Coleção pessoal de writerbook
Eu não me lembro de acordar, levantar, imaginar um dia frio
Mas me lembro da neve, do tempo
Do mundo, que por dias parou de girar
Para sentir comigo a pequena tristeza, hoje depositada numa caixa,
Que sucedeu de uma infinita alegria,
Não me trouxe esperança,
Me trouxe calma ao coração,
Trouxe certeza,
De que sendo mudança, uma pessoa por dia
Sobrevive-se a vida,
E parar no tempo é dizer adeus a quem você foi,
Feliz tristeza,
Sou a frieza
Em dias de verão.
Olha a tua volta,
Tu acordou como brisa da manhã que encontrou, depois de brincar com as folhas dos pinheiros solitários, os obstáculos feito muro, que fez-te parar e adormecer no silêncio daquela pura sensação, inocente ao se deparar com a simples morte finita. Tu deixou as ruas sujas de vida, acordou os bêbados sem rumo cobrindo-os de frio para lembrar-vos que viver é um arrepio insensível acabando com os sonhos dos pássaros no ninho. Tu foi uma performance incrível que quis ser furacão. Descobriu que ser o que é, é um tiro no pé, e quis vomitar teu coração para não mais amar. Descobriu que o sol vem depois desfalecendo tua existência e consolando aqueles que querem ver o amanhã. Tu quis adormecer sem tentar mais uma vez. Quis tocar a pele de quem tu nunca teve a chance de apreciar. Quis ser o impossível. Mas descobriu e descobrir cegou teus olhos, teus sonhos e tua vontade. E aceitar está além do que você pode reconhecer porque a ilusão nunca foi tão aconchegante quanto hoje. Então volte pra invisibilidade que sempre te pertenceu para nunca mais morrer por dentro, porque lá tu é eterna. E eternidade te faz deus. Deus de tua vida, de tuas consequências. Deus de meus mais sinceros versos. Então volta, minhas palavras não são nada sem ti.
A noite acontece,
Tudo adormece
No silêncio em fim.
O horizonte acalma
Vozes entristecem
Ao ouvir Jobin.
As rotinas atrasadas
Casas desarrumadas
É inexistente os pedidos de perdão.
E se eu for embora
Tudo a minha volta
não vai me deixar.
O fim do mundo à vista
Que ninguém insista em recomeçar.
Ventos viram poesia,
A vida não parece me desafogar.
O coração encarece
E só quer te amar.
Momentos injustiça,
Erros a contemplar,
Sonhos de artistas,
Ilusões a matar
[...]
E se eu for embora
Tudo a minha volta
Não vai me deixar.
O fim do mundo à vista
Que ninguém insista em recomeçar.
Ventos viram poesia,
A vida não parece me desafogar.
O coração encarece
E só quer te amar.
Pássaros de papel gostariam de sobreviver a grandes tempestades; ser livre nem sempre é ter uma liberdade ilimitada.
Você me abraçava forte, bem forte mesmo querendo ter forças suficientes para segurar uma alma que se partia enquanto eu tentava não surtar. Você dizia que o dia seguinte estaria tudo bem do mesmo jeito que alguém não menos importante já dissera há meses atrás. Eu não conseguia sair do transe que meus olhos vidrados na escuridão da madrugada impôs. Sentia que meu espírito se esvaíra para algum lugar. Minha alma se partia e vazava constelações. Mundos que deixei de viver por estender a mão a um mendigo faminto; eu só queria acertar. Não me restara segredos a guardar. Não me restara loucuras a fazer. Não me restou nada além da dor inexplicável por não ter os pés no chão. Por não entender o motivo das estrelas não terem esmagado o mundo com o brilho feroz que destaca um céu que eu um dia toquei e me decepcionei ao sobreviver à queda. Que me julgue egoísta, mas não desejaria tamanhos pensamentos sem respostas a quem já sobrevive a dias difíceis...
Você me abraçava forte e me trouxe de volta quando sussurrou ao meu ouvido “Você foi forte, você ainda é. Eu sei que vai conseguir...”.
Deixe seu coração determinar sua ida.
O mundo é um labirinto semi-conhecido, só vire à direita se quiser.
Toma tua dose
No teu silêncio
Da tua poesia
Da tua descrença,
No alto mar
Que tu refez
Com dores,
Passados,
Indolores.
Toma tua dose
Em teu copo
Em teu modo
Em teu.
Teu.
É teu.
Tudo.
