mas ela não tinha medo
de deixar sua obra mais bonita:
seu corpo, seu templo.

Ela não precisava de admiradores;
a própria admiração
já era mais que suficiente.

Sua beleza se assemelhava
às mais lindas rosas,
às mais verdes florestas.

Ela era sol —
mas dias bonitos, para ela,
eram dias nublados,
chuvosos e escuros.

A natureza era sua inspiração,
mas ela morava na cidade,
onde dificilmente era possível
avistar uma árvore.

Ela era como as estações:
alegre, iluminada,
fria, colorida, vasta...

Ela mudou.
Seus interesses ainda são os mesmos,
porém ela se perdeu —
e não é capaz de se encontrar mais.

Ela só quer paz.

Mulheres Meio Ananda
⁠Nós, mulheres meio Ananda,
queremos ser sentidas, não apenas vistas.
Queremos alguém que decifre nossos silêncios,
que ouse atravessar o mistério por trás do olhar,
e encontre, ali dentro,
a vastidão de um universo que pulsa.

Falamos da vida — sim, falamos —
mas não nos resumimos a palavras.
Há em nós um canto que nem mesmo sabemos entoar.
Um desejo sem nome,
uma sede de viver com leveza e fúria,
com beleza e verdade,
tocando com os olhos, os dedos, a alma,
as maravilhas que o mundo esconde.

Nós, mulheres meio Ananda,
aprendemos a nos amar com o mesmo cuidado
que um dia esperamos receber.
Nos amamos no espelho e no silêncio,
nos cuidamos como se fossemos jardim —
flores e espinhos, sol e sombra.
Desejamos ser amadas assim:
sem podas, sem medo, inteiras.

Nossos sonhos — mesmo os mais banais —
carregam o peso doce do coração.
Somos de instantes e de eternidades.
Queremos o alto de um prédio em Nova York,
e também um chalé rústico,
banhado pelo pôr do sol,
ao lado do mar,
com um cabrito chamado Tobias
e um golden de olhar fiel.
E ainda que não leiamos sempre,
amamos a ideia de uma biblioteca —
não pelas palavras, mas pela beleza quieta que ela carrega.

Afinal, o que queremos, nós, mulheres meio Ananda?

Queremos viver com sentido,
rir com o corpo inteiro,
colecionar momentos que fiquem na pele.
Queremos lembrar por que estamos vivas,
ser compreendidas sem precisarmos nos explicar.
Queremos — apenas isso —
ser felizes.

O peso do amor não entregue
Era uma vez...
Uma vez, em um ano qualquer, nasceu uma menina cujo sonho era físico e distante — e o sonho do seu coração, quase impossível.
Seu coração desejava, quase que desesperadamente, ser amado por alguém de verdade, pois aquele coração tinha muito amor para dar, e ele não aguentava o peso de tanto sentimento.
Ele só queria distribuir.

Mas o cérebro da menina não permitia.
Precisava ser a pessoa certa — ou, pelo menos, alguém que não fosse superficial, como o tempo em que ela vivia.

E, pelo menos até hoje, ela não teve um "felizes para sempre". Ainda não.
E, sinceramente, não sei se terá.
Talvez, um "feliz para sempre"... sozinha.

⁠Desligue a Humanidade
Eu não quero ser humana.
Quero não ter sentimentos,
pois dói menos.

Não quero sentir que tenho amor para dar,
sem ter ninguém para recebê-lo.
E eu não quero alguém como provavelmente alguém talvez me queira.
Quero alguém de verdade.

Não quero ser humana.
Quero voltar a ser uma máquina,
ter como maior objetivo coisas a longo prazo,
não quero querer amar ninguém.

E, por favor, caso eu me torne quem eu era,
não coloque ninguém na minha vida.
Não quero fazer ninguém sofrer
como estou sofrendo agora.

O Grito Que Ninguém Ouve
⁠Vivemos em constante turbulência,
presos em problemas e assuntos pendentes que exigem solução.

E sempre — ou melhor, quase sempre —
deixamos de nos ouvir.

Nossa mente clama por uma pausa, um descanso.
Não importa o que estejamos fazendo, resolvendo, pensando...
só precisamos parar.
Desacelerar por um instante.

No momento em que estiver pensando em tudo,
simplesmente pense em nada —
nem que seja por uma fração de segundo.

Dê descanso àquele que trabalhou tanto tempo sem parar.
A mente, que tem o poder de te levar à loucura —
mas não levou.

Mesmo quando foi você quem a levou até lá.

