Coleção pessoal de WisleneCardoso

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⁠Reflexões Sobre o Desabafo
(crônica)

É comum — quase corriqueiro — encontrar alguém que, no intervalo do café ou numa conversa despretensiosa, deixa escapar o peso dos próprios dias.
Despejam, sem cerimônia, as frustrações que apertam o peito:
o trabalho que exige demais,
a casa que nunca está em ordem,
o marido bagunceiro, ranzinza, pão-duro,
os filhos que não colaboram, que não estudam, que vivem grudados ao celular.

Falam dos pets que dão mais trabalho que companhia,
dos negócios que andam tropeçando,
dos sonhos adiados que já nem sabem se ainda são seus.

E a gente escuta — porque também precisa ser ouvido.
Porque falar parece aliviar.
Desabafar parece resolver.
Como se o simples ato de partilhar fosse suficiente para reorganizar o caos.

Mas será que estamos mesmo lidando com os problemas… ou apenas empurrando-os para fora, esperando que o outro nos ajude a carregá-los?
Será que desabafar, sempre, não vira um atalho para fugir de nós mesmos?

E se, em vez de apenas falar, a gente aprendesse a escutar… mas escutar a si.
Se olhássemos com mais cuidado para o que está dentro, onde os verdadeiros incômodos fazem morada?
Talvez, então, estivéssemos dando um passo além da queixa — rumo ao amadurecimento.

Porque crescer dói.
Dói encarar que, às vezes, o que mais nos irrita no outro é o reflexo do que não curamos em nós.
Dói perceber que não temos controle sobre tudo, nem todos — mas temos escolhas.
E, entre criticar ou ser exemplo, o segundo costuma ecoar mais fundo.

É preciso parar.
Nem que seja por um instante.
Um gole de silêncio entre as falas.
Um olhar mais suave sobre o mundo.
Uma escuta mais atenta para quem somos — e para quem estão ao nosso lado.

Pergunte-se:
O que me afeta, realmente?
Cabe a mim mudar algo?
Isso fala de mim ou do outro?
Onde está o meu papel nessa história?

Talvez a gente descubra que a vida não é sobre estar certo, mas sobre estar presente.
E que ninguém é perfeito — nem precisa ser.
Mas todos temos a chance de sermos mais gentis, mais compreensivos, mais inteiros.
Com o outro.
E, principalmente, com nós mesmos.

⁠O Olhar da Criança

A criança é essência que escapa à razão,
é puro mistério em forma de expressão.
Carrega um jeito só dela de ser,
de olhar o mundo, de o compreender.

Atribui sentidos ao que a rodeia,
resignifica o que a vida semeia.
É intensa, é pura, transparente,
carrega a verdade, clara e presente.

Aprende no tempo que o coração dita,
com passos leves, de forma bonita.
Cada gesto, uma forma de dizer:
“Estou aqui, quero aprender!”

O adulto, ao tentar decifrar seu viver,
procura palavras pra descrever
esse ser que um dia também foi,
mas que agora vê de onde já se foi.

Brinca, imita, tenta se encaixar
nos jogos, nas falas, no imaginar.
Mas por mais que tente, é aproximação,
pois lhe falta o código da emoção.

O olhar da criança sobre o adulto, então,
reflete o que vê em sua ação.
Se não lhe agrada o que lhe é mostrado,
não é culpa — é apenas o reflexo formado.

O respeito, o afeto, a forma de amar,
é o que a criança vai memorizar.
E o adulto, se quiser ser lembrança bonita,
precisa ser ponte, precisa ser vida.

⁠As Infâncias de Almeirim
(Um retrato poético das crianças que aqui vivem)

Toda criança que habita este chão,
carrega em si a cultura e a tradição,
de um povo que vive entre matas e rios,
com os pés na floresta e o coração nos desafios.

Filhos de agricultores, de mãos calejadas,
brincam com a natureza, celebram a alvorada.
Colhem frutos direto do pé, em festa com o dia,
vão à capela agradecer com fé e alegria.