Até eu.
Sou folhas secas
Papéis amassados
Vidros quebrados
Sou o choro inconsolado
Sou raio de verão
Livros no lixo
Sou o pó
O irreversível
O Chão frio
Sou vazio
Pois transbordei
E não fui tua enchente.
Imagino-me em lugares onde não posso estar
Tenho três dias pra decidir
Se eu tenho que ficar
Ou prosseguir
Tenho dois segredos
Revelados quando sustento teu olhar
Meu coração é um cofre
Mas não quero te guardar
Meu corpo entorpece
E tudo tende a parar
Quando estou no mesmo ambiente
Em que você está.
E na escuridão do quarto
Iludo-me com teu beijo,
Mas você parece não se interessar.
E percebo que a experiência de te amar
Não é tão ruim,
Mas já basta,
Quando estou com você eu me perco
E me perder não é tão bom assim.
Jeans escuro
Camisa apertada
Cabelo bagunçado
Olhos embaçados,
E em teus lábios
Escorria a frieza
De sonhos
Que não jazia
Ambição.
Entre o vão
Só cabíamos nós,
Em vão
Tentei colocar
Um não.
Explodimos.
O dia em que o amor acabou;
Não era para eu estar aqui agora, numa insônia de três dias fazendo o coração se acelerar a qualquer esforço. Ver os dias passarem e perceber que você resolveu parar na semana passada não me acalma. Sua redenção me incomoda, me faz perguntar o motivo de você não ter pedido pra ficar contigo, para observar mais uma estrela explodindo de glória, espalhando vida pelo espaço. Mas nem tudo para você era coberto por metáforas fajutas. Você parou por mim e eu continuei por você, e dias antes, tomada pelo álcool chorou em meu ombro por não ter saída. É terrível quando não temos escolhas, eu sei. Eu também não sabia o que fazer a não ser te confortar te dando mais certeza do que fazer no dia seguinte. Ninguém vai entender, eles não estavam na nossa pele e lerão isso achando que é mais uma história fictícia inventada por aí. Estou decidido a não te deixar para trás, mas não tem como voltar e eu sei que você não quer que eu volte porque o que já aconteceu não importa mais. Tudo perdeu a consistência e só espera o prazo de validade expirar. Não me lembro mais dos motivos que fizeram-nos felizes por alguns minutos e isso é o que dói mais. Eu também estou sem saída e nunca foi só por causa de um amor em ruínas, isso só faz parte do pacote. Mais um peso pra colocar nas costas e vamos pensar pelo lado bom: Quanto mais pesado, mais rápido chego ao chão.
É o encontro de duas ruas sem saída.
Eu corria
E sentia
O odor
De uma viagem
Perdida
Em tuas mãos
Caía o mar
Onde um barco
Sem velas
Tentava não naufragar.
Asteroide.
Era intenso
Seus lábios
Moldando-se aos meus;
A força gravitacional
Que teu corpo
Mantinha no meu;
Os dedos
Deslizantes
Nos arrepios
De sussurros teus.
Asteroide.
Tu foste esplendido,
Sublime,
Único,
Até quando tocou
Meu chão.
- Decisão suicida. Em memória de um mundo que era teu.
Não era pra ser uma data especial. Sem falar que a palavra "especial" me soa muito clichê, uma palavra bonitinha que todos usam descaradamente pra acobertar o falso sentimento de compaixão e harmonia. E sem falar que naquele dia você estava mais bêbado que frequentador de boteco numa quinta. Você transparecia o vazio, a necessidade de ser feliz saía como odor da sua boca.
Naquele dia senti seu verdadeiro lado, aquele que você escondia. Sentia que tinha textura de carne podre. Você estava apodrecendo, se segurando a um sentido de vida manipulado. Você se enganou, não é assim que as coisas acontecem. Você não é um coitadinho sem meios de sobrevivência mais digno.
Migalhas,
Migalhas de você mesmo
Migalhas de medo inventado
Migalhas
Grito de socorro induzido por um passado que você se recusa a superar.
Não era uma data especial. Acredite. Aquilo foi um golpe da vida que lhe socou o estômago e você preferiu achar que o mesmo arrancou-lhe suas pernas.
Você corre em círculos
Círculos milimetricamente feito por você mesmo,
Desprezível,
Eu sei de seu drama, eu sei quem você é. Eu sei o que você quer.
"...Ah! não acredito! Então vamos comemorar. Mas primeiro dê-me um abraço"