⁠A Vida Não é Justa. Viva Assim Mesmo
O mundo é cruel.
A vida é cruel.
As pessoas fazem de tudo o mais cruel possível.

Mas veja o mundo —
veja a vida com outros olhos.
Romantize o que há de melhor,
se envolva com o que te faz querer viver.

E considere mortos
aqueles que, um dia, te fizeram acreditar
que viver não valia a pena.

Filha da Terra
⁠Deixe-me te sentir sob a minha pele.
Encostar em você.
Deixe que meu cabelo envolva o seu corpo.

Faça da sua voz natural a mais alta que existe.
Você é a mais forte que já vi,
a mais pura,
a mais linda.

Deixe-me te entender,
te fazer bem.
Deixe-me te recompensar por me doar o ar que respiro
antes que ele me sufoque.

Eu sinto muito.
Já é hora de lhe deixar.
Mas sei que você terá muitos outros filhos
que, com sorte — e um pouco mais de amor —
cuidarão de você.

Minhas reflexões sobre você me tornaram alguém mais maduro.
E eu sinto muito por ter lhe perdido.

Ouça-me.
Perdoa-me.
Eu te amo.

⁠Perigo doce
A cada segundo, a magia que você lançou em mim se espalha como fogo lento, invadindo cada canto da minha mente.
A cada segundo, eu te desejo mais perto.
Perto o suficiente para sentir sua pele,
seu calor,
o ritmo da sua respiração misturando-se à minha.

Olhe nos meus olhos — de perto.
Perto o bastante para enxergarmos o universo que existe em cada detalhe.

Me permita te tocar.
Te sentir sem pressa,
sem barreiras,
sem medo.

Já não posso esperar.

Nunca imaginei desejar algo com tamanha urgência.
É insaciável, é desesperado,
é perigoso.

Você despertou em mim algo adormecido.
Você me libertou.
Mas também me expôs.

E agora…
eu estou em risco.
Mas não recuo.
Porque te querer assim me faz me sentir viva.

Quase Máquina
⁠Às vezes você vive como um robô, e tudo bem! Era o que você queria, né?
Às vezes vêm algumas crises de realidade — o que um robô não sentiria o impacto.
Mas, diferente de um robô, apesar de se assemelhar com um, você é um ser humano. Mesmo que, às vezes, não queira ser.

Então seus sentimentos te sufocam.
Você é barulhenta, menina, mas tão silenciosa.
Cale-se um pouco.
Fale somente o que precisa.

Ela vai te atacar.
E você vai resistir.

Essa briga vai te sufocar.
Você vai ficando sem ar.
Se resistir mais, seu corpo começará a tremer.

Mas as lágrimas...
Ah, as lágrimas... elas não vão cair.
Quanto mais você tentar arrancá-las, mais sufocada você vai se sentir.

Você não queria ser uma máquina?
Não reclame.

⁠Essa Coisa Ardente e Improvável

Como é ardente. Dominante.
Será paixão?
Tão improvável.

Essas coisas não acontecem comigo.
Mas, se tem algo de que tenho certeza,
é que alguma coisa está acontecendo.

Se é paixão, eu não sei.
Minha única certeza é que não sei lidar.
Está me sufocando.

Deve ser paixão...
Do cérebro.

⁠Costumavam dizer que eu iria ficar doente por fazer tanta coisa
e fiquei
mas por não fazer coisas o suficiente.

Sentimentos duradouros são consequência de uma mente desocupada.

⁠Como Quadro que Eu Não Posso Tocar

Sabe quando você vai a uma galeria de arte e vê um quadro tão lindo que você é obrigado a levar para casa, só para poder admirá-lo toda hora?
Observar cada detalhe, tocá-lo, senti-lo, deixar que toda sua energia exale sobre o ambiente em que você está.

Você é como uma dessas obras de arte.

Não me dói ficar longe de você,
mas é tão ruim não poder olhar para você,
te observar,
imaginar como seria te ter.

Não me dói ficar longe de você,
mas me causa ansiedade.

Eu conto, literalmente, os minutos para finalmente te ver.

⁠"a gente se encontra nos nossos desencontros"

Potencial Submerso
⁠Você é um mar de águas claras, cheio de peixinhos, pedras brilhantes, água fresca.

Mas está em uma caverna, escondida.

Quando o mundo se revolta, você se encontra com o sol — mas te encontram também.
E te sujam.
Não deixam você ser quem você é.
Não deixam sua beleza se exaltar, muito menos aproveitam sua água fresca.
Matam seus peixinhos.
Te enchem de lixo.