Ah, crianças do rio, filhos de pescadores,
que navegam de barco em cantos e amores,
vão ao curral ver a boiada passar,
tomam leite da vaca, sem pressa de amar.

Brincam à luz da lamparina, numa noite qualquer,
vivem a infância simples, de um jeito tão sincero e tão belo de ser.
Vão à escola pelo caminho da ponte,
sobem na canoa e seguem adiante.

E há também as crianças da cidade,
em meio ao fuzuê, sons e ansiedade,
entre carros e motos, no ritmo apressado,
são crianças vibrantes no mundo conectado.

Entram no ônibus com seus cadernos e sonhos,
e ao contarem histórias entre risos risonhos,
descobrem que são felizes do jeito que são —
brincando na rua, na praça, com bola ou pião.

Há crianças amadas, cuidadas com ternura,
acolhidas nos braços de uma doce estrutura.
Mas há também as que vivem ao acaso,
sem teto, sem toque, sem carinho ou abraço.

Crianças que clamam por cuidado e atenção,
por amor, proteção e um pouco de pão.
Crianças que brilham como o sol da manhã,
que são o futuro, são alma, esperança e amanhã.

São elas, sim, o tesouro da cidade,
patrimônio terno, riqueza de verdade.
Almeirim pulsa em cada olhar e sorriso —
nas infâncias diversas, mora o paraíso.

⁠Almeirim, Terra Que Inspira

Almeirim, teu nome ecoa forte,
no sopro doce da mata e do rio,
és poesia que nasce no Norte,
és raiz, és caminho, és desafio.

Teus traços moram nas mãos do artesão,
na dança que gira em roda de chão,
no batuque que pulsa a tradição,
no canto que embala o coração.

Tens no povo teu maior tesouro,
simples, valente, guardião do ouro
que não brilha em metal — mas em alma,
em histórias contadas com calma.

Sou filha de tuas águas, de tuas ruas,
onde aprendi que o mundo também é meu.
Em teus braços, cresci, sonhei,
e hoje declamo: Almeirim sou eu!

Cidade-menina de colinas reais,
te reverencio em verso e canção.
Não trago ouro, nem trago festim,
te trago, inteira, no meu coração.

⁠O Silêncio das Respostas

Me fala mais...
Me ajuda a entender —
o que se passa nessa tua mente
que tanto diz sem dizer?

É tudo real, ou fui eu,
que sonhei demais,
que criei mundos com mãos vazias
e castelos em temporais?

Esse grito que mora em mim,
vem de onde?
Vai pra onde?
Será saudade, será solidão,
ou só um eco sem nome?

Cadê você?
Cadê as respostas que o tempo esconde?

Vago...
Passivo...
Inconsequente...

Palavras estranhas,
frases sem tradução,
um idioma que talvez
meu coração
nunca vá entender.

⁠O Beijo Que Ficou

Lembro daquele beijo quente,
cheio de alma, cheio de gente,
beijo que ardia na pele
e aquecia o peito da gente.

Beijo com sorriso nos lábios,
beijo molhado,
beijo de abrigo —
onde o mundo parava
e só restava o nós.

Beijo sensual,
que roubava o fôlego,
meus dentes nos teus,
um suspiro, um desejo.

O coração correndo solto,
os corpos, sem pressa de ir,
e a gente só queria
amar, amar, e repetir...

Aquele beijo,
que nunca vai se apagar,
é o beijo do meu amor —
o beijo que ficou
só pra eternizar.

⁠O Coração Silencioso de Virgem

Ela é de Virgem —
fria à primeira vista,
um pouco dura, um tanto crua,
mas guarda um fogo sutil
que poucos sabem decifrar.

Não teme dizer o que pensa,
sua verdade é linha reta,
analítica, sonhadora,
com os pés fincados na terra
e os olhos mirando estrelas.

Ela sabe o que quer
e move montanhas pra conquistar.
Não se entrega de bandeja,
é desconfiada —
e no fundo, quer confiar.

Tem ciúmes bobos,
um sorriso tímido,
e olhos que gritam histórias
que quase ninguém entende.