Você simplesmente não consegue ser o melhor de você.
Não consegue ser você mesma.

Você tem tanto potencial...

Do Amor que Foi ao Amor que Sobrou

⁠Pobre amor genuíno,
tão desejado, tão admirado —
coração corado, vivo e cheio de amor para distribuir.

Secou.
Te sugaram.

E agora sobrou um coração frio e narcisista.
Não te sobrou amor para distribuir,
porque você o gastou em si mesma.

Fez certo.

Mas seu amor verdadeiro ficou com os restos —
restos que você não gostaria de lhe dar,
porque são restos.

E ela não merece restos.

⁠Se Eu Vivesse Para Sempre

Acredito que existe algo poético no fim.
Existe algo poético no que tem fim.

Os momentos são valiosos — e você realmente dá valor a eles porque, um dia, não terá mais a oportunidade de vivê-los novamente.

Se os momentos mais simples da vida fossem eternos — eternidade mesmo — talvez não fossem valorizados.
Se você fosse viver para toda a eternidade, por que daria valor a algo tão simples, se ao longo de tantos anos reviveria esses momentos mais e mais vezes?

Momentos simples e confortantes, muitas vezes, não damos o devido valor.
Porque, com certeza, 60 ou 70 anos parece tempo demais.
As pessoas esquecem que tudo tem um fim.

Mas, quando finalmente percebem o quanto esses momentos são valiosos — se percebem — a vida se torna mais agradável.
Triste deve ser para aqueles que só percebem o quanto eram felizes com as pequenas coisas depois que já não são mais capazes de viver aquela vida.

Quando você percebe que não só a sua vida tem um fim, mas também os momentos, os dias, os anos —
e que nunca mais vai ter a oportunidade de voltar atrás,
porque já passou —
você começa a fazer valer a pena.

A vida vale a pena.
Seus sonhos valem a pena.
Os pequenos momentos começam a valer a pena.
Porque sim, você viverá esses momentos para sempre —
dentro do seu para sempre.

Então não —
se eu pudesse, não viveria para toda a eternidade.
Eu tenho meu lugar agora.
E um propósito.

⁠Eu, a Caneta e o Vazio

Sempre achei que a razão pela qual escrevo era colocar meus sentimentos em palavras — assim, sem compromisso, sem obrigações. Só para me sentir liberta de algo que talvez eu guarde sozinha, para mim.
As palavras foram a forma que encontrei de não me afogar em sentimentos desorganizados.

Mas hoje está tudo uma bagunça.
Misturei obrigações com minhas poesias.
Gastei palavras demais porque alguém, um dia, me fez acreditar que eu devia essas palavras a ela.
E hoje, me faltam palavras para expressar o que sinto.
Mas eu não julgo — a escolha foi minha.

Hoje, vivo com as consequências.
Consequências da escolha de, um dia, ter colocado alguém acima de mim.
Estou me afogando —
Afogando na insatisfação de minhas frases e textos não superarem minhas expectativas como antes.

⁠A gente vive, vive até perceber o ciclo em que está.
Finalmente para de se importar e é louco o suficiente para fazer loucuras que mudem esse ciclo — mudem para melhor —
para fazer com que sua única oportunidade de viver valha a pena.

⁠Quando o Presente Vira Lembrança

Enquanto estamos no presente, não percebemos o quão bom é viver aquele momento de alma e corpo — às vezes, um simples instante com alguém que você ama de verdade.

O tempo passa e, quando se vê, já se foram dez anos desde que você deixou de ser criança. Já se foram dez anos desde o último momento com aquela pessoa. Já faz tempo que você não aprende algo novo com ela.

As circunstâncias não são mais as mesmas. O amor não esfria, mas os momentos se tornam lembranças — e nunca mais se tornam reais.
Você já não sabe o que é lembrança e o que é imaginação.

Passaram-se vinte anos. E já faz cinco anos que você não a(o) vê, não a(o) abraça, pelo menos.
Ela(e) já não vive no mesmo mundo que você.
E quando você, em sua rotina livre de muitas emoções, se dá conta…
Percebe que já esqueceu a voz deles, as risadas, os momentos.
Tudo o que eles faziam por você.
Você já não lembra que os amava de verdade.
Nunca sequer prestou atenção que ainda dava para amá-los, demonstrar o amor — mesmo que as circunstâncias não conspirassem a favor.

Pode não ser tarde demais, mas lembre-se: nada é para sempre.
“O pra sempre, sempre acaba.”