Suporta o mundo quando ama,
mas se você virar um “tanto faz”,
não espere segunda chance.
Ela sofre calada,
não implora, não volta.

Romântica?
Talvez. Em pequena dose.
Mas se você souber tocar sua alma,
ela será poesia viva,
cheia de encanto e entrega.

Atenção:
ela muda, desafia, testa,
cobra o que cobra de si mesma.
É tímida no amor,
vá devagar.
Mais que palavras,
ela entende gestos.

Se ela disser “eu te amo” —
acredite.
Ela está dizendo a verdade.

Não a sufoque de perguntas,
não tente decifrá-la com pressa.
Você pode ser o melhor do mundo,
mas se passar despercebido,
não há volta.
Ela não ama pela metade.
Ou sente tudo, ou nada.

Ame-a ou deixe-a.
Mas se escolher amá-la,
prepare-se:
conquistar essa mulher
é um desafio sagrado.

⁠A Voz Que Me Iludiu

Foram só palavras,
sem corpo, sem abrigo,
mas nelas encontrei sentido,
achei amor onde era vazio,
vi promessa onde era ruído.

Seria melhor que não tivessem vindo,
que tivessem se calado
antes de me tocarem tão fundo,
antes de fazerem do engano
um mundo.

O que era fato, parecia mentira,
o que era sombra, parecia luz.

Demorou —
mas aprendi a ler o silêncio
por trás do que se traduz.

Hoje sei:
palavras são só palavras,
mas quando tocam um coração,
ganham voz, forma e direção.

Nunca esquecerei...
aquelas belas palavras
que mudaram minha vida
— e também meu viver.

⁠Palavras Não São Só Palavras

Se ao menos pensasses
nas palavras que lançam dos teus lábios
como flechas nuas,
sem rumo,
sem compaixão...

Se soubesses o peso
de cada sílaba que despejas,
em corações que só querem abrigo...

Se tivesses o dom
de desenhar as palavras
sem fazê-las sangrar
em quem te ouve e te ama...

Se teu olhar não moldasse
pensamentos frágeis,
se tua voz não ditasse
verdades que rasgam...

Se, ao menos,
guardasses em silêncio
o que não constrói,
o que não consola...

Se tuas verdades
não viessem cruas
nos momentos
em que o outro
mal consegue respirar...

Demorei —
mas hoje entendo:
palavras não são só palavras.

São pontes ou abismos.
Cura ou cicatriz.
Amor ou fim.

⁠Quando a Noite Cai

Quando a noite cai
e o frio desce devagar,
vem com ele a angústia —
silenciosa,
sutil,
letal.

Quando o frio me visita,
sinto falta do teu calor,
aquele que apagava
toda dor,
todo medo,
toda solidão.

Quando percebo tua ausência
no eco da casa vazia,
bebo tuas palavras guardadas,
e nelas,
me cura a poesia.

Quando olho ao redor
e não te encontro,
as lembranças surgem —
nítidas, quentes,
com o gosto do nosso
último beijo.

E quando tudo silencia,
até o tempo se recolhe…
Fecho os olhos —
e, inevitavelmente,
é em ti
que meu pensamento dorme.

⁠Morada da Saudade

Saudade, dor que castiga,
Silenciosa, cruel, imprecisa,
Se agarra à alma, intrusa antiga,
E ninguém ouve minha brisa.

Grito alto, ninguém escuta,
É lamento que o vento carrega,
Coração sangra, a dor é bruta,
Na noite fria, a esperança nega.

Rasga o peito, faz morada,
Deixa em mim ferida aberta,
E a solidão, sempre calada,
Se torna a visita mais certa.

Por que me tomas, sentimento vil?
Levas a paz e me deixas assim...
Traz de volta o amor sutil,
Que era luz no meu jardim.

"Todas as noites eu te encontro nos meus sonhos, e cada vez me apaixono mais, essa distância é pequena, pois meu amor é muito maior"

"Quando o coração e a razão se combinam, há uma sintonia sem igual e a certeza de que tudo vai dar certo"

"Nao foram as flores que me fizeram brilhar, foram os espinhos que me fizeram forte e em cada arranhão me superei"